Está em tuas mãos, educador, o destino do
homem.
O futuro feliz ou infeliz da
humanidade.
O céu e o inferno de amanhã.
Na ordem natural, o educador é o fator principal
da história.
Carta branca, terra virgem – a alma do educando é
entregue às tuas mãos.
Daí, como sairá?... informe?... formada?... –
deformada?...
Não compreende conscientemente – mas apreende na
zona noturna do inconsciente.
Observa uma chapa fotográfica, exposta à luz,
antes de revelada.
Que é que vês? – nada!
Tudo cor uniforme, neutra...
E, no entanto, essa chapa contém as imagens de
todas as coisas que, na fração de um segundo,
invadiram a objetiva.
É só entrar num banho de sais – e eis que do
fundo neutro e incolor emerge um jogo de
sombras e luzes, até as mais sutis colorações.
Foi o banho que essas imagens
produziu?
Não, o banho apenas revelou o que, invisível,
pré-existia na película.
Educador! Quando, num banho de luz, despertar no
pequeno ser a razão – surgirá, consciente e
visível, o que inconsciente e invisível, nele dormitava...
O que disseste, pensaste, sentiste, o que és –
tudo atuou sobre a alma dormente...
Tão sensíveis são as antenas da alma dos infantes
que conseguem captar a mais imprevisíveis
onda do teu ser...
Auras boas – auras funestas...
Fluidos benéficos – fluidos
malignos...
Pensamentos suaves – instintos
perversos...
Tudo influencia a textura sensível da psique
amorfa de um infante – mais que o leite materno sobre tecidos celulares...
Por isso, formador de almas, satura de elementos
benéficos teu ser...
Irradia de ti ondas de luz e bondade – para a
alma em botão...
Não intoxiques com fluídos sinistros o teu
educando...
Prepara à plantinha feliz primavera – após longa
hibernação...
Principia a tarefa educativa do educando com a
educação do educador...
Quando começa a educação da criança? – perguntou
alguém a Napoleão Bonaparte.
Vinte anos antes do seu nascimento – respondeu o
grande estrategista.
A educação do educando começa com os
educadores.
Mesmo que venham então as tempestades da vida
desfolhar a planta, quebrar-lhe ramos, galhos e
tronco – sempre de novo brotará da raiz sadia sanidade e vigor...
Vai, pois, fotógrafo das almas, impregnar de
belas imagens o ser em botão!
Põe-lhe ante a objetiva nobres ideais,
sentimentos sadios...
Calcula bem a distância, a perspectiva, o efeito
da luz – para que nítida e bela resulte a
imagem, invisível na alma dormente...
Invisível hoje – visível amanhã...
Na alma dormente – na alma desperta.
Texto extraído do livro De Alma Para Alma
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