O texto abaixo é de uma saudação feita ao professor Huberto Rohden proferida pelo Dr. Jamil Feres, na aula de encerramento dos cursos de Filosofia Cósmica e Filosofia do Evangelho, em 1960, no Rio de Janeiro, Brasil.
Desde que voluntariamente abandonou o clero romano, por divergir da forma com que este conduz seu próprio evangelho, e não o Evangelho do Cristo Jesus, Huberto Rohden, poliglota, professor na Universidade Americana de Washington, bolsista do Seminário Teológico da Universidade de Princeton, onde pode conviver por dois anos com Albert Einstein e doutor em teologia e religiões comparadas por universidades europeias, viajou o Brasil inteiro e parte do mundo dando palestras, conferências, participando de seminários e congressos.
Em meio à essa jornada, estabeleceu a Fundação Beneficente Alvorada que mantém o seu legado espiritual, em divulgar seus livros, cursos e meditações; escreveu cerca de 100 livros, 65 dos quais publicados, todos voltados à uma nova conscientização crística, e incansavelmente pelo ideal de uma nova ordem social cristã, até o final de seus dias, com 87 anos, em 1981, deixando como legado, além de suas obras, sua frase de despedida em seu último momento em estado consciente: “Eu vim para servir a humanidade”.
O tema se refere ao homem adâmico da velha humanidade, do homem dos tempos selvagens em que ainda hoje vive; das guerras e armistícios, da corrida materialista, cujos valores e atitudes, estão sendo relegados a ações e reações, no absoluto desprezo à origem espiritual crística de sua própria natureza. E ao homem da nova humanidade, o homem crístico, que deixou as velhas planícies áridas da mediocridade e alcançou o topo dos mais altos cumes de sua sabedoria, cujo lema é a vivência da mística divina e a experiência ética com todos os seres da natureza.
“Homem Velho e Homem Novo, eis a chave de todos os problemas, a síntese de toda a doutrina! “Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.”
Sim, a Verdade redime, a Verdade liberta! Nos liberta das tiranias e dos limites impostos pelo ego mefistofélico.
Homem Velho, que deve se integrar e se submeter definitivamente ao renascimento espiritual, ao Eu profundo e crístico;
Homem Novo, a que se refere o apóstolo do ideal divino, Paulo de Tarso;
Homem Velho, egocêntrico, escravo dos instintos, entregue à preguiça, à avareza, à luxúria;
Homem Novo, Teocêntrico, voltado ao Cristo, que vai além das barreiras creadas pela mente, que superou a si mesmo, que rompeu suas algemas, com as suas tendências ao ócio, que se livrou da ganância - e dominou a atração dos confortos e dos prazeres;
Homem Velho, fascinado apenas pelos cinco sentidos, um sensual inveterado, incapaz de outras preocupações que não sejam as dos seus interesses imediatos;
Homem Novo, que integra o seu pensamento e sua mente no grande Eu divino e que tem a coragem de viver as suas ideias e morrer por seus ideais, pois homem sem ideal não é um homem completo, não é um homem integral!
Homem Velho, o que manifesta horror a toda vida de sacrifício, atado e dominado pelos “corpos mortíferos”, de que nos fala o Apóstolo dos Gentios, saturado de pecados e de vícios;
Homem Novo, que mesmo enfrentando sacrifícios, não deixa de lutar por um ideal, o misterioso prazer do espírito que vivifica iluminando-o de indescritível alegria íntima, despertando os valores positivos da sua individualidade!
Homem Velho, fatalista, com aversão a tudo o que é novo e à toda transformação, doente da falta de vontade, que se entrega ao movimento das ondas como um boneco que rola no mar dos acontecimentos;
Homem Novo, que se libertou da onda asfixiante de todas as circunstâncias que se juntam para o aniquilar e domina as investidas do ego tirânico, e combate o bom combate, não apenas com o objetivo de vencer, mas pelo delicioso encantamento da própria batalha;
Homem Velho, o que ficou para trás, algemado, prisioneiro de um passado morto;
Homem Novo, o que vai para a frente, em busca do futuro;
Homem Velho, que vive a vida prosaica, escravo da rotina e do quotidiano, prisioneiro do comodismo e dos interesses egoísticos e subalternos;
Homem Novo, que superou tudo isso e conhece a Vida Heroica, essa maravilhosa vida que é um dom do Céu, mas que há de ser conquistada por nós mesmos, pela nossa atitude, pelas nossas vivências, pelo nosso esforço na busca de novos valores éticos, morais e espirituais;
Homem Velho, ávido de todos os prazeres, esgotado e impenitente gozador, em busca do máximo de estímulos externos, para conseguir um mínimo de felicidade;
Homem Novo, o pobre pelo espírito, que se libertou dos objetos materiais e a quem bastam estímulos mínimos para um máximo de felicidade!
Destruir o Homem Velho, moldá-lo no Homem Novo e dizer... usa-me, Senhor!
Cooperemos com o Mestre eminente. Integremos o Homem Velho no Homem Novo e teremos realizado o Homem Cósmico, o Homem Crístico, o Homem Integral: corpo, mente e espírito, numa perfeita hierarquia de valores, em perfeita harmonia com o Infinito e na mais estreita comunhão com Deus!”
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