Monday 31 December 2018

O TORMENTO DA CULPA E SUA CURA

O grande mal que assola a humanidade está na falência das consciências de cada ser humano. A desenfreada adoração do “deus-dinheiro” derrotou todas as considerações de ordem moral. Bom é aquilo que dá dinheiro; ótimo é aquilo que dá milhões – é esta infeliz mentalidade que vigora em nossos dias.
 
Enquanto o homem não passar por uma profunda reforma interior, as reformas externas impostas como lei pelos governos, são precárias e ineficientes.
 
A reforma interior, porém, supõe algo que não está em nossos códigos de leis nem se leciona em nenhuma escola. Supõe um conhecimento de si mesmo e uma inexorável fidelidade a esse Eu superior e divino do homem, porque esse Eu divino no homem exige imperiosamente equivalência entre o que se recebe e o serviço prestado aos outros. Quem recebe um salário e não presta o serviço correspondente ao quanto recebeu, é ladrão, é explorador, é réu de uma injustiça, seja qual for o seu cargo em qualquer instituição. Mesmo no caso em que as leis humanas absolvam esse réu, perante a justiça do Universo ele é culpado.
 
Cada injustiça que um ser humano comete é uma degradação do indivíduo, quer a lei humana a aprove, quer desaprove. O indivíduo que comete injustiça vai perdendo parcela do seu valor, acabando, dentro de algum tempo, em completa falência moral, embora tenha talvez se enriquecido materialmente com o produto dos seus roubos. Se esse ladrão é analfabeto em matéria de conhecimento próprio e auto-realização, será quase impossível fazer-lhe compreender o seu triste estado; se tornou milionário à custa do suor dos outros, mas quem será capaz de provar que é um desgraçado?
 
Entretanto, essa impossibilidade de provar-lhe esse fato e colocar-lhe diante dos olhos o autêntico retrato do mal que produziu não invalida o fato desse mal, pois a ignorância não isenta ninguém da culpa.
 
Esse homem vai acumulando dentro de si mesmo, débitos cada vez maiores, um débito moral que tem de ser neutralizado, de acordo com a inexorável justiça da Constituição Cósmica. Mas a neutralização desse débito acumulado em anos de abusos contra outras pessoas e instituições, acarretará sofrimentos inevitáveis, seja no mundo presente, seja em existências futuras. Ninguém sairá impune de sofrimentos enquanto não houver pago todos seu débitos. A Constituição Cósmica é um fato, e não uma fantasia. Ninguém pode derrubar o Himalaia batendo a cabeça contra seus maciços de pedra! Ninguém pode transgredir impunemente contra as leis eternas da Verdade e da Justiça!
 
O ser humano parasita e explorador só tem um caminho para se redimir: ser consciencioso e prestar aos seus semelhantes a parcela pela qual tem obrigação perante as Leis Cósmicas, e restituir-lhe o produto dos roubos anteriores, conforme o exemplo de um grande explorador de que nos fala a história, Zaqueu de Jericó, que, reconhecendo o seu triste estado, declarou:- “Se defraudei alguém, restituo quatro vezes mais, e, ainda por cima, dou aos pobres metade da minha fortuna.”
 
Os livros sacros de todos os povos chamam de “insensato” ou “tolo” o homem injusto e pecador – e esses livros tem plena razão! Pois é tolice e insensatez entrar em conflito com as leis eternas e ter que pagar enormes débitos por causa de umas pequenas vantagens imediatas! A mentira, a fraude, a injustiça, qualquer pecado ou crime, proporcionam, quase sempre, determinada vantagem imediata, e é precisamente por causa dessa vantagem que o delinquente pratica o mal. Se o pecador, burlando a lei eterna e lucrando certa vantagem imediata, pudesse passar impune para sempre, definitivamente; se, depois de embolsar o resultado do seu roubo, nenhum mal lhe acontecesse, nenhum sofrimento o aguardasse, por parte de um Supremo Tribunal extra-humano – então – seria ótimo negócio ser mau, injusto, desonesto, explorador, ganhar muito explorando os outros.
 
Mas, o Universo é um “Cosmos”, um sistema de ordem e harmonia, e não um “caos” de desordem e confusão. A Constituição Cósmica do Universo exige imperiosamente a prática da Verdade, da Justiça, do Amor, da Solidariedade, da Honestidade. Pode, certamente, a criatura livre burlar essa lei, mas as consequências dessa infração se voltam infalivelmente contra o infrator, em forma de sofrimento de qualquer espécie. O sofrimento é o eco automático a qualquer violação da Lei Cósmica. E ninguém sabe quantos anos, decênios ou séculos correspondem a cada violação. O certo é que esse doloroso castigo existe – tão certo como é certo que o Universo é um Cosmos.
 
Portanto, é evidente estupidez provocar enormes sofrimentos, embora talvez remotos, para gozar de uma pequena vantagem imediata. E, por outro lado, é real sabedoria renunciar a uma vantagem de momento e, assim, não provocar sofrimento futuros.
 
Ninguém pode fugir à lei inexorável de Causa e Efeito; uma vez posta a causa, segue-se o efeito com inevitável necessidade e perfeição. O Universo se reequilibra automaticamente – mas esse reequilíbrio é doloroso para o delinquente.
 
Ser bom, justo, honesto, verdadeiro, é doloroso por causa do falso ambiente da vida humana, criado por nossa pseudo-civilização em séculos de carma coletivo. Mas, em qualquer hipótese, ser bom, justo, honesto, verdadeiro, é, em última análise, ser feliz, embora essa felicidade íntima seja momentaneamente circundada de sofrimentos. Fundamentalmente, ser bom é ser feliz, e ser mau é ser infeliz. Podemos enganar os homens – mas ninguém pode enganar a lei eterna e sua própria consciência.
 

Texto extraído em parte, do livro Novos Rumos para a Educação

Thursday 15 November 2018

UM HOMEM MAU QUE QUERIA SER BOM

“Lembra-te de mim, Senhor, quando entrares no teu reino...”
“Em verdade te digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso...”
 
Nunca se travou no mundo, um diálogo mais estranho do que este, de cruz a cruz, entre dois moribundos.
 
“Lembra-te de mim” – quem pede apenas um pouco de amor no meio dum inferno de dores não é homem mau.
 
O homem intimamente mau maldiz os seus sofrimentos e os autores dos mesmos.
 
O homem mesquinho pede libertação dos tormentos ou aceleração da morte.
 
O ladrão na cruz pede apenas uma lembrança, um pouco de amor...
 
Pede apenas um pouco daquilo cuja falta o tornara delinquente, perverso, cruel... um pouco de amor...
 
Desde pequeno, ele queria ser bom – mas os homens o fizeram mau, porque lhe negaram compreensão e amor...
 
Deu um passo em falso – e as leis desumanas dos homens o condenaram como malfeitor...
 
A companhia perversa do cárcere induziu a ser mau a quem queria ser bom...
 
E, quando terminou a sua pena, andou pelo mundo com o estigma de criminoso – e nunca mais encontrou entre os “homens honestos” quem lhe desse um pouco de amor...
 
Arrastou-se pela existência noturna com a alma gelada de um frio polar...
 
Só na hora suprema da vida, no alto do patíbulo, encontrou, finalmente, um homem humano – seu companheiro de suplício...
 
Encontrou um homem que mais cria nas saudades de sua alma do que nas maldades de sua vida...
 
Encontrou um homem que o amava e lhe queria bem...
 
E o “bom ladrão” sentiu uma calorosa aura de benevolência a envolver-lhe a alma gelada...
 
E, por entre a aparente frieza desse olhar de amor, pediu ao colega de tortura que dele se lembrasse...
 
Não pediu vingança para seus inimigos, não pediu alívio na atroz agonia – pediu aquilo cuja falta fizera de sua vida um inferno: um pouco de amor.
 
Uma lembrança apenas...
Um pensamento carinhoso...
Um pouco de amizade...
 
“Lembra-te de mim, quando entrares no teu reino...”
 
E conseguiu na morte, de um moribundo, o que em vida jamais conseguira dos vivos...
 
E, pelo pouco que pediu, recebeu o muito que não ousara pedir: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso”...
 
Sobre as cabeças da multidão histérica acontece, então, de cruz a cruz, entre dois moribundos, uma amizade sincera, sagrada, eterna...
 
Amizade entre um homem divinamente bom – e um homem mau que queria ser bom, e que se fez bom pelo amor...
 
Entre o Cristo Redentor – e um homem redimido.
 

Texto extraído do livro De Alma para Alma.

Friday 26 October 2018

CAN ONLY GIVE TO MEN ONE WHO RECEIVED FROM GOD

All the great initiates in spirituality who attained self-realization avoided being called masters, for each one's experience was particular, just as the experience of any one of us is. The so-called master can eventually direct his disciple to a path that leads him to self-knowledge and subsequent self-realization, but the master is only an arrow on the path. It is up to the disciple to filter the experiences of both and so follow his own journey.
 
The purpose of the so-called master "is not to take the disciple whit him indefinitely, but to give him full autonomy and autocracy, so that one day the disciple may follow his own path with perfect clarity and absolute security, without the master’s guidance. And then the external master became an inner master, inherent in the disciple. The greatest triumph of a true master is to become superfluous, for the master who never becomes superfluous has not fulfilled his mission."
 
Jesus himself, one of the human beings who attained the highest level of self-realization, said: "Call no man your father and your teacher. Only one is your Father..." and each one is the master of himself.
 
Huberto Rohden did not like being called master or guru. "I am no master of anyone but a disciple of all!"
 
 
"What leads a pseudo-enlightened person to present itself as enlightened is almost always the ambition of prestige, the greed of money or pride, stealing the key of knowledge of the kingdom of God.
 
This key is an inner experience, not conditioned by any external formality. Power comes from within, weakness comes from external sources.
 
"The letter kills - but the spirit gives life."
 
Ritual gives external prestige - the spiritual gives inner strength.
 
Whoever performs the ritual without possessing the spiritual is a false prophet; stole the key to the knowledge of the kingdom of God. Deceived, deceive others. Blind, lead other blind, is not a conductor, rather, a seductive.
 
Ignorance of the spiritual world is darkness - experience is light.
 
Can only give light one who have been enlightened.
Can only give to men one who have received from God.
Can only distribute to men one who possess the treasures of divinity.
 
It is necessary for the spiritual guide to comprehend that the only possibility of guiding others is to be guided by God, and that no church or sect can give that experience. All churches and sects are like so many arrows placed at the edge of life’s path, at doubtful and uncertain crossroads; anyone who stood at the foot of these landmarks or was content to look in the direction indicated by the arrows would never reach the end of the journey.
 
The soul of Christianity is not something that can be taught or learned intellectually, as in a course of theology or explanation of texts; is something that must be lived and felt, and even suffered, in deep silence and fruitful solitude. Others may, at best, lead me to the threshold of the sanctuary, but it is only myself who can cross this threshold and meet God face to face.
 

The most glorious day for the true master is the day when it becomes superfluous and expendable, the glorious day when the soul guided by no longer needs guidance, for having become spiritually autonomous and independent, in order to walk safely and firmly through the paths of God.”

Sunday 16 September 2018

COSMO-MEDITATION

True meditation, or cosmo-meditation, is indispensable for happiness and plenitude of man.
 
Genuine happiness presupposes that man knows himself in his central reality and lives according to this knowledge.
 
Self-knowledge and self-realization are two poles upon which man's life revolves. "You shall know the Truth" - said Jesus - "and the Truth shall make you free."
 
Self-knowledge, which is the basis of self-realization, is not possible without a deep cosmo-meditation. Jesus, before beginning his public life, spent 40 days and 40 nights in cosmo-meditation in the wilderness, and during three years of his public life he spent whole nights in solitude, in prayer to God.
 
Man is not his body, his mind, nor his emotions, which are only his casing, his peripheral ego. Man is his Spirit, his Soul, his central Self, and in order to be sure of it, he must temporarily isolate himself from all his illusory peripheries, to have direct and immediate awareness of his central reality, that is to say, meditate, or cosmo-meditate. When man cosmo-meditates, he ceases to be ego-thinking and becomes cosmo-thought. He ceases to be ego-agent and becomes cosmo-acted. Ceases to be ego-living and becomes cosmo-lived, or in the language of Jesus... "the Son can do nothing of his own accord, but only what he sees the Father doing. For whatever the Father does, that the Son does likewise." And Paul of Tarsus says ... "I die every day, and that is why I live, but it is no longer I who live, it is the Christ who lives in me." "If the grain of wheat does not die, it becomes barren, but if it dies then it will bear much fruit." The ego is symbolized by a grain of wheat, and the Self is the very vital essence that is in the seed. The vital essence of the Self cannot sprout if the ego’s shell does not dissolve. Whoever does not have the courage to die voluntarily, before being compulsorily killed, cannot live gloriously in the present world.
 
It is necessary for man to die for his barren ego so that he may live for his abundant Self.
 
Many want to know when and where one should cosmo-meditate:
 
"Pray always and never stop praying." Praying does not mean reciting formulas. To pray as the word itself says, is to open to the Infinite, to allowed oneself to be invaded by the Infinite, this is to pray, according to the masters. This permanent meditation, this meditation-attitude, has to be preceded by many meditations-act. Permanent meditation should begin with intermittent meditations. The best time for meditation is always early morning, before beginning any work. Those who cannot meditate early in the morning, meditate at night, before going to sleep, but beware, when someone is very tired, after daytime work, it is difficult to do true meditation because meditation is a very serious work. Mental acrobatics or devotional nap is not meditation.
 
Each one should have a quiet place to meditate and always meditate at the same time and place. A quiet enclosure gradually becomes a sanctuary that facilitates meditation and mental concentration, because the auras and vibrations of this place modify the environment itself favourably.
 
As for the body’s posture to favour concentration: who cannot sit in the lotus posture, use a firm chair with straight back, placing hands close to the body with eyes semi-closed without crossing the legs. A slightly bluish or greenish light, or at least a penumbra, is very favourable for concentration.
 
Before beginning meditation, breathe few times, deep and slow to harmonize the emotional vibrations. During meditation breathe normally.
 
Any attention to body activity makes meditation difficult. One should relax all its body tensions and completely forgetting the body presence.
 
Before meditating, one can become aware of words like these: "I and the Father are one. The Father is in me and I'm in the Father", or, "I die every day and that is why I live, but it is no longer I who live, it is the Christ who lives in me."
 
After doing intermittent meditation in the form of daily acts, one will find that meditation gradually becomes a permanent meditation without knowing it, in a meditation-attitude, perfectly compatible with any external work and in any environment.
 
This meditation-attitude, conscious or unconscious, does not prevent, but even greatly favours external works, which are enlightened and haloed by lightness, beauty and happiness. Then one can comprehend what Jesus meant by the words: "Pray always and never stop praying", that is, to always be aware of God’s presence, thinking of nothing; to think is no to be conscious, consciousness is a state of the spiritual Self, and it is not a process of the mental ego. When man is in true spiritual consciousness, he thinks nothing, he is 100% spiritual consciousness and 0% mental thought, and then he enters into a true state of meditation-attitude, which has to be preceded by many meditations and in the practice of conscious and supra-conscious acts, where in the state of super consciousness man reaches the highest state of consciousness.
 
It is convenient to precede cosmo-meditation with some music that helps deep meditation.
 
Not all classical songs of the great masters help in this process; the well-known Hymn to Brahma, Schubert's Ave Maria, the mystical song of Ruth, "Wherever you go, I will go", and others with the same vibration that calms, relaxes and helps meditation.
 
These songs and others can serve as an introduction to cosmo-meditation, but not to accompany meditation. During cosmo-meditation there must be absolute silence, which is the music of the Divinity, the music of the Infinite. This silence should not only be physical, but it should also be mental and emotional. Man should do nothing, should not think anything, should not want anything during the cosmo-meditation, but simply be in the spiritual consciousness.
 
This man will be invaded by the soul of the Universe, and this Universe is not external to him, this Universe for which he will be invaded, is in his own centre, is his central consciousness, his Self, his soul, his spirit. His peripheries will be invaded by his centre, because it is rule and cosmic law: where there is an emptiness, a plenitude happens.
 
If man completely empties himself from all the contents of his human ego, he will infallibly be invaded by the soul of the Universe, which is not external to him but within himself. This invasion is automatic, but the emptying of our ego is our personal task. And here lies the great difficulty. Our ego does not want to be emptied of its activities, because it knows nothing beyond this. It defends itself against this self-emptying. But in the subconscious, fall into trance. If this happens, nothing relevant will be gained in meditation, because in the subconscious we can not realize ourselves, we can only realize ourselves in the supra-conscious. Therefore, when one ceases to think and to want something - one should not fall into unconsciousness or subconsciousness, because this solves nothing; has to rise to supra-consciousness, to the cosmo-consciousness.
 
In order to reach the quieter regions of consciousness, we have to flee from the noisy regions of our mind, in which we waste most of our time, and that requires a control of our thoughts. Only then will we have the ability to reach that quiet region which is the dwelling place of the Spirit, devoid of any thoughts and words. 
 

After one becomes accustomed to a deep, constant and true cosmo-meditation, all the painful problems of life will be solved, thus allowing an experience of peace, tranquillity and happiness.

COSMO-MEDITAÇÃO

A verdadeira meditação, ou cosmo-meditação, é indispensável para a felicidade e plenitude do homem.
 
A genuína felicidade supõe que o homem se conheça a si mesmo, na sua realidade central, e viva de acordo com este conhecimento.
 
Auto-conhecimento e auto-realização são os dois polos sobre os quais gira toda a vida do homem integral. “Conhecereis a Verdade” – disse Jesus – “e a Verdade vos libertará.”
 
O auto-conhecimento, que é a base da auto-realização, não é possível sem uma profunda cosmo-meditação. Jesus, antes de iniciar a sua vida pública, passou 40 dias e 40 noites em cosmo-meditação no deserto, e durante os 3 anos da sua vida pública, ele passava noites inteiras na solidão, em oração a Deus.
 
O homem não é o seu corpo, nem a sua mente, nem as suas emoções, que são apenas o seu invólucro, o seu ego periférico. O homem é o seu Espírito, a sua Alma, o seu Eu-central, e, para ter disto plena certeza, ele deve se isolar temporariamente de todas as suas periferias ilusórias, para ter consciência direta e imediata da sua realidade central, isto é, meditar, ou cosmo-meditar. Quando o homem cosmo-medita, ele deixa de ser ego-pensante e se torna cosmo-pensado. Deixa de ser ego-agente e se torna cosmo-agido. Deixa de ser ego-vivente e se torna cosmo-vivido, ou na linguagem de Jesus... “não sou eu que faço as obras, é o Pai em mim que faz as obras, de mim mesmo eu nada posso fazer”. E Paulo de Tarso diz... “eu morro todos os dias, e é por isto que eu vivo, mas já não sou eu que vivo, é o Cristo que vive em mim”. “Se o grão de trigo não morrer, fica estéril mas se morrer então produzirá muitos frutos”. O ego é simbolizado por um grão de trigo, e o Eu é a própria essência vital que está na semente. A essência vital do Eu, não pode brotar, se a casca do ego não se dissolver. Quem não tem a coragem de morrer voluntariamente, antes de ser morto compulsoriamente, não pode viver gloriosamente no mundo presente.
 
É necessário que o homem morra para o seu ego estéril para que viva para o seu Eu fecundo.
 
Muitos querem saber quando e onde se deve cosmo-meditar:
 
“Orai sempre e nunca deixes de orar.” Orar não quer dizer rezar que é recitar fórmulas. Orar como a própria palavra diz, é abrir-se rumo ao Infinito, se deixar ser invadido pelo Infinito, isto, segundo os mestres é orar. Esta meditação permanente, esta meditação-atitude, tem que ser precedida por muitas meditações-ato. A meditação permanente deve começar com meditações intermitentes. A melhor hora para a meditação é sempre de manhã cedo, antes de iniciar qualquer trabalho. Quem não pode meditar de manhã cedo, medite à noite, antes de dormir, mas cuidado, quando alguém está muito cansado, depois dos trabalhos diurnos, é difícil fazer verdadeira meditação, porque a meditação é um trabalho muito sério. Acrobacia mental ou cochilo devocional não é meditação.
 
Convém que cada um tenha um recinto silencioso para meditar e que faça a sua meditação sempre à mesma hora e no mesmo lugar. Um recinto tranquilo se transforma, pouco a pouco, num santuário que facilita a meditação e a concentração mental, porque as auras e as vibrações deste lugar modificam favoravelmente o próprio ambiente.
 
Quanto à posição do corpo para favorecer a concentração: quem não pode sentar-se à maneira dos orientais, em posição de lótus, use uma cadeira de acento firme com encosto reto, sem cruzar as pernas e colocando as mãos junto ao corpo e olhos semi-fechados. Uma luz suavemente azulada ou esverdeada, ou pelo menos uma penumbra, são muitos favoráveis à concentração.
 
Antes de iniciar a cosmo-meditação, respire algumas vezes, profunda e vagarosamente para harmonizar as vibrações emocionais. Durante a meditação respire normalmente.
 
Qualquer atenção à atividade corporal, dificulta a meditação. Deve-se relaxar todas as tensões corporais e esquecer-se totalmente da presença do seu corpo.
 
Antes de meditar pode conscientizar palavras como estas: “Eu e o Pai somos um. O Pai está em mim e eu estou no Pai”, ou então: “Eu morro todos os dias e é por isto que eu vivo, mas já não sou eu quem vive, é o Cristo que vive em mim.”
 
Depois de ter feito, muitas vezes, a meditação intermitente, em forma de atos diários, a pessoa verificará que a meditação se transforma, pouco a pouco, numa meditação permanente, sem ela saber, numa meditação-atitude, perfeitamente compatível com qualquer trabalho externo e em qualquer ambiente.
 
Esta meditação-atitude, consciente ou inconsciente, não impede, mas até favorece grandemente os trabalhos externos, que ficam iluminados e aureolados de leveza, beleza e felicidade. Então, se poderá compreender o que Jesus quis dizer com as palavras: “Orai sempre e nunca deixes de orar”, isto é, ter sempre a consciência da presença de Deus, mesmo sem pensar nada; pensar não é ter consciência, consciência é um estado do Eu espiritual, e não é um processo do ego mental. Quando o homem está em verdadeira consciência espiritual, ele nada pensa, ele está 100% de consciência espiritual e 0% de pensamento mental, e então ele entra num verdadeiro estado de meditação-atitude, que tem que ser precedida por muitas meditações e na prática de atos conscientes e supra-conscientes, onde no estado de supra consciência ocorre o mais elevado estado da consciência.
 
Convém preceder a cosmo-meditação com alguma música que ajude a meditação profunda.
 
Nem todas as músicas clássicas dos grandes mestres ajudam nesse processo; o conhecido Hino à Brahma, a Ave Maria de Schubert, a melodia mística de Rute, “Aonde fores, eu irei”, e outras com a mesma vibração que acalma, relaxa e ajuda a meditação.
 
Estas músicas e outras podem servir de introdução para a cosmo-meditação, mas não para acompanhar a meditação. Durante a cosmo-meditação deve haver silêncio absoluto, que é a música da Divindade, a música do Infinito. Este silêncio não deve ser apenas físico, mas deve ser também mental e emocional. O homem não deve fazer nada, não deve pensar nada, não deve querer nada durante a cosmo-meditação, mas ficar simplesmente na consciência espiritual.
 
Esse homem vai ser invadido pela alma do próprio Universo, e este Universo não está fora dele, este Universo pelo qual ele vai ser invadido, está no seu próprio centro, é a sua consciência central, o seu Eu, a sua alma, o seu espírito. As suas periferias vão ser invadidas pelo seu centro, porque é regra e lei cósmica: onde há uma vacuidade, acontece uma plenitude.
 
Se o homem se esvaziar completamente de todos os conteúdos do seu ego humano, infalivelmente vai ser invadido pela alma do Universo, que não está fora dele, mas dentro dele mesmo. Esta invasão é automática, mas o esvaziamento do nosso ego é nossa tarefa pessoal. E aqui está a grande dificuldade. O nosso ego não quer ser esvaziado das suas atividades, porque ele não sabe nada além disto. Ele se defende contra este ego-esvaziamento. Mas na subconsciência, cai em transe. Se isto lhe acontecer, nada de relevante se obterá na meditação, porque no subconsciente nós não podemos realizar a nós mesmos, só podemos nos realizar no supra-consciente. Portanto, quando alguém deixar de pensar e de querer alguma coisa – não deve cair em inconsciência ou subconsciência, porque isto nada resolve; tem que se elevar à supra-consciência, à cosmo-consciência.
 
Para alcançar as regiões mais silenciosas da consciência, temos que fugir das regiões barulhentas da nossa mente, nas quais desperdiçamos a maior parte de nosso tempo, e isso requer um controle de nossos pensamentos. Só assim então, teremos a habilidade de alcançar aquela região silenciosa que é a morada do Espírito, desprovida de quaisquer pensamentos e palavras.
 

Depois que alguém se habituar a uma profunda, constante e verdadeira cosmo-meditação, todos os problemas dolorosos da vida serão resolvidos, permitindo assim uma vivência de paz, tranquilidade e felicidade. 

Wednesday 22 August 2018

DAS PROFUNDEZAS DA ALMA

Nenhum homem neste mundo viveu uma vida tão abundante como Jesus, apesar de que algumas literaturas religiosas querem nos fazer acreditar que ele somente levou uma vida de misérias e sofrimentos. Os sofrimentos físicos de Jesus durante os seus 33 anos de vida, não passaram de 15 horas, horas essas que foram aceitas voluntariamente. Os seus aborrecimentos morais vieram constantemente iluminados pela consciência da grande missão que o trouxe para a Terra, dando a esse sofrimento um brilho de divina poesia e profunda felicidade. “Eu lhes dou a minha paz, eu os deixo com a minha paz – ele disse na véspera de sua morte – de tal maneira que minha alegria esteja em vocês e suas alegrias sejam perfeitas.”
 
Aquele que fala das profundezas da alma – da Presença constante do Pai em sua alma - tem vida abundante e pode fazer essa vida transbordar nas almas humanas receptivas à essa abundância. E a vida de Jesus foi abundante não somente em espírito, mas também de corpo e mente: perfeita santidade, sabedoria e sanidade, perfeita felicidade de alma através do amor, da mente, através do conhecimento de todas as leis da Natureza e do corpo, graças a uma saúde que nunca foi afetada pela mais leve doença.
 
Não é possível passar direto do estado de profanidade para o estado crístico, sem antes passar pelo estado ascético e da auto-disciplina – do auto-conhecimento para a auto-realização.
 
Sendo que o homem comum é mais materialista do que espiritual, é normal que os mestres da vida espiritual sejam determinados ascetas, insistindo grandemente na necessidade da renúncia, do radical desapego das coisas materiais e dos prazeres dos sentidos que escravizam o homem comum.
 
Nota:
 
Existe muita especulação sobre a vida de Jesus durante seu período de infância, adolescência, juventude, até o início de sua vida pública, aos 30 anos de idade. O Jesus histórico, humano, parece que tem mais importância do que a mensagem do Jesus divino. Existe nesse período uma lacuna premeditada e um profundo mistério, pois todo profeta tem a necessidade de ser iniciado, dai a razão desse desconhecimento de sua vida durante quase 30 anos. É preciso que a alma desse profeta seja desperta e que ela tome conhecimento de suas forças para cumprir sua nova missão.  Após esse período, até sua crucificação aos 33 anos de idade, contam os evangelhos que Jesus vivia uma vida nômade, entre cidades de sua região, pregando seus princípios morais e éticos, vivendo-os sem um endereço fixo, sem ganhos financeiros de nenhuma espécie, mas sobrevivendo com a ajuda de amigos e fiéis aos seus ensinamentos. Eventualmente, evitava ir a Jerusalém, pois ali estavam esperando, aqueles que o iriam imolar, e assim desviava seu curso pois seu tempo ainda não tinha chegado.
 
Dado ao seu carisma, era admirado, recebido e convidado por pobres e ricos, por homens e mulheres comuns e de posição social e política; sentando-se à mesa de pobres e nos banquetes de ricos e famosos. Com certeza, dado ao descrédito de muitos, deve ter passado por privações voluntárias, mas que foram de sua escolha, caso contrário, sua missão não teria sentido e as escrituras não teriam sido escritas. No final de sua vida, conta-se que durante a crucificação, despido das vestes, essas foram disputadas pelos soldados romanos, devido a excelente qualidade dos tecidos que ele vestia, em particular seu manto sem costura, que na época, era vestimenta exclusiva de ricos. Ao ser sepultado, José de Arimatéia, um rico comerciante e dono de uma frota de navios, senador e membro do Sinédrio, e principalmente amigo e seguidor, ofereceu sua própria sepultura para acomodar o corpo de Jesus. Portanto é prematuro e incerto afirmar que Jesus viveu uma vida só de sofrimentos e pobreza.
 

Texto extraído do livro Assim Dizia o Mestre

Wednesday 11 July 2018

WHAT IS THE TRUE MESSAGE OF JESUS TO HUMANITY?

The message of Jesus according to the Gospel, has no
 
- ritual,
- nor moral,
- nor intellectual,
- nor social character.
 
His message is essentially
 
- the search for knowledge of the primary causes,
- ontological, of Being and of this search,
- real,
- Cosmic.
 
As this message occurred in a human environment of low comprehension, it was, at first, conditioned and infected by the atmosphere of that moment in history. The divine content of the Gospel has been impacted by its fragile human vessels.
 
Christianity inherited its ritualistic-sacramental colours from the pagan mysteries of the Roman Empire, according to which the salvation of man consists in certain magical and occult practices, related to certain objects, formulas, gestures, etc.
 
Contemporary Judaism weakened nascent Christianity with the idea of redemption through blood, according to the annual "scapegoat" ceremony in Jerusalem, which was glorified by a former Jewish rabbi converted to Christianity, initiating the barbaric conception of Jesus’s blood washing away sins of mankind.
 
Later, in the early days of Renaissance, the message of Jesus was interpreted intellectually, under the analysis of the Bible’s letters, and in the act of trust in his blood as if that blood was converted as an elixir to redeem mankind.
 
Finally, nowadays, Christianity has been identified with social philanthropy, works of charity and altruism, related to the evolutionary idea of successive reincarnations.
 
All these versions may to some extent be accepted as simultaneous phenomena - but none of them represent the centre and root of the authentic message of Christ Jesus.
 
Rites, sacrifices, studies, beliefs, altruism - all this still belongs to the old horizontal conception that man is only his physical-mental-emotional ego, a concept that Jesus totally surpassed. For him, man is not his casing, not even in the most purified form, which he calls "new patch on old clothes"; man is not his persona or personality, but his inner Self, his profound and divine individuality, his soul or spirit that Christ calls the "Father", the "Light", the "Kingdom", the "Hidden Treasure”, the "Precious Pearl".
 
This conception that Jesus has of man which forms the refinement of all his message, is deeply metaphysical, ontological, realistic, cosmic.
 
The gospel message does not focuses primarily, in transforming the vicious ego-man into a virtuous ego-man, whom Jesus rejects as "new patch on old clothes"; but invites man to discover his divine reality, already existing in him, but still unconscious; invites him to take his divine light from under the bushel of his unconsciousness and place it on the chandelier of his conscience; invites man to be conscious of the Father, the Light, the Kingdom, the Treasure, the Pearl, what man is by nature, but ignores being; Jesus invites man to what the Eastern philosophers and, ultimately, the Western psychologists, call "self-knowledge", and which in the Gospel appears as "the first and greatest of all the commandments."
 
The message of Jesus does not refer to something man should do, but to someone man should be consciously; and from this being of the mystique of the first commandment will spontaneously result the doer of the second commandment of ethics - the ethical experience of universal fraternity is for him the irresistible overflow of the mystical experience of God's unique paternity. Mystical self-knowledge produces ethical self-realization.
 
In a word: Jesus' message revolves entirely around the Metaphysical Reality of man whose centre and root is God, the Absolute, the Infinite, the Eternal.
 
When man still identifies himself with his human ego and seeks to make this vicious and evil ego a virtuous and good ego, he walks the "narrow path" and goes through the "small gate" of compulsory duty, always difficult and with sacrifice; but, after being awakened to the consciousness of the reality of his divine Self, he enters the zone of the "easy yoke and light burden" of spontaneous desire; he goes through from moral virtuosity to the wisdom of comprehension, and his painful morality turns into a joyful ethic - and only then does he find "rest for his soul."
 
When Mahatma Gandhi wrote that "Truth is hard as a diamond and delicate as a peach blossom", he comprehended that the hardness of duty can be associated to the delicacy of wanting - I spontaneously want what I ought necessarily - supposed that my virtuous ego enters the zone of my wise Self.
 

In this dawn of the third millennium, we find in all parts of the world men who are beginning to suspect - to "suspect", as JW Hauer says - that Jesus' message contains something infinitely deeper and more sublime than we generally read and hear in the Christian West. We are beginning to discover the soul of the Gospel. However, for this comprehension it is necessary that man surpasses his analytical intelligece and enters into the new dimension of an intuitive consciousness, of the perception of Truth - that the partial man of today becomes the integral man of tomorrow.

Saturday 30 June 2018

A PALAVRA “ESPIRITUAL”


 
A palavra “espiritual” é equivoca e facilmente ilusória; dentre os homens ela é usada muitas vezes, para designar um homem que desertou da vida humana normal e vive em perpétua contemplação passiva, longe do mundo, julgando muitas vezes ser até necessário usar vestimenta especial ou algum outro distintivo que o diferencie dos “profanos”.  Não, não é este o efeito da verdadeira vinda de Deus na alma do homem, dessa simbiose do homem com a divindade.
 

Quando o homem se desfaz de seu ego, quando Deus, a Fonte, o Absoluto, entra na vida de um homem, esse homem se torna integralmente humano, totalmente divino.

THE WORD "SPIRITUAL"


The word "spiritual" is misinterpreted and easily illusory; among men it is often used to designate a man who has deserted from normal human life and lives in perpetual passive contemplation, far from the world, judging often that it is even necessary to wear special garments or some other distinguishing mark from the "profane". No, this is not the effect of the true coming of God into the soul of man, of this symbiosis of man with the Divine.
 

When man discards his ego, when God, the Source, the Absolute, enters into the life of a man, that man becomes integrally human, totally Divine.

Monday 25 June 2018

ADVERTÊNCIA...


Em todos os livros de Rohden, principalmente os editados nas últimas décadas antes de seu falecimento, ele insiste na diferença de sentido entre as palavras "criar" e "crear", e por isso, devemos considerar e compreender melhor essa diferença. Não se trata de nenhuma forma de esnobismo do autor, e muito menos em ser preconceituoso contra pessoas de diferentes níveis de instrução e educação, mas sim na clareza da compreensão das regras da língua portuguesa. 

Segundo Rohden, "a substituição da tradicional palavra latina crear pela forma moderna criar é aceitável ao nível do pensamento comum, porque favorece a alfabetização e dispensa esforço mental - mas não é aceitável ao nível de uma compreensão mais correta, porque deturpa o pensamento.

Crear é a manifestação da Essência em forma de existência - criar é a transição de uma existência para outra existência.

--- O Poder Infinito é o creador do Universo - um fazendeiro é criador de gado. 

--- Há entre os homens gênios creadores, embora não sejam talvez criadores. 

A conhecida lei de Lavoisier diz que "na natureza nada se crea e nada se aniquila, tudo se transforma", se grafarmos "nada se crea", esta lei está certa mas se escrevermos "nada se cria", ela resulta totalmente falsa. 

Por isto, preferimos a verdade e a clareza do pensamento a quaisquer convenções acadêmicas”.

Consequentemente, a partir dessa explicação, o leitor poderá melhor compreender e assimilar a diferença entre essas duas palavras.

NO CAMINHO DA LUZ, em direção permanente a Deus.

Deixa que o teu coração voe, além do horizonte, nas azas da música sublime que verte do Céu à Terra, afim de conduzir-nos da Terra ao Céu...
 
Ouve-lhe os poemas de eterna beleza, em cuja exaltação da harmonia tudo é gloriosa ascensão.
 
Nesse êxtase às esferas do Infinito, o silêncio será criação excelsa em tua alma, a lágrima será soberana alegria e a dor será teu cântico.
 
Escuta e segue na chama do pensamento que transpõe a rota dos mundos, associando tuas preces de jubilosa esperança ao brilho das estrelas!...
 
Não te detenhas.
 
Cede à caridosa influência da melodia que te leve longe da sombra, para que a luz te purifique, pois a música que te eleva a emoção e te abre a grandeza da vida, significa, entre os homens, a mensagem permanente de Deus.
 

Emmanuel

Saturday 23 June 2018

MUSIC IN OUR LIVES


It is said that one day, while hearing to wind hissing through the hollow trunk of a tree, man wanted to imitate it. And invented the flute.
 
Everything in nature has its musicality. The wind picks up sounds on the broad wig of trees and murmurs melodies while caressing petals of flowers and small shrubs.
 
As the storm prepares, thunder rumbles, like the sound of drums marking the soldiers' pace, with rhythm and strong beats.
 
When rain falls on dry land in drought, there is the buzz of those who drink in a hurry.
 
Rivers and waterfalls sings, howls the wild sea.
 
All is sound and harmony in Nature. Even when the elements seem crazed, announcing the storm.
 
And we remember the powerful harmonies of the Cosmos, a giant harp vibrating under the Creator’s thoughts, the song of the worlds, the eternal rhythm that cradles the genesis of stars and humanities.
 
In everything there is rhythm, harmony, musicality.
 
In our body, the heart beats rhythmically, lungs work at their own pace, blood flows through veins and arteries.
 
All in compass. All in harmony.
 
Our pace, our speech is marked by rhythm.
 
Music is in nature, and because we are an integral part of it, we have music in our intimacy. We are music!
 
That is why man, from the beginning, composed melodies to delight his nights, to nourish longing, to sing loves, to mourn the dead.
 
Man also learned that through musical notes he could raise hymns of praise to the Creator of all things.
 
And there arose the mystical music, the sacred music, the Gregorian chant.
 
Among the Celts, harp was considered an inalienable asset, as were books and swords.
 
They saw in music, the aesthetic teaching par excellence, the surest way of raising thought to the Divine heights.
 
Primitive Christians while marching to martyrdom, did so chanting hymns to the Lord. True prayers that led them to ecstasy and strengthened them to face holocaust under fire, beasts, death... without fear.
 
Saul, king of the Israelites, during his nervous and obsessive breakdowns, called David who, through the sounds of his harp, calmed him.
 
Music is the most sublime of all arts. It awakens in the soul impressions of beauty. Better than the word, it represents movement, which is one of the laws of life. That is why music is the very voice of the higher spheres.
 
Human voice has intonations of flexibility and variety that make it superior to all instruments.
 
It can express states of mind, all feelings of joy and pain, from the invocation of love to the most tragic cry of despair.
 
That is why the introduction of choirs in orchestrated music and symphony has enriched the art of an element of charm and beauty.
 
That is why popular wisdom warns: Who sings, their evils scare!
 
Let's sing! 
 

Léon Denis