Saturday 5 November 2016

O SERMÃO DA MONTANHA E A MÍSTICA DAS BEATITUDES

Bem-aventurados os pobres pelo espírito, porque deles é o reino dos céus;
 
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
 
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
 
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão saciados;
 
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
 
Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus;
 
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
 
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
 
Bem-aventurados sois vós quando vos insultarem, e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. 
 
Exultai e alegrai-vos, porque é grande a vossa recompensa nos céus; porque assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
 
A Mística das Beatitudes resume, em duas palavras, o que o Cristo Jesus disse depois de proferir essas proclamações, que representam a plataforma do Reino de Deus e o auto-retrato de sua própria alma:
 
--- “Vós sois o sal da terra“.
--- “Vós sois a luz do mundo“.
 
Estas duas alegorias formam basicamente o alicerce, e ao mesmo tempo, a pedra de fecho do majestoso santuário sustentado pelas colunas das bem-aventuranças. Essas colunas tem o seu fundamento nas alturas do céu, como a cidade santa de Deus, que, segundo o Apocalipse, desce de cima para baixo; tem as raízes no céu, e se ramifica, floresce e frutifica na terra.
 
Quando algum homem já é sal e luz, ele realiza com espontânea facilidade o conteúdo das Beatitudes, que aos profanos e inexperientes podem parecer absurdas ou extremamente difíceis.
 
O sal dá sabor a todos os alimentos – assim como a experiência espiritual é um misterioso condimento que penetra de sabedoria todas as ignorâncias, e da sabor Divino a qualquer insipidez da vida humana. O sal, se fosse tomado em estado puro, não seria agradável, mas, quando usado discretamente como condimento, dá sabor a tudo. É a espiritualidade sensata e dosada que transforma todas as materialidades e preserva-as, ao mesmo tempo, da corrupção.
 
A luz, essa realidade mais sutil e invisível do Universo, dá vida, alegria e beleza a todas as creaturas da terra. Sem ela, o Universo não seria um Cosmos, mas um caos de morte e treva.
 
E é importante acrescentar às Beatitudes esse desfecho metafísico-místico, coroa e alicerce do santuário da sabedoria cósmica de Jesus. Estas duas alegorias, sal e luz, sabor e vida, são a quintessência da filosofia e poesia de Jesus. Nelas se aliam a metafísica da Verdade e a mística da beleza. Bem se poderiam aplicar a estas alegorias as palavras de Mahatma Gandhi: “A verdade é dura como o diamante – e delicada como flor de pessegueiro”. 

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