Thursday 30 April 2020

BHAGAVAD GITA - Exercício de Ioga e Meditação

A Bhagavad Gita, é um episódio Sânscrito do épico Mahabharata, evento histórico de mais de 5 mil anos antes da era cristã, que remonta à época dos Vedas. É um dos tratados mais influentes da filosofia oriental; é a eterna mensagem de sabedoria espiritual da Índia antiga, que além de ser uma escritura religiosa, também é uma escritura da vida, baseado na fé e devoção. A palavra Gita significa canção e a palavra Bhagavad significa Deus, frequentemente o Bhagavad-Gita é chamado de Cântico de Deus, ou a Sublime Canção, ou a Canção do Senhor.
O texto abaixo é um excerto do livro Bhagavad Gita, tradução e interpretação de Huberto Rohden, que reuniu apenas os últimos 25 versículos do livro original de 18 capítulos, fazendo assim um resumo das mais importantes mensagens do texto original.
Atualmente a cultura ocidental está recebendo as técnicas de yoga e da meditação, como se fosse mais um modismo, praticando de maneira controversa, abordando apenas a superfície do que são realmente essas ciências. Yoga e a Meditação tem um significado muito mais amplo, que não está circunscrito somente a técnicas de posturas, hábitos e ações externas, mas sim na mudança da atitude interna para uma nova consciência individual, e que sem essa transformação, fica invalidada qualquer tentativa do se autoconhecer, e subsequente a autorrealização ... de conhecer a verdade sobre si mesmo, viver essa verdade e se libertar.
Diz Rohden na apresentação do livro, que: “Segundo a concepção cósmica da filosofia oriental, toda a atividade do homem profano é fundamentalmente trágica, cheia de culpa, porque quem age é o ego tirânico, e esse ego é uma ilusão funesta, e tudo o que o ego ilusório faz é necessariamente negativo, contaminado de culpa e maldade.
Se esta é a atividade do homem profano, então estamos diante de um dilema inevitável: ou agir e onerar-se de culpa – ou não agir e assim preservar-se da culpa.
Grande parte da filosofia oriental optou pela segunda alternativa do dilema: não agir, entregar-se a uma total inatividade, abismar-se numa meditação passiva, a fim de não aumentar débitos negativos.
A Bhagavad Gita, porém, não recomenda nenhuma dessas duas alternativas: nem o não-agir e preservar-se da culpa, nem o agir e cobrir-se de culpa. A Gita recomenda um terceiro caminho: o do agir sem culpa, que é o caminho do reto-agir, da observância de todos os mandamentos e leis, da liberdade, do respeito, da responsabilidade, do amor e, sobretudo, do desapego, equidistante do falso-agir e do não-agir.
Como pode então, o homem agir sem se onerar de culpa?
O falso-agir é um agir por amor ao ego tirânico; mas o reto-agir age por amor ao Eu, embora através do ego, e assim a sua atividade não é carregada de culpa.
O reto-agir, por amor ao Eu verdadeiro, não cria uma nova culpabilidade no presente e no futuro, e neutraliza também as culpas do falso-agir do passado, libertando assim o homem de todos os seus débitos.
É nisso que consiste a suprema sabedoria da Bhagavad Gita. Mas para que o homem possa agir assim, por amor ao Eu verdadeiro, deve conhecer esse Eu, deve conhecer a verdade sobre si mesmo.
É o que Krishna explica a seu discípulo Arjuna através do diálogo neste poema metafísico; autoconhecimento para tornar possível a auto-realização pelo reto-agir.
A quintessência da Bhagavad Gita é, pois, um convite para o reto-agir, porque o homem não se realiza nem pelo não-agir, nem pelo falso-agir. Sua alma é um poema de autorredenção pela auto-realização baseada em autoconhecimento.
Homem, conhece-te a ti mesmo! Homem, realiza-te!”
Fala Krishna:
--- Somente aquele que possui domínio sobre seu mundo interno de desejos pessoais, que é disciplinado no comer, no dormir, no vigiar, no descansar e no divertir-se, esse conseguirá através do exercício de yoga e meditação a libertação de todos os males, e está focalizado em seu Eu supremo... esse é um liberto.
--- Assim como a chama não bruxuleia quando num lugar abrigado do vento, o mesmo acontece com o coração quando isento dos vendavais dos sentidos e ardendo em amor divino, rumo às alturas do Eterno.
--- Quando, graças à contínua meditação e ioga, o coração encontrou repouso naquele lugar onde reina a compreensão, onde o espírito sublime contempla a si mesmo e tudo encontra dentro de si mesmo;
--- Quando a alma experimenta o gozo que transcende o alcance dos sentidos e do intelecto e só é conhecido pela alma na própria alma – essa consciência da verdade que o homem espiritual nunca mais perderá;
--- E quando o homem alcança essa meta e tem a verdade em maior apreço do que todos os tesouros, e nela persevera inabalável, de maneira que nenhum sofrimento o torne infeliz;
--- Então ele sabe que a perfeita yoga e meditação o torna imune à maior das dores, e que essa meta se alcança por meio de energia e perseverança.
--- É necessário que ele arranque do coração todos os devaneios e todas as vacilações, toda a ganância, vaidade e mania de grandeza, que feche e vigie todas as portas por onde o mundo dos sentidos possa lhe invadir a alma.
--- Então ele se aproxima do santuário, passo a passo, e conhecerá as belezas da paz que habita no coração perfeitamente dominado, lá onde impera soberana a verdade e onde a alma goza da verdadeira liberdade.
--- E ainda que a mente volúvel se rebele e tente fugir para longe, a alma se disciplinará pela força do amor e a reconduz ao Ser Supremo.
--- Penetra na alma inefável beatitude quando o coração, livre de ilusão, une-se ao Creador e se despe de qualquer desejo.
--- Quem assim se oferece em holocausto ao Creador, e vive em permanente união com Ele, experimenta em si a ilimitada beatitude que a divina presença plenifica.
--- Integrado no Creador, ele vive vida divina e percebe o espírito Dele em todas as criaturas, porque sabe que todas as coisas têm Nele o seu íntimo ser.
--- Quem me enxerga como o Uno e o Único em todas as coisas, e vê todas as coisas em mim, a Suprema Realidade, este vive firme em mim, e eu vivo firme nele, sejam quais forem as condições da sua vida externa.
--- Eu sou a imanente Realidade em todos os seres; quem me cultua como o Uno e o Absoluto, em tudo permanece em mim, independentemente das vicissitudes da sua vida aqui na Terra.
--- Ó Arjuna! Aquele que, entre alegrias e sofrimentos, paira soberano na força do conhecimento de mim, o Uno e o Único, esse é o mais perfeito dos homens espirituais.

BHAGAVAD GITA - Ejercicio de yoga y meditación

El Bhagavad Gita, es un episodio sánscrito del épico Mahabharata, un evento histórico de más de 5,000 años antes de la era cristiana, que se remonta a la época de los Vedas. Es uno de los tratados más influyentes en la filosofía oriental; Es el mensaje eterno de la sabiduría espiritual de la antigua India, que además de ser una escritura religiosa, también es una escritura de la vida, basada en la fe y la devoción. La palabra Gita significa canción y la palabra Bhagavad, Dios, a menudo el Bhagavad-Gita se llama la Canción de Dios, o la Canción Sublime, o la Canción del Señor.
El texto a continuación es un extracto del libro Bhagavad Gita, traducción e interpretación de Huberto Rohden, que reunió solo los últimos 25 versículos del libro original de 18 capítulos, resumiendo así los mensajes más importantes del texto original.
La cultura occidental está recibiendo actualmente las técnicas de yoga y meditación, como si fuera una moda pasajera, practicando de manera controvertida, abordando solo la superficie de lo que realmente son estas ciencias. Yoga y meditación tiene un significado mucho más amplio, que no se limita solo a técnicas de posturas, hábitos y acciones externas, sino a cambiar la actitud interna para una nueva conciencia individual, y que, sin esta transformación, se queda sin validad cualquier intento de conocerse a sí mismo, y la posterior autorrealización ... para conocer la verdad sobre sí mismo, vivir esa verdad y ser libre.
Rohden escribe en la presentación del libro que: “De acuerdo con la concepción cósmica de la filosofía oriental, toda la actividad del hombre profano es fundamentalmente trágica, llena de culpa, porque quien actúa es el ego tiránico, y ese ego es una triste ilusión, y todo lo que hace el ego ilusorio es necesariamente negativo, contaminado con culpa y maldad.
Si esta es la actividad del hombre profano, entonces nos enfrentamos con un dilema inevitable: actuar y cargar con la culpa, o no actuar y así evitar la culpa.
Gran parte de la filosofía oriental optó por la segunda alternativa del dilema: no actuar, rendirse a la inactividad total, participar en la meditación pasiva, para no aumentar las deudas negativas.
El Bhagavad Gita, sin embargo, no recomienda ninguna de estas dos alternativas: no actuar y evitar la culpa, ni actuar y cubrirse de culpa. Gita recomienda una tercera vía: la de actuar sin culpa, que es la forma de actuar con rectitud, de observar todos los mandamientos y leyes, de libertad, de respeto, de responsabilidad, de amor y, sobre todo, de desapego, equidistante de la falsa acción y no acción.
¿Cómo, entonces, puede el hombre actuar sin ser cargado de culpa?
Actuar falsamente es actuar por amor al ego tiránico; pero la recta acción actúa por amor al Yo esencial, aunque a través del ego, y así, su actividad no está cargada de culpa.
La recta acción, en aras del verdadero Yo esencial, no crea una nueva culpa en el presente y en el futuro, y también neutraliza las fallas de la falsa acción del pasado, liberando así al hombre de todas sus deudas.
En eso consiste la sabiduría suprema del Bhagavad Gita. Pero para que el hombre lo haga, en aras del verdadero Yo, debe conocer ese Yo, debe conocer la verdad sobre sí mismo.
Esto es lo que Krishna explica a su discípulo Arjuna a través del diálogo en este poema metafísico; autoconocimiento para hacer posible la autorrealización a través de la recta acción.
La quintaesencia del Bhagavad Gita es, por lo tanto, una invitación al derecho a actuar, porque el hombre no se realiza ni por la no acción ni por la falsa acción. Su alma es un poema de autocontrol mediante la autorrealización basada en el autoconocimiento.
¡Hombre, conócete a ti mismo! ¡Hombre, hazlo!
Krishna habla:
--- Solo aquel que domine su mundo interno de deseos personales, que sea disciplinado al comer, dormir, mirar, descansar y divertirse, logrará mediante el ejercicio del yoga y la meditación la liberación de todos males, y se centra en su Yo supremo ... este es un hombre libre.
--- Así como la llama no parpadea cuando está en un lugar protegido del viento, también lo hace el corazón cuando está exento de los vientos de los sentidos y ardiendo en el amor divino, hacia las alturas del Eterno.
--- Cuando, gracias a la meditación continua y al yoga, el corazón encuentra descanso en ese lugar donde reina la comprensión, donde el espíritu sublime se contempla a sí mismo y encuentra todo dentro de sí mismo;
--- Cuando el alma experimenta una alegría que trasciende el alcance de los sentidos y el intelecto y solo es conocida por el alma en el alma misma, esa conciencia de la verdad que el hombre espiritual nunca perderá;
--- Y cuando el hombre alcanza esa meta y tiene la verdad en mayor estima que todos los tesoros, y persevera en ella inquebrantable, para que ningún sufrimiento lo haga infeliz;
--- Entonces él sabe que el yoga y la meditación perfectos lo hacen inmune al mayor dolor, y que este objetivo se logra a través de la energía y la perseverancia.
--- Es necesario que saque de su corazón todos los sueños y vacilaciones, toda la codicia, la vanidad y la manía de la grandeza, que cierre y vigile todas las puertas a través de las cuales el mundo de los sentidos puede invadir su alma.
--- Luego se acerca al santuario, paso a paso, y conocerá la belleza de la paz que habita en el corazón perfectamente dominado, donde prevalece la verdad y donde el alma disfruta de la verdadera libertad.
--- E incluso si la mente voluble se rebela e intenta huir, el alma se disciplinará por la fuerza del amor y la conducirá de regreso al Ser Supremo.
--- La inefable bienaventuranza penetra en el alma cuando el corazón, libre de ilusiones, se une al Creador y se despoja de cualquier deseo.
--- Quien se ofrece como holocausto al Creador y vive en unión permanente con Él, experimenta en sí mismo la ilimitada bienaventuranza que llena la presencia divina.
--- Integrado en el Creador, vive la vida divina y percibe su espíritu en todas las criaturas, porque sabe que todas las cosas tienen su ser interior en Él.
--- Quien me ve como Uno y Solo uno en todas las cosas, y ve todas las cosas en mí, la Realidad Suprema, vive firmemente en mí, y yo vivo firmemente en él, independientemente de las condiciones de su vida externa.
--- Soy la Realidad inmanente en todos los seres; Quien me adore como el Uno y lo Absoluto, permanece en mí en todo, independientemente de las vicisitudes de su vida aquí en la Tierra.
--- ¡Oh Arjuna! El que, entre alegrías y sufrimientos, se cierne sobre la fuerza del conocimiento de mí, el Uno y el Único, este es el más perfecto de los hombres espirituales.

BHAGAVAD GITA – Meditation and Yoga Exercise

The Bhagavad Gita, is a Sanskrit episode of the epic Mahabharata, a historical event of more than 5,000 years before the Christian era, which dates back to the time of the Vedas. It is one of the most influential treatises in Eastern philosophy; it is the eternal message of spiritual wisdom from ancient India, which in addition to being a religious scripture, is also a scripture of life, based on faith and devotion. The word Gita means song and the word Bhagavad means God, often the Bhagavad-Gita is called the Song of God, or the Sublime Song, or the Song of the Lord.
The text below is an excerpt from the book Bhagavad Gita, translation and interpretation by Huberto Rohden, which brought together only the last 25 verses of the original book of 18 chapters, thus summarizing the most important messages of the original text.
Western culture is currently receiving the techniques of yoga and meditation, as if it were more of a fad, practising controversially, addressing only the surface of what these sciences are. Yoga and Meditation has a much broader meaning, which is not limited only to techniques of postures, habits and external actions, but to change the internal attitude for a new individual conscience, without this transformation, any attempt of self-knowledge and the subsequent self-realization is invalidated ... to know the truth about oneself, to live that truth and be free.
Says Rohden in the presentation of the book, that: “According to the cosmic conception of Eastern philosophy, all the activity of the profane man is fundamentally tragic, full of guilt because of the one who acts is the tyrannical ego, and that ego is a dismal illusion and everything that the illusory ego does is necessarily negative, contaminated with guilt and evil.
If this is the activity of the profane man, then we are faced with an inevitable dilemma: either to act and to be burdened with guilt - or not to act and thus be kept from guilt.
Much of Eastern philosophy has chosen the second alternative of the dilemma: not to act, to surrender to total inactivity, to engage in passive meditation, in order not to increase negative debts.
Bhagavad Gita, however, does not recommend either of these two alternatives: neither to not act and to keep from guilt, nor to act and to be covered with guilt. The Gita recommends a third way: that of acting without guilt, which is the way of the right-acting, the observance of all commandments and laws, freedom, respect, responsibility, love and, above all, detachment equidistant from false-acting and non-acting.
How, then, can man act without being burdened with guilt?
False-acting is acting out of love for the tyrannical ego; but the right-acting acts out of love for the Self, though through the ego, and so its activity is not to blame.
The right-acting, for the sake of the true Self, does not create new guilt in the present and in the future, and also neutralizes the faults of the past's false-acting, thus freeing man from all his debts.
That is what the supreme wisdom of Bhagavad Gita consists of. But for man to do so, for the sake of the true Self, he must know that Self, he must know the truth about himself.
This is what Krishna explains to his disciple Arjuna through dialogue in this metaphysical poem; self-knowledge to make self-realization possible through the right-acting.
The quintessence of the Bhagavad Gita is, therefore, an invitation to the right-acting, because man is not realized either by non-action or by false-action. The soul of it is a poem of self-redemption by self-realization based on self-knowledge.
Man, know thyself! Man, realize thyself!”
Krishna speaks:
--- Only those who have mastery over their internal world of personal desires, who are disciplined in eating, sleeping, watching, resting and having fun, will achieve through the exercise of yoga and meditation the liberation from all evils, and is focused on its supreme self ... this is a freedman.
--- Just as the flame does not flicker when in a place sheltered from the wind, so does the heart when exempt from the gales of the senses and burning in divine love, towards the heights of the Eternal.
--- When, thanks to continuous meditation and yoga, the heart found rest in that place where comprehension reigns, where the sublime spirit contemplates itself and finds everything within itself;
--- When the soul experiences joy that transcends the reach of the senses and the intellect and is only known by the soul in the soul itself - that consciousness of the truth that the spiritual man will never lose;
--- And when a man reaches that goal and has the truth in greater esteem than all the treasures, and perseveres in it unshakable so that no suffering makes him unhappy;
--- So, he knows that perfect yoga and meditation makes him immune to even the greatest pain and that this goal is achieved through energy and perseverance.
--- It is necessary that he pulls out of his heart all daydreams and vacillations, all greed, vanity and mania of greatness, that he closes and watches over all the doors through which the world of the senses can invade his soul.
--- Then he approaches the sanctuary, step by step, and will know the beauty of peace that dwells in the perfectly dominated heart, where the truth prevails and where the soul enjoys true freedom.
--- And even if the fickle mind rebels and tries to flee away, the soul will discipline itself by the force of love and lead it back to the Supreme Being.
--- The ineffable beatitude penetrates the soul when the heart, free from illusion, joins the Creator and divests itself of any desire.
--- Whoever thus offers itself as a burnt offering to the Creator and lives in permanent union with It, experiences in itself the limitless beatitude that the divine presence fills.
--- Integrated into the Creator, it lives divine life and perceives Its spirit in all creatures, for it knows that all things have its inner being in It.
--- Whoever sees me as the One and the Only one in all things, and sees all things in me, the Supreme Reality, it lives firmly in me, and I live firmly in it, whatever the conditions of its external life.
--- I am the immanent Reality in all beings; whoever worships me as the One and the Absolute, remains in me in everything, regardless of the vicissitudes of his life here on Earth.
--- O Arjuna! He who, among joys and sufferings looms sovereign over the power of the knowledge of me, the One and the Only one, this is the most perfect of spiritual men.

Wednesday 29 April 2020

UMA ABORDAGEM SOBRE AS AURAS PESSOAIS

Em Abril de 1926, Huberto Rohden, enquanto estudante de Filosofia na Universidade de Innsbruck, Áustria, junto com o Professor Aloisio Gatterer, filósofo, estudioso em forças ocultas do microcosmo humano, pesquisas psíquicas e mediúnicas, empreenderam uma viagem de estudos à cidade de Graz onde viveu uma das mais famosas médiuns do século passado, Maria Silbert.
As sessões eram geralmente realizadas a noite, em uma sala fechada na residência da médium na presença de oito especialistas nas áreas de Psicologia, Filosofia, Teologia, Química e um ex-conselheiro imperial da Áustria, também da Universidade de Innsbruck.
Na discussão desses fenômenos, Rohden passava horas dialogando com um outro eminente estudioso da área, John Godfrey Raupert, cientista da Sociedade de Pesquisas Psíquicas de Londres. Faziam parte desses estudos, a investigação sobre fenômenos de transmissão de pensamento, fenômenos luminosos, materializações espirituais e de objetos, mensagens espirituais e uma particular sessão de identificação de auras pessoais.
“Um dos estudos mais interessantes que fiz, nessas longas noites de sessões meta psíquicas, para físicas ou ocultistas, foi a investigação das auras humanas.
Sentávamos sem lugar definido em volta da mesa e depositávamos no chão da sala, debaixo dessa mesa, pequenos objetos, como relógios, canivetes, cigarreiras, que depois de algum tempo desapareciam misteriosamente, sem que a médium fizesse o menor movimento, pois seus movimentos de mãos e pês eram por nós, rigorosamente controlados. Desapareciam - e logo reapareciam, descendo lentamente de cima, suspensos no ar. Maria Silbert, pegando o objeto, colocava-o com infalível acerto, diante do dono, o que nos surpreendeu sobremaneira, pois ela nunca vira o objeto antes, que fora colocado debaixo da mesa antes de sua chegada à sala.
Num desses dias, vivamente interessados no estudo das auras, sobre as quais havíamos examinado abundante literatura, o Prof. Gatterer e eu fomos a uma loja comprar pequenos artigos de souvenir para servirem nos fenômenos de telecinesia (movimento de objetos sem o aparente contato de nenhuma fonte). Para não impregnar com a nossa aura esses objetos, mandamos embrulha-los em papel, e assim os carregávamos cautelosamente por meio de um barbante onde o objeto ficava pendurado, e revezávamos o transporte, entre nós dois, para que, se mesmo assim apanhasse auras, tivesse duas espécies de auras e dificultassem ao médium a identificação.
Antes da sessão, na ausência da médium, colocamos esses objetos debaixo da mesa. Em dado momento, subiam e eram apanhados no ar por ela - e ela não sabia quem era o dono. Colocava o objeto ora diante de mim, ora diante do Prof. Gatterer, deixando-o, por fim, entre os dois, sobre a mesa, pois a médium era capaz de perceber uma fração infinitesimal de aura que a nossa proximidade possa ter “contaminado” os objetos, e até distinguia essa aura dupla, que a desorientava.
Estava assim provado experimentalmente que a médium identificava o dono de qualquer objeto pela aura.
Isso me faz pensar em certos fenômenos da vida social.
A presença de determinadas pessoas nos inspira instintiva simpatia, ao passo que a de outras nos enche de antipatia, mesmo sem nenhuma razão externa. Algumas pessoas nos perturbam, outras nos acalmam. Umas nos elevam, outras nos deprimem, sem proferir uma só palavra. Umas são benéficas, outras maléficas, sem culpa nem mérito dessas pessoas. Possivelmente, se trata de uma constelação de auras, de um invisível jogo de fluidos pessoais. Pode haver entre duas ou mais pessoas auras de atração ou repulsão, segundo a natureza íntima desses elementos difíceis de se avaliar. Assim como na física da luz, do som, da eletricidade, há sobreposição e interferência de ondas, uma produzindo intensificação, e outra uma diminuição - assim poderá haver também no plano psíquico e espiritual uma espécie de sobreposição ou de interferência de ondas, resultando daí uma harmonia ou uma desarmonia de auras, e, consequentemente, uma sensação agradável (simpatia) ou uma sensação desagradável (antipatia). Em caso de perfeito equilíbrio ou extinção recíproca, teríamos talvez um fenômeno de apatia. Tudo isso se passa na zona do nosso subconsciente, longe do alcance do vigilante controle do nosso Eu consciente.
“Incompatibilidade de gênios” dizem os casados, e outras pessoas de nossa convivência diária, quando, talvez, deveriam dizer: “Falta de auras complementares.”
Há casos em que as auras, a princípio incompatíveis, se compadecem mais tarde, sintonizando aos poucos as suas ondas discordantes - como também acontece o contrário, sucedendo à onda inicial de harmonia, outra de desarmonia e incompatibilidade.
Se, na área psicofísica das auras e dos fluidos, vigora a mesma lei que acontece na eletro-física, deveríamos apelidar de “simpatia” o consórcio de duas ondas heterogêneas, e, por isso mesmo, complementares - e “antipatia” o encontro de duas ondas homogêneas, e, portanto, não complementares, assim como na eletricidade dois polos iguais (sejam positivos: + +, sejam negativos: ­- -) se repelem, e dois polos desiguais (+ -) se atraem, assim acontece, possivelmente, também no terreno psíquico. De maneira que, para haver instintiva simpatia entre duas pessoas deveria haver certa disparidade de auras, dois fluidos diferentes, mas complementares um do outro, e que, quando unidos, formassem um todo completo, harmônico.
A atração de sexos não tem, certamente, como base inicial a diversidade fisiológica, mas sim, na distância das auras, que encontram na aproximação do polo contrário uma atração veemente. Quanto mais pronunciada e característica for a masculinidade ou a feminilidade, tanto maior é a atração, ou, a paixão, porque há, de fato, antes uma permissão de potências inconscientes do que a ação de uma vontade consciente. Quando o potencial elétrico de dois polos desiguais é bastante elevado, esse potencial vence grande distância para se unir ao seu natural complemento - assim como auras poderosas não conhecem obstáculos quando em procura do polo correspondente.
A vida humana está entremeada de fatores invisíveis e incontroláveis. O nosso bem, ou mal estar psíquico e físico tem quase sempre sua sede principal nas regiões penumbrais do subconsciente, onde poderosos elementos originam sem cessar, invadindo a zona iluminada da nossa vida consciente. Julgamos agir em virtude deste ou daquele motivo - e somos agidos por forças ocultas que emergem do subsolo do nosso Eu.”
Nota:
- Quem quiser conhecer, com todos os detalhes, estas sessões em Graz, leia a interessante e profunda monografia intitulada: “Der wissenschaftliche Okkultismus und sein Verhaeltnis zur Philosophie” Alois Gatterer, 1927 Innsbruck
- John Godfrey Raupert publicou diversas obras em Inglês sobre fenômenos paranormais, entre elas: “CHRIST and the power of darkness.”
Texto revisado extraído do livro Por Um Ideal, volume I

UN ENFOQUE DE LAS AURAS PERSONALES

En abril de 1926, Huberto Rohden, como estudiante de filosofía en la Universidad de Innsbruck, Austria, junto con el profesor Aloisio Gatterer, filósofo, erudito sobre las fuerzas ocultas del microcosmos humano, la investigación psíquica y mediática, emprendió un viaje de estudios a la ciudad de Graz donde vivió uno de los medios más famosos del siglo pasado, Maria Silbert.
Las sesiones generalmente se realizaban por la noche, en una sala cerrada en la residencia del médium en presencia de ocho especialistas en los campos de psicología, filosofía, teología, química y un ex asesor imperial de Austria, también de la Universidad de Innsbruck.
Al discutir estos fenómenos, Rohden pasó horas conversando con otro eminente erudito en el campo, John Godfrey Raupert, científico de la Sociedad para la Investigación Psíquica en Londres. Estos estudios incluyeron investigaciones sobre fenómenos de transmisión de pensamiento, fenómenos luminosos, materializaciones espirituales y de objetos, mensajes espirituales y una sesión particular para identificar auras personales.
“Uno de los estudios más interesantes que hice, durante estas largas noches de sesiones metapsíquicas, para físicos u ocultistas, fue la investigación de auras humanas.
Nos sentamos sin un lugar definido alrededor de la mesa y depositamos en el piso de la habitación, debajo de esa mesa, objetos pequeños, como relojes, cuchillos de bolsillo, pitilleras, que después de un tiempo desaparecieron misteriosamente, sin que el medio hiciera el más mínimo movimiento, debido a sus movimientos de manos y pies fueron estrictamente controlados por nosotros. Desaparecieron, y luego reaparecieron, descendiendo lentamente desde arriba, suspendidos en el aire. Maria Silbert, tomando el objeto, lo colocó con una precisión inquebrantable frente al dueño, lo que nos sorprendió mucho, porque nunca antes había visto el objeto, que había sido colocado debajo de la mesa antes de su llegada a la habitación.
En uno de esos días, muy interesado en el estudio de las auras, en el que habíamos examinado abundante literatura, el Prof. Gatterer y yo fuimos a una tienda a comprar pequeños artículos de recuerdo para servir en los fenómenos de la telequinesis (movimiento de objetos sin el contacto aparente de ninguna fuente). Para no impregnar estos objetos con nuestra aura, los envolvimos en papel, por lo que los llevamos con precaución por medio de una cuerda en la que colgaba el objeto, y tomamos el transporte entre nosotros, de modo que, incluso si atrapamos auras, tenía dos tipos de auras y dificultaba la identificación del medio.
Antes de la sesión, en ausencia del medio, colocamos estos objetos debajo de la mesa. En un momento, subieron y fueron atrapados en el aire por ella, y ella no sabía quién era el dueño. Puse el objeto ahora delante de mí, ahora antes que el Prof. Gatterer, dejándolo, finalmente, entre los dos, sobre la mesa, porque el médium pudo percibir una fracción infinitesimal de aura que nuestra proximidad pudo haber “contaminado” los objetos, e incluso distinguió esta doble aura, que la desorientado.
Por lo tanto, se demostró experimentalmente que el medio identificó al propietario de cualquier objeto por su aura.
Y eso me hace pensar en ciertos fenómenos de la vida social.
La presencia de ciertas personas nos inspira simpatía instintiva, mientras que la presencia de otros nos llena de aversión, incluso sin razón externa. Algunas personas nos molestan, otras nos calman. Algunos nos elevan, otros nos deprimen, sin decir una palabra. Algunos son beneficiosos, otros son malvados, sin la culpa o el mérito de estas personas. Es posiblemente una constelación de auras, un juego invisible de fluidos personales. Puede haber entre dos o más personas auras de atracción o repulsión, dependiendo de la naturaleza íntima de estos elementos que son difíciles de evaluar. Al igual que en la física de la luz, el sonido y la electricidad, hay una superposición e interferencia de las ondas, una produce intensificación y la otra una disminución, por lo que también puede haber en el plano psíquico y espiritual una especie de superposición o interferencia de las ondas, como resultado de esto, una armonía o falta de armonía de auras, y, en consecuencia, una sensación agradable (simpatía) o una sensación desagradable (disgusto). En caso de equilibrio perfecto o extinción recíproca, quizás tendríamos un fenómeno de apatía. Todo esto tiene lugar en el área de nuestro subconsciente, fuera del alcance del control vigilante de nuestro Yo esencial consciente.
“No coinciden los genios” dicen las personas casadas y otras en nuestra vida diaria, cuando, quizás, deberían decir: “Falta de auras complementarias”.
Hay casos en los que las auras, al principio incompatibles, luego simpatizan, ajustando gradualmente sus ondas discordantes, como sucede también lo contrario, sucediendo la ola inicial de armonía, otra de falta de armonía e incompatibilidad.
Si, en el área psicofísica de las auras y los fluidos, está en vigor la misma ley que en la electro física, deberíamos llamar a “simpatía” el consorcio de dos ondas heterogéneas y, por esta misma razón, complementarias y "antipatía” el encuentro de dos ondas homogéneas y, por lo tanto, no complementarias, como en la electricidad, dos polos iguales (ser positivo: + +, ser negativo: - -) se repelen entre sí, y dos polos desiguales (+ -) se atraen, por lo que sucede, posiblemente , también en el campo psíquico. De modo que, para que haya simpatía instintiva entre dos personas, debe haber una cierta disparidad de auras, dos fluidos diferentes, pero complementarios entre sí, y que, cuando se unen, forman un todo completo y armonioso.
La atracción de los sexos ciertamente no se basa en la diversidad fisiológica, sino en la distancia de las auras, que encuentran una atracción vehemente al acercarse al polo opuesto. Cuanto más pronunciada y característica es la masculinidad o la feminidad, mayor es la atracción o la pasión, porque, de hecho, hay más bien un permiso de los poderes inconscientes que la acción de una voluntad consciente. Cuando el potencial eléctrico de dos polos desiguales es bastante alto, este potencial recorre un largo camino para unirse a su complemento natural, al igual que las auras poderosas no conocen ningún obstáculo cuando buscan el polo correspondiente.
La vida humana está entretejida con factores invisibles e incontrolables. Nuestro bienestar psíquico y físico, o malestar, casi siempre tiene su asiento principal en las regiones oscuras del subconsciente, donde los elementos poderosos se originan continuamente, invadiendo el área iluminada de nuestra vida consciente. Creemos que actuamos por tal o cual razón, y las fuerzas ocultas que emergen del subsuelo de nuestro Yo actúan sobre nosotros”.

Nota:
- Cualquiera que quiera conocer, con todo detalle, estas sesiones en Graz, lea la interesante y profunda monografía titulada: “Der wissenschaftliche Okkultismus und sein Verhaeltnis zur Philosophie” Alois Gatterer, 1927 Innsbruck
- John Godfrey Raupert publicó varios trabajos en inglés sobre fenómenos paranormales, entre ellos: “CHRIST and the power of darkness.”

A FOCUS ON PERSONAL AURAS

In April 1926, Huberto Rohden, as a Philosophy student at the University of Innsbruck, Austria, together with Professor Aloisio Gatterer, philosopher, a scholar on the hidden forces of the human microcosm, psychic and mediumistic research, undertook a study trip to the city of Graz where one of the most famous mediums of the last century lived, Maria Silbert.
The sessions were usually held at night, in a closed room at the medium's residence in the presence of eight specialists in the fields of Psychology, Philosophy, Theology, Chemistry and a former imperial adviser from Austria, also from the University of Innsbruck.
In discussing these phenomena, Rohden spent hours in meetings with another eminent scholar in the field, John Godfrey Raupert, a scientist at the Society for Psychical Research in London. These studies included research on phenomena of thought transmission, luminous phenomena, spiritual and object materializations, spiritual messages and a particular session for identifying personal auras.
“One of the most interesting studies I did, during these long nights of meta-psychic sessions, paraphysical or occultists was the investigation of human auras.
We sat without a defined place around the table and deposited on the floor, under that table, small objects, such as clocks, pocket knives, cigarette cases, which after some time disappeared mysteriously, without the medium making the slightest movement, for her movements of hands and feet were strictly controlled by us. They disappeared - and then reappeared, slowly descending from above, suspended in the air. Maria Silbert, taking the object, placed it with unfailing accuracy, in front of the owner, which surprised us greatly, for she had never seen the object before, which had been placed under the table before her arrival in the room.
On one of those days, keenly interested in the study of auras, on which we had examined abundant literature, Prof. Gatterer and I went to a store to buy small souvenir items to serve in the phenomena of telekinesis (movement of objects without the apparent contact of any source). In order not to impregnate these objects with our aura, we had they wrapped in paper, and so we carried them cautiously employing string where the object was hung, sharing them between us to try to confuse the medium and making it difficult for her to identify it.
Before the session, in the absence of the medium, we placed these objects under the table. At one point, they went up and were caught in the air by her - and she didn't know who the owner was. She placed the object before me or before Prof. Gatterer, leaving it, finally, between us, on the table, because the medium was able to perceive an infinitesimal fraction of aura that our proximity may have “contaminated” the objects, and she even distinguished this double aura, which disoriented her.
It was thus proven experimentally that the medium identified the owner of any object by its aura.
It makes me think of certain phenomena in social life.
The presence of certain people inspires us with instinctive sympathy, while the presence of others fills us with dislike, even for no external reason. Some people disturb us, others calm us down. Some elevate us, others depress us, without saying a word. Some are beneficial, others are evil, without the guilt or merit of these people. It is possibly a constellation of auras in this case or an invisible play of personal fluids. There may be between two or more people auras of attraction or repulsion, depending on the intimate nature of these elements that are difficult to assess. Just as in the physics of light, sound, electricity, there is overlap and interference of waves, one producing intensification, and the other a decrease - so there may also be on the psychic and spiritual level a kind of overlap or interference of waves, resulting from this a harmony or disharmony of auras, and, consequently, a pleasant sensation (sympathy) or an unpleasant one (dislike). In case of perfect balance or reciprocal extinction, we would perhaps have a phenomenon of apathy. All of this takes place in the area of our subconscious, out of reach of the vigilant control of our conscious Self.
“Genius mismatch” says married people, and others in our daily life, when, perhaps, they should say: “Lack of complementary auras.”
There are cases in which the auras, which at first, are incompatible, later sympathize, gradually tuning out their discordant waves - just as the opposite happens, succeeding the initial wave of harmony, another of disharmony and incompatibility.
If, in the psychophysical sphere of auras and fluids, there is the same law which we observe in electro physics, we should call “sympathy” the consortium of two heterogeneous waves, and for that reason, complementary - and “antipathy” the encounter of two homogeneous, and therefore non-complementary waves, as well as in electricity two equal poles (be positive: + +, be negative: - -) repels, and two unequal poles (+ –) attracts, so it is possible, also in the psychic realm. So that to have instinctive sympathy between two people there should be a certain disparity of auras, two different but complementary fluids, and that, when united, would form a complete, harmonious whole.
The attraction of the sexes is certainly not based on physiological diversity, but on the distance from the auras, which find a vehement attraction when approaching the opposite pole. The more pronounced and characteristic the masculinity or the femininity, the greater is the attraction, or, the passion, because there is, in fact, permission from unconscious powers rather than the action of a conscious will. When the electrical potential of two unequal poles is quite high, this potential goes a long distance to join its natural complement - just as powerful auras do not know any obstacles when looking for the corresponding pole.
Human life is interwoven with invisible and uncontrollable factors. Our psychic and physical well-being or malaise almost always has its main headquarters in the penumbral regions of the subconscious, where powerful elements originate without ceasing, invading the illuminated area of our conscious life. We think we act for this or that reason - and we are acted upon by hidden forces that emerge from the underground of our Self.”

Note:
- Anyone who wants to know, in full detail, these sessions in Graz, read the interesting and profound monograph entitled: “Der wissenschaftliche Okkultismus und sein Verhaeltnis zur Philosophie” Alois Gatterer, 1927 Innsbruck
- John Godfrey Raupert published several works in English on paranormal phenomena, among them: “CHRIST and the power of darkness.”

Wednesday 22 April 2020

SABER VIVER

O texto abaixo, revisado e acrescentado, é de uma homenagem feita pelo Dr. Moacir Cunha durante o encerramento do curso de Filosofia administrado por Huberto Rohden em São Paulo, Brasil, em 1961.

Saber viver é a arte que menos gênios produziu, de tão difícil e complicada que ela é. Por isso mesmo, é extensa a gama de filosofias da vida; vai do extremo egocentrismo simbolizado pela expressão: “depois de mim, o dilúvio”, ao extremo misticismo, definido pelo dístico escrito no pórtico de um convento de frades trapistas na França, que vivem mortos para o mundo: “O prazer de morrer sem pesar, compensa o pesar de viver sem prazer”.
A fonte dos grandes males que assolam o homem é causada pela não contensão dos desejos do indivíduo ... se quer, quer, e se quer cada vez mais e mais, numa ganância exacerbada, sem dar o devido valor ao que já se tem. Uma reflexão sobre essa situação do querer, vem imediatamente em benefício próprio e no dos demais semelhantes. Outro grande mal que exige orientação, é o fato de que o homem raramente analisa os atos de seu semelhante, e parte para as críticas, perdendo a oportunidade de aprender com os erros alheios. A inveja é outra grande doença.
O mais imediato que se deve fazer, independente das circunstâncias, é, sobretudo, procurar fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem a nós, ou seja, colocar em prática a ética do segundo mandamento.
Constâncio Vigil, famoso escritor uruguaio de literatura infantil, certa vez escreveu: “Nos causa espanto encontrar um ser humano bom e não termos vergonha do espanto que sentimos”. Procuremos ser esse ser humano bom, agora, quando a humanidade se acha dominada pela ânsia de enquadrar nos limites estreitos de uma vida, todas as possibilidades de usufruir prazeres; quando é desenfreada a carreira para o sucesso, em qualquer de seus aspectos, obtido à custa do endurecimento dos corações.
O ser humano deve se convencer intimamente do sábio conselho do Eclesiástico: “Quem quiser ser rico, não aumente na riqueza, mas diminua na cobiça”. E aprenda que as grandes e duráveis satisfações se originam de pequenas coisas que, realmente, não surgem para os que não são capazes de descobri-los e de compreende-los. É no mundo imenso das coisas pequeninas que se extraem as mais serenas alegrias e o assunto para as mais proveitosas meditações.
Portanto, vale aqui repetir o adágio: “Não acha o que encontra quem não sabe o que procura”.

Nota:
Thomas Merton foi um monge trapista franco-americano, escritor, teólogo, místico, poeta, ativista social e estudioso de diferentes religiões além de espiritualista. Era também pacifista, advogava justiça social e vivia uma vida monástica de intensos momentos de meditação e silêncio interior. Escreveu diversos livros sobre espiritualidade e sua obra mais reverenciada é A Montanha dos Sete Patamares.

SABER VIVIR

El texto a continuación, revisado y agregado, es un homenaje realizado por el Dr. Moacir Cunha durante el cierre del curso de Filosofía administrado por Huberto Rohden en São Paulo, Brasil, 1961.

Saber vivir es el arte que menos genios producen, de tan difícil y complicada que es. Por esta misma razón, el rango de filosofías de la vida es extenso; va desde el egocentrismo extremo simbolizado por la expresión: “después de mí, el diluvio”, hasta el misticismo extremo, definido por el pareado escrito en el pórtico de un convento de monjes trapenses en Francia que viven ajenos a las cosas del mundo exterior: “El placer de morir sin arrepentimiento, compensa el arrepentimiento de vivir sin placer”.
La fuente de los grandes males que asola al hombre es causada por la no contención de los deseos del individuo ... si quiere, quiere y quiere cada vez más, en una avaricia exacerbada, sin tener en cuenta lo que ya tiene. Una reflexión sobre esta situación de querer viene inmediatamente en beneficio propio y de los demás. Otro gran mal que requiere orientación es el hecho de que el hombre rara vez analiza las acciones de su prójimo y pasa a la crítica, perdiendo la oportunidad de aprender de los errores de otras personas. La envidia es otra grande enfermedad.
Lo más inmediato que se puede hacer, independientemente de las circunstancias, es, sobre todo, tratar de hacer a los demás lo que nos gustaría que nos hicieran, es decir, poner en práctica la ética del segundo mandamiento.
Constâncio Vigil, un famoso escritor uruguayo de literatura infantil, una vez escribió: “Nos asombra encontrar un buen ser humano y no avergonzarnos del asombro que sentimos”. Intentemos ser ese buen ser humano, ahora, cuando la humanidad está dominada por el deseo de encajar en los estrechos límites de una vida, todas las posibilidades de disfrutar de los placeres; cuando la carrera para el éxito es desenfrenada, en cualquiera de sus aspectos, obtenida a expensas del endurecimiento de los corazones.
El ser humano debe estar íntimamente convencido de los sabios consejos eclesiásticos: “Quien quiera ser rico, no aumente su riqueza, sino que disminuya su codicia”. Y aprenda que las grandes y duraderas satisfacciones provienen de pequeñas cosas que realmente no surgen para aquellos que no pueden descubrirlas y comprenderlas. Es en el inmenso mundo de las cosas más pequeñas donde se extraen las alegrías más serenas y el tema de las meditaciones más rentables.
Por lo tanto, vale la pena repetir el adagio aquí: “No encuentras lo que busca si no sabe lo que estás procurando”.

Nota:
Thomas Merton fue un monje trapense franco-estadounidense, escritor, teólogo, místico, poeta, activista social y erudito de diferentes religiones, así como un espiritualista. También fue pacifista, abogó por la justicia social y vivió una vida monástica de intensos momentos de meditación y silencio interior. Escribió varios libros sobre espiritualidad y su obra más venerada es La Montaña de los Siete Círculos.

LEARN TO LIVE

To know how to live is an art that produced fewer geniuses, for it is so difficult and complicated the art of living. For this very reason, the range of life's philosophies is extensive; it goes from the extreme egocentrism symbolized by the expression: “after me, the deluge”, to the extreme mysticism, defined by the writings on the portico of a Trappist’s monk convent in France, who live absent from the world: “The pleasure of dying without regret compensates the regret of living without pleasure.”
The source of the great evils that plague man is caused by the non-contention of the individual's desires ... if he wants, wants, and wants more and more, in an exacerbated greed, without giving due consideration to what he already has. A reflection on this situation of wanting immediately comes to one's benefit and that of other fellows. Another great evil that requires guidance is the fact that man seldom analyzes the actions of his fellows, and goes on to criticism, missing the opportunity to learn from the mistakes of others. Envy is another great disease.
The most immediate thing to do, regardless of the circumstances, is, above all, to try to do to others what we would like them to do to us, that is, to put into practice the ethics of the second commandment.
Constâncio Vigil, a famous Uruguayan writer of children's literature, once wrote: “We are astonished to find a good human being and not to be ashamed of the astonishment we feel”. Let us try to be that good human being, now, when humanity is dominated by the desire to fit in the narrow limits of life, all the possibilities of enjoying pleasures; when the career for success is rampant, in any of its aspects, obtained at the expense of the hardening of hearts.
Humanity must be intimately convinced of the wise advice from the Ecclesiastes: “Whoever wants to be rich, do not increase in wealth, but decrease in greed”. And learn that the great and lasting satisfaction comes from little things that do not arise for those who are not able to discover and comprehend them. It is in the immense world of little things that the most serene joys and the subject for the most profitable meditations are extracted.
Therefore, it is worth to repeat the adage: “If I do not know what I'm looking for, I will never find anything”.

Note:
Thomas Merton was a French-American Trappist monk, writer, theologian, mystic, poet, social activist and scholar of different religions as well as a spiritualist. He was also a pacifist, advocated social justice and lived a monastic life of intense moments of meditation and inner silence. He wrote several books on spirituality and his most revered work is the Seven Storey Mountain.

Tuesday 21 April 2020

HOMEM VELHO – HOMEM NOVO

O texto abaixo é de uma saudação feita ao professor Huberto Rohden proferida pelo Dr. Jamil Feres, na aula de encerramento dos cursos de Filosofia Cósmica e Filosofia do Evangelho, em 1960, no Rio de Janeiro, Brasil.
Desde que voluntariamente abandonou o clero romano, por divergir da forma com que este conduz seu próprio evangelho, e não o Evangelho do Cristo Jesus, Huberto Rohden, poliglota, professor na Universidade Americana de Washington, bolsista do Seminário Teológico da Universidade de Princeton, onde pode conviver por dois anos com Albert Einstein e doutor em teologia e religiões comparadas por universidades europeias, viajou o Brasil inteiro e parte do mundo dando palestras, conferências, participando de seminários e congressos.
Em meio à essa jornada, estabeleceu a Fundação Beneficente Alvorada que mantém o seu legado espiritual, em divulgar seus livros, cursos e meditações; escreveu cerca de 100 livros, 65 dos quais publicados, todos voltados à uma nova conscientização crística, e incansavelmente pelo ideal de uma nova ordem social cristã, até o final de seus dias, com 87 anos, em 1981, deixando como legado, além de suas obras, sua frase de despedida em seu último momento em estado consciente: “Eu vim para servir a humanidade”.
O tema se refere ao homem adâmico da velha humanidade, do homem dos tempos selvagens em que ainda hoje vive; das guerras e armistícios, da corrida materialista, cujos valores e atitudes, estão sendo relegados a ações e reações, no absoluto desprezo à origem espiritual crística de sua própria natureza. E ao homem da nova humanidade, o homem crístico, que deixou as velhas planícies áridas da mediocridade e alcançou o topo dos mais altos cumes de sua sabedoria, cujo lema é a vivência da mística divina e a experiência ética com todos os seres da natureza.
“Homem Velho e Homem Novo, eis a chave de todos os problemas, a síntese de toda a doutrina! “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.”
Sim, a Verdade redime, a Verdade liberta! Nos liberta das tiranias e dos limites impostos pelo ego mefistofélico.
Homem Velho, que deve se integrar e se submeter definitivamente ao renascimento espiritual, ao Eu profundo e crístico;
Homem Novo, a que se refere o apóstolo do ideal divino, Paulo de Tarso;
Homem Velho, egocêntrico, escravo dos instintos, entregue à preguiça, à avareza, à luxúria;
Homem Novo, Teocêntrico, voltado ao Cristo, que vai além das barreiras creadas pela mente, que superou a si mesmo, que rompeu suas algemas, com as suas tendências ao ócio, que se livrou da ganância - e dominou a atração dos confortos e dos prazeres;
Homem Velho, fascinado apenas pelos cinco sentidos, um sensual inveterado, incapaz de outras preocupações que não sejam as dos seus interesses imediatos;
Homem Novo, que integra o seu pensamento e sua mente no grande Eu divino e que tem a coragem de viver as suas ideias e morrer por seus ideais, pois homem sem ideal não é um homem completo, não é um homem integral!
Homem Velho, o que manifesta horror a toda vida de sacrifício, atado e dominado pelos “corpos mortíferos”, de que nos fala o Apóstolo dos Gentios, saturado de pecados e de vícios;
Homem Novo, que mesmo enfrentando sacrifícios, não deixa de lutar por um ideal, o misterioso prazer do espírito que vivifica iluminando-o de indescritível alegria íntima, despertando os valores positivos da sua individualidade!
Homem Velho, fatalista, com aversão a tudo o que é novo e à toda transformação, doente da falta de vontade, que se entrega ao movimento das ondas como um boneco que rola no mar dos acontecimentos;
Homem Novo, que se libertou da onda asfixiante de todas as circunstâncias que se juntam para o aniquilar e domina as investidas do ego tirânico, e combate o bom combate, não apenas com o objetivo de vencer, mas pelo delicioso encantamento da própria batalha;
Homem Velho, o que ficou para trás, algemado, prisioneiro de um passado morto;
Homem Novo, o que vai para a frente, em busca do futuro;
Homem Velho, que vive a vida prosaica, escravo da rotina e do quotidiano, prisioneiro do comodismo e dos interesses egoísticos e subalternos;
Homem Novo, que superou tudo isso e conhece a Vida Heroica, essa maravilhosa vida que é um dom do Céu, mas que há de ser conquistada por nós mesmos, pela nossa atitude, pelas nossas vivências, pelo nosso esforço na busca de novos valores éticos, morais e espirituais;
Homem Velho, ávido de todos os prazeres, esgotado e impenitente gozador, em busca do máximo de estímulos externos, para conseguir um mínimo de felicidade;
Homem Novo, o pobre pelo espírito, que se libertou dos objetos materiais e a quem bastam estímulos mínimos para um máximo de felicidade!
Destruir o Homem Velho, moldá-lo no Homem Novo e dizer... usa-me, Senhor!
Cooperemos com o Mestre eminente. Integremos o Homem Velho no Homem Novo e teremos realizado o Homem Cósmico, o Homem Crístico, o Homem Integral: corpo, mente e espírito, numa perfeita hierarquia de valores, em perfeita harmonia com o Infinito e na mais estreita comunhão com Deus!”