Tuesday 7 July 2015

COSMOS OU CAOS?



Nós vivemos na ilusão de que sejamos responsáveis pela ordem do Universo - como se o cosmos pudesse acabar em caos, se nós não o salvarmos!...
Achamos que devemos resistir aos malignos, para que os benévolos não sejam exterminados pelos malévolos...
Quanta insensatez! Quanta miopia!
Assim diz o insensato na sua erudita ignorância:- "Se eu não resistir ao injusto, amanhã a injustiça eclipsará a justiça; portanto é meu dever resistir ao injusto"...
"Mete a tua espada na bainha!"...
"Não resista ao malévolo!"...
Esta foi a linguagem irracional do maior Mestre que a humanidade conhece - mas os seus discípulos humanos julgam dever serem mais racionais, corrigem o Mestre e se julgam Super Mestres. Só de vez em quando aparece um "mahatma", uma grande alma, e resolve ser tão irracional como o Mestre e proclamar a não violência, e crer incondicionalmente no poder da verdade... Mas as pequenas almas humanas que creem nas armas, não creem nessa grande alma que detesta as armas...
Se por exemplo, hoje existirem no planeta Terra, 50% de maus contra 50% de bons, e se estes não resistirem à aqueles, amanhã haverá 100% de maus contra 0% de bons - e que é nosso dever evitar esse descalabro. E, por isso concluímos, nós os bons, nos tornarmos maus, resistindo aos maus, para que os maus não tomem conta do mundo e destruam a Terra.
Que lógica é essa... que matemática é essa? Como poderíamos salvar do extermínio os bons, se nós mesmos nos tornarmos maus?
O primeiro passo para garantirmos a vitória dos bons é em sermos bons nós mesmos, e não nos nivelarmos com os maus!
Toda essa confusão vem da nossa miopia, de identificarmos a existência do gênero humano com a sua efêmera vivência neste planeta Terra. Pois a vitória do bem sobre o mal nada tem que ver com esse cenário telúrico - essa vitória é essencialmente um processo cósmico. Ainda que todos os bons fossem exterminados pelos maus, nenhuma derrota teria sofrido a causa do bem! Mas se os bons resolverem tornar-se maus, afim de salvar a causa do bem, então a causa do bem sofreu grande derrota - as potências do inferno prevaleceram sobre as potências do céu.
A nossa tarefa não consiste em salvarmos a causa do bem, mas simplesmente em sermos bons nós mesmos, incondicionalmente bons. Nós não temos que salvar o Universo - temos que salvar somente a nós mesmos. O resto não é da nossa conta... pois se eu me salvar e todos os demais se salvarem, o Universo está salvo!
É tão fácil envolver numa aura de amor abstrato a humanidade toda - mas é tão difícil amar concretamente o ser humano ao nosso lado, esse ser individual, A, B, ou C!...
As nossas teorias abstratas produzem em nós uma embriaguez de gloriosidade pois nos levam a altas conquistas, nem sempre significativas – a prática concreta de uma diminuta parcela dessas teorias nos mantém num nível de silenciosa humildade...
A única ordem e harmonia ao nosso alcance é a ordem e harmonia dentro de nós mesmos...
Texto extraído do livro Roteiro Cósmico.

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