Thursday 2 July 2020

POLÍTICA DO AMOR ESPONTÂNEO

O mundo do romantismo sonhador se aplica a inúmeras atividades humanas. E o mundo da política não tem exceções, também com suas inúmeras variantes, desde a remota antiguidade ao idealismo democrático da Grécia antiga até culminar em um regime cósmico, de perfeita harmonia e abundância.
E os ensaios para a materialização dessa realidade futura, foram apresentadas por muitos seres humanos que das alturas celestes, baixaram à atmosfera conturbada da Terra apresentando suas mensagens de conciliação e redenção. O mais célebre deles, o maior romântico e sonhador, conseguiu lançar em sua plataforma, a mais sublime de todas as modalidades de comportamento ético, moral e de governo, quando depois de 40 dias de silêncio e meditação nas colinas de Kurun Hattin, na Judéia, formulou em seu Sermão da Montanha, o maior documento da mística divina, dando conhecimento ao homem, que dessa mística, ética e moral, dessa plataforma política, na cooperação coletiva, sem sonhos e romantismos, viver o Reino dos Céus.
Para poder compreender tamanha sabedoria, o homem deve ultrapassar as exigências de seu intelecto analítico e abrir a alma para a experiência intuitiva, despertando para a realidade de seu Eu espiritual, pois enquanto permanecer a ideia da separação Creador/creatura, a humanidade continuará a viver sob o domínio da cobiça das coisas materiais que continua a ser o maior mal e o único impedimento na sua peregrinação ao mais alto, visando o caminho da Auto-Realização. Nenhum outro transtorno mereceu tanta atenção dos mestres espirituais da humanidade. Jesus sempre prevenia seus discípulos contra os perigos de serem escravizados pelos bens materiais: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”.
Em tempos antigos, o único modo de alguém se libertar dessa escravidão era desertar do mundo, abandonar todas as suas posses – e um exemplo bem ilustrado foi da renúncia de Francisco de Assis – e muitas outras almas abnegadas e heroicas que escolheram esse caminho.
Há, todavia, outra modalidade de libertação.
Consiste em que o homem, embora continue legalmente como proprietário de seus bens, direcione parte deles em benefício e usufruto de seus semelhantes. Dessa forma, ele deixa de ser o dono, passando a ser administrador de uma parte do patrimônio do Creador em favor da humanidade.
O capitalismo radical defende o direito da posse individual com usufruto individual.
O comunismo, defende a posse social com usufruto coletivo.
No entanto, nem o capitalismo e nem o comunismo são políticas aceitáveis. Cada um dos dois tem uma verdade e um erro. A verdade do capitalismo é o direito a posse individual - mas o seu grande erro é o usufruto individual. O comunismo defende a verdade do usufruto coletivo e comete o erro de proibir a posse individual. Se evitarmos os dois erros, o do capitalismo e o do comunismo, e ficarmos com as duas verdades que cada um deles professa, teremos uma forma de ideologia política baseada na divisão equitativa das riquezas. O grande mal não está no direito à posse individual; o mal está em que o possuidor individual queira gozar sozinho, ou com o seu pequeno grupo, todos os bens sem se importar com as carências dos demais.
Enquanto o homem não se convencer de que ele é apenas administrador do patrimônio recebido do Creador em favor da humanidade, não haverá solução política para o doloroso problema coletivo. Mas essa convicção somente acontece a partir de uma grande compreensão da verdade interior de cada indivíduo.
Quando o homem ultrapassa seu ego tirânico e descobre seu Eu divino, ele perde a noção estreita do que pertence apenas a ele. A morte do ego e sua ressurreição na ideia coletiva da divisão de bens, necessariamente produz a morte da ideia do que é somente dele e o ressurgimento do que pertence a todos, porque compartilhar é cuidar.
Esta é a política do amor espontâneo, bem diferente da avareza do capitalismo e do comunismo político da lei compulsória.
Texto revisado e em parte extraído do livro Assim Dizia o Mestre

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