Tuesday 21 July 2015

A ESCRAVIDÃO DA LETRA - E A LIBERDADE DO ESPÍRITO



“Quem uma vez saboreou uma gota de Deus, não encontra descanso enquanto não se abisme no oceano dessa grande e eterna realidade.”
 
Toda religião, por mais pura, espiritual e divina, uma vez lançada ao meio dos homens e confiada às mãos profanas, corre o perigo de ser asfixiada sob o excesso de elementos humanos que, no decorrer dos séculos, se acumulam fatalmente em torno de seu núcleo divino. Assim, a religião pode cair vitima de hipertrofia material e atrofia espiritual, portanto, triste é a sorte das centelhas divinas quando do céu, caem sobre o planeta Terra.
 
Preservar a árvore da revelação divina dos parasitas do formalismo humano, é a brilhante tarefa dos grandes gênios religiosos que se sentem chamados a cumprir uma missão espiritual sobre a Terra. A valente tentativa dos verdadeiros reformadores espirituais do mundo é a de libertar a religião contaminada por esses parasitas.
 
Jesus, o Cristo, foi o maior restaurador religioso da humanidade, o mais arrojado revolucionário espiritual. Enfrentou sem medo os poderosos pontífices da religião oficial e clássica da época e os desmascarou diante do povo iludido como "sepulcros caiados". Arrancou, sem piedade as raízes podres com que quarenta séculos de ritualismo judaico havia contaminado a árvore da revelação que Deus plantara aos pés do berço da humanidade. Por esse "crime" foi declarado "o que insulta a lei" pelo supremo chefe da religião e teve de subir ao Calvário, onde expirou entre dois perversos, como sendo o maior deles. E, de fato, aos olhos dos defensores do formalismo religioso da época, proclamada como única religião divinamente revelada, infalível e salvadora, não podia o Nazareno deixar de ser o maior incrédulo e ateu - ao passo que, perante Deus e os verdadeiros espiritualistas, ele era e é o homem mais religioso do mundo, o maior santo, o Filho de Deus vivo.
 
É que muitas vezes, os grandes defensores da pureza da revelação divina são incompreendidos pelos seus contemporâneos, que tentam renovar essa incredulidade com a demolição dos seus ídolos e o retorno à primitiva simplicidade da religião.
 
É que nem todos os homens religiosos atingem a alma da religião, e os amigos das fórmulas feitas dificilmente compreenderão o que seja "adorar a Deus em espírito e verdade", pois passar da periferia ao centro não é tarefa indicada a todos.
 
Texto extraído do livro Paulo de Tarso

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