Friday 18 December 2015

O EU CRÍSTICO E O EGO ANTI-CRÍSTICO


Nem todos os homens sabem o que vai por detrás dos invisíveis palcos que se estendem adiante do cenário visível deste mundo.  Muitos apenas enxergam os atores materiais do drama milenar do Cristo e o Anti-Cristo, que inspiram os atores humanos.
 
No cenário da história dos seres humanos, o Cristo, o Ungido, é representado pelo Eu espiritual, ou Alma do homem, que Jesus, o Cristo ele mesmo, chama o Pai em nós, a Luz do mundo, o Cristo interno, o Reino de Deus, o Tesouro oculto, a Pérola preciosa, a Água viva.  O Anti-Cristo, por seu turno, aparece, na história do gênero humano, na forma do Ego material-mental-emocional, que assume milhares de caracteres e personalidades.
 
Essas duas Potências máximas do Universo, o Eu crístico e o Ego anti-crístico, agem em duas dimensões opostas.  O Anti-Cristo só conhece "os reinos do mundo e sua glória" e promete dá-los em recompensa ao seus adoradores e servidores, porque são dele, creação do príncipe deste mundo, que é o Poder das Trevas, na linguagem de Jesus.
 
O Cristo, porém, afirma que "o meu reino não é deste mundo”, que não é do caráter deste mundo, que "se encontra no maligno", de um mundo terreno que é "dominado pelo Príncipe das Trevas."
 
Sendo que este mundo é governado pelo Anti-Cristo, como ele mesmo afirma e que Jesus confirma, não é de se estranhar que o "Príncipe deste mundo" não tolere nos seus domínios um intruso como o Cristo, cujo reino não é deste mundo, embora esteja no mundo; é natural que o Anti-Cristo considere o Cristo como um indesejável, um subversivo, e lute conte ele, aberta ou ocultamente, de acordo com a estratégia que lhe pareça ser mais eficiente.
 
Nos primeiros tempos, prevalecia a hostilidade aberta e violenta; mais tarde, a traição hipócrita se tornou uma luta declarada; hoje em dia, predomina uma terceira estratégia do Anti-Cristo contra o Cristo:  a tentativa esperta de degradar o Cristo ao nível dos cristãos ou pseudo-cristãos.  A tendência de hoje é fazer o Cristo à imagem e semelhança dos cristãos, já que estes não tem a coragem de subir às alturas de onde se encontra o Cristo real e verdadeiro.  Fazer descer o Cristo ao nosso nível condiz muito mais com o comodismo e o menor esforço dos que não querem subir às alturas do Cristo.  Em livros, filmes e teatros, do alto das cátedras universitárias e dos púlpitos das igrejas se proclamam um pseudo Cristo profano, horripilante caricatura do Cristo do Evangelho e da realidade.
 
E o que há de mais repugnante é que são precisamente sacerdotes e pastores de igrejas cristãs, que, de preferência, promovem essa deturpação do Cristo.
 
Violência, traição, deturpação - são estas as armas prediletas com que o Anti-Cristo luta contra a intrusão do Cristo em seus domínios terrestres.
 
Aparentemente, o Cristo é sempre derrotado pelo Anti-Cristo, sempre crucificado, morto e sepultado, desce até aos infernos - na realidade, porém, o Cristo sempre ressuscita, mesmo que o túmulo esteja lacrado e guardado por seus inimigos.  É proibido ressuscitar - mas ele sempre ressuscita...  Os seus verdadeiros amigos o encontram sempre glorioso, por toda a parte, em todos os tempos.
 
O drama milenar do Cristo e do Anti-Cristo continua, e todo homem acompanha ou este ou aquele grupo, por seu modo de pensar, de falar e de viver - e mais ainda, pelo seu modo de ser.
 
 
Texto extraído do livro O Drama Milenar do Cristo e do Anti-Cristo

Sunday 13 December 2015

SÓCRATES, O HOMEM ESPIRITUAL


O homem espiritual descobriu a grande verdade de que o seu Eu não é contrário a Deus. Descobriu, com Tertuliano, que a alma humana é cristã, divina por natureza.  Descobriu com os grandes metafísicos, que o verdadeiro Eu humano, na sua mais profunda essência, é idêntico a Deus.  Descobriu, com Jesus, o Cristo, que o reino de Deus está dentro do homem.  Descobriu, com o autor do Genesis, que a alma humana é imagem e semelhança de Deus.  Descobriu com Paulo de Tarso que o homem espiritual faz parte de um grupo divino.  Descobriu com Simão Pedro que o verdadeiro Eu humano é uma participação da natureza divina.
 
O homem espiritual não tem a louca pretensão de querer divinizar-se ou deificar-se, como os ignorantes pensam; não, ele apenas faz a grande descoberta da sua identidade com Deus.  Sabe, como todos os grandes gênios metafísicos e místicos, sobretudo com o maior dele, Jesus, que existe só uma Realidade eterna, infinita, absoluta, Deus, e que todas as demais "realidades" não são novas realidades, senão apenas novas modalidades, novos modos de ser dessa única Realidade.  Sabe também que ele mesmo é uma forma individualizada de Deus, consciente e livre como Deus, embora em grau inferior de consciência e liberdade.
 
Sócrates, aos 70 anos de idade, foi condenado à morte porque o tribunal de Atenas julgava que ele era um "desprezador dos deuses e corruptor da juventude".  Na noite que precedeu a sua execução, seu grande amigo Kriton subornou os guardas e abriu as portas do cárcere, convidando o velho filósofo a fugir.
 
--- Porque? - perguntou Sócrates.
--- Porque amanhã vão te matar - respondeu Kriton.
--- Matar? a mim? - inquiriu tranquilamente o sábio.
--- Ninguém pode matar Sócrates – disse ele.
 
E, beliscando a pele da mão e batendo com os dedos nos ossos do crânio, acrescentou: - Kriton, você pensa que este corpo aqui é Sócrates?  Este corpo é apenas um invólucro ao redor de mim, mas este corpo não sou eu.  Eu não sou o meu corpo, eu sou a minha alma.  Sócrates é imortal.
 
Na manhã seguinte, conforme ordem do governo de Atenas, ele bebeu a taça de cicuta, que acabou com a vida física desse grande cristão antes do Cristo.
 
Sócrates sabia intuitivamente que o homem é um ser universal, embora se manifeste em formas individuais.
 
Todo homem espiritual sabe com absoluta certeza que o seu verdadeiro Eu é divino, eterno, imortal, e não pode jamais estar em contradição com Deus, porque a alma humana é Deus em forma individual.
 
Por isto, a santidade do homem espiritual consiste na vigorosa afirmação do seu verdadeiro Eu, e na negação de seu pseudo-Eu.  O Céu não é, como ele sabe, a extinção do Eu, mas sim, a retificação cristã do conceito da personalidade, a definitiva e vitoriosa compreensão da natureza divina de sua alma e a perfeita harmonia da sua vontade individual humana com a vontade universal de Deus.
 
Diante dessa grande verdade, a vida espiritual deixa de ser de sacrifícios, penosa, acabando por tornar-se profundamente feliz e jubilosa.
 
O homem espiritual cumpre a vontade de Deus com o mesmo júbilo com que cumpriria a sua própria vontade, porque sabe que a perfeita realização da vontade de Deus é a única realização do seu verdadeiro Eu.
 
 
Texto extraído do livro Profanos e Iniciados

Wednesday 2 December 2015

ESTENDE AS TUAS MÃOS NA DIREÇÃO DA LUZ!



O mundo em que vives, meu desconhecido amigo, é um misto de luz e de trevas.
 
Se ergueres as mãos para a luz, esta virá em sua direção.
 
Se baixares as mãos para as trevas, estas virão em sua direção.
 
Semelhante atrai semelhante - é esta a inexorável Lei Cósmica.
 
Dessa imensa trama de fios luminosos e fios tenebrosos que circulam em torno de ti, podes tecer um brilhante tecido de ouro - ou então tecer um negro véu como carvão.
 
Tu é que és o autor do teu destino.
 
Convida os elementos celestes, e eles teceram a tua vida rumo às alturas - convida os elementos terrestres, e eles tecerão tua vida rumo ao abismo.
 
É este o glorioso e funesto privilégio do livre-arbítrio - que te faz formador do teu destino.
 
Mas os fios com que teces seu destino, não são apenas de hoje nem de ontem - remontam a milhares de anos e de séculos, a incontáveis quantidades de tempo e eternidades.
 
Quando começou, quando terminará essa complicada trama do teu destino, meu desconhecido amigo?
 
Não importa saber - o que importa é que estendas as mãos para apanhar os fios luminosos que estão no ar e deixe de lado os fios tenebrosos que te cercam.
 
E não te esqueças de que o Universo de Deus está povoado de seres de diferentes qualidades - seres mais avançados que tu, seres iguais a ti, seres inferiores a ti.
 
Anjos da luz - e demônios das trevas.
 
Se estenderes as mãos aos anjos da luz e fizeres de ti mesmo uma alvorada de luz, eles te ajudarão a subir - porém, se estenderes as mãos aos demônios das trevas, e fizeres de ti um ocaso de sombras, também eles te ajudarão, mas para descer.
 
Alimenta, pois, os anjos dos bons pensamentos, pensamentos positivos, pensamentos de benevolência, de fé, esperança e amor - e os anjos da luz reforçarão os teus pensamentos, porque neles enxergam seus irmãos  e amigos.
 
Evita os demônios de maus pensamentos, pensamentos negativos, pensamentos de malquerença, de desânimo, de pessimismo, de temor e de ódio - para que esses demônios das trevas não reforcem com sua maléfica afinidade essas mesmas energias que circulam em volta de ti.
 
Tu és e serás o que são os teus pensamentos - são eles os invisíveis arquitetos da tua vida, do teu destino - do teu céu ou do teu inferno.
 
Tua vida é a imagem e semelhança dos teus pensamentos.
 
Desses pensamentos conscientes que formam, depois, o substrato inconsciente do teu Eu.
 
Crê na onipotência dos anjos da luz - e os demônios das trevas serão reduzidos a impotência!
 
Os teus pensamentos habituais, quando abandonam a zona diurna do teu consciente em vigília e se infiltram na zona noturna do seu subconsciente dormente, ali depositam e estratificam vastas camadas de hábitos.
 
Dessas estratificações subconscientes do teu Eu irradiam sem cessar forças misteriosas, positivas ou negativas, para regiões da tua vida consciente, modelando-a, enriquecendo-a, empobrecendo-a, conferindo saúde e vigor, ou então espalhando venenos e moléstias.
 
Cuidado com os teus pensamentos, o teu destino está em tuas mãos - ressurreição ou ruína para a tua vida!
 
Coloca uma sentinela vigilante à entrada do teu Eu!
 
Não permitas que a tua alma seja praça pública por onde transite indistintamente a multidão dos profanos!
 
Faze de tua alma um santuário, onde só tenham ingresso os anjos de Deus e arda a lâmpada sagrada das grandes ideias e dos nobres ideais!
 
Amigo, estende as mãos para a luz!
 
 
Texto extraído do livro Imperativos da Vida

TOME DIARIAMENTE UM BANHO ESPIRITUAL


 
Todo homem deve estar acostumado a tomar seu banho higiênico diário - seja pela manhã ou à noite.
 
E a sua higiene espiritual, como anda - se não banhares a sua alma, diariamente, no oceano da Divindade?
 
Toma, pois, o teu banho espiritual cotidiano nas puríssimas águas do mundo divino.
 
Expõe a tua alma ao tonificante banho de luz da comunhão diária com Deus.
 
Não inicies os teus trabalhos profissionais sem primeiro dar um mergulho nas ondas da meditação, da oração, de uma intensa e profunda consciência da presença de Deus.
 
Vais ver que nessa troca de correntes enérgicas de alta frequência com Deus, o seu dia se  transformará em algo bem diferente daquilo que os dias profanos costumam ser.
 
Vais ver que os teus companheiros de casa ou de negócio te parecerão mais amigos e mais suportáveis - porque você é mais suportável a si mesmo, e, quando alguém é tolerável a si mesmo, tudo é tolerável.
 
Vais ver que tens olhos para ver o que nos outros há de bom e de positivo, em vez do que há neles de mau e negativo - porque o banho espiritual te limpou os olhos turvos e te deu uma visão mais clara da realidade.
 
Vais ver que essa comunhão com Deus, longe de impedir os seus trabalhos profissionais, lhes aumentará grandemente a eficiência, porque envolverá tudo num halo de luz e leveza, fazendo aparecer simpáticos até os trabalhos mais antipáticos.
 
Porque, depois desse banho e comunhão com Deus, você vai ver as coisas, não como elas são, mas sim como você é.
 
Se você está insatisfeito contigo mesmo - nada te pode satisfazer.
 
Se você tolera a sua própria consciência - todas as pessoas e coisas são toleráveis.
 
Você verá que esse banho matinal nos mares de Deus te encherá de tamanha serenidade interior, durante as 24 horas do dia, que nenhuma infelicidade te fará infeliz,  nenhuma injustiça te fará injusto, nenhuma ingratidão te fará ingrato, nenhuma maldade te fará mal.
 
Não digas que te falta o tempo necessário para, em apenas 30 minutos, entrares nessa comunhão e nesse banho espiritual.
 
Se, dentro das 24 horas do dia, não encontrares meia hora para a coisa mais importante da sua vida, seus programas diários serão visceralmente falsos e urge retifica-los hoje mesmo.
 
Será que a sua vida está tão cheia de outras coisas que não tenhas tempo para viver?
 
Se você dá 98% do seu tempo diário a outros trabalhos - ao trabalho externo, ao descanso, aos divertimentos - não te sobrarão 2% para o teu aperfeiçoamento pessoal?
 
Se não dispuseres desses 30 minutos, você está as vésperas de uma falência moral - se é que ainda não és um falido e derrotado.
 
Não escolhas para a tarefa mais importante do dia, a meia hora pior, a que porventura te sobrar dos outros trabalhos - reserva uma meia hora melhor, quando o corpo, a mente e a alma se acharem perfeitamente calmos e receptivos.
 
E nem te exponhas ao perigo de seres perturbado ou interrompido no teu colóquio com Deus - retira-te a um lugar onde possas estar realmente a sós com Deus e tua alma.
 
"Quando orares, retira-te para o teu aposento, fecha a porta atrás de ti, e fica a sós com o teu Pai celeste."
 
Fecha também as portas à intrusão de pensamentos profanos e impertinentes - transforma a praça pública dos seus afazeres corriqueiros, num silencioso santuário da Divindade.
 
Não é necessário que fujas para o deserto ou te isoles numa caverna - mas é necessário que tenhas dentro de ti essa "caverna" onde você possa se refugiar para momentos de passividade dinâmica, de silêncio fecundo, de ouvir o Infinito.
 
Não creia apenas no que estou te dizendo - procura sabe-lo por experiência pessoal.
 
Do crer, se pode voltar facilmente para o descrer - mas do saber experiencial não há regresso ao não-saber.
 
Faz, pois a tua comunhão diária com Deus, com profundeza e intensidade - e você vai se sentir leve e feliz - para si mesmo e para os outros...
 
Texto extraído do livro Imperativos da Vida

TAKE A DAILY SPIRITUAL BATH

 
 
It is quite usual for the hygienic person to have a daily bath - either in the morning or evening.
 
And what about your spiritual hygiene - if you do not bath your soul daily, into the ocean of Divinity?
 
Therefore, take your spiritual bath everyday in the most pure waters of the Divine world.
 
Expose your soul to the toning daily light bath of the communion with God.
 
Do not start your professional duties without first taking a dip into the waves of meditation, of prayer, of an intense and deep consciousness of God's presence.
 
You will see that this exchange of high frequency energies with God will transform your day into something quite different from what the profane days usually are.
 
You will see that your housemates or business partners seemed to you more friendly and more bearable - because you are more bearable to yourself, and when someone is tolerable with itself, everything is tolerable.
 
You will see that you have eyes to see what in others is good and positive, rather than to see what is bad and negative - because the spiritual bath cleaned your blurry eyes and gave you a clearer view of reality.
 
You will see that this communion with God, far from hindering your professional duties will greatly increase its efficiency, because all will be involved in a halo of light and airiness, making showing friendly even the most unfriendly duties.
 
Because after this bath and communion with God, you will see things not as they are but as you are.
 
If you are dissatisfied with yourself - nothing will be able to please you.
 
If you tolerate your own consciousness - all the people and things are tolerable.
 
You will see that this morning bath into the oceans of God will fill you with inner serenity during the 24 hours of your day that no misfortune will make you unhappy, no injustice will make you unjust, no ingratitude will make you ungrateful, no malice will make you harm.
 
Do not say that you lack the necessary time to, in just 30 minutes, to enter into this communion and this spiritual bath.
 
If within the 24 hours of the day you are unable to find this 30 minutes of the most important thing in your life, your daily programs will be viscerally false and urges rectifies them immediately.
 
Does your life is so full of other things that you have not time to live?
 
If you give 98% of your daily time on other duties - like external works, rest, amusements - will not remain 2% of your time to your personal growth?
 
If you are unable to find these 30 minutes you are at the brink of moral bankruptcy - if you are not yet a failure and defeated.
 
Do not choose for the most important task of the day the worst half hour, the one that you perhaps left from other jobs - reserve the best half hour when the body mind and soul feel perfectly calm and receptive.
 
And do not expose yourself to the danger of being disturbed or interrupted in your conversation with God - find a place where you may really be alone with God and your soul.
 
Before that conversation with God, find a quiet place, close the door behind you and be alone with your heavenly Father.
 
Also close the doors to the intrusion of profane and naughty thoughts - transform the public square of your everyday chores into a silent sanctuary of the Divinity. 
 
There is no need to flee to the desert or isolate yourself in a cave - but it is necessary that you have within you this "cave", where you can take refuge for some moments of dynamic passivity, of fruitful silence, listening to the Infinite.
 
Do not just believe in what I am telling you - seek to know from personal experience.
 
From the belief one can easily go back to disbelieve - but from experiential knowledge there is no return to the not-knowing.
 
Therefore, make your daily communion with God, with depth and intensity - and you will feel light and happy - for yourself and for others...

Tuesday 1 December 2015

ENCARNAÇÃO


A razão de ser da nossa encarnação terrestre consiste em que a nossa alma espiritual encontre resistência material; porquanto, sem resistência não há evolução.  As eternas leis cósmicas exigem de nós essa evolução.
 
Resistência é oposição, dificuldade, tensão, tentação, sofrimento.  Quando o nosso Eu espiritual se reveste do invólucro do ego material, o Eu encontra resistência.  Onde não há luta, não há possibilidade de vitória – e onde não há vitória não há evolução.
 
O sofrimento vem: ou das adversidades da natureza, ou das perversidades dos homens.  E estas perversidades representam a parte principal dos sofrimentos do homem que se revestiu de um corpo material.
 
Em face desse invólucro material e desse ambiente hostil, duas atitudes são possíveis: ou a derrota - ou a vitória.  Se a nossa alma espiritual for mais fraca que o ambiente material, será derrotada.  Se, porém, a nossa alma intensificar a sua força, será vitoriosa e se servirá do próprio mundo material para aumentar a sua força.  Neste caso, os sofrimentos causados pelo mundo e pelos homens reverterão em beneficio e evolução ascensional da alma.  Por isto, é feliz aquele que sofre perseguição, suposto que não sucumba a essa perseguição, mas se sirva dela para intensificar a sua voltagem espiritual.
 
Quando a nossa alma entrou neste mundo e se revestiu do corpo, ela era sem virtude nem vícios, em estado neutro.
 
Quando a nossa alma sair deste mundo, não levará consigo um átomo sequer do seu corpo, nem um centavo da sua fortuna.  Mas ai da alma que sair do mundo da mesma maneira como entrou no mundo!  Ouvirá de Deus as palavras que ouviu aquele servo inoperante da parábola dos talentos: "Servo mau e preguiçoso".
 
A razão porque a alma se revestiu do corpo é para se enriquecer e adquirir experiência através desse corpo.  As leis cósmicas não dão potencialidades para não serem atualizadas. Quem recebe potencialidades evolutivas tem obrigação de atualizar ou fazer frutificar essas potencialidades.  Do contrário, se torna culpado, porquanto "Deus creou o homem o menos possível, para que o homem se possa crear o mais possível".
 
As dificuldades da vida são um meio para que o homem possa alcançar o fim da sua encarnação terrestre.
 
Os perseguidores, porém, depois de terem perseguido o homem justo, se verão diante de um vácuo, porque, em vez de o prejudicarem, foram prejudicados, foram motivo de involução negativa de si mesmos.
 
Texto extraído do livro O Quinto Evangelho

Friday 27 November 2015

TOLERÂNCIA – OU COMPREENSÃO?

 
“A mais sábia atitude diante das diferenças entre os seres humanos é a da aceitação, aceitando as pessoas como elas são, pois aceitando, vivemos o céu; rejeitando, o inferno”.
 
 
Dizer que alguém é tolerante diante de outras religiões ou filosofias, não é louvor, é censura.
 
O homem pode ser tolerante:
 
1) ou por ser de absoluta indiferença diante da existência de um mundo superior;
2) ou por desdenhar de maneira arrogante as idéias dos outros.
 
Mas, quando o homem compreende a Verdade Universal, ele deixa de ser simplesmente tolerante; sabe que a Verdade é uma só, mas que muitos são os caminhos que conduzem a essa meta final – assim como muitos são os afluentes, de águas límpidas ou turvas, que se lançam ao Amazonas, a qual se afunda na imensidade do oceano; compreende que cada homem tem que seguir o caminho adaptado à sua personalidade e caráter peculiar.  Sabe que alguns dos seus companheiros de jornada estão no marco 10, outros no 20, outros no 50 da estrada – mas que importa?
 
E eu mesmo, em que ponto estou?  No marco 20, 70, 90?  Esteja eu onde estiver, o certo é que há muitos viajores abaixo e muitos acima de mim.  Por isto, eu não apenas “tolero” os meus companheiros rumo ao Infinito, eu os compreendo e aprovo; sei que estão comigo na mesma direção.  Mesmo que alguns deles estejam ainda ziguezagueando, incertos, para a direita e para a esquerda, que importa?  O erro também é aliado da verdade; um dia, também eles entrarão na linha reta e iniciarão a sua ascensão.  O que eu posso fazer por eles é prosseguir em linha reta e ser tão bom e feliz de maneira que eles também tenham o desejo de seguir o mesmo caminho.
 
 
Texto extraído do livro Ídolos ou Ideal?
 

Sunday 22 November 2015

ORAÇÃO - ESSÊNCIA DE TODAS AS RELIGIÕES

 
Não há hereges em matéria de oração. Todos os homens espirituais de todas as religiões concordam que a oração é a quintessência nas relações do homem com Deus.
Duas premissas na vida do ser humano são absolutamente certas:
 
1)- Que a oração, quando genuína, é sempre um elemento positivo e benéfico na vida do homem;
2)- Que ignoramos totalmente como a oração atua sobre a vida humana; a sua técnica peculiar é para nós ainda desconhecida. Sabemos apenas o porque da oração – ignoramos como a oração age.
 
Ninguém sabe se a nossa oração vai ser eficiente na direção em que a desejamos ou esperamos; ignoramos se o que se tem em mente vai acontecer ou não. A oração parece algo como um jogo de azar, totalmente arbitrária. Na realidade, o que é certo é que a oração obedece a leis invariáveis - mas o homem não conhece essas leis.
 
 
Texto extraído do livro Ídolos ou Ideal? 
 

PRAYER - ESSENCE OF ALL RELIGIONS

 

There are no heretics in the field of prayer. All spiritual men of all religions agree that prayer is the quintessence of the relationship between man and God.
 
Two premises in human life are absolutely certain:
 
1) - That prayer when genuine is always a positive and beneficial element in man's life;
2) - That we totally ignore how prayer works on human life; its peculiar technique is for us still unknown. We know only its purpose - but we ignore how prayer may work.
 
Nobody knows whether our prayer will be effective in the direction we desire or expect; we ignore if what we have in mind is going to happen or not. Prayer looks something like a gamble, totally arbitrary. In reality, what it is certain is that prayer obeys invariable laws - but man does not know these laws.

Thursday 19 November 2015

A ABELHINHA ISIS

 
Dentre os quase 100 livros escritos por Rohden, consta uma coleção de Mistérios da Natureza.  Quatro livros que, de forma ficcional, porém místico, utópico, realista... expõe os mistérios da Natureza, em diálogos que Rohden travava com alguns seres não humanos.
 
 
Dentre eles, uma conversa hipotética com Isis, uma abelhinha com o qual, em quase 150 páginas, ele explora a vida e a sociedade das abelhas, descobrindo nelas, a sabedoria da inteligência instintiva, que nos animais, é o reflexo da grandeza da Inteligência Cósmica, fazendo com essas alegorias, uma analogia ao homem sábio que, em ultrapassando seu nível de inteligência, se guia também pela intuição, governando-se a si mesmo.
 
 
Utopia?  Não... Se isso é possível na Natureza - porque não pode ser possível entre os seres humanos – a assim chamada coroa da creação?
 
 
Mas por que abelhas, o leitor perguntaria?  Porque estes himenópteros fizeram parte ativa da  vida de Rohden, enquanto carpinteiro e principalmente apicultor nas suas horas de lazer.  Profundo conhecedor dessa fascinante sociedade e de estudioso que foi de apiologia, participando inclusive de congressos internacionais sobre o assunto.
 
 
De fato, a inspiração de Rohden nasceu a partir da obra de Waldemar Bonsels (1880 - 1952) escritor alemão responsável pelo livro (Die Biene Maja) A Abelha Maya, publicado em 1912, que antes de ser uma publicação infantil, como o livro sugere, tem uma conotação, além de social e política, profundamente mística, mostrando a unidade de toda a creação, e sua relação com o Deus creador.
 
 
A partir do livro original, a obra de Bonsels recebeu diversas adaptações no mundo inteiro e em diversas línguas... filmes, documentários, revistas infantis, jogos de vídeo, cinema e na TV, em um seriado animado de produção japonesa para o público infantil (e adulto), e até uma ópera, sendo ainda em nossos dias, transmitidos!
 
 
 
O DIÁLOGO...
 
 
 
HR-  Isis, por favor, explica para mim: Quanto mais perfeito é um governo, mais cósmico ele é?
 
 
I-  É como você diz. Tudo que é belo e grande tem caráter cósmico.  Também o indivíduo é tanto mais perfeito quanto mais cósmico, servidor do Todo, panorâmico, universal, amigo de seus semelhantes, uma nota pura sintonizada pela grande Sinfonia da Inteligência Universal…
 
 
HR-  Uma sociedade orientada por um fator cósmico seria então uma Cosmocracia...
 
 
I-  Exatamente, muitos indivíduos, governados, não por outro indivíduo, mas pela grande Alma do Universo, refletida na consciência de cada um. Seria o ideal.
 
 
HR-  Entre nós, seres humanos, há indivíduos que se julgam chefes e soberanos por conta própria, sem consultar a Alma do Cosmos!
 
 
I-  Que aberração! Nunca pensei que entre seres racionais fosse possível tamanha irracionalidade. É um crime contra a Grande Inteligência...
 
 
HR-  Mas a parte mais sadia entre os humanos pensa e age de outro modo: os próprios indivíduos designam aquele por quem querem ser governados.
 
 
I-  Já é meio caminho andado, rumo à Cosmocracia; mas ainda está longe do termo da jornada.  Nós não escolhemos soberano algum.  Não há intermediário entre nós e a Alma do Universo. É esta própria Alma, a Grande Inteligência, a Infinita Realidade, a Suprema Divindade, que nos rege e governa.  Quando os homens chegarem à perfeição, saberão governarem-se a si mesmos, sem chefe nem intermediário algum.  Não haverá ordens vindas de fora, só haverá uma ordem vinda de dentro, eco daquele grande Imperativo do Universo que tudo dirige com força e suavidade, de um a outro extremo do Cosmos.  Quando o vosso dever se transformar em querer, e esse delicioso querer se identificar plenamente com o onipotente dever, então será perfeita a vossa harmonia social, e perfeita será também a vossa felicidade individual.  E a vossa harmonia e felicidade serão infinitamente maiores do que as do povo das abelhas…
 
 
HR-  Pelo que vejo Isis, vós, o povo das abelhas, sois muito mais avançados no caminho da evolução do que nós, os seres humanos.
 
 
I-  É engano, grande engano, amigo homem! A nossa Cosmocracia é muito imperfeita.
 
 
HR-  Como assim, amiga Isis?
 
 
I-  Porque ainda nem atingiu o nível da inteligência individual, que é a atmosfera entre os humanos.  Essa inteligência individual é o vosso maior privilégio — e também o vosso maior perigo.  Ai de quem parar nesse nível e se negar a ultrapassar esse estágio evolutivo!…   Dia virá, porém, após muitos milhares de primaveras, dia virá em que o homem inteligente de hoje, atingirá as luminosas alturas da racionalidade, ou, como dizem os vossos livros, da espiritualidade.  Terminará então a luta de indivíduo contra indivíduo, de grupo contra grupo.  Será proclamada a grande Lei Cósmica, do amor espontâneo e universal — a perfeita e definitiva Cosmocracia…
 
 
Texto extraído do livro ISIS

Monday 16 November 2015

O SERMÃO DA MONTANHA E A MÍSTICA DAS BEATITUDES

 
Bem-aventurados os pobres pelo espírito, porque deles é o reino dos céus;
 
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
 
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
 
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
 
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
 
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
 
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
 
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
 
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
 
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.
 
A Mística das Beatitudes resume, em duas palavras, o que Jesus, o Cristo, disse depois de proferir essas proclamações, que representam a plataforma do Reino de Deus e o auto-retrato de sua própria alma:
 
---   “Vós sois o sal da terra“.
---   “Vós sois a luz do mundo“.
 
Estas duas alegorias formam basicamente o alicerce, e ao mesmo tempo a pedra de fecho do majestoso santuário sustentado pelas colunas das bem-aventuranças.  Essas colunas tem o seu fundamento nas alturas do céu, como a cidade santa de Deus, que, segundo o Apocalipse, desce de cima para baixo; tem as raízes no céu, e se ramifica, floresce e frutifica na terra.
 
Quando algum homem já é sal e luz, ele realiza com espontânea facilidade o conteúdo das Beatitudes, que aos profanos e inexperientes podem parecer absurdas ou extremamente difíceis.
 
O sal dá sabor a todos os alimentos – assim como a experiência espiritual é um misterioso condimento que penetra de sabedoria todas as ignorâncias, e da sabor Divino a qualquer insipidez da vida humana.  O sal, se fosse tomado em estado puro, não seria agradável, mas, quando usado discretamente como condimento, dá sabor a tudo.  É a espiritualidade sensata e dosada que transforma todas as materialidades e preserva-as, ao mesmo tempo, da corrupção.
 
A luz, essa realidade mais sutil e invisível do Universo, dá vida, alegria e beleza a todas as creaturas da terra.  Sem ela, o Universo não seria um Cosmos, mas um caos de morte e treva.
 
E é importante acrescentar às Beatitudes esse desfecho metafísico-místico, coroa e alicerce do santuário da sabedoria cósmica de Jesus.  Estas duas alegorias, sal e luz, sabor e vida, são a quintessência da filosofia e poesia de Jesus. Nelas se aliam a metafísica da Verdade e a mística da beleza.  Bem se poderiam aplicar a estas alegorias as palavras de Mahatma Gandhi*: “A verdade é dura como o diamante – e delicada como flor de pessegueiro”.
 
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Nota:
 
* Mahatma Gandhi foi por diversas vezes abordado por alguns de seus seguidores cristãos, a se juntar ao cristianismo, no entanto, recusava essa oferta, afirmando que aceitava Jesus mas não aceitava a forma com que o clero conduzia o cristianismo, numa flagrante crítica de que o clero está distante do Evangelho de Jesus.
Ainda em referência a Gandhi, é célebre sua afirmação de que: "Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse O Sermão da Montanha, nada estaria perdido".

Thursday 5 November 2015

UM COQUEIRO E SUA SEMENTINHA

 
 Era uma vez um grande coqueiro de 10 metros de altura. E ao pé dele uma semente de aproximadamente uns 2 cm de diâmetro.
 
E o coqueiro disse para a semente: -- "tu és o que eu sou."
 
E a semente respondeu: -- "Não, eu não sou o que tu és... tu és uma árvore de 10 m de altura e eu sou uma semente pequenina."
 
-- "Não", disse o coqueiro, -- "eu não estou me referindo à tua casca. Estou me referindo ao teu germe vivo, a tua casca não é viva. Tu és no teu germe o que eu sou na minha vida. Porque a vida do teu germe é a mesma vida que está em mim."
 
-- "Como isso pode ser possível", disse a semente. "Eu serei algum dia como tu és agora?"
 
-- "Tu serás também externamente o que já és internamente o que eu sou. Porque a nossa essência é a mesma, somente a nossa existência por ora, é que é diferente. A qualidade é a mesma, apenas a quantidade é diferente."
 
-- "E o que tenho que fazer", perguntou a semente, "para ser o que tu és?"
 
-- "Bem", disse o coqueiro, "o teu invólucro, que é a tua casca, tem que um dia se desintegrar. Então tu serás também o que eu sou."
 
-- "O que é isso, desintegrar? Quer dizer que eu vou morrer?"
 
-- "Não, tu não vais morrer, porque se morresse nunca te tornarias coqueiro. Tu não vais morrer. O teu invólucro, algo ao redor de ti que agora te protege, vai desintegrar-se. Isto agora é um auxílio para ti, que é a sua casca. Mas daqui a pouco será um empecilho e este empecilho tem que ser destruído para que o teu conteúdo possa expandir-se."
 
E a semente, a princípio, não quis crer que ela fosse morrer; porque ela estava olhando sempre para a sua casquinha morta, que não era viva… uma casca dura, inerte. Mas ela nunca tinha fixado os olhos no seu germe vivo porque a vida não é coisa visível, só a casca é visível. Estava limitada em sua casca e tinha pavor de sua chamada desintegração. Pensava que ela ia morrer e não alguma coisa que ela tinha ao redor de si. Não tinha autoconhecimento, como nós diríamos em linguagem popular. Ela se confundia com o que ela parecia e não se identificava com o que ela era de fato.
 
E esse é o mal de todos nós. Não sabemos o que somos…
 
 
Texto extraído de uma palestra de Rohden