Nem todos os homens sabem o que
vai por detrás dos invisíveis palcos que se estendem adiante do cenário visível
deste mundo. Muitos apenas enxergam os atores materiais do drama milenar do
Cristo e o Anti-Cristo, que inspiram os atores humanos.
No cenário da história dos seres
humanos, o Cristo, o Ungido, é representado pelo Eu espiritual, ou Alma do
homem, que Jesus, o Cristo ele mesmo, chama o Pai em nós, a Luz do mundo, o
Cristo interno, o Reino de Deus, o Tesouro oculto, a Pérola preciosa, a Água
viva. O Anti-Cristo, por seu turno, aparece, na história do gênero humano, na
forma do Ego material-mental-emocional, que assume milhares de caracteres e
personalidades.
Essas duas Potências máximas do
Universo, o Eu crístico e o Ego anti-crístico, agem em duas dimensões opostas.
O Anti-Cristo só conhece "os reinos do mundo e sua glória" e promete dá-los em
recompensa ao seus adoradores e servidores, porque são dele, creação do príncipe
deste mundo, que é o Poder das Trevas, na linguagem de Jesus.
O Cristo, porém, afirma que "o
meu reino não é deste mundo”, que não é do caráter deste mundo, que "se
encontra no maligno", de um mundo terreno que é "dominado pelo Príncipe das
Trevas."
Sendo que este mundo é governado
pelo Anti-Cristo, como ele mesmo afirma e que Jesus confirma, não é de se
estranhar que o "Príncipe deste mundo" não tolere nos seus domínios um intruso
como o Cristo, cujo reino não é deste mundo, embora esteja no mundo; é natural
que o Anti-Cristo considere o Cristo como um indesejável, um subversivo, e lute
conte ele, aberta ou ocultamente, de acordo com a estratégia que lhe pareça ser
mais eficiente.
Nos primeiros tempos, prevalecia
a hostilidade aberta e violenta; mais tarde, a traição hipócrita se tornou
uma luta declarada; hoje em dia, predomina uma terceira estratégia do
Anti-Cristo contra o Cristo: a tentativa esperta de degradar o Cristo ao nível
dos cristãos ou pseudo-cristãos. A tendência de hoje é fazer o Cristo à imagem
e semelhança dos cristãos, já que estes não tem a coragem de subir às alturas de
onde se encontra o Cristo real e verdadeiro. Fazer descer o Cristo ao nosso
nível condiz muito mais com o comodismo e o menor esforço dos que não querem
subir às alturas do Cristo. Em livros, filmes e teatros, do alto das cátedras
universitárias e dos púlpitos das igrejas se proclamam um pseudo Cristo profano,
horripilante caricatura do Cristo do Evangelho e da realidade.
E o que há de mais repugnante é
que são precisamente sacerdotes e pastores de igrejas cristãs, que, de
preferência, promovem essa deturpação do Cristo.
Violência, traição, deturpação -
são estas as armas prediletas com que o Anti-Cristo luta contra a intrusão do
Cristo em seus domínios terrestres.
Aparentemente, o Cristo é sempre
derrotado pelo Anti-Cristo, sempre crucificado, morto e sepultado, desce até aos
infernos - na realidade, porém, o Cristo sempre ressuscita, mesmo que o túmulo
esteja lacrado e guardado por seus inimigos. É proibido ressuscitar - mas ele
sempre ressuscita... Os seus verdadeiros amigos o encontram sempre glorioso,
por toda a parte, em todos os tempos.
O drama milenar do Cristo e do
Anti-Cristo continua, e todo homem acompanha ou este ou aquele grupo, por seu
modo de pensar, de falar e de viver - e mais ainda, pelo seu modo de ser.
Texto extraído do livro O Drama Milenar do Cristo
e do Anti-Cristo