Não creias, desconhecido amigo, em nuvens totalmente escuras.
Por mais sinistras que pareçam, aqui de baixo, não deixam de ser luminosas, vistas lá de cima.
É questão de perspectiva ...
Quando um dia subires à estratosfera, verás que até a mais espessa escuridão delas, se dilui em luminosa brancura.
Não creias em vida perdida.
Não fales em derrota completa.
A vida é tão vasta, sublime e profunda que nenhuma desgraça a pode inutilizar por completo.
Se a ignorância ou a perversidade dos homens te fecharem uma porta ... abre outra.
Se a infidelidade dos inimigos ou a traição dos “amigos” possam demolir os palácios da tua opulência ... levanta modesta choupana à beira da estrada.
Melhor uma choupana iluminada de sorrisos do que um palácio afogado em lágrimas ...
Ninguém te pode fazer infeliz – a não ser tu mesmo.
Tu é que tens nas mãos as chaves do céu e do inferno.
“O reino de Deus está dentro de ti” ...
A felicidade não está na periferia da tua vida – está no centro do teu ser. Não é nos nervos, na carne, no sangue, no acaso ou no destino que reside a verdadeira beatitude – mas, sim, no íntimo recesso da tua consciência.
Deus te creou para a felicidade – e quem pode frustrar os planos do Onipotente?
Se a tua vida não é um dia cheio de sol – por que não poderia ser uma noite iluminada de estrelas?
Por que não poderia a tua felicidade ganhar em profundidade o que talvez tenha perdido em extensão?
Por que não poderia a luz suave dos astros causar na tua alma uma felicidade que nunca te deram as luzes do sol?
Se não percebes o cantar dos passarinhos e o chiar das cigarras durante o dia – por que não te habituas a escutar as vozes discretas com que o silêncio noturno enche a tua solidão?
Há tanto misticismo nas fosforescências da Via-Láctea ...
Há tanta sabedoria na omissão voluntária que a luz sideral emite ...
Há tanta eloquência no mutismo das nebulosas longínquas ...
Há tantas preces no sussurro das brisas noturnas ...
Há tanta alma na prateada serenidade do luar ...
Há tanta filosofia na vastidão do cosmos ...
Há tanta beatitude na aflição da dor, quando iluminada por um grande ideal ...
Há tão profunda paz em pleno campo de batalha, quando o homem compreendeu o porquê da luta e o sentido divino do sofrimento ...
Por mais negra que seja a face humana das nuvens da tua vida – crê, meu amigo, que é luminosa a face voltada para as alturas da Divindade.
Texto revisado, extraído do livro De Alma Para Alma
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