Tuesday 28 July 2015

O CONCEITO DE IGREJA

O CONCEITO DE IGREJA, por Paul Brunton
 
Religião, que em tempos antigos instruiu os homens na verdade e lhes dava vital amparo espiritual, se empobreceu diante do desenvolvimento do intelecto nos períodos subsequentes e não conseguiu se sustentar diante de críticas convincentes. Se o conjunto das doutrinas religiosas de nossos dias fossem cem por cento verdadeiras, os lideres religiosos nada teriam a temer do progresso do intelecto e nem da ciência!
 
Eu não sou membro de nenhuma fé religiosa, no sentido convencional, não um cristão, judeu, muçulmano, indú. E vou confessar francamente que eu nasci sem me inclinar a nenhuma religião em particular - desde que a religião passou a dar atenção maior a coisas menos importantes. Mas eu sou um crente da maioria das grandes religiões de acordo com a interpretação que cada um de seus fundadores deram a elas.
 
Eu sou um cristão, na medida em que concordo com São Paulo em dizer: "E, se eu tivesse o dom de profecia, e conhecido todos os mistérios e toda a ciência, e não tivesse amor, nada sou."
 
Eu sou um budista na medida em que reconheço, com Gautama, que só quando um homem abandona todos os seus desejos é que ele é realmente livre.
 
Eu sou judeu, na medida em que eu acredito profundamente no ditado: "Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é um só".
 
Eu sou um indú a ponto de acreditar e praticar a ciência real da Yoga, a ciência da união com o Eu espiritual.
 
Eu sou um muçulmano na medida em que eu confio em Deus acima de tudo.
 
E, finalmente, eu sou um seguidor de Lao-Tse, na medida em que eu aceito o seu discernimento sobre o estranho paradoxo da vida.
 
Mas eu não vou mais adiante nessas crenças além das afirmações acima: para mim elas são os limites de fronteira, e de onde eu regresso.
 
Eu não vou caminhar junto com os cristãos numa exaltação a Jesus - a quem amo mais profundamente do que os outros profetas - sobre os demais mensageiros de Deus.
 
Eu não vou caminhar junto com o budista na negação da beleza e do prazer que a existência reserva para mim.
 
Eu não vou caminhar junto com os judeus com a mente estreita e algemada à observâncias superficiais.
 
Eu não vou caminhar junto com os indús com as palmas das mãos juntas em direção ao céu num fatalismo que nega a força divina inata no homem.
 
Eu não vou caminhar junto com os muçulmanos presos a um único livro, não importando o quão sagrado esse livro seja.
 
E, finalmente, eu não vou caminhar junto com os chineses taoistas num sistema de fantoches supersticiosos que zombam do grande homem que supostamente deveriam honrar.
 
Eu não acredito que Deus tenha dado o monopólio da Verdade para nenhum de nós; o sol nasce para todos. Nenhum país ou raça pode reivindicar o monopólio da Verdade, pois a inspiração divina pode ocorrer no homem em qualquer lugar.
 
Nenhuma religião tem o poder do direito autoral sobre a Verdade. Por isso é que eu tenho uma visão desapegada e imparcial de todos as religiões e assim perceber por que elas atingiram a grandeza, e por que elas estão, em alguns casos, em seu declínio ou queda.
 
 
Texto traduzido e extraído do livro A Message from Arunachala

THE CONCEPT OF CHURCH

 
THE CONCEPT OF CHURCH, by Paul Brunton
 
Religion, which in ancient times instructed men in truth and gave them vital spiritual sustenance, broke down before developing intellect of man and could not meet his reasonable criticisms. If the doctrines which in their mixture pass as religion today had been one hundred per cent true, religious leaders would have had nothing to fear from the progress of science.
 
I am not a member of any religious faith, in the conventional sense, not a Christian, Jew, Muslim, Hindu. And I will frankly confess here that I was born with no particular leaning towards religion - while the splitting of theological hairs aroused my amusement. But I am a believer in most of the great faiths according to the interpretation which, I hold, their own founders gave to them.
 
I am a Christian to the extent that I concur with Saint Paul in saying: "And if I have the gift of prophecy, and known all mysteries and all knowledge, and have not love, I am nothing."
 
I am a Buddhist to the extent that I realize, with Gautama, that only when a man forsakes all his desires is he really free.
 
I am a Jew to the extent that I believe profoundly in the saying: "Hear, O Israel, the Lord our God is one."
 
I am a Hindu to the extent of believing and practising the kingly science of yoga, the science of union with the spiritual Self.
 
I am a Muhammedan to the extent that I rely on Allah above all else.
 
And finally, I am a follower of Lao-Tse to the extent that I accept his perception of the strange paradox of life.
 
But I will go no further into these faiths than the points indicated; they are the boundary-posts at which I turn back.
 
I will not walk with Christians into an exaltation of Jesus - whom I love more deeply than many of them - over the other messengers of God.
 
I will not walk with Buddhist into a denial of the beauty and pleasure which existence holds for me.
 
I will not walk with Jews into a narrow shackling of the mind to superficial observances.
 
I will not walk with the Hindu into a supine fatalism which denies the innate divine strength in man.
 
I will not walk with the Muhammedans into the prison house of a single book, no matter how sacred it be.
 
And finally, I will not walk with the Chinese Tao-ists into a system of superstitious mummery which mocks the great man it is suppose to honour.
 
I do not believe that God has given a monopoly of Truth to any of us; the sun is for all alike. No land or race can claim a monopoly of Truth, and the divine inspiration may descend on man everywhere.
 
No creed has the power to copyright Truth. Therefore I can take a detached and impartial view of them all. I can perceive why they rose to greatness, and why they are, in some case, in their decline or fall.

Tuesday 21 July 2015

SER INTIMAMENTE BOM É A MAIS PODEROSA MISSÃO


 
Um homem interiormente bom, muito antes de proferir uma palavra, já atuou de maneira saudável sobre seus semelhantes. Por outro lado, um homem que oculta nas profundezas do seu ser a impureza, a insinceridade, o espírito de interesse ou ambição, sempre exercerá sobre os outros uma ação que corrompe e contamina, mesmo que não faça propaganda explicita sobre suas ideias, pois o pior dos contágios é a corrupção íntima da sua personalidade. E, por mais que tal homem fale da beleza, da virtude e da grandeza de Deus - todo o seu zelo deixará, quando muito, os ouvintes indiferentes e frios, se é que não os fere e ofende...
 
 
Pouco importa qual seja a vocação ou a posição social do homem interiormente bom; o que importa é que ele revele a sua alma - e isto é possível mesmo nas condições mais desfavoráveis. A verdadeira grandeza do homem e o seu maior poder independem da matéria, do tempo e espaço. Onde quer que viva, ore, sofra e morra um homem bom e de reto-agir, intimamente puro e santo, aí existe um foco divino, uma central de energias espirituais, e desse centro energético irradiam pela terra ondas por vezes tão sutis e difíceis de medir nem definir; mas elas existem, e, se esses homens fossem muitos, talvez essas emanações psíquicas assumiriam forma mais concreta e tangível.
 
 
Todo homem, quando não devidamente espiritualizado, vive na estranha ilusão de que a sua influência sobre os outros homens provenha das suas palavras ou dos seus atos externos, pois ele acha que é o seu saber, a sua perícia, a sua eloquência que conduz as almas do erro à verdade, das trevas do mal à luz da virtude. E é dificílimo tira-lo dessa ilusão. É o último e mais árduo capítulo da psicologia, da pedagogia e também da vida espiritual, nos convencer íntima e profundamente de que não é o nosso saber ou poder que torna melhores os homens, mas unicamente o nosso ser. O que influencia os outros, o que os comove, abala, arrasta, ilumina, converte, santifica, é, em última analise, a nossa santa e pura personalidade, e não a nossa ardente e espalhafatosa atividade.
 
 
Onde quer que, na vastidão do planeta Terra, exista um poderoso foco de caráter e qualidades próprias, aí está um centro salvador do gênero humano. E ainda que essa central de energias espirituais se encontre padecendo num leito anônimo de um hospital, ou reclusa por detrás das grades escuras de um claustro, ou perdida na solidão das floresta amazônica, nos desertos da África, ou nas geleiras do Alasca - pouco importa! - esse foco atua poderosamente sobre a humanidade. Basta que de fato exista e tenha a devida potencialidade.
 
 
Se o homem é capaz de atuar a grandes distâncias por meio de ondas curtas ou longas de um equipamento eletrônico - quem ousaria negar a existência de irradiações psíquicas emitidas por certas almas dotadas de uma elevadíssimo potencial espiritual? Dotadas de uma poderosa personalidade? Seriam as ondas físicas mais poderosas que as ondas psíquicas? Seria a matéria superior ao espírito? O nosso saber científico teria um raio de ação mais vasto que o nosso querer moral?
 
 
O analfabeto e o principiante da vida espiritual costuma dar excessiva importância às suas atividades externas e seus atos passageiros, ao passo que o iniciado e o mestre nas disciplinas do espírito concentram toda a sua atenção no elemento interno e imanente do seu Eu personal.
 
 
É permitido a qualquer indivíduo fazer algo -  ser alguém é privilégio da personalidade.
 
 
Daí essa calma e imperturbável serenidade do homem verdadeiramente espiritual. Não tem pressa, não se afoba, não se precipita, não se torna impaciente ou nervoso; ainda que em plena peregrinação ao mais alto, está sempre no final da jornada; ele sabe que o seu valor e a sua influência são independentes do tempo e do espaço.
 
 
Texto extraído do livro Paulo de Tarso.

A ESCRAVIDÃO DA LETRA - E A LIBERDADE DO ESPÍRITO



“Quem uma vez saboreou uma gota de Deus, não encontra descanso enquanto não se abisme no oceano dessa grande e eterna realidade.”
 
Toda religião, por mais pura, espiritual e divina, uma vez lançada ao meio dos homens e confiada às mãos profanas, corre o perigo de ser asfixiada sob o excesso de elementos humanos que, no decorrer dos séculos, se acumulam fatalmente em torno de seu núcleo divino. Assim, a religião pode cair vitima de hipertrofia material e atrofia espiritual, portanto, triste é a sorte das centelhas divinas quando do céu, caem sobre o planeta Terra.
 
Preservar a árvore da revelação divina dos parasitas do formalismo humano, é a brilhante tarefa dos grandes gênios religiosos que se sentem chamados a cumprir uma missão espiritual sobre a Terra. A valente tentativa dos verdadeiros reformadores espirituais do mundo é a de libertar a religião contaminada por esses parasitas.
 
Jesus, o Cristo, foi o maior restaurador religioso da humanidade, o mais arrojado revolucionário espiritual. Enfrentou sem medo os poderosos pontífices da religião oficial e clássica da época e os desmascarou diante do povo iludido como "sepulcros caiados". Arrancou, sem piedade as raízes podres com que quarenta séculos de ritualismo judaico havia contaminado a árvore da revelação que Deus plantara aos pés do berço da humanidade. Por esse "crime" foi declarado "o que insulta a lei" pelo supremo chefe da religião e teve de subir ao Calvário, onde expirou entre dois perversos, como sendo o maior deles. E, de fato, aos olhos dos defensores do formalismo religioso da época, proclamada como única religião divinamente revelada, infalível e salvadora, não podia o Nazareno deixar de ser o maior incrédulo e ateu - ao passo que, perante Deus e os verdadeiros espiritualistas, ele era e é o homem mais religioso do mundo, o maior santo, o Filho de Deus vivo.
 
É que muitas vezes, os grandes defensores da pureza da revelação divina são incompreendidos pelos seus contemporâneos, que tentam renovar essa incredulidade com a demolição dos seus ídolos e o retorno à primitiva simplicidade da religião.
 
É que nem todos os homens religiosos atingem a alma da religião, e os amigos das fórmulas feitas dificilmente compreenderão o que seja "adorar a Deus em espírito e verdade", pois passar da periferia ao centro não é tarefa indicada a todos.
 
Texto extraído do livro Paulo de Tarso

Thursday 9 July 2015

TO BE A CHILD OR TO BECOME LIKE A CHILD?


 
"Let the young children alone, and do not try to stop them from coming to me for the Kingdom of the heavens belongs to such ones."
 
 
Man who has a naive belief has not become like a child; he is just a child and never left this spiritual childhood of the naive believe.
 
The non believer, is no longer a child and did not become adult. Went from healthy childhood to an unhealthy infantilism, not seeing behind its scepticism, the ultimate Reality, the original Source of all existences.
 
Only the wise man has acquired genuine maturity and therefore - as paradoxical as it may seem - can become like a child.
 
The true wisdom of experience is an infant's adulthood, because the experienced man at the level of ultimate Reality acquired a simple wisdom, diaphanous, calm, away from all sophistications, a wisdom full of security that is beyond all loud and proud discussions of the analytical intelligence. This man is not a scholar, but a learned man. It may be that this man did not know many things, like the man encyclopaedia, but knows a lot - his knowledge is quality and not quantity. He is not an archive of juxtaposed and disconnected knowledge - his knowledge is of a panoramic view, who knows the exact place of every creature in the Universe.
 
The wise and learned man is always serenely dynamic and calm; he does not need to run in a hurry to and from in order to get the materiality of life - he feels like in a vast plain full of sun light, covering both all latitudes and longitudes around him; although a pilgrim on planet Earth, always is at the end of all his journeys.
 
And that's why a man like this lives in this dynamic peace, of tranquil security, which seems to strike all who approaches him.
 
To know how to become like a child in full manhood is a divine art, a mystical charisma, it is the cosmic wisdom.
 
We should not stay children, but become like children after we are adults. This second phase of infancy, created freely by fully grown man, is the ultimate test of his full adulthood. Who, as an adult, is not be able to become as if he or she were a child, is not fully mature in its evolution.
 
It is a pleni-conscious infancy, not an unconscious infancy, and much less a pseudo-conscious infantilism.
 
To be like a child, not by natural ignorance, but by the wisdom acquired with experience. It is to overcome not only the subconscious mind of the infant, but also the conscious mind of the youth and to enter into the cosmic super consciousness.

FOR IN THE SAME WAY YOU JUDGE OTHERS YOU WILL BE JUDGED

 
 
With these words Jesus, the Christ, enunciates the great laws of the Universe indestructible balance. No creature, however powerful, can unbalance the cosmic balance of justice. No one can thwart God's plan. In the metaphysical or objective order of things, God will always be 100% victorious because nobody can defeat Him. All of backslides of some creatures, enemies of God subjectively, objectively will contribute to highlight the unique sovereignty and the infinite majesty of God.
 
However, vicissitudes, lights and shadows, good and evil, can happen within this indestructible objective order and stable balance of the Universe. Every creature can consciously and freely oppose God and try to prevail against the Great Whole. Man's free will is sufficient for him to be responsible for his free acts, but this responsibility is limited by the finitude of human nature; metaphysically speaking, man is only partially free and this freedom is apparently out of the jurisdiction of the Cosmic Constitution of the Universe. If man were totally free, he would be omnipotent, as the Infinite is. In the Infinite, says Baruch Spinoza, coincide freedom and necessity; God is necessarily free, and freely necessary. This is the mystery of freedom of each conscious creature.
 
It is however, absurd to assume that some finite (man), can defeat the Infinite (the Creator), that the part can prevail over the Whole, and that some existential effect can thwart some plans of the Essential Cause.
 
No plan of God can be thwarted by man. The creature does not have to choose between maintaining or not the plans of God; only has two ways to choose to meet His commitments, or joyfully or painfully, but under any circumstances the creature will fulfil the Creator’s plans, either enjoying or suffering. The unfailing fulfilment belongs to God, the fulfilment with joy or pain belongs to man.
 
Now, when man opposes the plans of God, lacking Truth, Justice, Love, he enters into the zone of guilt (or sin), facing the consequences of penalties (suffering). By guilt man tempts to be away from God; by penalties he is taken to approach God. By guilt man tries to unbalance the equilibrium of the Universe – by suffering, re-balances that subjective imbalance. We say "subjective" because an objective imbalance is impossible; if it were possible, God would cease to be sovereign and omnipotent and letting the Universe to be a "Cosmos", to be converted into a “chaos”.
 
Guilt is something negative, as negative is also the sentence, suffering.
 
The negative of guilt infallibly causes the negative of sentence. Negative produces negative – positive produces positive.
 
The evil emanated from the subject (guilt) produces evil coming from the object (sentence, sufferings).
 
The good created by the subject (love) produces the good created by the object (enjoyment).
 
If I assume a negative attitude, evil, while facing any elements of the Universe, hating - the Universe will assume a negative attitude against me making me suffer.
 
If I assume a positive attitude, good, while facing any elements of the Universe, loving - the Universe will assume a positive attitude in my favour giving me joy.
 
Only then it is possible to maintain the stable equilibrium of the Universe.
 
All wisdom of man consists in never assuming any negative attitude, but always positive in the face of the Universe and to any of its elements. It is an absurd to think that someone charging his head against the Himalayas can topple this gigantic mountain, although perhaps, able to displace either insignificant pebble which, nevertheless continue to be an integral part of the Himalayas. All wisdom consists that man, spontaneously, harmonize his subjective attitude with the eternal and indestructible objective Reality of the Universe; to tune his little will and act with the great Will and Acting of God.
 
In creating any negative of guilt is equivalent to cause a negative sentence or suffering.
 
In creating a positive of love equals a positive cause for Joy.
 
Sin causes suffering.
 
Love creates happiness.
 
Who measures us with the same measure is the inexorable righteousness of the Universal Cosmic Constitution, which manifests usually through its concrete agents, nature or men. Nature and men are representatives of the eternal Truth and Justice. Who opposes Truth or Justice will have to suffer - who harmonizes with Truth and Justice will enjoy.
 
It is truth that positive or negative result not always appears immediately; but its appearance is infallible even if later, for decades, centuries or millennium, because under no circumstances can the order of the Universe subjectively denied by guilt or affirmed by love, fails to act in the same direction, negative or positive, producing pain or joy.
 
It is not possible to be virtuous exercising addictions. To be bad is the equivalent to feel unhappy. Being good means being happy.

Tuesday 7 July 2015

COSMOS OU CAOS?



Nós vivemos na ilusão de que sejamos responsáveis pela ordem do Universo - como se o cosmos pudesse acabar em caos, se nós não o salvarmos!...
Achamos que devemos resistir aos malignos, para que os benévolos não sejam exterminados pelos malévolos...
Quanta insensatez! Quanta miopia!
Assim diz o insensato na sua erudita ignorância:- "Se eu não resistir ao injusto, amanhã a injustiça eclipsará a justiça; portanto é meu dever resistir ao injusto"...
"Mete a tua espada na bainha!"...
"Não resista ao malévolo!"...
Esta foi a linguagem irracional do maior Mestre que a humanidade conhece - mas os seus discípulos humanos julgam dever serem mais racionais, corrigem o Mestre e se julgam Super Mestres. Só de vez em quando aparece um "mahatma", uma grande alma, e resolve ser tão irracional como o Mestre e proclamar a não violência, e crer incondicionalmente no poder da verdade... Mas as pequenas almas humanas que creem nas armas, não creem nessa grande alma que detesta as armas...
Se por exemplo, hoje existirem no planeta Terra, 50% de maus contra 50% de bons, e se estes não resistirem à aqueles, amanhã haverá 100% de maus contra 0% de bons - e que é nosso dever evitar esse descalabro. E, por isso concluímos, nós os bons, nos tornarmos maus, resistindo aos maus, para que os maus não tomem conta do mundo e destruam a Terra.
Que lógica é essa... que matemática é essa? Como poderíamos salvar do extermínio os bons, se nós mesmos nos tornarmos maus?
O primeiro passo para garantirmos a vitória dos bons é em sermos bons nós mesmos, e não nos nivelarmos com os maus!
Toda essa confusão vem da nossa miopia, de identificarmos a existência do gênero humano com a sua efêmera vivência neste planeta Terra. Pois a vitória do bem sobre o mal nada tem que ver com esse cenário telúrico - essa vitória é essencialmente um processo cósmico. Ainda que todos os bons fossem exterminados pelos maus, nenhuma derrota teria sofrido a causa do bem! Mas se os bons resolverem tornar-se maus, afim de salvar a causa do bem, então a causa do bem sofreu grande derrota - as potências do inferno prevaleceram sobre as potências do céu.
A nossa tarefa não consiste em salvarmos a causa do bem, mas simplesmente em sermos bons nós mesmos, incondicionalmente bons. Nós não temos que salvar o Universo - temos que salvar somente a nós mesmos. O resto não é da nossa conta... pois se eu me salvar e todos os demais se salvarem, o Universo está salvo!
É tão fácil envolver numa aura de amor abstrato a humanidade toda - mas é tão difícil amar concretamente o ser humano ao nosso lado, esse ser individual, A, B, ou C!...
As nossas teorias abstratas produzem em nós uma embriaguez de gloriosidade pois nos levam a altas conquistas, nem sempre significativas – a prática concreta de uma diminuta parcela dessas teorias nos mantém num nível de silenciosa humildade...
A única ordem e harmonia ao nosso alcance é a ordem e harmonia dentro de nós mesmos...
Texto extraído do livro Roteiro Cósmico.