A verdadeira meditação, ou cosmo-meditação, é indispensável para a
felicidade e plenitude do homem.
A genuína felicidade supõe que o homem se conheça a si mesmo, na sua
realidade central, e viva de acordo com este conhecimento.
Auto-conhecimento e auto-realização são os dois polos sobre os quais gira
toda a vida do homem integral. “Conhecereis a Verdade” – disse Jesus – “e a
Verdade vos libertará.”
O auto-conhecimento, que é a base da auto-realização, não é possível sem
uma profunda cosmo-meditação. Jesus, antes de iniciar a sua vida pública, passou
40 dias e 40 noites em cosmo-meditação no deserto, e durante os 3 anos da sua
vida pública, ele passava noites inteiras na solidão, em oração a Deus.
O homem não é o seu corpo, nem a sua mente, nem as suas emoções, que são
apenas o seu invólucro, o seu ego periférico. O homem é o seu Espírito, a sua
Alma, o seu Eu-central, e, para ter disto plena certeza, ele deve se isolar
temporariamente de todas as suas periferias ilusórias, para ter consciência
direta e imediata da sua realidade central, isto é, meditar, ou cosmo-meditar.
Quando o homem cosmo-medita, ele deixa de ser ego-pensante e se torna
cosmo-pensado. Deixa de ser ego-agente e se torna cosmo-agido. Deixa de ser
ego-vivente e se torna cosmo-vivido, ou na linguagem de Jesus... “não sou eu que
faço as obras, é o Pai em mim que faz as obras, de mim mesmo eu nada posso
fazer”. E Paulo de Tarso diz... “eu morro todos os dias, e é por isto que eu
vivo, mas já não sou eu que vivo, é o Cristo que vive em mim”. “Se o grão de
trigo não morrer, fica estéril mas se morrer então produzirá muitos frutos”. O
ego é simbolizado por um grão de trigo, e o Eu é a própria essência vital que
está na semente. A essência vital do Eu, não pode brotar, se a casca do ego não
se dissolver. Quem não tem a coragem de morrer voluntariamente, antes de ser
morto compulsoriamente, não pode viver gloriosamente no mundo presente.
É necessário que o homem morra para o seu ego estéril para que viva para o
seu Eu fecundo.
Muitos querem saber quando e onde se deve cosmo-meditar:
“Orai sempre e nunca deixes de orar.” Orar não quer dizer rezar que é
recitar fórmulas. Orar como a própria palavra diz, é abrir-se rumo ao Infinito,
se deixar ser invadido pelo Infinito, isto, segundo os mestres é orar. Esta
meditação permanente, esta meditação-atitude, tem que ser precedida por muitas
meditações-ato. A meditação permanente deve começar com meditações
intermitentes. A melhor hora para a meditação é sempre de manhã cedo, antes de
iniciar qualquer trabalho. Quem não pode meditar de manhã cedo, medite à noite,
antes de dormir, mas cuidado, quando alguém está muito cansado, depois dos
trabalhos diurnos, é difícil fazer verdadeira meditação, porque a meditação é um
trabalho muito sério. Acrobacia mental ou cochilo devocional não é
meditação.
Convém que cada um tenha um recinto silencioso para meditar e que faça a
sua meditação sempre à mesma hora e no mesmo lugar. Um recinto tranquilo se
transforma, pouco a pouco, num santuário que facilita a meditação e a
concentração mental, porque as auras e as vibrações deste lugar modificam
favoravelmente o próprio ambiente.
Quanto à posição do corpo para favorecer a concentração: quem não pode
sentar-se à maneira dos orientais, em posição de lótus, use uma cadeira de
acento firme com encosto reto, sem cruzar as pernas e colocando as mãos junto ao
corpo e olhos semi-fechados. Uma luz suavemente azulada ou esverdeada, ou pelo
menos uma penumbra, são muitos favoráveis à concentração.
Antes de iniciar a cosmo-meditação, respire algumas vezes, profunda e
vagarosamente para harmonizar as vibrações emocionais. Durante a meditação
respire normalmente.
Qualquer atenção à atividade corporal, dificulta a meditação. Deve-se
relaxar todas as tensões corporais e esquecer-se totalmente da presença do seu
corpo.
Antes de meditar pode conscientizar palavras como estas: “Eu e o Pai somos
um. O Pai está em mim e eu estou no Pai”, ou então: “Eu morro todos os dias e é
por isto que eu vivo, mas já não sou eu quem vive, é o Cristo que vive em
mim.”
Depois de ter feito, muitas vezes, a meditação intermitente, em forma de
atos diários, a pessoa verificará que a meditação se transforma, pouco a pouco,
numa meditação permanente, sem ela saber, numa meditação-atitude, perfeitamente
compatível com qualquer trabalho externo e em qualquer ambiente.
Esta meditação-atitude, consciente ou inconsciente, não impede, mas até
favorece grandemente os trabalhos externos, que ficam iluminados e aureolados de
leveza, beleza e felicidade. Então, se poderá compreender o que Jesus quis dizer
com as palavras: “Orai sempre e nunca deixes de orar”, isto é, ter sempre a
consciência da presença de Deus, mesmo sem pensar nada; pensar não é ter
consciência, consciência é um estado do Eu espiritual, e não é um processo do
ego mental. Quando o homem está em verdadeira consciência espiritual, ele nada
pensa, ele está 100% de consciência espiritual e 0% de pensamento mental, e
então ele entra num verdadeiro estado de meditação-atitude, que tem que ser
precedida por muitas meditações e na prática de atos conscientes e
supra-conscientes, onde no estado de supra consciência ocorre o mais elevado
estado da consciência.
Convém preceder a cosmo-meditação com alguma música que ajude a meditação
profunda.
Nem todas as músicas clássicas dos grandes mestres ajudam nesse processo; o
conhecido Hino à Brahma, a Ave Maria de Schubert, a melodia mística de Rute,
“Aonde fores, eu irei”, e outras com a mesma vibração que acalma, relaxa e ajuda
a meditação.
Estas músicas e outras podem servir de introdução para a cosmo-meditação,
mas não para acompanhar a meditação. Durante a cosmo-meditação deve haver
silêncio absoluto, que é a música da Divindade, a música do Infinito. Este
silêncio não deve ser apenas físico, mas deve ser também mental e emocional. O
homem não deve fazer nada, não deve pensar nada, não deve querer nada durante a
cosmo-meditação, mas ficar simplesmente na consciência espiritual.
Esse homem vai ser invadido pela alma do próprio Universo, e este Universo
não está fora dele, este Universo pelo qual ele vai ser invadido, está no seu
próprio centro, é a sua consciência central, o seu Eu, a sua alma, o seu
espírito. As suas periferias vão ser invadidas pelo seu centro, porque é regra e
lei cósmica: onde há uma vacuidade, acontece uma plenitude.
Se o homem se esvaziar completamente de todos os conteúdos do seu ego
humano, infalivelmente vai ser invadido pela alma do Universo, que não está fora
dele, mas dentro dele mesmo. Esta invasão é automática, mas o esvaziamento do
nosso ego é nossa tarefa pessoal. E aqui está a grande dificuldade. O nosso ego
não quer ser esvaziado das suas atividades, porque ele não sabe nada além disto.
Ele se defende contra este ego-esvaziamento. Mas na subconsciência, cai em
transe. Se isto lhe acontecer, nada de relevante se obterá na meditação, porque
no subconsciente nós não podemos realizar a nós mesmos, só podemos nos realizar
no supra-consciente. Portanto, quando alguém deixar de pensar e de querer alguma
coisa – não deve cair em inconsciência ou subconsciência, porque isto nada
resolve; tem que se elevar à supra-consciência, à cosmo-consciência.
Para alcançar as regiões mais silenciosas da
consciência, temos que fugir das regiões barulhentas da nossa mente, nas quais
desperdiçamos a maior parte de nosso tempo, e isso requer um controle de nossos
pensamentos. Só assim então, teremos a habilidade de alcançar aquela região
silenciosa que é a morada do Espírito, desprovida de quaisquer pensamentos e
palavras.
Depois que alguém se habituar a uma profunda, constante e verdadeira
cosmo-meditação, todos os problemas dolorosos da vida serão resolvidos,
permitindo assim uma vivência de paz, tranquilidade e felicidade.
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