Durante seus estudos de Filosofia na Universidade de Innsbruck na Áustria, o professor Huberto Rohden e um grupo de alunos, professores e cientistas, viajaram à cidade de Graz com a finalidade de estudarem os fenômenos paranormais realizados pelas virtudes mediúnicas de Maria Silbert, telepata, produtora de efeitos físicos e magnéticos, além de médium de incorporação, que com essas habilidades, abalou os alicerces científicos do mundo europeu.
Uma das definições possíveis de mediunidade ou percepção extra-sensorial - já que esse é um fenômeno natural do psiquismo humano - é a comunicação provinda de uma fonte que é considerada existir em um outro nível ou dimensão além da realidade física conhecida e que não tem origem na mente do médium. As vivências tidas como mediúnicas têm sido identificadas na maior parte das sociedades ao longo da história e possuem uma enorme influência direta ou indireta, sobre aqueles que as vivenciaram ou as vivenciam.
Os fenômenos paranormais presenciados por Rohden, e equipe, ocorreram no ano de 1927.
Passados quase 100 anos desses acontecimentos, a ciência do século XXI continua algemada aos conceitos das provas científicas e certificadas pelos seus órgãos de direito, nos resultados devidamente fundamentados por tubos de ensaio! Fora dessa alternativa puramente materialista, os fenômenos paranormais não passam de charlatanismo, marginalidade, fragmentação, ridicularizado como crendice, motivo de glosa, ingenuidade, absurdo, etc.
Para a vasta maioria dos científicos é mais fácil mostrar as suas habilidades no que é tangível, como em viagens intergalácticas, foguetes hipersônicos, explorar os desertos de Marte e outras aventuras do ego, do que tentar decifrar o quebra-cabeças que para eles é a realidade intangível, ou do que se passa no universo da mente humana e sobre a intuição no pensamento. E diante disso, a humanidade continua a marcar passo na evolução ascensional do espírito.
Mais recentemente, a alvorada de estudos científicos nesse campo, está despertando. Hoje em dia se fala em Neuroteologia, Neurociência da Religião, Neurociência Espiritual, que tenta explicar a experiencia e o comportamento religioso em termos neuro científicos, que é o estudo das correlações de fenômenos neurais com experiências subjetivas de espiritualidade e hipóteses para explicar esses fenômenos.
E esses experimentos tem mostrado resultados surpreendentes de alterações no comportamento do cérebro, quando uma pessoa se encontra em profundo estado de transe espiritual, mudança de nível de consciência, meditação, mediunidade. Mas ainda é o começo de um grande projeto futuro!
Quem quiser conhecer em detalhes, os acontecimentos paranormais dessas reuniões mediúnicas em Graz, leia a interessante e profunda monografia do Dr. Alois Gatterer intitulada "Der Wissenschaftliche Okkultismus Und Sein Verhaeltnis Zur Philosophie".
A transcrição abaixo, é a opinião de Rohden sobre o que ele presenciou nessas longas noites de estudos e comprovações dessas realidades objetivas.
"Não me interessa o que de mim possam dizer ou pensar os que desconhecem esses fenômenos. Mais colaboração dariam se me auxiliassem a explicar o que não sei explicar. Seria ridículo se eu, em face dessas dificuldades e obscuridades, me arrogasse o direito e a habilidade de querer explicar o inexplicável.
Assim como existe o mundo dos seres visíveis, dotados de inteligência e de livre arbítrio, existe também o mundo dos seres invisíveis com os mesmos dotes de inteligência e livre arbítrio. Com isto está aberta a porta tanto para a bondade como para a malícia moral.
A existência de espíritos bons e maus é tão real, como é real a existência de homens bons e maus. Onde principia a liberdade, principia a possibilidade do bem e do mal. Identificar esse mundo espiritual simplesmente com o mundo das almas humanas, dentro ou fora de seus corpos, seria professar ideia por demais primitiva sobre a amplitude do Universo. Muito antes do Creador crear seres materiais e seres materiais-espirituais, ele havia creado seres imateriais. Admitir a existência desse mundo imaterial, não é nenhuma superstição, nem mesmo um dogma religioso, é simplesmente um postulado de sensata intuição, ou bom senso.
Por outro lado, é certo que a alma humana, uma vez que é imaterial, não morre com o corpo e exige, pela sua própria natureza, uma existência imortal.
Por isso, inúmeros fatos, tanto da história profana como da história religiosa da humanidade (a Bíblia está repleta desses casos), provam a possibilidade de uma intervenção na vida humana, tanto dos seres não humanos, como das almas humanas separadas dos seus corpos. Negar essa possibilidade e estes fatos, equivaleria a cancelar da multimilenária epopeia da humanidade, alguns dos capítulos mais importantes e decisivos; seria arrasar os próprios alicerces do Cristianismo.
Nada disto negamos, quando tentamos reduzir a fatores naturais certos fenômenos misteriosos, atribuídos, não raro, a intervenção de seres sobrenaturais.
Não nos esqueçamos de que a "ordem natural" não é apenas um pequenino segmento da gigantesca esfera acessível às experiências do homem. O que sabemos da chamada "ordem natural" não representa talvez a milésima parte da totalidade dos fatores naturais. As maravilhas da eletrônica, que hoje são perfeitamente naturais, teriam pertencido, para um cientista da idade média, à ordem sobrenatural. Se tal maravilha é possível ao nível puramente físico e mecânico, que diríamos do plano psíquico e espiritual?
Onde principia o mundo do espírito, ali se abrem ilimitadas possibilidades. Se ao menos soubéssemos o que é "alma", "espírito", talvez teríamos a chave para esses mistérios, um "fio de Ariadne" que da escuridão deste labirinto nos conduzisse ao encontro da luz - mas nenhum homem sabe dizer na realidade o que é alma ou espírito.
Vamos simbolizar da seguinte maneira a fragilidade e a insignificância dos nossos conhecimentos; o vagalume e o molusco: se o vagalume pudesse raciocinar, tomaria a sua luz fosfórea pela totalidade da luz cósmica, e o molusco das profundezas oceânicas, negaria a existência de outros mundos que não fosse aquela lama em que vive a sua existência. Em face dos mundos espirituais, o homem talvez não seja mais que um vagalume ou um molusco dentro da pequenez da sua concha.
Por isso, a única atitude sensata que nos compete em face do cosmos invisível é a de uma grande humildade e prudência em afirmar ou negar o que ultrapassa os horizontes da nossa experiência ou dos nossos conhecimentos racionais.
O homem ignorante ou pseudo sábio, categoricamente afirma as suas teses - e aquele que não ignora a sua ignorância, preenche com de pontos de interrogação as suas hipóteses e teorias muitas vezes duvidosas.
Só o Creador, a Fonte primária é que pode estabelecer teses evidentes e afirmações categóricas. O que oscila entre esses dois polos extremos, entre a luz do saber e a treva da ignorância, é dúvida, incerteza, um tatear na penumbra, um incessante adivinhar, um suspeitar de soluções possíveis ou prováveis, um "talvez", mas nunca um "sim" ou um "não" de certeza absoluta.
O sábio sabe que nada sabe - o ignorante ignora que nada sabe...
A convicção da ignorância é uma porta aberta para o conhecimento.
É necessário, antes de tudo, que abandonemos a concepção tradicional de que a alma humana resida dentro do corpo como num cárcere, ou como água dentro de um copo. Essa ideia invadiu o Cristianismo nos primeiros séculos de nossa era e é por isso, responsável por muitas conclusões falsas. A alma não está dentro do corpo, mas sim o corpo, dentro da alma. O maior não pode estar contido no menor, a energia sutil não está inserida na energia grosseira, i.e., a alma, se está no corpo, está como a luz elétrica está dentro da lâmpada de vidro. No entanto, a luz ultrapassa os limites do vidro, espraiando-se geralmente por enormes distâncias e enchendo vastos espaços com a sua luminosidade. Não seria exato afirmar que toda essa luz está dentro do pequeno globo de vidro, e sim que esse globo de vidro está dentro da luz.
Assim, com essa imagem figurada, temos que pensar a presença de nossa alma em, ou com o nosso corpo.
Os objetos que circundam o corpo podem ser atingidos pela alma, e, se esta encontrar um veículo ou instrumento apropriado, pode influenciar perceptivelmente os objetos circunvizinhos. Se a luz solar clareia e aquece a vida e a matéria, porque não poderia um poderoso foco espiritual afetar os seres próximos e distantes, sem por isto abandonar o corpo que lhe serve de meio?
O Universo material-espiritual é um todo orgânico. Não há no mundo, seres isolados, como as vezes nos parece. Todos os seres do Universo estão inter-relacionados e interdependentes.
Certos teólogos inventaram a ordem natural e a sobrenatural, mas elas não existem. A Realidade é uma e unificada, constando de uma causa e muitos efeitos. Deus não é sobrenatural, mas infinitamente natural - e é esta a razão porque as creaturas finitas tem dificuldade de compreender o Creador. O que nós chamamos sobrenatural não está além da ordem natural, mas além do alcance que nós temos dessa ordem. Na nossa visão terrena, existem seres sobrenaturais; mas na visão do Creador, só existem seres naturais.
Somente quando experimentarmos, é que poderemos compreender a unidade do Universo, causa original causadora de efeitos, compreenderemos o que hoje nos é incompreensível.
Possivelmente, nos vastos horizontes de Einstein, esse brilhante cientista-místico, é que lhe ocorreu fazer a seguinte afirmação: "Ciência natural sem religião é manca - religião sem ciência é cega"!
Texto revisado, precedido de comentários e extraído do livro Por Um Ideal – volume I
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