Wednesday 18 May 2016

IMAGENS LATENTES


 
Está em tuas mãos, educador, o destino do homem.
 
O futuro feliz ou infeliz da humanidade.
 
O céu e o inferno de amanhã.
 
Na ordem natural, o educador é o fator principal da história.
 
Carta branca, terra virgem – a alma do educando é entregue às tuas mãos.
 
Daí, como sairá?... informe?... formada?... – deformada?...
 
Não compreende conscientemente – mas apreende na zona noturna do inconsciente.
 
Observa uma chapa fotográfica, exposta à luz, antes de revelada.
 
Que é que vês? – nada!
 
Tudo cor uniforme, neutra...
 
E, no entanto, essa chapa contém as imagens de todas as coisas que, na fração de um segundo, invadiram a objetiva.
 
É só entrar num banho de sais – e eis que do fundo neutro e incolor emerge um jogo de sombras e luzes, até as mais sutis colorações.
 
Foi o banho que essas imagens produziu?
 
Não, o banho apenas revelou o que, invisível, pré-existia na película.
 
Educador!  Quando, num banho de luz, despertar no pequeno ser a razão – surgirá, consciente e visível, o que inconsciente e invisível, nele dormitava...
 
O que disseste, pensaste, sentiste, o que és – tudo atuou sobre a alma dormente...
 
Tão sensíveis são as antenas da alma dos infantes que conseguem captar a mais imprevisíveis onda do teu ser...
 
Auras boas – auras funestas...
 
Fluidos benéficos – fluidos malignos...
 
Pensamentos suaves – instintos perversos...
 
Tudo influencia a textura sensível da psique amorfa de um infante – mais que o leite materno sobre tecidos celulares...
 
Por isso, formador de almas, satura de elementos benéficos teu ser...
 
Irradia de ti ondas de luz e bondade – para a alma em botão...
 
Não intoxiques com fluídos sinistros o teu educando...
 
Prepara à plantinha feliz primavera – após longa hibernação...
 
Principia a tarefa educativa do educando com a educação do educador...
 
Quando começa a educação da criança? – perguntou alguém a Napoleão Bonaparte.
 
Vinte anos antes do seu nascimento – respondeu o grande estrategista.
 
A educação do educando começa com os educadores.
 
Mesmo que venham então as tempestades da vida desfolhar a planta, quebrar-lhe ramos, galhos e tronco – sempre de novo brotará da raiz sadia sanidade e vigor...
 
Vai, pois, fotógrafo das almas, impregnar de belas imagens o ser em botão!
 
Põe-lhe ante a objetiva nobres ideais, sentimentos sadios...
 
Calcula bem a distância, a perspectiva, o efeito da luz – para que nítida e bela resulte a imagem, invisível na alma dormente...
 
Invisível hoje – visível amanhã...
 
Na alma dormente – na alma desperta.
 
 
Texto extraído do livro De Alma Para Alma

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