Monday 25 April 2016

ESTÁGIOS EVOLUTIVOS RUMO AO CRISTIANISMO INTEGRAL


 
O melhor dos judeus ou muçulmanos é forçosamente o pior dos cristãos; um ótimo católico é necessariamente um péssimo protestante, e vice-versa!  Leão Tolstoi, sincero discípulo de Jesus, o Cristo, foi excomungado por sua igreja, em nome do Cristo!  Mahatma Gandhi, esse cristão gentio da Índia, não foi considerado cristão pelas igrejas cristãs do ocidente.  Albert Schweitzer, esse exímio expoente do cristianismo místico-dinâmico, não teve permissão da Sociedade Missionaria Evangélica de Paris, para trabalhar, como médico e cirurgião, na África Equatorial Francesa, na vila de Lambaréné, hoje, Gabão!
 
Entretanto, e apesar dos pesares, não negamos que as sociedades eclesiásticas sejam, até certo ponto, necessárias - talvez um "mal necessário" - assim como as muletas de um aleijado.    As massas não estão em condições de se conduzir; tem que ser conduzidas, e, para ser conduzida, é necessário que haja condutor.  O erro das seitas não está em que elas conduzam ou procurem conduzir; está em que algumas delas se apresentem em público como sendo o próprio Cristianismo em toda a sua pureza e integridade.  Existem até igrejas que pretendem possuir o monopólio da verdade e da santidade do Cristianismo - a tal extremo pode chegar o egoísmo clerical!
 
Todas as igrejas, enquanto sinceras, são estágios evolutivos rumo ao Cristianismo, mas nenhuma delas é o Cristianismo, o qual não caberá jamais em fórmulas jurídicas ou teológicas.  Luz engarrafada não é luz!  Vida enlatada não é vida!  Espírito carimbado não é espírito!  Na razão direta que o Cristianismo se burocratiza ele se falsifica, amesquinha, degrada...
 
Na medida em que o homem experimenta dentro de si o reino de Deus, ele ultrapassa as fronteiras teológicas da sua igreja, sem por isto hostilizar essa sociedade que lhe serviu de meio de evolução.  O adolescente ultrapassou a sua infância, mas não a odeia; o homem maduro abandona a adolescência, como abandonou a infância, que lhe foram etapas e estágios necessários para atingir as alturas da sua fase adulta.
 
A borboleta rompe os sedosos fios do casulo do bicho da seda, não porque odeia essa obra de arte por ela mesma produzida, mas porque, segundo leis eternas, chegou o tempo em que o casulo, que lhe serviu de proteção em certo período evolutivo, passa a ser um empecilho na nova etapa da sua evolução ascensional; por isto, o que ontem lhe era necessário e sagrado, hoje lhe seria supérfluo e nocivo.
 
O cristão em evolução faz bem em afirmar o seu "casulo sectário", enquanto este lhe presta o serviço que deve prestar; mas deve possuir a necessária independência e liberdade de espirito para ultrapassar, firme e serenamente, qualquer estágio evolutivo, no dia e na hora em que o auxilio de ontem se lhe tornar empecilho para hoje ou amanhã.
 
Importa que o homem seja integralmente sincero consigo mesmo.

DAS PROFUNDEZAS DA ALMA


 Nenhum homem neste mundo viveu uma vida tão abundante, como Jesus, o Cristo, apesar de que algumas literaturas religiosas querem nos fazer acreditar que ele somente levou uma vida de misérias e sofrimentos.  Os sofrimentos físicos de Jesus durante os seus 33 anos de vida, não passaram de 15 horas, horas essas que foram 100% aceitas voluntariamente.  Os seus aborrecimentos morais vieram constantemente iluminados pela consciência da grande missão que o trouxe na Terra, dando a esse sofrimento um halo de divina poesia e profunda felicidade.  “Eu lhes dou a minha paz, eu os deixo com a minha paz – ele disse na véspera de sua morte – de tal maneira que minha alegria esteja em vocês e suas alegrias sejam perfeitas”.
 
Aquele que fala das profundezas da alma, tem vida abundante e pode fazer essa vida transbordar nas almas humanas receptivas à essa abundância.  E a vida de Jesus foi abundante não somente em espírito, mas também de corpo e mente:  perfeita santidade, sabedoria e sanidade, perfeita felicidade de alma através do amor, da mente, através do conhecimento de todas as leis da Natureza e do corpo, graças a uma saúde que nunca foi afetada pela mais leve doença.  Jesus mesmo tinha esse procedimento com seus discípulos.
 
Não é possível passar direto do estado de profanidade para o estado crístico, sem antes passar pelo estado ascético e da auto-disciplina.
 
Sendo que o homem comum é mais materialista do que espiritual, é natural que os mestres da vida espiritual sejam determinados ascetas, insistindo grandemente na necessidade da renúncia, do radical desapego das coisas materiais e dos prazeres dos sentidos que escravizam o homem comum.

Friday 15 April 2016

EXTERIOR IMPURITIES - IMPURITIES WITHIN

 
What purifies or defile man are not the circumstances, but the subject of his thoughts.
 
Once, scribes and Pharisees were scandalized by Jesus' disciples, and asked the Master why they did not observe the traditions and ate without washing their hands first.  They were not referring to the rules of physical hygiene, but of moral impurity.
 
Jesus, the Christ, replied with the following comparison:
 
"It is not what goes into the mouth that defiles a person, but what comes out of the mouth; this defiles a person because from the heart could born evil thoughts, adulteries, lust, murder, false witness, blasphemies - and these are the things that make man unclean.  Not washing hands before eating does not defile man".
 
Persists for 20 centuries in Christendom, the idea that objects and external actions can give to man purity or impurity - when in reality, only his inner attitude is responsible to give him spiritual and moral purity or impurity.
 
Certain ecclesiastical theologies ascribe power of purification and sanctification to certain objects and words, ideology that was inherited from the ancient "Mysteries" of the Roman paganism. The longing for spiritual cleansing, sinners addressed the magicians and priests of the temples; touching certain "sacred objects", or heard ritual words and believed purified, redeemed.
 
The Greek word "mysterion" in Latin means, "sacramentum".  Ecclesiastical sacraments are the continuation of the pagan mysteries; functioning as ritualistic magic.
 
Later, prevailed in much of Christendom, Jewish magic, which attributed spiritual redemption and sanctification to the blood of sacrificed animals.  Solomon, according to the first book of the Kings, at the ceremony to the dedication of the temple in Jerusalem, ordered to kill thousands of animals.  Each year on Mount Zion, the priest gather the people of Israel at the temple entrance, sent a goat to come, put his hands over its head and transferred to that innocent animal the sins of the people; then that "scapegoat" was killed, and, according to the prevailing belief, with the death of the goat, also died all people's sins. (1)
 
Christian theology replaced the innocent goat by the only sinless man, Jesus, and attributed to his blood a redemptive and spiritual effect - though Jesus himself had never considered his blood as an elixir of redemption!
 
Therefore, according to those beliefs, the purity of man comes from external circumstances, through objects, formulas, words, rituals - always an external factor.
 
However, according to the Gospel, there is no redemption by external factors, but only by self-redemption.  Man is not saved by something or someone - man is redeemed, saved, purified, sanctified not by his human ego, but rather by his divine Self, who is the Father in him, his inner Christ, the Kingdom of God, the Light of the world, which is in him and that he should awake.
 
This self-redemption is Christ redemption, Theo-redemption.
 
In today's terms, this Self-redemption is called Self-realization.
 
When Jesus tells that the first and greatest commandment of all is that man loves the Lord his God with all his soul, with all his mind, with all his heart and with all his strength - what is that if not Self-redemption, Self-realization?  It is the purification that comes from within, not from external circumstances.  According to the words of the Master, all impurity and also purity comes from within man.  If from the human ego comes impurity, from the divine Self... purity comes.
 
The whole purification and sanctification of man comes from the awakening of his divine Self, who is also called "to be reborn by the spirit".
 
 
Note:
 
(1)- The tradition says that in the feasts of the tabernacles when they condemned to death the scapegoat was due to the fact that in previous rituals, the innocent being was left deep in the desert to die, but eventually, the goat came back, and that scandalized the people of Israel, meaning to them that theirs sins were not redeemed.  In order for the goat not to come back again, it was better to kill it!
It is said also that it was customary to differentiate the scapegoat with a red strip of cloth around its neck, but under the scorching heat of the desert, the sun faded the colour red to the point of whitewashing it and with that, they thought that white was the colour of purity and therefore Israel's sins were forgiven!

Wednesday 13 April 2016

THE CONFUSION BETWEEN CHRIST AND JESUS

 
What is the Christ?  When Jesus asked this question to the chiefs of the synagogue, they said that Christ was the son of David, i.e., a descendant of the king of Israel, Solomon's father.
 
Jesus does not accept the answer because in fact, the Christ is not the son of David.
 
This confusion between Christ and Jesus is very old and continues until today.
 
What is the Christ, the Anointed, who the ancient Hebrews called Messiah, the Sent?
 
The fourth Gospel designates Christ with the word Logos, beginning the text with these words: "In the beginning was the Logos, and the Logos was with God, and the Logos was God".
 
The Greek word Logos is prior to the Christian era.  For some of the ancient philosophers, Logos is designated as the spirit of God manifested in the Universe.  Logos would be, therefore, the immanent God opposed to the transcendent Deity, which is not the object of our knowledge.
 
The Latin Vulgate translates Logos by Word:  "In the beginning was the Word..."
 
Logos, Word, Christ are identical and designates the role of the Divine Creator, as the individual manifestation of the Universal Divinity.
 
In this sense, the Christ is God, but it is not the Divinity.  Sacred books says that Christ is the most ancient cosmic creature, incarnated in the human person of Jesus.  And in this sense he says to men:  "Ye are Gods"; which means that men are individual manifestations of the Universal Divinity.  The first and the most perfect manifestation of the Universal Divinity in the Universe, is the Christ, the Word, the Logos, what Paul of Tarsus aptly called "the firstborn of all creatures" of the Universe.
 
The Christ is previous to the creation of the material world.  He is, "the firstborn of all creatures".  The Christ is not human creature, but the oldest cosmic individuality, whom before the beginning of the world, emanated from the Universal Divinity and eventually can become materialized, as in the case of Jesus.
 
The Christ is God, but it is not the Divinity, that Jesus refers as Father: "I and the Father are one, but the Father is above me".
 
God, in the language of Jesus means an individual emanation of the Universal Divinity.
 
The traditional confusion between God and Divinity has given rise to endless disputes among theologians.  But the text of the Gospel is clear:  the Christ Jesus claimed to be God, but he never claimed Divinity himself.
 
The Genesis of Moses begins with the words:  "In the beginning the Elohim created heaven and earth".
 
The Fourth Gospel of John opens with words like:  "In the beginning was the Logos... by it all things were made".
 
Therefore seems that the Creator Powers (Hebrew Elohim) are identical to the Logos, through which all things were created.
 
Elohim, Logos, Word, Christ - are names designating the various cosmic creatures that before the material world, emanated from the transcendental Divinity.
 
Eastern philosophy calls the Universal Divinity, Brahman, and gives the name of Brahma as the oldest individuality of the Divinity.
 
Brahma would be equal to God, Christ, Logos, Word.
 
Does not exist throughout the Universe a single realized creature incapable to become realized subsequently. Any creature, even Brahma, or Christ, are ​​highly realized creatures, but always in constant evolution; they are, so to speak, unfinished symphonies. Any creature, even the most perfect cosmic creature, is basically able to evolve or realize. Eternal life is not an arrival, a final stop, a final goal – is a ceaseless journey or evolution towards the Infinite, but never to coincide with the Infinite. All finite, mathematics says, is in demand to the Infinite, which is always in an infinite distance.
 
Pantha rhei, everything flows, said the ancient philosophers; everything is relative, Einstein wrote last century.
 
The Divinity, the Infinite, the Absolute, is not the object of our knowledge. All we know refers to the Relative, to the Fluidic, to the in Evolution, which is in continual evolution.
 
Sacred books refer to Christ as the oldest cosmic creature incarnated in the human person of Jesus.
 
Since the descending of the cosmic Christ to planet Earth is an incomprehensible phenomenon, men have made ​​numerous assumptions about why this incarnation of Christ. And he himself, in the person of Jesus, never clearly said the purpose of his humanization.

Monday 11 April 2016

SOU TEU EMBAIXADOR



Manda-me, Senhor, por todos os teus mundos,
 
Pelas muitas moradas que há na casa do
 
Pai celeste!...
 
Manda-me pelo Universo inteiro,
 
Como teu embaixador de plenos poderes!...
 
No passado, quando eu apenas ouvira falar de ti,
 
Mas não te conhecia por experiência própria,
 
Tremia eu, ao pensamento da morte.
 
Morrer era para mim deixar de existir.
 
Hoje não te peço que não me deixes morrer –
 
Hoje só te suplico:  Manda-me por todos os teus mundos, Senhor!
 
Manda-me como teu emissário, como mensageiro das tuas grandezas,
 
Como apóstolo do teu amor, anunciando a tua beatitude,
 
Por todos os planetas e astros,
 
Por todas as vias-lácteas e galáxias,
 
Por todos os espaços cósmicos,
 
Onde quer que haja um ser, visível ou invisível,
 
Que me possa e queira ouvir e compreender,
 
Manda-me em corpo físico, astral, etéreo, luminoso, espiritual,
 
Ou outro veículo qualquer de que minha alma necessite.
 
Não quero que a minha missão, iniciada na Terra,
 
Sofra interrupção em outros mundos...
 
Como seria triste se a minha mensagem que há pouco iniciei
 
Fosse cortada pela morte física do meu corpo!
 
Oh! pensamento consolador! vou proclamar em todo o Universo
 
Aquilo de que transborda o meu coração!...
 
É esta a minha vida eterna, em toda a sua plenitude e beatitude!...
 
Como poderia morrer quem tal missão deve cumprir?
 
Jamais chegarei ao termo final da minha carreira cósmica.
 
Por mais que diga, nunca terei dito tudo...
 
Sempre será infinitamente mais o que não disse
 
Do que aquilo que disse
 
E se tão belo é o pouco que, por dizível, eu disser –
 
Quão estupendo deve ser o muito que, por indizível, não poderei dizer?...
 
Proclamarei as tuas grandezas mais pelo que sou do que pelo que sei –
 
Todo o meu ser dirá o que tu és...
 
Dirá, em trovejante silêncio, o que uma alma diz a outra alma,
 
O que um espírito segreda a outro espírito,
 
O que os serafins murmuram aos querubins...
 
Envia-me, Senhor, como teu embaixador por todos os teus mundos!
 
E ainda que esta missão seja profundamente difícil,
 
Pelas sombras de incompreensões e privação de compreensão,
 
Pelo fogo de enganações e traições –
 
Feliz me sentirei sempre,
 
Por ser teu embaixador...
 
 
Texto extraído do livro A Voz do Silêncio

Saturday 9 April 2016

A REDE E SEU CONTEÚDO


 
O destino final de cada homem é o resultado de seu livre arbítrio
 
“O Reino dos Céus é semelhante a uma rede, que foi lançada ao mar e apanhou coisas de todo o gênero.  Quando cheia, os homens puxaram-na à praia e, sentando-se, recolheram as coisas mais belas em cestas e jogam fora as feias.  Assim acontecerá também na consumação dos tempos:  sairão os mensageiros e separarão os maus do meio dos justos, lançando-os à fornalha de fogo; aí haverá choro e ranger de dentes”.
 
De acordo com a parábola, haverá uma separação final entre maus e justos.
 
Mas afinal de contas, quem é bom e quem é mau?
 
Se não houvesse uma diferença radical entre bons e maus, não poderia haver vida eterna para uns e morte eterna para outros, como o Evangelho afirma repetidas vezes.
 
Certos grupos espiritualistas declaram bons os que observam determinados cânones estabelecidos por esses grupos, e consideram maus os que não obedecem a essas regras.  Esse critério, porém, é muito relativo e mutável, e não pode afetar o destino definitivo do ser humano.
 
Outros consideram bons os que fazem bem a seus semelhantes, e maus os outros.  Mas esse é um critério que não representa a essência do ser humano.  Podemos fazer bem aos outros sem sermos bons nós mesmos.  Podemos até fazer bem por vaidade, ostentação, egoísmo, e outros motivos alheios ao verdadeiro ser-bom.
 
Muitos são beneficentes, não pelos motivos negativos acima identificados, mas por motivos positivos; e identificam o fazer-bem com ser-bom.
 
Entretanto, por mais estranho que pareça, simples atos ou fatos externos não representam necessariamente valores internos; são coisas em si neutras; nenhum ato ou fato é intrinsicamente bom ou mau.  O que lhes da valor ou desvalor é uma atitude interna creada pelo livre arbítrio do homem.  É unicamente a realidade do Ser que determina o caráter do Agir.  É essa atitude interna do Ser que pode ser boa ou má.  O Agir é um transbordamento do Ser.
 
O Ser é do Eu central, o Agir é do ego periférico.
 
O Ser é a Essência ou Fonte, o Agir é Existência ou Canal.
 
Neste sentido dizia Jesus, o Cristo:  "A árvore boa produz frutos bons, a árvore má produz frutos maus; é pelos frutos que se conhece a árvore".  Mas suas palavras tem um sentido simbólico, pois na Natureza, não pode haver distinção entre bom e mau... todos os seres não humanos desempenham o papel que lhes foi determinado pelo Creador.  Jesus se refere portanto ao caráter do ser humano.
 
Da interna atitude do ser-bom brotam os atos externos do fazer-bem, atos que, neste caso, são eticamente bons, e não apenas moralmente louváveis.  Embora a linguagem comum identifique a ética com a moral, que são conceitos distintos.
 
Atos são eticamente bons quando são o transbordamento espontâneo de uma atitude realmente boa - e essa atitude consiste numa harmonia da consciência individual com a Consciência Universal, que se pode chamar Deus ou Divindade.  Por outro lado, mau é um ato que nasce de uma atitude má, isto é, da desarmonia da consciência individual com a Consciência Universal.
 
Atos externamente benéficos são compatíveis com uma atitude internamente má, ou então neutra.  Esses atos benéficos não provam necessariamente o ser-bom do seu autor.  Nem todos os atos externamente morais são internamente éticos.  A atitude determina os atos - mas os atos não determinam a atitude.
 
Neste sentido diz Einstein:  "Do mundo dos fatos não conduz nenhum caminho ao mundo dos valores, porque estes vêm de outra região".
 
Fato é ato, valor é atitude.  Valor ou atitude é creação do livre arbítrio.  Onde não há livre arbítrio não há valor nem atitude.
 
Atos externos, benéficos, sem atitude interna, boa, podem ser morais, mas não são éticos.  A ética é um transbordamento da mística, e a mística consiste numa harmonia da consciência humana com a consciência divina.  Um homem internamente mau, desarmonizado com Deus, pode ser externamente beneficente, benfeitor da humanidade.  Simples moralidade não prova a mística, mas toda mística se revela em ética.  A moral é um arranjo artificial de ego para ego, mas a ética é um transbordamento natural e irresistível da mística, é o extravasamento espontâneo de uma plenitude interior, do Eu, assim como o fruto é a manifestação da exuberante vitalidade da árvore.  Uma laranja que não nasceu da laranjeira é uma laranja artificial, fictícia, uma pseudo laranja (moralidade); somente uma laranja nascida da laranjeira, é uma laranja verdadeira (ética).  Nenhum homem, com toda a sua ciência e técnica, pode produzir uma laranja verdadeira; só a laranjeira (mística) pode produzir o fruto real, de dentro de sua alma, da Vida, e a Vida é Deus.
 
A mística é o ser-bom.
 
A ética é o fazer-bem nascido do ser-bom.
 
 
Texto extraído do livro Sabedoria das Parábolas

Thursday 7 April 2016

A LIBERDADE NO SER HUMANO



Não existe liberdade completa em nenhuma creatura; só o Creador é que é absolutamente livre.  Liberdade é potência, plena liberdade é plena potência ou onipotência.  Se o homem fosse totalmente livre, seria onipotente, igual ao Creador.  Os diversos graus de liberdade são herança inicial de cada individuo - das conquistas de cada um no plano do seu evolver espiritual - e essa herança, na primeira etapa, não corre por conta da liberdade dele; é dom gratuito do Creador, é graça divina, que tem que ser conquistada.  O Creador fez o homem o menos possível, para que ele faça de si mesmo, o máximo possível.  Nem mesmo o livre arbítrio no homem - determinado pelo uso de sua razão, consciência - o faz ser um ser onipotente, pois forças que estão além da compreensão do homem profano, exercem um fator controlador.
 
O homem é suficientemente livre para ser responsável pelos seus atos conscientes, sendo por isso autor responsável pelo bem ou pelo mal que praticar; mas o grau de liberdade e responsabilidade ética não é o mesmo em todos os homens.
 
Há homens que não produzem fruto espiritual, porque o seu terreno interior é por demais profano e devassado, como uma estrada pública, onde a semente da palavra dos Mestres enviados é pisada pelos pés dos transeuntes e devorada por entidades estranhas ao mundo espiritual. Nem sequer chega a brotar.
 
Há homens que são almas puramente sentimentais; ouvem as palavras com gosto, ao ponto de verterem lágrimas de emoção; mas logo que a realização dessa palavra lhes custe sacrifício pessoal, desistem por falta de profundidade e experiência espiritual.  Nessas pessoas a semente divina brota rapidamente mas não frutifica.
 
Há homens que, depois de receberem as palavras, sufocam-na sob um acervo de prazeres e solicitudes mundanas, de maneira que o sujeito do seu Eu divino é asfixiado pelos objetos do seu ego humano, e não produzem fruto.  Nesse sentido, as religiões com suas igrejas que estabelecem com dogmas, o culto da clausura - das prisões e algemas a que submetem seus fieis - ainda infantes das coisas do espírito – mantidos na visão estreita do caminho da realização, como “cegos sendo conduzidos por outros cegos”.
 
Só uma pequena porcentagem de almas humanas se colocam em terreno propício para brotar, florescer e frutificar.  Mas, mesmo entre esses, há notável diferença de fertilidade.  O “terreno bom” dessas almas não é todo igual.  Todos produzem, mas o resultado é variado, de acordo com a maior ou menor receptividade de cada um.  Essa receptividade, porém, é fruto da liberdade humana.
 
Texto em parte, extraído do livro Assim Dizia o Mestre
 
 

Tuesday 5 April 2016

INTUIÇÃO

 
"A visão parcial é ciência analítica - a visão total é sapiência intuitiva..." Huberto Rohden
 
Neste sentido, se pode afirmar que a ciência, com todas as suas deslumbrantes descobertas, ainda caminha devagar em suas conquistas, por deixar de lado um fator essencial, que é a íntima ligação de todos os eventos nos Universos, com o pensador maior, Creador de todas as coisas visíveis e invisíveis.  No dia em que a ciência começar usar a ferramenta da intuição - tão amplamente usada por Einstein, esse cientista místico - é que a visão total de todas as coisas e do TODO, atingirá a Verdade, não a verdade insipiente e relativa dos humanos, mas... a sapiência que neles existe.
 
A intuição, que só se revela no conhecimento de si mesmo, é a invasão da sabedoria cósmica no Eu humano, da concentração das forças centrípetas inerentes nele, mas nublado pelas forças centrífugas do ego, de sua visão periférica das coisas. Somente quando essa visão periférica se ausenta, é que a intuição se faz presente, se revela. 

INTUITION

 
"The partial view is analytical science - the overall vision is intuitive wisdom ..."  Huberto Rohden
 
 
In this sense, we can say that science, with all its stunning discoveries, still walks slowly in its achievements, by setting aside an essential factor, which is the intimate connection of all events in the Universes, with the greatest thinker, the Creator of all things visible and invisible. On the day when science will start using the tool of intuition - so widely used by Einstein, this mystical scientist - is when the overall vision of all things and the WHOLE will reach the Truth, not the relative and incipient truth of humans, but... the wisdom that exist in them.
 
Intuition, which is revealed only in the knowledge of itself, is the invasion of cosmic wisdom in the human Self, the concentration of centripetal forces inherent in it, but clouded by the centrifugal forces of the ego, its peripheral vision of things. Only when that peripheral vision is absent, it is when intuition is present, revels itself.

Sunday 3 April 2016

DO NOT RESIST EVIL...


 
"But I say to you, do not resist the one who is evil"
 
This is certainly one of the most enigmatic words of Jesus, the Christ, yet the least understood and practiced. In the April edition of the famous German magazine "Stimmen der Zeit", in 1959, appear an article written by the Jesuit priest Johannes Hirschmann, proving that atomic war can be lawful, in case it is needed to save Christianity.  In the same way writes the Jesuit priest Gustav Gundlach, who was the spiritual adviser of Pope Pius XII, saying that atomic war, and even the extirpation of an entire population is not only lawful, but can even be bound in conscience, if that population is an impediment to the triumph of Christianity.
 
What inspires similar monstrosities, officially approved by the respective church, is the clamorous confusion between Christianity and Christ.  By Christianity, these authors understand a particular ecclesiastical organization engendered through the centuries by skilled theologians and properly codified by the hierarchical superiors of that ecclesiastical society.  In order to preserve from destruction this political-financial-clerical organization, preach these men that is lawful the destruction of the spirit of Christ, which in any way approved the killing of a single human being, much less the extinction of many millions of innocents to save the kingdom of God.  How can be saved true Christianity, which is the kingdom of God, destroying it radically by mass killings?
 
As you can see, these doctors in ecclesiastical theology are perfect illiterate in the supreme wisdom of the Sermon on the Mount, and the Gospel of Christ in general.  Mahatma Gandhi, not allowing the death of one single man to free India, thousand times better he comprehended the spirit of Christ than these so called "Christians", and he stated the reason why all Western missionaries who tried to convert him to Christianity, saying:  "I accept Christ and his Gospel, but I do not accept your Christianity".
 
All practice violence, by the way that all societies, civil and ecclesiastical, are guided even today by the law of retaliation established by Moses: "an eye for an eye, a tooth for a tooth". Incidentally, it seems that an organized society cannot be guided by the spirit of the Gospel, because any organized society is based on selfishness, approving violence.  Every society has certain statutes, laws, juridical paragraphs that imply sanction, i.e., violence, punishment for the violators of the legal statutes of the society.
 
Since every single society is the product of intelligence, and intelligence is essentially selfish, therefore cannot exist an unselfish society, non-violent.  If Mahatma Gandhi succeeded in freeing India with ahimsa (non-violence) was only because he was surrounded by numerous individuals firmly grounded in the same truth, as conceived the President Nehru himself, and not because society as such is guided by the altruistic principle of ahimsa. Every society practice himsa (violence), otherwise it would destroy itself, not enforcing its laws; only an individual can practice ahimsa, not rendering evil for evil, but paying evil with good, loving those who hate him.
 
"Do not resist evil" is, therefore, an order that directly targets the individual in the process of being Christ-like. A society, being fundamentally selfish, can never be Christ-like, although it can call itself Christian, i.e., a Christianity varnished with selfishness.
 
No organized society can cease to consider its "rights" under penalty of committing suicide, it only exists by virtue of its "rights"; but the right, however, is a form of selfishness, therefore, injustice and selfishness breeds violence. Only if society abdicates of its "rights", will right, correct everything making justice, but while it does assert its "rights", everything is not right.
 
The opposite of "right" is "justice", which is virtually identical to love.  The "justice", in metaphysical sense is invariably the "correctness", the “perfect fit", the harmony between the individual and the Universal, between man and God, between the finite creature and the Infinite Creator.  This justice is the perfect love, as it appears in the "first and greatest commandment of all", enunciated by Jesus.
 
On the frontispiece of Santa Maria city Forum, in Rio Grande do Sul state, Brazil, are engraved these words by the jurist-philosopher Cicero:  "summum jus summa injuria" - the supreme right is the supreme injustice. Who calls all his personal rights acts on behalf of his ego, which is necessarily selfish; but one who practice justice, acts on behalf of the Cosmic Constitution of the Universe, acts on behalf of the very soul of the Universe, which is God; acts on behalf of the cosmic love which is the voice of the Divine Self in man.
 
Who calls for his "rights" acts on behalf of his ego, which is a supporter of violence.
Who calls for "justice" acts on behalf of his Self, which is not a supporter of violence.
"Do not resist evil" is, therefore, an appeal to the Divine Self in man, and not to his human ego.
 
There is a strange mathematics in the Mosaic law:  it supposes that an act of violence can be neutralized by another.  If someone pulls me out an eye or break a tooth, and if I pay back with the same act of violence, we are even.  In reality, however, we are not even, neither that person nor I, because a negative act from someone plus my negative act results the double negative, which means, both my abuser and I paying back, we created two evils in the world; and as the second offense requires a third, from his part, and this calls for a fourth offense from my part, and so on, in a continuous "chain reaction" - of course we both offenders are worsening the world, increasingly filling it with negative and more negative.
 
Against this false mathematics of Moses, Jesus opposes the true mathematics, entirely logical and rational, stating that the negative (evil) is only neutralized by the positive (good), and that the only way to evolve the world and humanity is the process of:
 
1)- not to resist evil;
2)- to oppose evil doing good.
 
My positive opposing the negative of my offender neutralizes the negative, and the result is zero; but if I oppose to the negative of the offender not only one positive (one good), but many - say 10, in this case I not only neutralized the negative (evil) of my offender, but added a positive surplus, i.e., enriching humanity with positive goods.
 
Gandhi - precisely because he was a mahatma, "great soul" – comprehended and practiced this admirably spiritual mathematics of the Gospel, giving the non-resistance act, the Sanskrit name of ahimsa, and the benevolent policy towards the offender the name satyagraha (attachment to the truth), or love, cosmic justice, to the point that immediately after being shot and killed, his last words were for to the offender be acquitted. But he was hanged!
 
For someone to practice this non-violence and benevolence behaviour, has to undergo through a profound mystical experience of his own true nature, and not to be identified with his physical-mental-emotional ego.
 
Faith is the way for all greatness.
The lack of faith opens way to all insolvencies.
 
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Note:
 
The Emperor Justinian and Roman jurist, wrote: "SUMMUM JUS SUMA INJURIA" - the supreme right is the supreme injustice.
 
Weird! The right is declared as justice inside out.
 
Rohden explains the truth of these words, that:  The right is the synonymous of selfishness and falsehood, and justice is the antonymous of love and truth, that the right is the opposite of justice.
 
Right is the Antichrist policy, justice is the philosophy of Christ.
 
In the first century Pilate and Caiaphas embodied the right; and Christ represented justice.
 
But these days, it happens that in right the defendant can lie and make false testimony in court since it can prove it - even when the evidence is false.  The right has nothing to do with truth that is the subject of religion and philosophy.
 
And no judge assumes that the litigant's statement is an expression of truth; since it complies with the article such, the paragraph such of the penal code.  Who lies better, gains the cause.
 
Many times the judge condemns an innocent because he found evidence against him.  Other times he does not condemn the culprit because it found no evidence, for the words "de intimis non curat praetor" - from intimate things of consciousness does not mind the magistrate - as these intimate things, only to God to mind and know... and with this, the justice of the inexorable laws of the universe is made... Cause and Effect, and not the precarious "justice" of humans.
 
And Rohden also states that: "What is most painful in all this is that two thousand years of the so-called Christianity, have been unable to create a Christian mentality, or rather Christ-like in matters of jurisprudence; our Christianity failed to reconcile the right (human), with justice (divine) and to give the right a basis in truth.  The "Roman Rights" continues to be the basis of our jurisprudence; the right of Roman paganism that every lawyer has to study and take as a rule of his profession, is diametrically opposed to Christ's message.
 
"You shall know the truth and the truth shall make you free"
 
In the United States the Bible is presented in the court room with an oath saying, "I swear to tell the truth, the whole truth, only the truth..."
 
In most cases... pure lies and hypocrisy!