Thursday 5 November 2015

UM COQUEIRO E SUA SEMENTINHA

 
 Era uma vez um grande coqueiro de 10 metros de altura. E ao pé dele uma semente de aproximadamente uns 2 cm de diâmetro.
 
E o coqueiro disse para a semente: -- "tu és o que eu sou."
 
E a semente respondeu: -- "Não, eu não sou o que tu és... tu és uma árvore de 10 m de altura e eu sou uma semente pequenina."
 
-- "Não", disse o coqueiro, -- "eu não estou me referindo à tua casca. Estou me referindo ao teu germe vivo, a tua casca não é viva. Tu és no teu germe o que eu sou na minha vida. Porque a vida do teu germe é a mesma vida que está em mim."
 
-- "Como isso pode ser possível", disse a semente. "Eu serei algum dia como tu és agora?"
 
-- "Tu serás também externamente o que já és internamente o que eu sou. Porque a nossa essência é a mesma, somente a nossa existência por ora, é que é diferente. A qualidade é a mesma, apenas a quantidade é diferente."
 
-- "E o que tenho que fazer", perguntou a semente, "para ser o que tu és?"
 
-- "Bem", disse o coqueiro, "o teu invólucro, que é a tua casca, tem que um dia se desintegrar. Então tu serás também o que eu sou."
 
-- "O que é isso, desintegrar? Quer dizer que eu vou morrer?"
 
-- "Não, tu não vais morrer, porque se morresse nunca te tornarias coqueiro. Tu não vais morrer. O teu invólucro, algo ao redor de ti que agora te protege, vai desintegrar-se. Isto agora é um auxílio para ti, que é a sua casca. Mas daqui a pouco será um empecilho e este empecilho tem que ser destruído para que o teu conteúdo possa expandir-se."
 
E a semente, a princípio, não quis crer que ela fosse morrer; porque ela estava olhando sempre para a sua casquinha morta, que não era viva… uma casca dura, inerte. Mas ela nunca tinha fixado os olhos no seu germe vivo porque a vida não é coisa visível, só a casca é visível. Estava limitada em sua casca e tinha pavor de sua chamada desintegração. Pensava que ela ia morrer e não alguma coisa que ela tinha ao redor de si. Não tinha autoconhecimento, como nós diríamos em linguagem popular. Ela se confundia com o que ela parecia e não se identificava com o que ela era de fato.
 
E esse é o mal de todos nós. Não sabemos o que somos…
 
 
Texto extraído de uma palestra de Rohden

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