Saturday 14 May 2016

ADEUS, ALMA QUERIDA


 
Se, durante sua peregrinação aqui na Terra, encontrares uma alma que te queira bem, aceita em silêncio o suave ardor da sua benquerença – mas não lhe peças coisa alguma, não exijas, não reclames nada do ente querido.
 
Recebe com amor o que com amor te é dado – e continua a servir com perfeita humildade e despretensão.
 
Quanto mais querida te for uma alma, tanto menos a explores, tanto mais lhe serve, sem nada esperar em retribuição.
 
No dia e na hora em que uma alma impuser a outra alma um dever, uma obrigação, começa a agonia do amor, da amizade.
 
Só num clima de absoluta espontaneidade pode viver esta plantinha delicada.
 
E quando então essa alma que te foi querida se afastar de ti – não a retenhas.
 
Deixa que se vá em plena liberdade.
 
Faze acompanha-la dos anjos tutelares das tuas preces e saudade, para que brancas asas a envolvam e de todo o mal a defendam – mas não lhe peças que fique contigo.
 
Mais amiga te será ela, em espontânea liberdade, longe de ti – do que em forçada escravidão, perto de ti.
 
Deixa que ela siga os seus caminhos – ainda que esses caminhos a conduzam aos confins do Universo, à mais extrema distância de teu corpo.
 
Se entre essa alma e a tua existir afinidade espiritual, não há distância, não há em todo o Universo espaço bastante grande que não possas estar com ela.
 
Ainda que ela erguesse voo e fixasse o seu templo para além da estrela Sírio, para além das derradeiras fosforescências da Via-Láctea, para além das mais longínquas nebulosas de mundos em formação – contigo estaria essa alma querida...
 
Mas, se não vigorar afinidade espiritual entre ti e ela, poderá essa alma viver contigo sob o mesmo teto e contigo sentar-se à mesma mesa – não será tua, nem haverá entre vós verdadeira união e felicidade.
 
Para o espírito, a proximidade espiritual é tudo – a distância material não é nada.
 
Compreende, ó homem – e vai para onde quiseres!
 
Ama – e estarás sempre perto do ente amado...
 
Em todo o Universo...
 
Dentro de ti mesmo...
 
 
Nota:
 
“O parentesco é uma criação do ego humano - mas a afinidade nasce no Eu divino.  O ideal seria que os seres humanos unidos pelo afeto de seus egos, também estivessem sintonizados, cada um, na compreensão de seu eu espiritual.  Essa compreensão está relacionada com o poder de discernimento e a experiência vital da realidade interior dos seres humanos; a partir de um virtuosismo sacrificial e uma radiante sabedoria”.
 
Texto extraído do livro De Alma Para Alma

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