Monday, 20 June 2016

PREFÁCIO DE UMA NOVA EDIÇÃO - Junho/2016

EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA
 
 
É importante que o leitor devote alguns minutos na leitura do texto abaixo, para melhor compreender os objetivos desse novo trabalho sobre Huberto Rohden.
 
A iniciativa de um outro instrumento de propagação das ideias e ideais de Huberto Rohden partiu de uma já existente, de meu blog em Inglês - http://3rd-heaven.blogspot.com - que apesar de timidamente iniciado, vem hoje, depois de centenas de publicações, ganhando um espaço considerável dentro do universo a que me propus, de levar ao público de língua inglesa, os escritos de um grande brasileiro e de promover ainda mais, para o público de língua portuguesa, esse considerável conhecimento, essa rica formação acadêmica do autor e consequentemente, de ilustrar a vida de alguém que dedicou-se por inteiro a apontar o caminho para o auto-conhecimento e consequente auto-realização pessoal de cada membro da espécie humana.
 
O exemplo de Rohden não é único. Seres humanos de extrema grandeza mística e ética também se dedicaram a esse mesmo objetivo, em todo o mundo, e o Brasil não ficou imune a essa gestação e nascimento de mais uma grande alma... em nosso solo, falando nossa língua, mergulhado em nossa rica e colorida cultura, de norte a sul, leste a oeste, por onde ele viajou levando suas experiências e ensinamentos, procurando dar a cada um de seus leitores a mesma formação, as mesmas ideias... e os mesmos princípios.
 
E isso da um caráter particular a esse meu trabalho também, pois poder traduzir para o Inglês seus escritos, não foi tarefa fácil, e continua sendo até hoje um grande desafio, mesmo porque a língua inglesa me foi apresentada quando jovem e não veio de berço.
 
Passados alguns anos, tenho a oportunidade de melhor compreender Rohden, pois além de experienciar na minha própria vida meus dilemas, posso me dar a essa tarefa de auxiliar meus companheiros de peregrinação neste planeta Terra, e minha contribuição se resume em poder apresentar o que por ele foi escrito.
 
Dentre os quase 100 livros escritos por Rohden, o primeiro que me caiu às mãos, foi O Sermão da Montanha. A exemplo de minha experiência lendo anos antes a Autobiografia de um Yogui, de Paramahansa Yogananda, do qual me movi de tamanha emoção, no O Sermão da Montanha, a emoção não foi menor, a ponto de ter me comprometido a transcrever-lo para o Inglês.
 
A minha tarefa vai poder dar ao público interessado, a oportunidade de oferecer uma facilidade maior na compreensão de seus textos... explico: Rohden nasceu em 1893 e nos princípios dos anos de 1900, a formação escolar no Brasil era bastante diferente da que hoje se apresenta. Eu mesmo, quando iniciei minha própria vida escolar em 1954 pude receber de meus professores, uma formação não muito diferente daquela que Rohden recebeu. E essas diferenças (apenas para citar um exemplo) se resumiam em particular, a explorar a riqueza de nossa língua.
 
Mas essa riqueza hoje, o palavreado erudito, pureza na linguagem, a perfeita sintaxe, colocação de frases elegantes, as criações de novas palavras (neologismos) flagrantes em seus escritos, oferecem uma certa barreira no entendimento do público de nossos dias. Sabe-se que as línguas evolvem e o Português não está imune a esse processo. Os meios de comunicação eletrônicos de agora estão abrindo oportunidades de fornecer em poucas palavras, aquilo que no passado, uma sentença toda era necessária para apresentar a mesma ideia. Acredito que podemos chamar isso de evolução, na medida que em menor tempo, em um menor número de palavras, pode-se exprimir aquilo que se deseja.
 
Palavras em desuso hoje, formam uma quantidade bastante significativa nos textos de Rohden. Não que ele exigisse de seu público, o conhecimento enciclopedista, a erudição de um especialista na língua, mas era a sua forma normal de ser ao escrever, a forma com que foi instruído e educado durante seu tempo desde a escola primária até a Universidade! Para citar apenas um exemplo, no livro Profanos e Iniciados, em um de seus capítulos, encontrei 16 palavras que raramente aparecem nos textos modernos, o que me obrigou a consultar dicionários, de solicitar ajuda de amigos, procurar nos dicionários de termos arcaicos, o sinônimo equivalente. Assim, apresento hoje, a mesma ideia, o mesmo significado e eliminando às vezes algumas repetições, sem trair a ideia original do autor, de uma forma mais atual, de simples leitura, de fácil entendimento, na expectativa de poder formar uma legião ainda maior daqueles que querem fazer de suas vidas, um encontro com o Ser Divino, inerente a cada ser humano.
 
Via de regra, os ensinamentos nos escritos, ideias e ideais de Rohden, são atemporais, pois enquanto existir a raça humana e partindo do princípio de que a alma do homem é por sua própria natureza, cristã, que habita em nossa intimidade, a mística e a ética... o de ser bom, do "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo", é um ensinamento atemporal. No entanto, alguns conceitos hoje, poderiam ser reformulados, pois creio que se Rohden estivesse vivendo em nossa dimensão material, teria revisto (como fez em muitos de seus livros) alguns de seus conceitos, e na medida do possível nas minhas notas de rodapé, algumas ideias mais atuais poderão oferecer uma nova visão.
 
Convido portanto a todos os leitores a adicionar à essa minha iniciativa, seus conceitos complementares.
 
Mas deixo porém, que Rohden fale que: “tudo o que está escrito aqui é, pois, algo preliminar; nada é definitivo. O definitivo vem do leitor e não do autor. O leitor é que, depois de tomar direção certa, deve realizar o conteúdo das mensagens, dia a dia, ano por ano, a vida inteira. Aqui não estão escritos opiniões sobre verdades absolutas, nem tampouco deve servir como cartilha a ser seguida. O que aqui vai escrito é o resultado de uma experiência pessoal, de cujas ideias extraídas, deve o leitor filtrar, o joio do trigo e, se assim o quiser, incorpora-las ao seu conhecimento e realizar suas próprias experiências. Depois de todos os ruídos, depois de ler, de ouvir, de pensar – é que vem o grande silêncio dinâmico da realização, a vivência da realidade.”
 
Concluindo, não importa quantas vezes esses escritos serão observados e que talvez alguns erros poderão ocorrer. Caso ocorram, esses erros são meus, e me coloco a disposição do leitor para possíveis discussões e correções.
 
Flavio de Mello, Sydney, Junho de 2016