Saturday 27 June 2015

A EXPERIÊNCIA MÍSTICA


A mística é uma experiência estritamente individual, que quando organizada socialmente, deixa de existir. A íntima essência é individual, o que todavia não impede que essa verticalidade individual se desdobre em horizontalidade social; mas esse desdobramento ou transbordamento só acontece quando a experiência vertical atinge o zênite da sua plenitude.
 
O nosso mundo conturbado não pode ser sanado por nenhuma nova organização, religiosa ou civil; somente a experiência mística de muitos pode beneficiar realmente a humanidade.
 
Toda a mística verdadeira e plena é irresistivelmente transbordante e difusora; se não for isto, não passa de misticismo.
 
Jesus, o Cristo, nunca organizou nada, nem no âmbito religioso da Sinagoga de Israel, nem no setor civil da política do Império Romano. A sua atuação foi exclusivamente indireta, por espontâneo transbordamento da sua própria plenitude, pois conforme Paulo de Tarso, em Jesus habitava corporalmente toda a plenitude da Divindade.
 
Durante quase três séculos, do ano 33 até 313, a cristandade das catacumbas vivia essa cristicidade mística, sem nenhuma organização social. E foi este o período mais glorioso do mundo cristão, o período da verticalidade mística das catacumbas, cuja única saída era para o martírio no Coliseu.
 
 
Texto extraído do livro Que Vos Parece do Cristo?

MYSTICAL EXPERIENCE


 
Mystics is an experience strictly individual and when socially organized ceases to exist. The intimate essence is individual, which however does not interrupt this individual verticality to unfold in social horizontality; but this unfolding or overflow occurs only when the vertical experience reaches the zenith of its plenitude.
 
 
Our troubled world cannot be remedied by any new organization, religious or civil; only the mystical experience of many can really benefit humankind.
 
 
Every genuine and plentiful mystics is irresistibly overflowing and diffuser; otherwise is merely mysticism.
 
 
Jesus, the Christ, never organized anything, not in the religious sphere of the Israeli Synagogue, nor in the civilian sector of the Roman Empire policy. His performance was indirectly only, by the spontaneous overflow of his own plenitude and according to Paul of Tarsus: “In Jesus body dwelt all the plenitude of the Divinity.”
 
 
For nearly three centuries, from Jesus death until the year 313, Christianity of the catacombs lived this mystical Christhood, without any social organization. And in addition, this was the most glorious period of the Christian world; the period of mystical verticality of the catacombs, whose only way out was to the martyrdom in the Coliseum.

Tuesday 23 June 2015

A IGREJA DE JESUS



 
A igreja de Jesus, o Cristo, é o descobrimento do reino de Deus dentro do homem, o "nascimento pelo espírito", e o subsequente amor universal de todos os seres que são objetos do amor divino. Eu aceito o catolicismo romano por causa dos elementos de Catolicidade cristã que ele ainda possui, mas não o aceito por causa dos elementos humanos, por demais humanos, mesmo infra-humanos, que se introduziram no seu organismo eclesiástico. Por razões idênticas, não aceito também, o protestantismo como tal, embora reconheça que nele existem elementos cristãos de real valor.
 
 
Desde que se exclua da religião qualquer elemento interesseiro - de egoísmo individual, político, diplomático, financeiro - pode-se ter experiência pessoal e profunda do espírito do Cristo.
 
 
Infelizmente, prevaleceu no mundo a ideia de "igreja" em vez do conceito "religião". Jesus não fundou nem defendia uma igreja, no sentido tradicional do termo, mas era um homem religioso, possuía o mais profundo conhecimento intuitivo de Deus e do reino dos céus, mas não limitava esse conhecimento a nenhuma organização burocrática, a nenhuma moldura eclesiástica, como mais tarde se inventou.
 
 
Admitamos que as igrejas cristãs sejam etapas ou estágios evolutivos rumo ao Cristianismo, tentativas mais ou menos felizes ou infelizes de interpretar o Cristo do Evangelho - mas nenhuma delas é o Cristianismo e as igrejas que isso ousarem afirmar provam que junto a sua profunda ignorância aliaram a mais repugnante arrogância.
 
 
Qualquer teologia eclesiástica é, em última análise, uma caricatura quando confrontada com o retrato do Cristo que brilha nas páginas do Evangelho. O protestantismo do século XVI prometeu para a humanidade cristã restabelecer o retrato autêntico do Cristo, tão horrivelmente deturpado pelo catolicismo romano, desde o século IV até hoje, mas, a despeito dos reais serviços que prestou para a humanidade, o protestantismo também acabou pintando uma caricatura do Cristo real.
 
 
Resta portanto ao homem sincero, fechar os olhos a todas as teologias, antigas e modernas, e, vivendo intimamente a essência do Evangelho, redescobrir intuitivamente, nas profundezas de uma vidência espiritual, a efígie incontaminada e pura do Cristo eterno e universal do Evangelho. Mas, quem tal coisa fizer será excomungado como "herege" e "apóstata" pelos teólogos das igrejas, como aconteceu, há vinte séculos atrás, para aquele homem sincero (Paulo de Tarso) que professou a verdade sobre o Cristo que o curara da cegueira e foi por isto execrado e expulso pelos teólogos cegos da "igreja infalível" do seu tempo e país.
 
 
Diz Albert Schweitzer que o cristão de hoje, devidamente vacinado com o soro das teologias eclesiásticas, se tornou imune contra as investidas do Cristo do Evangelho; a injeção de um pseudo-cristianismo manso e acomodatício o imunizou contra o espírito revolucionário do Cristianismo agressivo e dinâmico das catacumbas e dos anfiteatros.
 
 
O melhor meio para acabar com o Cristianismo do Evangelho não é combate-lo diretamente, porque a luta aberta cria oposição, heróis e mártires; o melhor meio é vacinar o cristão com a boa "cultura" da teologia eclesiástica que, por fora, se pareça com o Cristianismo. Quem não possui Cristianismo algum pode ter fome e sede do mesmo, uma vez que toda alma humana é cristã por natureza; mas quem possui uma bem feita substituição do Cristianismo, vive na permanente ilusão de que a sua erudita teologia seja o Cristianismo de Cristo - e assim está com todas as portas fechadas para o Cristianismo genuíno e integral.
 
 
O clero romano (não propriamente o catolicismo) é, hoje em dia, a mais poderosa organização político-financeira existente dentro do Cristianismo. Tudo o que favorece o prestígio e as finanças do clero é considerado bom, mesmo que seja diametralmente oposto ao espírito do Cristo, e tudo o que desfavorece a causa do clero é considerado mau, por mais que promova o Cristianismo real. E, como o católico é tanto mais católico quanto mais submisso for ao clero, segue-se que, logicamente, não há possibilidade para o católico obediente descobrir o Cristianismo genuíno e integral; só pode aceitar o Cristianismo na forma condicionada que lhe é oferecida pelo clero, que não permite ao povo a menor autonomia espiritual. O conhecimento do Evangelho de Jesus, o Cristo, seria o princípio da emancipação e maturidade espiritual; mas essa emancipação da tutela clerical desfavorece a causa político-financeira da hierarquia sacerdotal - logo, ela é má e deve ser combatida como heresia e apostasia do Cristianismo...
 
 
Temos, nos "Atos dos Apóstolos" um paralelo a esses negócios sagrados: Quando o apóstolo Paulo - que parece ter sido bem pouco "católico" - começou uma campanha sistemática contra o comércio que o ourives Demétrio fazia com os "templozinhos da deusa Diana", na cidade de Éfeso, revoltou-se o fabricante desses amuletos e ídolos, porque via que o povo, na medida que se cristianizava e abraçava o Evangelho do Cristo pregado pelo apóstolo, diminuía na sua fé e devoção aos ídolos que Demétrio vendia em massa. O ourives de Éfeso fez o que seus sucessores e amigos de hoje continuam a fazer: difamou Paulo como inimigo da religião e incitou contra ele as massas populares, que, quase o lincharam.
 
 
Quando, em nossos dias, alguém favorece a causa da Catolicidade cristã contra os interesses do catolicismo romano, é invariavelmente punido como "inimigo da igreja", "herege", "apóstata", "traidor", etc., porque são muitos os Demétrios...
 
 
Texto extraído do livro autobiográfico de Huberto Rohden, Por Um Ideal.

THE CHURCH OF JESUS


 

The church of Jesus, the Christ, is the discovery of the kingdom of God within man, the "birth through the spirit" and the subsequent universal love of all beings who are objects of the Divine love. I accept the roman Catholicism because of some elements of Christian catholicity that still has, but I did not accept it entirely because of the human element, too human indeed, even sub human, which were introduced as a church body. For similar reasons, I do not accept too, the Protestantism as such, although I have to recognized that there are in it Christian elements of real value.
 
 
Provided that it is excluded from religion any selfish element - of individual selfishness, political , diplomatic, financial - it is possible to have a profound and personal experience of the spirit of Christ.
 
 
Unfortunately, prevailed in the world the idea of ​​"church" instead the concept of "religion". Jesus did not established of defended any church in the traditional sense, but he was a religious man, who had the deepest intuitive knowledge of God and the kingdom of heaven, but that knowledge was not limited to any bureaucratic organization, to any ecclesiastical frame, as was later invented.
 
 
Let us assume that Christian churches are steps or stages of evolution toward Christianity, i.e., more or less happy or unhappy attempts to interpret the Gospel of Christ - but none of them is Christianity and churches that dare to say such thing proves that together with their profound ignorance, the alliance of the most disgusting arrogance.
 
 
Any ecclesiastical theology is a caricature when confronted with the portrait of Christ that shines on the pages of the Gospel. Protestantism in the 16th century promised to the Christian humanity to restore the authentic portrait of Christ, so horribly misrepresented by Roman Catholicism, from the 4th century until today, but despite the actual services rendered to humanity, Protestantism also finished painting a caricature of the real Christ.
 
 
There remains to the sincere man, only to close his eyes to all theologies, ancient and modern, and to live intimately the essence of the Gospel, to rediscover intuitively in a deep spiritual clairvoyance, the pure and uncontaminated effigy of the eternal Christ and his universal Gospel. But who does such thing will be excommunicated as "heretic" and "apostate" by the theologians of the church, as it happened twenty centuries ago, to that sincere man (Paul of Tarsus) who professed the truth about Christ that healed him of blindness and was excoriated for it and driven by the blind theologians of the "infallible church" of his time and country.
 
 
Albert Schweitzer says that the Christian nowadays, properly vaccinated with the serum of ecclesiastical theologies, has become immune against the offensive of the Gospel of Christ; the injection of a meek and accommodated pseudo-Christianity immunized him against the revolutionary, aggressive and dynamic spirit of Christianity from the catacombs and amphitheatres.
 
 
The best way to end the Christianity of the Gospel is not to fight it directly, because open struggle creates opposition, heroes and martyrs; the best way is to vaccinate the Christian with the good "culture" of ecclesiastical theology that resembles Christianity. Who does not have any Christianity at all can have hunger and thirst for it, since every human soul is Christian by its very own nature; but who has a well made replacement of Christianity, lives in permanent illusion that its scholarly theology is the Christianity of Christ - and so with this all doors are closed to genuine and integral Christianity.
 
 
The Roman clergy (not specifically Catholicism) is, nowadays, the most powerful political and financial organization that exists within Christianity. Anything that encourages the prestige and finances of the clergy is considered good, even if it is diametrically opposed to the spirit of Christ, and all that works against the cause of the clergy is considered bad, even if promotes real Christianity. And, as the catholic is more catholic if more submissive for the clergy it is, logically, there is no possibility to the obedient catholic to discover genuine and integral Christianity; can only accept the conditioned form of Christianity that is offered by the clergy, which does not allow people the minimal spiritual autonomy. The knowledge of the Gospel of Jesus, the Christ, would be the beginning of emancipation and spiritual maturity; but this emancipation from clerical tutelage disfavours the political and financial cause of priestly hierarchy - so, this emancipation is bad and should be fought as heresy and apostasy of Christianity...
 
 
On the "Acts of the Apostles", we have a parallel to those sacred business: When the Apostle Paul - who seems to have been nothing "catholic" - began a systematic campaign against the trade of a goldsmith named Demetrius who was making some amulets and idols of the Goddess Diana in the city of Ephesus, he revolted against Paul because he saw that people, to the extent that they started to be more and more Christianised, embracing the Gospel of Christ preached by the apostle, diminished their faith and devotion to the idols and amulets that Demetrius sold massively. The goldsmiths of Ephesus did what his successors and friends today are still doing: defamed Paul as an enemy of religion and incited the masses against him, which nearly lynched him.
 
 
When, in our days, someone favours the cause of Christian catholicity against the interests of Roman Catholicism, is invariably punished as "enemy of the church", "heretic", "apostate", "traitor", etc., because there are many Demetrius around...

Saturday 13 June 2015

WHAT IS MEANT BY SIN AND REDEMPTION?

 
 Sin is the victory of our Lucifer ego and the defeat of our Christlike Self... the hiss of the snake, defeating the breath of God. When in the first man, the ego (snake) defeated the divine breath of the Self, man committed his first sin, because the immutable Cosmic Laws require the victory of the higher Self over the inferior ego.
 
Sin is a voluntary inversion of that eternal laws. This inversion can only be given by the illusion of the ego. But when the truth of the Self overcomes ego illusions, then comes the redemption of man.
 
Sin and redemption are attributes of human nature; man is defeated by his ego, and is victorious by his Self, and thanks to his free will, man is responsible for both his defeat or sin, for his victory or redemption. Both Lucifer and Logos, both the downfall of evil as the redemption in Christ are within man, and man is responsible for the triumph of his Christlike Self over his Lucifer like ego. Both Lucifer and Christ within man are the instruments of sin or redemption.
 
The sinner ego must suffer through the inversion of the Divine laws in its human nature; should integrate voluntarily in the Divine Self, and as all integration of the ego in the Self is equivalent to a disintegration of the ego, man cannot redeem himself without the death of his ego.
 
 
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---   “Truly, truly, I say to you, unless a grain of wheat falls into the earth and dies (ego), it remains barren; but if it dies, it bears much fruit (Self)."  Mark, 8.34-36
 
 ---   “He who has no thought of "I" and "mine" whatever towards his mind and body, he who grieves not for that which he has not, he is, indeed, called a bhikkhu(ni), the one who lives a holy life, transcending both merit and demerit, and walks with comprehension in this world."  Buddhism. Dhammapada 367
 
---   “Are forever free those who renounce all selfish desires and break away from the ego-cage of "I", "me", and "mine" and will be united with the Lord. Attaining to this is to pass from death to immortality.”  Hinduism. Bhagavad Gita 2.71