Wednesday, 27 January 2021

HUMAN NUPTIALS AND DIVINE NUPTIALS

Racial life on earth is perpetuated by human nuptials - individual heavenly life is realized by divine nuptials.

In all literature, inside and outside Christianity, the mystical experience invariably appears in the erotica experience. In the Bible, it is not only in Solomon's “Song of Songs”, but also in the Gospel of Jesus, where the mystical and the erotica, i.e., Eros and Logos appear walking side by side.

To comprehend, in some way, such a paradoxical mystery, we must see it from the following perspective: Life is the quintessence of the Cosmos. Life is Divinity, Brahman, Tao, Yahveh. The reality of the Cosmos is life.

It is of the intimate nature of life, that it manifests itself in the form of existence, which are the living beings, where eternal divinity is unceasingly revealed in its temporary existences, forming the Cosmos, the unity in diversity.

The Cosmos is the life that manifests itself in living beings.

However, living beings, being unable to perpetuate themselves individually, have the irresistible tendency to perpetuate themselves racially, in the immortality of the species.

The impossibility of individual immortality is replaced by the possibility of racial immortalization.

The sexual instinct - libido, in the animal world, erotica, in the world of humans - is at the service of the immortalization of the species, and therefore, the irresistible enthusiasm of the human being for sex, since it is the categorical imperative of life that living beings perpetuate.

In the world of humans with more evolved spirituality, the mystique realizes, on the individual level, the immortality of the individual, whereas the erotica realizes the immortality of the species.

Erotica and mystique, as it turns out, are at the service of immortality, each in its own sphere.

For this reason, the strange affinity between the sexual imperative, which aims to proclaim racial immortality, and the spiritual imperative, which creates individual immortality. Creation overcomes procreation.

At the level of the greater spiritual experience, the erotica tendency decreases in proportion to the growth of the mystical experience; when the mystical experience reaches its zenith, the erotica tendency goes down to the deepest nadir. Qualitative immortality extinguishes the desire for quantitative immortalization.

Great mystics are generally endowed with an irresistible erotic potential - not in the sense that, before they became mystics, they must have been dynamically erotic, as we see in the lives of St. Augustine and Mahatma Gandhi; but in the sense that an intense vitality, which reveals itself in erotic potentiality, can manifest itself in mystical potency, as in the case of Francis os Assisi, and, above all, of Jesus, in which no dynamic eroticism appears, but the potential ones appear manifested directly in streamlined mystique. Healthy erotica that can awaken in a great mystique.

Given these premises, it is possible to comprehend, in some way, the constant parallel between erotica and mystique, between human nuptials and divine nuptials.

Hindu masters of tantric yoga even recommend to their disciples the practice of interrupting the sexual orgasm of human erotica at the peak, to suddenly enter the spiritual enthusiasm of divine mystique. Such practice seems like a sadistic challenge for a couple, but it is based on the implicit assumption that there is a hidden affinity between Eros and Logos. And, in reality, both the erotica and the mystique revolve around the beginning of a new life, either in the horizontal level of conscious human egos interested in perpetuating humanity's racial life or in the vertical dimension of the superconscious divine Self, responsible for the immortalization of man's individual life.

In erotic orgasm, there is a momentary union of two individual lives, which eventually results in yet another individual perpetuating the species.

And the mystical enthusiasm is similar to a plunge of the individual human life into the immense ocean of the Universal Life of Divinity, and at this moment, awakens the immortal life integrated into the Divinity. The result of this conception is not that of a separate individual but is himself with a new dimension of existence. It can be said that, in the mystical experience, a self-conception occurs: the man able of being immortalized becomes immortalized; the culminating point in human life is this self-conception, in giving birth to oneself, or in the famous phrase of Jesus: “Whoever is not born again by the spirit cannot see the Kingdom of God”.

- Erotica, which is the mystique of the flesh, perpetuates the racial immortality of humanity.

- Mystique, which is the erotica of the spirit, realizes the individual immortality of man.

Freud, in his book “Eros and Thánatos”, wrote as if feeling the affinity between Love and Death. If there were not the death of individuals, there would be no need for Eros, destined to fill with new life the gaps that Thánatos opens in individual lives. Eros balances the negative balance that Thánatos incessantly causes.

But when the Eros of the ego culminates in the Lógos of the Self, there is no place for Thánatos anymore, because Lógos is Athánatos, immortality. When the mystique reaches its zenith, the erotica descends to the nadir. The mystique in its plenitude is not purified erotica, but erotica totally surpassed by the mystique.

Thursday, 21 January 2021

REALIDADE, OU REALIDADES?

O alicerce da verdadeira felicidade é o exercício da Verdade, que é a consciência da realidade e a vivência com essa a realidade. Realidade, no singular, pois o homem profano fala em realidades, e para ele as realidades são tantas quantos os fenômenos ou eventos individuais que seus sentidos conseguem identificar. Ele é, necessariamente, pluralista, uma vez que os sentidos nos revelam pluralidade sem unidade. Mas o homem espiritualmente maduro é ciente da grande Unidade do Cosmos. Não quer dizer que ele negue a pluralidade, como se os fenômenos fossem simples miragens, irrealidades, o vazio ou ilusão dos nossos sentidos. Não, ele, por ser um vidente, sabe que o mundo dos fenômenos não é fictício, uma projeção existente do nosso Eu; mas sabe que esses fenômenos que afetam os nossos sentidos não têm auto realidade, conteúdo íntimo, existência autônoma; sabe que a chamada “realidade” das coisas sensórias é uma realidade meramente externa. Esse homem altamente espiritual está na unidade e na pluralidade.

A realidade única está aqui, onde estou, onde o animal vive, onde a planta vegeta, onde o mineral existe – mas nem todos os seres percebem a realidade em toda a sua amplitude. Há uma infinita escala de percepções, de acordo com a habilidade de quem percebe. O grau de percepção ou consciência, determina a perfeição de um ser, na imensa hierarquia ascendente dos seres. Um ser totalmente consciente, é, por isto mesmo, infinitamente perfeito, e um só. Um ser destituído de percepção ou consciência seria inexistente, um puro nada. Todos os seres, pelo próprio fato de existirem como entidades reais, possuem certo grau de percepção ou consciência, que podem ser primitivos, e que fazem com que os seres humanos altamente perceptivos ou conscientes, considerem esses seres como não perceptivos ou inconscientes.

A não percepção de uma realidade, pode provir também de uma causa contrária, de um grau de realidade excessivamente elevado para os sentidos de percepção, como acontece, por exemplo, com as ondas luminosas de frequência superior ao poder visual dos nossos olhos, e inúmeras outras vibrações que não afetam os nossos órgãos sensitivos, ou então os destroem instantaneamente com o seu extremo poder; assim como não percebemos normalmente, a realidade das vibrações de altíssima frequência sonora, que é para nossos ouvidos “irrealidade sonora”, ou silêncio.

Coisa análoga acontece no nível da consciência; uma consciência excessivamente elevada escapa à nossa verificação consciente, afetando-nos como “inconsciência”. Nenhum ser individual pode ter de Deus uma percepção absolutamente perfeita, plena e integral. Deus, a Consciência Infinita, a consciência total, é tão intensamente consciente que a sua consciência nos parece, como seres debilmente conscientes, inconsciência.

O indivíduo não percebe a realidade assim como ela é, mas assim como ele a enxerga, e como já diziam os antigos filósofos: o conhecido está no indivíduo que conhece segundo o seu modo de conhecer.

O homem percebe Deus de acordo com o seu nível de consciência dessa realidade, mas na medida em que ele gradativamente se diviniza, perceberá Deus de um modo mais divino, isto é, mais verdadeiro. A princípio, existe uma enorme distância entre o objeto percebido (Deus) e o ato de perceber no homem em sua infância espiritual, sendo essa distância diminuída à medida que ele amadurece espiritualmente, tendo assim, uma percepção mais verdadeira de Deus.

O homem profano possui um máximo de subjetividade, que só a ele interessa ou pertence, e um mínimo de objetividade, no que tange ao mundo divino – ao passo que o iniciado, o místico, o vidente, o verdadeiro santo, possui altíssimo grau de objetividade e mínimo grau de subjetividade. E, como o objeto conhecido é universal por natureza (Deus), o iniciado se torna universal, cósmico, na razão direta em que se aproxima de Deus pela sua intuição. E, uma vez que Deus é a essência de todas as coisas, o iniciado, estando identificado com Deus, está também identificado com todas as manifestações de Deus, as creaturas, os fenômenos da natureza. Por mais estranho que pareça, é absolutamente certo que ninguém está mais próximo da natureza, ninguém vive em maior intimidade com as creaturas do que aquele que vive identificado com o Creador, porque, sendo ele “um com o Pai”, é também um com todos os seres que são um com Deus, pois todos os videntes e amantes do Deus do mundo sempre compreenderam e são amigos do mundo de Deus.

Devido a essa divina intimidade com a natureza, o iniciado é um homem amigo e aliado da natureza e que usa as leis naturais com a mesma espontânea facilidade com que um amigo usa os bens de outro amigo, porque existe entre eles uma comunhão.

O profano intelectualizado julga ter submetido a natureza à sua vontade, e se julga senhor e soberano do mundo da física e da química – pura ilusão! A natureza serve ao homem unicamente porque o homem tem que se submeter às leis da natureza, da qual pouco ainda conhece; mas, no mesmo instante em que o homem contrariar uma só das leis naturais, a natureza se revolta implícita ou implicitamente contra o homem. O homem profano, intelectualizado, não é amigo e aliado, mas inimigo e explorador da natureza; a natureza não coopera com esse homem, como nenhum escravo colabora verdadeiramente com seu tirano senhor; a natureza obedece ao homem a contragosto, intimamente revoltada, em face dos monstruosos crimes que o homem “civilizado” e mecanizado comete contra ela, dia a dia, a serviço de seu abominável egoísmo e ganância. O homem está divorciado da natureza e a natureza vinga-se do homem explorador, não apenas em forma de milhares de acidentes, mas também com uma legião de moléstias, físicas e mentais, que ela desencadeia, em escala crescente, contra o seu impiedoso usurpador.

O único homem realmente senhor das leis da natureza é o iniciado, o santo, o homem cristificado: porquanto, só pode ser senhor da natureza quem lhe é amigo e aliado – e só pode ser amigo e aliado da natureza o homem identificado com o Senhor da natureza, que é ao mesmo tempo seu maior amigo, Deus.

Numa dimensão mais evoluída espiritualmente, conhecer é o mesmo que poder; saber é poder. O verdadeiro saber é uma experiência vital e profunda da intuição creadora do homem.

A infinita sapiência de Deus é o onipotente Creador do Universo – e a divina sapiência do homem que conhece a Deus é a sua potência irresistível que “remove montanhas”, e para a qual não existe o “impossível.”

O dom natural perceptivo dos seres, nos diversos planos, pode ser, por exemplo, comparado a uma rede de pescar: uma rede de malhas largas corresponde ao poder sensitivo que temos em comum com o mundo animal. Nesses vãos apanhamos certos fenômenos de natureza muito primitiva e grosseira, como são as coisas do mundo físico material, ao passo que outras realidades mais finas e sutis escapam pelas malhas mais largas da rede.

Uma rede de malhas finas simboliza o nosso poder intelectivo, um dom natural humano, que capta coisas mais refinadas do que os órgãos sensitivos, como os fatos do mundo imaterial, metafísico, lógico, racional; as relações causais existentes entre os seres individuais da natureza, sobre a qual está baseada toda a cultura científica e técnica do homem. A própria palavra “intelecto” ou, “inteligência” define admiravelmente a função específica dessa habilidade: pelo intelecto o homem interpreta as realidades existentes dos seres individuais, realidades que para as malhas grosseiras dos sentidos são irrealidades, coisas inexistentes, pelo fato de não afetarem esses órgãos primitivos.

Finalmente, a rede de malhas ultra finas, representa o poder intuitivo, que retém o que existe de mais fino e sutil no Universo, a Realidade Espiritual!

O homem meramente intelectualizado não pode compreender as realidades do mundo espiritual, porque fogem às malhas não suficientemente sutis da sua rede intelectiva. Por mais que o homem espiritual procure e tente explicar a seu irmão meramente intelectual o que é Deus, Cristo, vida eterna, etc., ele não consegue captar o verdadeiro sentido dessas palavras, que passa imperceptível através das suas largas malhas intelectuais; para ele, “Deus” é uma “palavra sagrada”, ou mesmo uma “ideia poética”, mas de forma alguma uma “realidade objetiva”.

Quando Santo Agostinho foi interrogado sobre o que era Deus, ele respondeu: “Se ninguém me pergunta, eu sei o que é Deus – mas, se alguém me pergunta, confesso que não sei.” Quer dizer, intelectualmente, ele ignora, espiritualmente sabe o que é Deus; mas, como essa sutil realidade apanhada pela rede do espírito não é analisável e definível pela rede primitiva da inteligência, se pode ter a experiência intuitiva de Deus, sem poder dar dele uma definição intelectiva.

O que o homem intelectual deve fazer para compreender o mundo espiritual não é intensificar a sua inteligência – que seria a continuação da mesma linha horizontal – mas tomar outra direção – a direção da verticalidade. Evidentemente, não se chega a ter uma vertical pela adição ou multiplicação de horizontais e mais horizontais; é necessário abandonar esse plano e iniciar um rumo diferente.

Essa mudança da horizontal para a vertical é o que se chama conversão, redenção, salvação, que não é a soma total das intelectualidades horizontais, mas é um novo início, uma direção inédita, uma “vida nova”, um “renascimento pelo espírito”, o descobrimento de um novo mundo até então nebuloso e ignorado. Não é uma “continuação” de algo pré-existente, mas é um “novo início”, um fato virgem, absolutamente original – é uma deslumbrante luz no meio das trevas.

É esta a razão por que esse “novo início” não pode ser manufaturado pelo “homem adâmico”, a partir de certos materiais pré-existentes e por ele inventados, mas por uma radical mudança de consciência, na sua unidade com o Infinito, com o gradativo abandono das tiranias do ego, e o renascimento de um novo homem em Cristo.

Texto revisado extraído do livro Profanos e Iniciados

¿REALIDAD O REALIDADES?

El fundamento de la felicidad verdadera es la búsqueda de la Verdad, que es la conciencia de la realidad y vivir con esta realidad. Realidad, en singular, porque el hombre profano habla de realidades, y para él las realidades son tantos como los fenómenos o eventos individuales que sus sentidos pueden identificar. Este hombre es, necesariamente, pluralista, ya que los sentidos revelan la pluralidad sin unidad. Pero el hombre espiritualmente maduro es consciente de la gran Unidad del Cosmos. Esto no significa que él niegue la pluralidad, como si los fenómenos fueran simples espejismos, irrealidades, el vacío o la ilusión de nuestros sentidos. No, él, siendo un vidente, sabe que el mundo de los fenómenos no es ficticio, una proyección existente de nuestro Yo esencial; pero él sabe que estos fenómenos que afectan nuestros sentidos no tienen realidad propria, contenido íntimo, existencia autónoma; él sabe que la llamada "realidad" de las cosas sensoriales es una realidad puramente externa. Este hombre altamente espiritual está en unidad y pluralidad.

La única realidad es aquí, donde estoy, donde vive el animal, donde crece la planta, donde existe el mineral, pero no todos los seres perciben la realidad en toda su amplitud. Existe un rango infinito de percepciones, según la habilidad del perceptor. El grado de percepción o conciencia determina la perfección de un ser, en la inmensa jerarquía ascendente de los seres. Un ser plenamente consciente es, por esta misma razón; infinitamente perfecto, y uno. Un ser sin percepción o conciencia sería inexistente, una nada pura. Todos los seres, debido a que existen como entidades reales, tienen un cierto grado de percepción o conciencia, que puede ser primitiva y que hace que los seres humanos altamente perceptivos o conscientes, considera a estos seres como no perceptivos o inconscientes.

La no percepción de una realidad, también puede provenir de una causa opuesta, de un grado de realidad alto para los sentidos de la percepción, como sucede, por ejemplo, con ondas de luz de una frecuencia superior al poder visual de nuestros ojos, e innumerables otras vibraciones que no afectan nuestros órganos de los sentidos, o los destruyen instantáneamente con su poder extremo; tal como normalmente no percibimos, la realidad de las vibraciones de muy alta frecuencia sonora, que es para nuestros oídos "irrealidad sonora" o silencio.

Algo similar sucede a nivel de conciencia; una conciencia excesivamente alta escapa a nuestra verificación consciente, y nos afecta como "inconsciencia". Ningún ser puede tener una percepción absolutamente perfecta, completa e integral de Dios. Dios, la Conciencia Infinita, la Conciencia Total, es tan intensamente consciente que su conciencia nos parece, como seres débilmente conscientes, como inconsciente.

El individuo no percibe la Realidad como es, sino cómo la ve, y como decían los antiguos filósofos: lo conocido está en el individuo que sabe según su manera de saber.

El hombre percibe a Dios de acuerdo con su nivel de conciencia de esta realidad, pero a medida que se divinice gradualmente, percibirá a Dios de una manera más divina, es decir, más verdadera. Al principio, existe una enorme distancia entre el objeto percibido (Dios) y el acto de percibir en el hombre en su infancia espiritual, reduciéndose esta distancia a medida que madura espiritualmente, teniendo así una percepción más verdadera de Dios.

El hombre profano tiene un máximo de subjetividad, que solo le interesa o le pertenece, y un mínimo de objetividad con respecto al mundo divino, mientras que el iniciado, el místico, el vidente, el verdadero santo, tiene un grado extremadamente alto de objetividad y grado mínimo de subjetividad. Y, como el objeto conocido es de naturaleza universal (Dios), el iniciado se vuelve universal, cósmico, en la razón directa de que se acerca a Dios a través de su intuición. Y, dado que Dios es la esencia de todas las cosas, el iniciado, al identificarse con Dios, también se identifica con todas las manifestaciones de Dios, las criaturas y los fenómenos de la naturaleza. Por extraño que parezca, es absolutamente seguro que nadie está más cerca de la naturaleza, nadie vive en mayor intimidad con las criaturas que el que vive identificado con el Creador, porque, siendo "uno con el Padre", también es uno con todos los seres que son uno con Dios, porque todos los videntes y amantes del Dios del mundo siempre han comprendido y son amigos del mundo de Dios.

Debido a esta intimidad divina con la naturaleza, el iniciado es un hombre que es amigo y aliado de la naturaleza y que usa las leyes naturales con la misma facilidad espontánea con la que un amigo usa los bienes de otro amigo, porque existe una comunión entre ellos.

El profano intelectualizado piensa que ha sometido la naturaleza a su voluntad, y piensa que es señor y soberano del mundo de la física y la química, ¡pura ilusión! La naturaleza sirve al hombre solo porque el hombre tiene que someterse a las leyes de la naturaleza, de las cuales todavía sabe poco; pero, al mismo tiempo que el hombre contradice solo una de las leyes naturales, la naturaleza se rebela implícita o explícitamente contra el hombre. El hombre profano e intelectualizado no es un amigo y aliado, sino un enemigo y explorador de la naturaleza; la naturaleza no coopera con este hombre, ya que ningún esclavo realmente colabora con su maestro tiránico; la naturaleza obedece al hombre a regañadientes, íntimamente rebelado, frente a los crímenes monstruosos que el hombre "civilizado" y mecanizado comete contra ella, día a día, al servicio de su abominable egoísmo y avaricia. El hombre está divorciado de la naturaleza y la naturaleza se venga del hombre explotador, no solo en forma de miles de accidentes, sino también con una legión de enfermedades, físicas y mentales, que desata, en una escala creciente, contra su despiadado usurpador.

El único hombre realmente señor de las leyes de la naturaleza es el iniciado, el santo, el hombre en Cristo: porque solo un amigo y aliado de la naturaleza puede ser señor de la naturaleza, y solo el hombre identificado con el Señor puede ser un amigo y aliado de la naturaleza, que es al mismo tiempo su mejor amigo.

En una dimensión más evolucionada espiritualmente, saber es lo mismo que poder; saber es poder. El verdadero conocimiento es una experiencia vital y profunda de la intuición creativa del hombre.

La sabiduría infinita de Dios es el Creador Omnipotente del Universo, y la sabiduría divina del hombre que conoce a Dios es su poder irresistible que "elimina montañas", y para el cual no hay "imposible".

El don natural perceptivo de los seres, en los diferentes planos, se puede comparar, por ejemplo, con una red de pesca: una red de mallas anchas corresponde al poder sensorial que tenemos en común con el mundo animal. En estos tramos captamos ciertos fenómenos de una naturaleza muy primitiva y burda, como lo son las cosas del mundo físico material, mientras que otras realidades más finas y sutiles escapan a través de las mallas más amplias de la red.

Una red de mallas finas simboliza nuestro poder intelectual, un don natural humano, que captura cosas más refinadas que los órganos de los sentidos, como los hechos del mundo inmaterial, metafísico, lógico y racional; las relaciones causales existentes entre los seres individuales de la naturaleza, en los que se basa toda la cultura científica y técnica del hombre. La misma palabra "intelecto" o "inteligencia" define admirablemente la función específica de esta habilidad: por intelecto, el hombre interpreta las realidades existentes de los seres individuales, realidades que para las gruesas mallas de los sentidos son irrealidades, cosas inexistentes, porque no afectan estos órganos primitivos.

Por último, la red de mallas ultrafinas, que representa el poder intuitivo, que conserva lo que es de más fino y sutil del Universo, ¡la Realidad Espiritual!

El hombre simplemente intelectualizado no puede comprender las realidades del mundo espiritual, porque escapan de las mallas no suficientemente sutiles de su red intelectual. No importa cuánto intente el hombre espiritual y trate de explicarle a su hermano meramente intelectual qué es Dios, Cristo, la vida eterna, etc., él no obtiene el verdadero significado de estas palabras, que pasan desapercibidas a través de sus amplias mallas intelectuales; para él, "Dios" es una "palabra sagrada", o incluso una "idea poética", pero de ninguna manera una "realidad objetiva".

Cuando se le preguntó a San Agustín qué era Dios, él respondió: "Si nadie me pregunta, sé qué es Dios, pero si alguien me pregunta, confieso que no lo sé". O sea, intelectualmente, él ignora, espiritualmente sabe lo que es Dios; pero, como esta realidad sutil atrapada por la red del espíritu no es analizable y definible por la red primitiva de inteligencia, uno puede tener la experiencia intuitiva de Dios, sin poder darle una definición intelectual.

Lo que el hombre intelectual debe hacer para comprender el mundo espiritual no es intensificar su inteligencia, que sería la continuación de la misma línea horizontal, sino tomar otra dirección: la dirección de verticalidad. Evidentemente, no se puede tener una vertical agregando o multiplicando horizontales y más horizontales; es necesario abandonar este plan y comenzar un curso diferente.

Este cambio de horizontal a vertical es lo que se llama conversión, redención, salvación, que es un nuevo comienzo, una dirección sin precedentes, una "nueva vida", un "renacimiento del espíritu", el descubrimiento de un nuevo mundo hasta ahora brumoso e ignorado. No es una "continuación" de algo preexistente, pero es un "nuevo comienzo", un hecho virgen, absolutamente original: es una luz deslumbrante en medio de la oscuridad.

Esta es la razón por la cual este "nuevo comienzo" no puede ser fabricado por el "hombre adámico", a partir de ciertos materiales preexistentes inventado por él, sino por un cambio radical de conciencia, en su unidad con el Infinito, con el abandono gradual de las tiranías del ego y el renacimiento de un nuevo hombre en Cristo.

REALITY, OR REALITIES?

The foundation of true happiness is the pursuit of Truth, which is the consciousness of reality and living with this reality. The reality, in the singular, because the profane man speaks of realities, and for him, the realities are as many as the individual phenomena or events that his senses can identify. He is, necessarily, pluralistic, since the senses reveal plurality without unity. However, the spiritually mature man is aware of the great Unity of the Cosmos. It does not mean that he denies plurality as if the phenomena were simple mirages, unrealities, the emptiness or illusion of our senses. No, he, being a seer, knows that the world of phenomena is not fictional, an existing projection of our Self; but he knows that these phenomena affecting our senses have no self-reality, intimate content, autonomous existence; he knows that the so-called “reality” of sensory things are merely external. This highly spiritual man is in unity and plurality.

The unique reality is here, where I am, where the animal lives, where the plant grows, where the mineral exists - but not all beings perceive reality in all its amplitude. There is an infinite range of perceptions, according to the ability of the perceiver. The degree of perception or consciousness, determines the perfection of a being, in the immense ascending hierarchy of beings. A fully conscious being is, for this very reason; infinitely perfect, and unique. A being without perception or consciousness would be nonexistent, a pure nothingness. All beings, because they exist as real entities, have a certain degree of perception or consciousness, which can be primitive, and which make highly perceptive or conscious human beings, consider these beings as non-perceptive or unconscious.

Failure to verify a reality can also come from an opposite cause, from a high degree of reality for the senses to perceive it, as happens, for example, with light waves of a frequency higher than the visual power of our eyes, and countless other vibrations which do not affect our sensorial organs, or instantly destroy them with its extreme power; just as we do not normally perceive, the reality of vibrations of very high sound frequency, which is for our ears “sound unreality”, or silence.

A similar thing happens at the level of consciousness; a high conscience escapes our conscious verification, affecting us as “unconsciousness”. No individual being can have a perfect, full and integral perception of God. God, the Infinite Consciousness, is so intensely conscious that its conscience seems to us, as vulnerable conscious beings, as unconscious.

The perceptive individual does not perceive reality as it is, but as he sees it, and as the ancient philosophers said: the knowledge is in the individual who knows according to his way of knowing.

Man perceives God according to his level of consciousness of this reality, but as he gradually becomes divinized, he will perceive God more divinely and truly. At first, there is an enormous distance between the perceived object (God) and the act of perceiving in man in his spiritual childhood, this distance is reduced as he matures spiritually, thus having a truer perception of God.

The profane man has a maximum of subjectivity, which only interests or belongs to him, and a minimum of objectivity, concerning the divine world - whereas the initiate, the mystic, the seer, the true saint, has a very high degree of objectivity and a minimal degree of subjectivity. And, as the known object is universal (God), the initiate becomes universal, cosmic, in the direct reason that it approaches God through its intuition. And, since God is the essence of all things, the initiate, being identified with God, is also identified with all the manifestations of God, the creatures, the phenomena of nature. Strange as it may seem, it is certain that no one is closer to nature, no one lives in greater intimacy with the creatures than the one who lives identified with the Creator, because, being “one with the Father”, it is also one with all beings who are one with God, for all seers and lovers of the God of the world, comprehend and are friends of the world of God.

Due to this divine intimacy with nature, an initiate is a man who is a friend and ally of nature and who uses natural laws with the same spontaneous ease with which a friend uses the goods of another friend because there is a communion between them.

The intellectualized profane thinks he has submitted nature to his will and thinks he is lord and sovereign of the world of physics and chemistry - a pure illusion! Nature serves man only because man has to submit to the laws of nature, of which he still knows little; but, at the same time that man contradicts only one of the natural laws, nature revolts implicitly or implicitly against man. Profane, intellectualized man is not a friend and ally, but an enemy and explorer of nature; nature does not cooperate with this man, as no slave collaborates with his tyrannical master; nature obeys man reluctantly, intimately revolted, in the face of the monstrous crimes that “civilized” and “mechanized” man commits against it, day by day, in the service of his abominable selfishness and greed. Man is divorced from nature and nature takes revenge on the exploiting man, not only in the form of thousands of accidents but also with a legion of diseases, physical and mental, which it unleashes, on an increasing scale, against its ruthless usurper.

The only man lord of the laws of nature is the initiate, the saint, the Christlike man: for only a friend and ally of nature can be lord of nature - and only the man identified with the Lord can be a friend and ally of nature, who is at the same time his greatest friend.

In a more spiritually evolved dimension, knowing is the same as power; knowledge is power. True knowledge is a vital and profound experience of man's creative intuition.

The infinite wisdom of God is the Omnipotent Creator of the Universe - and the divine wisdom of a man who knows God is his irresistible power which “removes mountains”, and for which there is no “impossible.”

The perceptual natural gift of beings, in the different levels, can be, for example, compared to a fishing net: a net of wide meshes correspond to the sensory power we have in common with the animal world. In these wide spaces, we catch certain phenomena of a very primitive and gross nature, as are the things of the material physical world, while the finest and more subtle realities escape through the wider meshes of the net.

A net of fine meshes symbolizes our intellectual power, a natural human gift, which captures things more refined than the sense organs, such as the facts of the immaterial, metaphysical, logical, rational world; the causal relations existing between the individual beings of nature, on which the entire scientific and technical culture of man is based. The very word “intellect” or “intelligence” admirably defines the specific function of this ability: by the intellect, man interprets the existing realities of individual beings, realities that for the wide meshes of the senses are unrealities, non-existent things because they do not affect these primitive organs.

Finally, the net of ultra-fine meshes, representing intuitive power, retaining the finest and most subtle in the Universe, the Spiritual Reality!

The merely intellectualized man cannot comprehend the realities of the spiritual world, because they escape the subtle meshes of his intellectual net. No matter how much the spiritual man tries to explain to his merely intellectual brother what God, Christ, eternal life, etc., is, he cannot capture the true meaning of those words, which pass unnoticed through his wide intellectual meshes; for him, “God” is a “sacred word”, or even a “poetic idea”, but by no means an “objective reality”.

When Saint Augustine was asked what God was like, he replied: “If no one asks me, I know what God is - but if someone asks me, I confess I don't know.” Which means, intellectually, he ignores it, spiritually he knew what God is; but, as this subtle reality caught by the net of the spirit is not analyzable and definable by the primitive net of intelligence, he can have the intuitive experience of God, without being able to give an intellectual definition.

What the intellectual man must do to comprehend the spiritual world is not to intensify his intelligence - which would be the continuation of the same horizontal line - but to take another direction - the direction of verticality. Evidently, one does not get to have a vertical by adding or multiplying horizontal and more horizontal ones; it is necessary to abandon this level and start a different course.

This shift from horizontal to vertical is what is called conversion, redemption, salvation, is a new beginning, an unprecedented direction, a “new life”, a “rebirth by the spirit”, the discovery of a new world hitherto foggy and ignored. It is not a “continuation” of something pre-existing, but it is a “new beginning”, a virgin fact, absolutely original - it is a dazzling light amid the darkness.

This is the reason why this “new beginning” cannot be manufactured by the “Adamic man”, from certain pre-existing materials and invented by him, but by a radical change of consciousness, in his unity with the Infinite, with the gradual abandonment of ego tyrannies, and the rebirth of a new man in Christ.

Tuesday, 19 January 2021

O EXEMPLO DE ALBERT SCHWEITZER

O mês de janeiro é comemorativo de mais um ano de aniversário de nascimento de Albert Schweitzer (1875-1965), teólogo, musicólogo, filósofo, médico, prolífico escritor, ordenado Ministro do Evangelho, missionário, e premiado em 1952, do Nobel da Paz.

Quase todos os conhecedores da vida desse herói e gênio humano, conhecem apenas os fatos históricos de sua vida; acham que o supremo ideal de Schweitzer era seu entusiasmo pela filantropia para com um povo necessitado da África.

Esquecem que sua trajetória de vida passou por diversos estágios de intensa avaliação de sua condição humana, em sua luta por autoconhecimento, até que com a idade de 30 anos ter decidido partir para a prática da “única coisa necessária,” sua auto-realização, que foi apenas uma consequência natural, um transbordamento da libertação individual, libertando a si mesmo através da caridade para com os africanos. Talvez um chamado interior, dada a sua condição de cristão praticante, talvez uma pequena recompensa pelo dano infligido pelos europeus durante a colonização daquele continente...

A. Schweitzer nasceu de uma conhecida família de luteranos na cidade de Strasbourg. Teve a vida feliz de menino normal de família educada e de boas condições financeiras. Cresce nesse ambiente e com um pouco mais de consciência de sua realidade, diante de tantos outros meninos de sua mesma idade, passando privações. Acorda uma certa manhã, após o retorno das férias, pensando novamente sobre o quanto ele tinha de ser grato. De sua janela, podia ouvir as canções dos pássaros e os sons de sua aldeia acordando. Era bom estar de volta em casa com seus queridos e compreensivos pais, suas irmãs e irmão. Seus estudos pareciam mais como um divertimento em planejar e preparar cada matéria; pensava nas noites agradáveis com o organista da igreja, examinando as partituras das cantatas de Bach e conversando sobre a maneira de como elas deveriam ser tocadas.

Mais uma vez lhe vem a pergunta que atormenta sua mente... Teria ele o direito a essa felicidade? Sentia o mesmo momento da infância, quando soube que seu amigo George Nitschelm não tinha o mesmo caldo suculento para o jantar. Era como uma pequena nuvem pairando no horizonte. Ele poderia se afastar e esquecer por um tempo, mas essa nuvem ainda estava lá, da mesma forma, crescendo lentamente e lentamente se aproximando. Por fim, ele sabia que não poderia mais ignorar. Enquanto houvesse pessoas no mundo sofrendo de dor e necessidades, não bastava que ele aceitasse sua própria felicidade e saúde perfeita, sem pensar nos outros. Existia, portanto, uma força interior que lhe dava poder de trabalhar e estudar dia e noite sem nunca saber o que era estar cansado e, um dia, poder ajudar a quem necessita. Ele tinha sido reservado da dor. Agora ele deve tentar de alguma forma aliviar a dor dos outros, devendo carregar sua própria parcela da miséria do mundo, em vez de virar as costas para ela e viver apenas para si mesmo.

Com certeza nesse momento, o significado das palavras na Bíblia, ocultas até então para ele, tornaram-se claras. “Quem quiser, pois, salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor de mim, a salvará”. E deve ter se lembrado também da advertência de Dante, que: “O lugar mais quente do inferno é reservado para aqueles que, num momento de crise moral, procuram manter sua neutralidade”.

Numa manhã de junho de 1896, quando o sol entrou pelas janelas de seu quarto, Albert Schweitzer tomou uma decisão que se tornou vital em sua vida. Ele tinha vinte e um anos então, e que passaria os nove anos seguintes, até os trinta anos, fazendo o de costume: continuar seus estudos em ciência e música e trabalhar como pastor de igreja, como seu pai. Depois disso, ele desistiria dessas coisas e dedicaria o resto de sua vida a servir a humanidade de um modo mais direto. O que exatamente seria e como ele iria, não tinha certeza. Mas agora, depois de ter tomado essa decisão, sentiu uma sensação de paz interior.

Albert Schweitzer, esse exímio expoente do cristianismo místico-dinâmico, após terminado seus estudos e tomado decisões, não teve permissão da Sociedade Missionaria Evangélica de Paris, para trabalhar, como médico e cirurgião na África Equatorial Francesa, na vila de Lambaréné, hoje, Gabão! Mesmo assim, abandonou a Europa, que o endeusava, e demandou às matas da África equatorial, onde a população local era pobre e iletrada, onde ninguém o conhecia e compreendia o seu gênio, a sua grandeza, a sua filosofia, a sua música.

E nesse ambiente humilde e de total incompreensão, Schweitzer viveu por 52 anos.  Se em parte foi pela compaixão ao sofrimento daquele povo, foi mais por amor à “única coisa necessária,” a sua auto-realização. Na Europa ele teria sido admirado por sua inteligência; mas ele, porém, queria ser esquecido pelo mundo a fim de realizar-se em Deus. Se, nos últimos anos de sua vida, o mundo o exaltou, não foi por culpa dele; isto lhe aconteceu à revelia.

Albert Schweitzer resolveu dedicar a sua vida ao serviço direto e imediato da parte mais infeliz da humanidade, no interior da pobre e sofrida África, para que ninguém lhe pudesse retribuir, nem sequer avaliar a grandeza do seu sacrifício; assim não havia perigo de que agisse em virtude de algum perverso e bem disfarçado egoísmo; assim não havia nenhum perigo de reconhecimento, de aplausos ou gratidão por parte de seus beneficiados. Enquanto o homem conserva um resquício de espírito interesseiro e mercenário, não realizou o Cristo dentro de si; serve ao Satanás em si, julgando ser o Cristo.

Prestar benefícios para a humanidade afim de ver e ouvir o seu nome nos jornais, no radio, na televisão, ou saborear os louvores no alto do púlpito, dos lábios dos amigos, ou fulgurar numa placa de bronze ou mármore na entrada de algum templo, figurar em algum “livro de ouro” como exímio benfeitor dessa ou daquela obra filantrópica - tudo isso é egoísmo disfarçado de altruísmo, e tanto mais perverso quanto mais camuflado de virtude.

O homem profano acredita que esse despojamento é uma atitude egoísta, porque não compreende que auto-realização é o mais radical trabalho de libertação do ego.  Auto-realização é o cumprimento do destino supremo e único da existência humana, e esse conceito, alimentado em seu espírito durante a fase de autoconhecimento, culminou em seu afastamento de uma sociedade radicalizada nas coisas do “ter,” e não na promessa do “ser,” que é em si, a tarefa do homem consciente de sua condição espiritual.

Não existe nada que tão seguramente preserve de contágios mórbidos a saúde de nossa alma, como esse contato direto com as misérias humanas.

Quem tem de suportar as costumadas brutalidades da sociedade, as ingratidões dos seus beneficiados, dificilmente correrá perigo de cair vítima de orgulhosa complacência ou misticismo doentio. As durezas de uma ética sincera e desinteressada são um profilático infalível contra as bactérias do misticismo sentimental.

Quando Ramana Maharishi foi perguntado por um cientista inglês qual era o modo de fazer bem à humanidade, o grande vidente de Arunáchala respondeu: “O único modo de fazer o bem é ser bom.”  Ser bom quer dizer realizar-se em Deus, porque esta realização em Deus é o único modo de fazer bem aos homens.

E nesse ambiente de alarmante pobreza, de ver diariamente desfilar em seu hospital improvisado, uma procissão de desesperados, nada melhor do que vivenciar a realidade do verdadeiro herói, não que ele se julgasse um, quando certa vez afirmou:  “que não existem heróis da ação, mas sim heróis da renúncia e do sofrimento”.

Não apenas do ponto de vista da existência humana e suas misérias, ele se preocupava com toda sorte de vidas, pois era constante a presença de animais da selva, uns órfãos, cujos pais foram mortos por caçadores, outros, que atraídos pelo ambiente, perambulavam pela vila, a ponto de muitos deles serem adotados como animais de estimação. Devido à luz das lâmpadas a noite, muitos insetos eram atraídos, e a despeito do calor e humidade, Schweitzer fechava a casa e envolvia as lâmpadas com pequenas redes de proteção, para que esses insetos não morressem queimados, e a partir desse “imperativo bioético,” nasce sua reverência por qualquer espécie de vida no planeta, reverência essa que nasce do homem integral, pois o homem inconsciente vive na ignorância e na arrogância, entendendo ser ele, o supremo ser da creação. Afirmou que: “A ética consiste na responsabilidade perante tudo quanto vive, responsabilidade tão ampliada que carece de limites,” pois cada ser, por mais “insignificante”, é provido de responsabilidades que afetam beneficamente todas as vidas, nessa simbiose dinâmica que ainda abunda neste planeta, mas cujo equilíbrio vem sendo paulatinamente afetado pela intervenção do homem desavisado.

Em sua Reverência pela Vida, escreve: “Se eu sou um ser pensante, devo considerar os outros tipos de vida, como a minha própria vida, com igual reverência, pois todas as vidas anseiam por plenitude e desenvolvimento tão profundamente quanto a minha própria existência.”

E nesse sentido, adverte ainda que: “O homem só será realmente ético quando cumprir com a obrigação de ajudar toda a vida à qual possa acudir, e quando evitar de causar prejuízo a qualquer creatura viva. Não perguntará por que razão esta ou aquela vida merecerá a sua simpatia, como sendo valiosa, nem tampouco lhe interessará saber se, e a que ponto, ela ainda é suscetível de sensações. A vida como tal lhe será sagrada”; “A ideia fundamental do bem consiste em preservar a vida, favorece-la, em dar-lhe o mais elevado valor. O mal consiste em destruir a vida, ferindo-a, impedindo seu desenvolvimento.”

Sua fama se espalhou por toda a Europa, atingindo outros continentes. Seus livros traduzidos em muitas línguas; convites para palestras e discursos por muitos países, recitais de órgão das obras de Bach por toda a Europa, inclusive sessões em estúdio e discos de vinil gravados. Estudioso do cristianismo, seguiu em sua jornada de pastor de almas por longos anos, no entanto severas críticas fez à maneira com que o clero conduziu e interpretou as mensagens de Jesus, afirmando que o cristão de hoje, devidamente vacinado com o soro das teologias eclesiásticas, se tornou imune contra as investidas do Cristo do Evangelho; a injeção de um pseudo cristianismo manso e acomodado o imunizou contra o espírito revolucionário do Cristianismo místico e dinâmico das catacumbas e dos anfiteatros.

Ele viveu por um ideal, afirmando que a única coisa essencial é que nos esforçamos para que a luz se faça presente em nós mesmos. Nosso esforço será um dia reconhecido e, quando todas as pessoas possuírem essa luz interior, ela resplandecerá, mesmo que nos encontremos para conversar em plena escuridão!

Texto extraído em parte de escritos de Huberto Rohden, e do livro de Charlie May Simon, ALL MEN ARE BROTHERS, A Portrait of Albert Schweitzer.

EL EJEMPLO DE ALBERT SCHWEITZER

Enero conmemora un año más del nacimiento de Albert Schweitzer (1875-1965), teólogo, musicólogo, filósofo, médico, prolífico escritor, ordenado ministro del Evangelio, misionero y galardonado con el Premio Nobel de la Paz en 1952.

Casi todos los conocedores de la vida de este héroe y genio humano sólo conocen los hechos históricos de su vida; piensan que el ideal supremo de Schweitzer fue su entusiasmo por la filantropía hacia las personas necesitadas en África.

Olvidan que su trayectoria vital ha pasado por varias etapas de intensa evaluación de su condición humana; sobre su lucha por el autoconocimiento, hasta que a los 30 años ha decidido dejar atrás toda una vida de éxito, por la práctica de lo “único necesario”, su autorrealización, que fue una consecuencia natural, un desbordamiento de la liberación individual, liberándose por la caridad hacia los africanos. Quizás un llamado interno debido a sus creencias cristianas, quizás una pequeña recompensa por la culpa histórica de los europeos durante la colonización ...

Albert Schweitzer nació en una conocida familia de luteranos en la ciudad de Estrasburgo. Tenía la vida feliz de un niño de familia educado normal con buenas condiciones financieras. Crecer en este entorno y con un poco más de conciencia de su realidad, frente a tantos otros chicos de su edad, enfrentando privaciones. Se despertó una mañana, después de que regresaran las vacaciones, pensando de nuevo en cuánto tenía que estar agradecido. Desde su ventana, podía escuchar el canto de los pájaros y los tranquilos sonidos de un pueblo que acaba de despertar. Fue bueno estar de vuelta en casa con sus padres amables y comprensivos, sus hermanas y su hermano. Sus estudios eran para él más como un juego ahora, planificando y preparando cada uno de la forma en que lo hacía. También pensó en las agradables veladas con el organista en la iglesia, repasando las partituras de las cantatas de Bach y hablando juntos de la forma en que iban a ser interpretadas.

Una vez más, se le ocurrió la pregunta cuando pensamientos como estos pasaron por su cabeza. ¿Tenía derecho a esta felicidad? Ahora se sentía igual que cuando era niño y se enteró de que su amigo George Nitschelm no podía comer un caldo nutritivo como el que tenía para la cena. Era como una pequeña nube flotando en el horizonte. Podría darse la vuelta y olvidarlo por un tiempo, pero todavía estaba allí, igual, creciendo lentamente y acercándose lentamente. Por fin, supo que ya no podía ignorarlo. Mientras hubiera personas en el mundo que sufrieran dolores y necesidades, no era suficiente que aceptara su propia felicidad y perfecta salud sin pensar en los demás. Tenía una fuerza que le daba el poder de trabajar y estudiar día y noche sin saber nunca lo que era sentirse cansado. Ahora debe dar su fuerza para ayudar a los demás. Él había estado libre de dolor. Ahora debe intentar de alguna manera aliviar el dolor de los demás, y debe soportar su propia parte de la miseria del mundo, en lugar de darle la espalda y vivir solo para sí mismo.

Sin duda, en ese momento, se hizo evidente el significado de las palabras de la Biblia, hasta entonces ocultas para él. "El que quiera salvar su vida, la perderá, y el que pierda su vida por mí, la salvará". También debe haber recordado la advertencia de Dante de que: "el lugar más caluroso del infierno está reservado para aquellos que en un momento de crisis moral buscan mantener su neutralidad".

Aquella mañana de junio de 1896, cuando el sol entraba oblicuamente por las ventanas de su habitación de la mansión, Albert Schweitzer tomó una resolución que se convirtió en el punto de inflexión de su vida. Entonces tenía veintiún años. Pasaría los siguientes nueve años, hasta los treinta, haciendo las cosas que quería hacer, como continuar con sus estudios de ciencia y música, y trabajar como pastor, como lo hacía su padre. Después de eso, dejaría estas cosas y dedicaría el resto de su vida a servir a la humanidad de una manera más directa. No estaba seguro de cuál sería esa forma y cómo lo haría. Pero ahora que había tomado su decisión, tenía una sensación de paz interior.

Albert Schweitzer, este exponente del cristianismo místico y dinámico, después de terminar sus estudios y listo para enfocarse en sus objetivos, la Sociedad Evangélica Misionera de París no le permitió trabajar como médico y cirujano en el África Ecuatorial Francesa, ¡llamado Gabón en estos días en el pueblo de Lambaréné! Sin embargo, salió de Europa y partió a los bosques del África ecuatorial, donde la población local era pobre y analfabeta, donde nadie lo conocía y entendía su genio, su grandeza, su filosofía, su música.

Y en este humilde ambiente de total incomprensión, vivió 52 años. Si en parte fue por compasión por el sufrimiento de esa gente, fue más por el bien de "lo único necesario", su autorrealización. En Europa, habría sido admirado por su inteligencia, pero quería ser olvidado por el mundo para realizarse en Dios. Si en los últimos años de su vida el mundo lo exaltó, no fue su culpa, le sucedió en su ausencia.

Albert Schweitzer decidió dedicar su vida al servicio directo e inmediato de la parte más desdichada de la humanidad, en el África remota, pobre y sufriente para que nadie pudiera hacerle retribución ni siquiera valorar la grandeza de su sacrificio; así que no había peligro de que actuara bajo algún egoísmo perverso y bien disfrazado; por lo que no hubo peligro de reconocimiento, aplauso o gratitud por parte de sus beneficiarios. Porque mientras el hombre conserva un remanente de espíritu egoísta y mercenario, no se dio cuenta del Cristo dentro de sí mismo; sirve al Satanás en sí mismo, juzgándose a sí mismo como el Cristo.

Beneficiar a la humanidad al ver y escuchar su nombre en los periódicos, en la radio, en la televisión, o saborear los elogios en el púlpito, de labios de amigos, o brillar en una placa de bronce o mármol en la entrada de un templo, figurar en algún “libro de la memoria” como un excelente benefactor de tal o cual obra filantrópica, todo esto es egoísmo disfrazado de altruismo, y tanto más perverso cuanto más camuflado de virtud.

El profano cree que este despojo es una actitud egoísta porque no comprende que la autorrealización es el trabajo más radical de liberación del ego. La autorrealización es el cumplimiento del destino supremo y único de la existencia humana, y este concepto alimentado en su espíritu durante la fase del autoconocimiento, culminó en el alejamiento de Schweitzer de una sociedad radicalizada en las cosas del “tener”, no en la promesa del “ser”, que es en sí mismo deber del hombre consciente de su condición espiritual.

No hay nada que proteja tan seguramente la salud de nuestra alma del contagio mórbido, como este contacto directo con las miserias humanas.

Cualquiera que tenga que soportar las brutalidades habituales de la sociedad, la ingratitud de sus beneficiarios, difícilmente correrá el peligro de ser víctima de una orgullosa complacencia o un misticismo enfermizo. La dureza de la ética sincera y desinteresada es un profiláctico infalible contra las bacterias del misticismo sentimental.

Cuando un científico inglés le preguntó a Ramana Maharishi cómo practicar buenas obras para la humanidad, el gran vidente de Arunachala respondió: "La única manera de hacer el bien es ser bueno". Ser bueno significa darse cuenta de uno mismo en Dios, porque esta comprensión es la única forma de hacer el bien a los hombres.

Y en este ambiente de pobreza alarmante, ver cada día en su improvisado hospital, una procesión de gente desesperada, nada mejor que vivir la realidad del verdadero héroe, no que se considerara uno cuando una vez afirmó: “que no hay héroes de la acción, sólo héroes de la renuncia y el sufrimiento”.

No solo desde el punto de vista de la existencia humana y sus miserias, Schweitzer se preocupó también por todo tipo de vidas: por la presencia de criaturas salvajes, algunos huérfanos, cuyos padres fueron asesinados por cazadores, otros que, atraídos por el entorno, deambularon por el pueblo hasta el punto de que muchos de ellos fueron adoptados como mascotas. Debido al resplandor de las lámparas en la noche, muchos insectos se sintieron atraídos por ella, y a pesar del calor y la humedad, Schweitzer cerraba la casa y envolvió las lámparas con pequeñas redes de protección, para que estos insectos no murieran quemados, y de esto “imperativo bioético”, surge su reverencia por cualquier tipo de vida en el planeta. La reverencia que nace del hombre integral, porque el hombre inconsciente vive en la ignorancia y la soberbia, entendiéndose a sí mismo como el ser supremo de la creación. Afirmó que: “La ética consiste en la responsabilidad para con todo lo que vive, responsabilidad tan magnificada que no tiene límites”, ya que cada ser, por “insignificante” que sea, tiene responsabilidades que benefician a todas las vidas, en esa simbiosis dinámica que aún abunda en este planeta, pero cuyo equilibrio ha sido gradualmente afectado por la intervención del hombre desprevenido.

En su Reverencia por la vida, escribe: “Si soy un ser pensante, debo considerar otra vida que no sea la mía con igual reverencia. Sabré que anhela la plenitud y el desarrollo tan profundamente como yo mismo”.

En este sentido, también advierte que “El hombre solo será verdaderamente ético cuando cumpla con la obligación de ayudar a todo tipo de vida y cuando evite dañar a cualquier ser vivo. No preguntará por qué esta o aquella vida merecerá su simpatía, por ser valiosa, ni le interesará saber si, y en qué medida, sigue siendo susceptible a las sensaciones. La vida como tal le será sagrada”; “La idea fundamental del bien es, pues, que consiste en preservar la vida, en favorecerla, en querer llevarla a su máximo valor. El mal consiste en destruir la vida, hacerle daño, entorpecer su desarrollo”.

Su fama se extendió por toda Europa, llegando a otros continentes. Sus libros traducidos a muchos idiomas; invitaciones a conferencias y discursos de muchos países, recitales de órgano de las obras de Bach en toda Europa, incluidas sesiones de estudio y grabación.

Erudito en el cristianismo, continuó su camino como pastor de almas durante muchos años, pero criticó severamente cómo el clero conducía e interpretaba los mensajes de Jesús, afirmando que los cristianos de hoy, debidamente vacunados con el suero de las teologías eclesiásticas, se volvieron inmune a los embates del Cristo del Evangelio; la inyección de un pseudo cristianismo dócil y complaciente inmunizó a los cristianos contra el espíritu revolucionario del cristianismo místico y dinámico de las catacumbas y anfiteatros.

Vivió por un ideal, afirmando que lo único esencial es que nos esforcemos por tener luz en nuestro interior. Nuestro esfuerzo será reconocido algún día, y cuando la gente tenga luz en su interior, brillará en ellos. ¡Entonces nos conocemos mientras hablamos juntos en la oscuridad profunda!