Thursday 28 May 2020

AMOR-PEIXE OU AMOR VERDADEIRO?

Os grandes gênios espirituais da humanidade pouco respeitam as nossas convenções teológicas, pois a humanidade carece de compreensão das verdades espirituais contidas nas mensagens divinas, e que via de regra se contaminam assim que pousam em mãos humanas.
Mas não se pode negar, que em toda filosofia da religião, aparecem momentos de intensa e brilhante sabedoria, não importando os setores religiosos de onde vem, pois são verdadeiras pérolas que nos fazem ter a fé de que com o evolver espiritual individual, o ser humano em comunhão, alcançará o momento da compreensão de sua peregrinação na terra. Compreensão cuja fonte, essência, é o amor; das suas diferentes formas e da sua plenitude.
E quando se fala de amor, se inclui o amor conjugal, essa importante dimensão entre as relações humanas, que nos dias de hoje, recebe um colorido especial, com todas as formas de relacionamentos entre os diversos gêneros e preferências sexuais.
Dentre essas pérolas de sabedoria, se encontra uma, nas palavras do rabi Abraham Joshua Twerski, nascido nos EUA, médico psiquiatra, especializado em abuso de drogas, que quando perguntado sobre o que é o AMOR, assim respondeu:
“Amor é uma palavra que em nossa cultura quase perdeu seu significado.
Mas eu tenho para contar, uma estória muito interessante que me foi dita pelo rabi Ofkosky que se encontrou com um rapaz comendo deliciosamente um peixe por ele pescado.
E ele perguntou, “jovem, por que você está comendo esse peixe? E essa foi a resposta, “porque eu amo peixe!”
= Ah! Você ama esse peixe e é por isso que você o pescou, matou e o cozinhou?
= Não me diga que você ama esse peixe; você ama a SI MESMO, porque o peixe tem um bom sabor, portanto, você o pescou, matou e o cozinhou!
Muito do que é amor, é amor-peixe. E explico assim: um jovem casal se apaixona; o que isso significa? Isso significa que ele viu nela alguém que ele sentia que poderia fornecer-lhe todas as suas necessidades físicas e emocionais e ela pensou que com esse homem ela poderia se certificar o que é o amor. Mas na realidade, ela buscava por suas próprias necessidades.
Não é amor um por outro, pois a parceria passa a ser um veículo de satisfação para ambas necessidades.
Muito do que se chama amor é amor-peixe. Um amor externo não está no que vou receber, mas no que vou dar.
Conheço um especialista em ética, o rabino Dessler, que disse: “As pessoas cometem um erro grave ao pensar que você dá àqueles a quem ama, e a resposta ideal é: você ama aqueles a quem dá”. E o argumento dele é que, se eu der algo a você, eu investi em você, e como o amor próprio é um dar, todo mundo se ama, ou seja, uma parte de mim se tornou em você, mas essa é a parte de mim em você, que eu amo. Então, o verdadeiro amor é o amor de dar, não o amor de receber!
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Em hebraico, a raiz dos verbos são a essência do significado da palavra. Por exemplo, a palavra hebraica para AMOR é AHAVA. A raiz é H - V (hav). Isso significa DAR e, portanto, os ensinamentos judaicos a entendem de maneira simples e pura como - DAR.
Huberto Rohden, teólogo, filósofo e educador brasileiro em um de seus livros mais lidos, De Alma para Alma, no capítulo Adeus Alma Querida, invoca e faz compreender que, “Se, durante sua peregrinação aqui na terra, encontrares uma alma que te queira bem, aceita em silêncio o suave ardor da sua benquerença – mas não lhe peças coisa alguma, não exijas, não reclames nada do ente querido.
Recebe com amor o que com amor te é dado – e continua a servir com perfeita humildade e despretensão.
Quanto mais querida te for uma alma, tanto menos a explores, tanto mais lhe serve, sem nada esperar em retribuição.
No dia e na hora em que uma alma impuser a outra alma um dever, uma obrigação, começa a agonia do amor.
Só num clima de absoluta espontaneidade a relação de amor sobrevive. Pela sintonia que se estabelece em virtude da atração e da simpatia que passa a vigorar entre as partes que mantêm afinidade. É a sensibilidade às experiências emocionais de ambos, e de ser movido por essas emoções positivas ou negativas; de ter empatia com essas experiências e ter vontade de se sacrificar por elas. Pelos mecanismos da lei de afinidade, a sintonia constitui lei que não pode ser abolida, anulada, eliminada, extinta.
Enfim, que tipo de amor você gostaria de receber? Que tipo de amor você gostaria de dar?
Amor-peixe ou amor verdadeiro?

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