Monday 16 November 2015

O SERMÃO DA MONTANHA E A MÍSTICA DAS BEATITUDES

 
Bem-aventurados os pobres pelo espírito, porque deles é o reino dos céus;
 
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
 
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
 
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
 
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
 
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
 
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
 
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
 
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
 
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.
 
A Mística das Beatitudes resume, em duas palavras, o que Jesus, o Cristo, disse depois de proferir essas proclamações, que representam a plataforma do Reino de Deus e o auto-retrato de sua própria alma:
 
---   “Vós sois o sal da terra“.
---   “Vós sois a luz do mundo“.
 
Estas duas alegorias formam basicamente o alicerce, e ao mesmo tempo a pedra de fecho do majestoso santuário sustentado pelas colunas das bem-aventuranças.  Essas colunas tem o seu fundamento nas alturas do céu, como a cidade santa de Deus, que, segundo o Apocalipse, desce de cima para baixo; tem as raízes no céu, e se ramifica, floresce e frutifica na terra.
 
Quando algum homem já é sal e luz, ele realiza com espontânea facilidade o conteúdo das Beatitudes, que aos profanos e inexperientes podem parecer absurdas ou extremamente difíceis.
 
O sal dá sabor a todos os alimentos – assim como a experiência espiritual é um misterioso condimento que penetra de sabedoria todas as ignorâncias, e da sabor Divino a qualquer insipidez da vida humana.  O sal, se fosse tomado em estado puro, não seria agradável, mas, quando usado discretamente como condimento, dá sabor a tudo.  É a espiritualidade sensata e dosada que transforma todas as materialidades e preserva-as, ao mesmo tempo, da corrupção.
 
A luz, essa realidade mais sutil e invisível do Universo, dá vida, alegria e beleza a todas as creaturas da terra.  Sem ela, o Universo não seria um Cosmos, mas um caos de morte e treva.
 
E é importante acrescentar às Beatitudes esse desfecho metafísico-místico, coroa e alicerce do santuário da sabedoria cósmica de Jesus.  Estas duas alegorias, sal e luz, sabor e vida, são a quintessência da filosofia e poesia de Jesus. Nelas se aliam a metafísica da Verdade e a mística da beleza.  Bem se poderiam aplicar a estas alegorias as palavras de Mahatma Gandhi*: “A verdade é dura como o diamante – e delicada como flor de pessegueiro”.
 
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Nota:
 
* Mahatma Gandhi foi por diversas vezes abordado por alguns de seus seguidores cristãos, a se juntar ao cristianismo, no entanto, recusava essa oferta, afirmando que aceitava Jesus mas não aceitava a forma com que o clero conduzia o cristianismo, numa flagrante crítica de que o clero está distante do Evangelho de Jesus.
Ainda em referência a Gandhi, é célebre sua afirmação de que: "Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse O Sermão da Montanha, nada estaria perdido".

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