A mística é uma experiência estritamente
individual, que quando organizada socialmente, deixa de existir. A íntima
essência é individual, o que todavia não impede que essa verticalidade
individual se desdobre em horizontalidade social; mas esse desdobramento ou
transbordamento só acontece quando a experiência vertical atinge o zênite da sua
plenitude.
O nosso mundo conturbado não pode ser sanado por
nenhuma nova organização, religiosa ou civil; somente a experiência mística de
muitos pode beneficiar realmente a humanidade.
Toda a mística verdadeira e plena é
irresistivelmente transbordante e difusora; se não for isto, não passa de
misticismo.
Jesus, o Cristo, nunca organizou nada, nem no
âmbito religioso da Sinagoga de Israel, nem no setor civil da política do
Império Romano. A sua atuação foi exclusivamente indireta, por espontâneo
transbordamento da sua própria plenitude, pois conforme Paulo de Tarso, em Jesus
habitava corporalmente toda a plenitude da Divindade.
Durante quase três séculos, do ano 33 até 313, a
cristandade das catacumbas vivia essa cristicidade mística, sem nenhuma
organização social. E foi este o período mais glorioso do mundo cristão, o
período da verticalidade mística das catacumbas, cuja única saída era para o
martírio no Coliseu.
Texto extraído do livro Que Vos Parece do Cristo?
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