Como posso amar afetiva, intelectiva e até
fisicamente um Ser que é puro espírito? Como podem o coração, a mente, o corpo
atingir esse objeto de amor?
Se Deus fosse apenas um Deus transcendente, puro
espírito abstrato, só os puros espíritos poderiam ama-lo; mas, sendo Deus, além
de transcendente às suas obras, imanente também em cada uma de suas creaturas, é
possível que o amemos também com o coração, com a mente e com o
corpo.
Deus é inconsciente no mineral.
Deus é subconsciente no vegetal
Deus é semiconsciente no não humano.
Deus é ego consciente no
intelectual.
Deus é pleniconsciente no
espiritual.
Deus é Oniconsciente em si mesmo.
Se Deus não fosse imanente em suas obras, ninguém
o poderia amar com as faculdades do coração, da mente e do corpo.
Como Verdade, Deus é Transcendente.
Como Beleza, Deus é Imanente.
Quando a Verdade e a Beleza se fundem numa
grandiosa sinfonia, surge a estupenda Poesia do Cosmos, síntese da Verdade e
Beleza.
A Verdade é infinitamente bela.
A Beleza é profundamente verdadeira.
Por isso, a Vida Eterna é necessariamente a
eterna Beatitude, porque nasce do consórcio do Verdadeiro e do Belo, que é o
Amor.
Enquanto o “amar a Deus” é apenas um preceito
ético, um dever, um imperativo categórico da consciência moral, a alma do amor
ainda não despertou; só quando esse “amar a Deus” deixa de ser um dever
compulsório e se transforma num querer espontâneo, numa luminosa compreensão,
num irresistível entusiasmo – é então que o homem entra no “gozo de seu
Senhor”.
Texto extraído do livro Assim Dizia o Mestre
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