Monday 26 October 2020

A FASCINANTE AVENTURA DA VERDADEIRA ORAÇÃO

A prece, no seu estágio mais evolvido, que é o da afirmação, aparece sempre aureolada de um espírito aventureiro. Nasce a tendência de abandonar o que é familiar, confortável, facilmente compreensível e atingível, e o anseio de explorar mundos desconhecidos e dificilmente conquistáveis. A antiga zona de conforto e garantias tradicionais são ultrapassados, e, em lugar deles, surge o espírito pioneiro de uma intensa mobilidade através de zonas de estranha incerteza inicial. 


A rotina diária movida pelo instinto, desaparece; é substituída pelas dúvidas do vasto mundo da fé... Desperta na alma a tendência migratória da sua íntima natureza... Sem saber exatamente para onde vai, sentindo a necessidade de abandonar os conhecidos lugares do passado... Não há largas avenidas em perspectiva – há somente impenetráveis florestas a desbravar, desertos anônimos a cruzar, onde, de longe em longe, aparecem rastos incertos de algum solitário peregrino que por aí tenha passado em tempos remotos... Mas a alma migratória confia em sua intuição divina, continuando sua jornada de ascensão... 

 

A oração, humilde e intensa, é para a alma, um fio de Ariadne através de todos os labirintos...


Na realidade, a íntima essência da oração afirmativa, que é a verdadeira oração, portanto superior, é a suprema libertação. É a voluntária renúncia a velhos hábitos rigidamente solidificados através de milênios... Assim, em tempos pré-históricos, o homem dos sentidos deve ter lutado, no processo da sua intelectualização, para se emancipar de hábitos subconscientes em prol da sua entrada no mundo consciente... 


Da transição da estreita e acomodada consciência gregária do passado, própria de todos os rebanhos humanos, para a consciência individual, e desta para a consciência universal – é um drama multimilenário de estupenda grandeza e tragicidade, desde os rudes abismos do comportamento do homem meramente sensitivo, através dos níveis do homem mental mais esclarecido e domado, rumo às alturas do homem espiritual cristificado. No entanto, essa jornada do homem adâmico rumo ao homem cristificado só poderá ser garantida pela verdadeira oração.

  
Há, nessa silenciosa epopeia, uma sucessão de trevas e de luzes... Da escuridão total dos sentidos para a penumbra do intelecto... Da meia luz matutina do intelecto, através do misterioso eclipse da fé, para a plenitude da luz solar da experiência direta de Deus. 


É esta a fascinante aventura da verdadeira oração...


Texto revisado, extraído do livro Ídolos ou Ideal? 

LA FASCINANTE AVENTURA DE LA VERDADERA ORACIÓN

La oración, en su etapa más evolucionada, la de la afirmación, aparece siempre aureolada por un espíritu aventurero. Existe una tendencia a abandonar lo notorio, cómodo, fácilmente comprensible y alcanzable, y el anhelo de explorar mundos desconocidos y de difícil acceso. La antigua zona de confort y las garantías tradicionales han quedado obsoletas y han sido sustituidas por el espíritu pionero de la intensa movilidad a través de zonas de extraña incertidumbre.

 

La rutina diaria movida por el instinto desaparece; es reemplazada por las dudas del vasto mundo de la fe ... Despierta en el alma la tendencia migratoria de su carácter íntimo ... Sin saber exactamente a dónde ir, siente la necesidad de abandonar lugares familiares del pasado ... Ya no hay amplias avenidas por delante, solo hay bosques impenetrables que romper, desiertos anónimos que atravesar, donde, de lejos a la distancia, huellas inciertas de algún peregrino solitario que ha pasado en tiempos remotos ... Pero el alma migrante confía en su intuición divina, continuando su viaje ascensional ...

 

La oración, humilde e intensa, es para el alma, un hilo de Ariadna por todos los laberintos ...

 

En realidad, la esencia misma de la oración afirmativa, que es la verdadera oración, por lo tanto, superior, es la liberación suprema. Es la renuncia voluntaria a los viejos hábitos que se han ido solidificando a lo largo de milenios ... Así, en tiempos prehistóricos, el hombre de los sentidos debió haber luchado, en el proceso de intelectualización, por emanciparse de los hábitos subconscientes en favor de su entrada en el mundo consciente ...

 

El paso de la conciencia gregaria estrecha y acomodada del pasado, propia de todos los rebaños humanos, a la conciencia individual, y de ésta a la conciencia universal, es un drama multi milenario de grandiosidad y tragedias estupendas, desde los duros abismos de la conducta de los instintos del hombre, pasando por los niveles del hombre mental más informado y domesticado, hasta las alturas del hombre espiritual crístico. Sin embargo, este viaje del hombre adámico hacia el hombre crístico solo puede garantizarse mediante la verdadera oración.

 

Hay, en esta epopeya silenciosa, una sucesión de oscuridad y luz ... Comenzando desde la oscuridad total de los sentidos hasta la penumbra del intelecto ... Atravesando el crepúsculo matutino del intelecto, pasando por el misterioso eclipse de la fe, y final iluminado por la experiencia directa de Dios; ¡brillando intensamente como un millón de estrellas!

 

Esta es la fascinante aventura de la verdadera oración ...

THE FASCINATING ADVENTURE OF TRUE PRAYER

Prayer, in its most evolved stage, that of affirmation, always appears haloed by an adventurous spirit. There is a tendency to abandon what is notorious, comfortable, easily comprehensible and attainable, and the yearning to explore unknown and hard-to-reach worlds. The former comfort zone and traditional guarantees are outdated and been replaced by the pioneering spirit of intense mobility through areas of strange uncertainty.


The daily routine moved by the instinct disappears; is replaced by the doubts of the vast world of faith... Awakens in the soul the migratory tendency of its intimate nature... Without knowing exactly where to go, feels the need to abandon familiar places of the past... There are no wide avenues ahead - there are only impenetrable forests to break, anonymous deserts to cross, where, from afar at a distance, uncertain traces of some solitary pilgrim that has passed by in remote times... But the migrating soul trusts its divine intuition, continuing its ascensional journey...

  
Prayer, humble and intense, is for the soul, a thread of Ariadne through all the labyrinths...


In reality, the very essence of affirmative prayer, which is true prayer, therefore superior, is supreme liberation. It is the voluntary renunciation of old habits that have been solidified through millennia... Thus, in prehistoric times, the man of the senses must have struggled, in the process of intellectualization, to emancipate himself from subconscious habits in favour of his entry into the conscious world...


The transition from the narrow and accommodated gregarious consciousness of the past, proper to all human herds, to the individual consciousness, and from this to the universal consciousness, it is a multimillennial drama of stupendous grandeur and tragicity, from the harsh abysses of man's merely sensitive behaviour, through the levels of the most informed and tamed mental man, to the heights of the Christlike spiritual man. However, this journey of the Adamic man towards the Christlike man can only be guaranteed by true prayer.


There is, in this silent epic, a succession of darkness and light... Beginning from the total darkness of the senses to the penumbra of the intellect... Crossing the morning twilight of the intellect, through the mysterious eclipse of faith, and ending enlightened by the direct experience of God; shinning intensely like a million stars!


This is the fascinating adventure of true prayer...

Friday 23 October 2020

A ILUSÃO DO PASSADO

O passado é uma ilusão da imaginação passageira de nossa mente e nunca voltará a ter significação para os que forem seus atores. E por esse fato descobrimos por que e como os seres humanos aumentam tanto a tristeza e o sofrimento de suas vidas. Ruminam indefinidamente o bocado das experiências do passado, perdendo assim a significação do Agora, mesmo porque o passado já não mais existe dentro do contexto de tempo e espaço.”

O pequeno texto acima, intenso e significativo, foi retirado do livro de Mouni Sadhu (1879–1971), DIAS DE GRANDE PAZ, publicado no Brasil pela Editora Pensamento em 1954, cuja primeira edição em Inglês, “In Days of Great Peace” teve sua publicação em 1952. O livro teve uma imensa repercussão mundial e entre os leitores brasileiros,

pois revela a vivência do autor com um dos mais respeitados homens santos da Índia, Sri Ramana Maharshi (1879-1950). Neste livro, Mouni Sadhu revela a experiência real de um homem desejoso de conhecer o significado e as influências de estar na presença física de um grande sábio, mas não tenta registrar nenhum de seus ensinamentos, apenas as suas palavras, conhecimento e interpretações. O autor experienciou apenas sua vivência pessoal e as vibrações emanadas de Maharshi... seu olhar, seus gestos, seu profundo silêncio, que era quebrado eventualmente com palavras que saiam da íntima presença da Presença Divina que interagia em seu próprio ser, livre de todas as algemas do ego que prendem o homem profano.

 

Devido a repercussão de Dias de Grande Paz, os editores brasileiros convidaram Huberto Rohden para prefaciar a nova edição de 1954, o que resultou numa completa revisão e notas de rodapé, resultado esse que contribuiu ainda mais para garantir o preciosismo deste livro. 

LA ILUSIÓN DEL PASADO

“Las cosas del pasado son una ilusión de la imaginación fugaz de nuestra mente y nunca tendrán ningún significado para quienes fueron sus actores. Y a través de este hecho, descubrimos por qué y cómo los seres humanos aumentan tanto el dolor y el sufrimiento de sus vidas. Rumiar indefinidamente la parte de experiencias pasadas, perdiendo así el significado del Ahora, porque el pasado ya no existe dentro del contexto del tiempo y el espacio.”

 

El breve texto anterior, intenso y significativo, fue tomado del libro “In Days of Great Peace” escrito por Mouni Sadhu (1879-1971), cuya primera edición en inglés se publicó en 1952.

 

El libro tuvo una inmensa repercusión en todo el mundo porque revela la experiencia real y personal de un hombre deseoso de conocer el significado y las influencias de estar en la presencia física de uno de los sabios hindúes más respetados, Sri Ramana Maharshi (1879-1950). En este libro, el autor no intenta registrar ninguna de sus enseñanzas, solo sus palabras, sabiduría y las vibraciones que emanan del Maharshi ... su mirada, sus gestos, su profundo silencio, que finalmente se rompían con palabras que salían de la presencia íntima de la Divina Presencia que interactuaba en su propio ser, libre de todos los grilletes del ego que atan al hombre profano.

 

Debido a las repercusiones de este libro, la editorial brasileña, Editora Pensamento, invitó al profesor Huberto Rohden (1893-1981), a prólogo de la nueva edición de 1954, denominada “Em Dias de Grande Paz”, que resultó en una revisión completa y notas a pie de página que aportan aún más para garantizar la preciosidad de este libro.

THE ILLUSION OF THE PAST

“Things of the past are an illusion of the fleeting imagination of our mind and will never have any meaning for those who were its actors. And through this fact, we discovered why and how humans increase so much the sorrow and suffering of their lives. Ruminate indefinitely the bit from past experiences, thereby losing the significance of Now, because the past no longer exists within the context of time and space.”

The short text above, intense and meaningful, was taken from the book “In Days of Great Peace” written by Mouni Sadhu (1879-1971), whose first English edition was published in 1952.

The book had an immense repercussion worldwide because reveals the real and personal experience of a man desirous of knowing the meaning and influences of being in the physical presence of one of the most respected Hindu sages, Sri Ramana Maharshi (1879-1950). In this book, the author does not attempt to record any of his teachings, just his spoken words, wisdom, and the vibrations emanating from Maharshi... his gaze, his gestures, his profound silence, which was eventually broken with words spoken out from the intimate presence of the Divine Presence that dwelled in his own being, free from all boundaries of ego, from the handcuffs that hold the profane man.

 

Due to the repercussions of this book, the Brazilian publishers, Editora Pensamento, invited prof Huberto Rohden (1893-1981), to preface the new edition of 1954, titled “Em Dias de Grande Paz” which resulted in a complete revision and footnotes contributing even more to guarantee the preciousness of this book.

OS TRÊS ESTÁGIOS DA ORAÇÃO

1)- No princípio, quando ainda estamos na escola primária da espiritualidade, ignorantes da mística divina, oramos em prol de nós mesmos, com o desejo de alcançar algum objeto que, em nossa ignorância, julgamos necessário para a nossa felicidade.

2)- Mais tarde, no nível secundário da espiritualidade, onde a moral e a ética ainda estão fragmentados e a mística vive em seu estado potencial, oramos pelo bem de outras pessoas, para as libertar de algum mal e conseguir lhes algum bem.

3)- Finalmente, depois da gloriosa peregrinação pelo caminho estreito e da passagem pela porta apertada que conduz à vida, é onde entramos no nível universitário da espiritualidade, e a mística em plena dinâmica, não oramos por objeto algum, mas tão somente pela progressiva identificação do sujeito individual Eu, com a Realidade Universal, ou com a Causa Primaria, ou seja, Deus. E todo o nosso desejo se resume no anseio de estarmos muito tempo sob a sua luminosa presença, assim como a planta deseja estar envolta e penetrada pela luz solar. Todo o nosso impuro desejo de “ter” acabou no puro desejo de “Ser”. E então só conhecemos esta grande melodia: “Deus, santificado seja o teu nome... venha a nós o teu reino... seja feita a tua vontade...” Onde a oração peticionária, cede lugar à oração afirmativa!


Texto revisado e extraído em parte, do livro Ídolos ou Ideal? 

LAS TRES ETAPAS DE LA ORACIÓN

1) - Al principio, cuando todavía estamos en la escuela primaria de la espiritualidad, ignorantes de la mística divina, oramos por nosotros mismos, con el deseo de lograr algún objeto que, en nuestro desconocimiento, juzgamos necesario para nuestra felicidad.

2) - Después, en el nivel secundario de espiritualidad, donde la moral y la ética aún están fragmentadas y la mística vive en su estado potencial, rezamos por el bien de los demás, para liberarlos de algún mal y conseguirles algunos bienes.

3) - Finalmente, después de la gloriosa peregrinación por el camino angosto y la pequeña puerta que conduce a la vida, donde ingresamos al nivel universitario de la espiritualidad, y la mística en plena dinámica, no rezamos por ningún objeto, sino solo por la identificación progresiva del Yo esencial divino, con la Realidad Universal, o con la Causa Primaria, es decir, Dios. Y todo nuestro deseo se resume en el anhelo de pertenecer bajo Su luminosa presencia, así como la planta quiere ser envuelta y penetrada por la luz del sol. Todo nuestro deseo impuro de “tener” terminó en el puro deseo de “Ser”. Y entonces sólo conocemos esta gran melodía: “Dios, santificado sea tu nombre ... venga tu reino ... hágase tu voluntad ...” ¡Donde la oración de petición da paso a la afirmativa!

THE THREE STAGES OF PRAYER

1) - At the beginning, when we are still in the primary school of spirituality, ignorant of the divine mystique, we pray for ourselves, with the desire to achieve some objects which, in our ignorance, we judge necessary for our happiness.

2)- Lately, in a secondary level of spirituality, where morality and ethics are still fragmented and the mystique lives in its potential state, we pray for the sake of others, to free them from some evil and get them some good.

3)- Finally, after the glorious pilgrimage through the narrow road and the small gate that leads to life, where we enter the university level of spirituality, and the mystique in full dynamics, we pray for no objects whatsoever, but only for the progressive identification of the individual subject Self, with the Universal Reality, or to the Primary Cause, i.e., God. And all our desire is summed up in the yearning to belong under Its luminous presence, just as the plant wishes to be shrouded and penetrated by sunlight. All our impure desire to “have” ended in the pure desire to “Be.” And then we only know this great melody: “God, hallowed be thy name... thy kingdom come... thy will be done...” Where petitionary prayer gives way to the affirmative one!

 

Thursday 22 October 2020

GANDHI - Sociedade Vegetariana de Londres

O texto abaixo se refere a uma palestra proferida por Gandhi em um encontro organizado pela Sociedade Vegetariana de Londres, em 20/11/1931 sobre considerações a respeito do vegetarianismo.  Além de outras particularidades de uma vida política que abalou os alicerces do maior poder colonialista do século XX, e um exemplo de retidão ética, Gandhi era também vegetariano, e passou a maior parte de sua vida, até seu assassinato em 1948, se alimentando de maneira muito frugal.

 

“Senhor Presidente, Companheiros Vegetarianos e Amigos.

Eu não pretendo tomar vosso tempo sobre minhas várias experiências no vegetarianismo, nem mesmo afirmar algo sobre a grande dificuldade que enfrentei em Londres em permanecer firme à essa dieta, mas gostaria de compartilhar com vocês alguns dos pensamentos que se desenvolveram em mim com relação ao vegetarianismo. Há quarenta anos passados, eu costumava me relacionar livremente com vegetarianos. Naquela época, não havia praticamente um restaurante vegetariano em Londres que eu não tivesse visitado. Fiz questão, por pura curiosidade, estudar as possibilidades do vegetarianismo e restaurantes vegetarianos. Naturalmente, portanto, entrei em contato com muitos vegetarianos. Descobri, nas conversas, que grande parte delas girava em torno de alimentação e enfermidades. Descobri também que os vegetarianos que lutavam para ser vegetarianos estavam encontrando dificuldades em manter uma vida saudável.

Eu não sei se, hoje em dia, existem esses debates, mas no passado eram frequentes, entre vegetarianos e não vegetarianos. Lembro-me de um desses debates entre o Dr. Densmore e o falecido Dr. T. R. Allinson. E o hábito entre as conversas girava em torno só de alimentação e doença. Mas essa é a maneira mais inconveniente de discussão. Percebi que parte dos que se tornaram vegetarianos o fizeram para se livrar de doenças, ou seja, puramente por questões de saúde. E geralmente, são aquelas que possivelmente irão abdicar da dieta. Descobri com isso, que para se permanecer fiel ao vegetarianismo, se exige uma base moral.

Para mim, foi uma grande descoberta em busca da verdade. Ainda jovem, durante meus experimentos, descobri que uma base egoísta na alimentação, não serviria ao propósito de levar um homem ao alto pelos longos dos caminhos da evolução. O que se requeria era um propósito altruísta. Descobri também que saúde não é de forma alguma, monopólio dos vegetarianos. Eu encontrei muitos sem preconceitos e que os não-vegetarianos eram capazes de mostrar, de maneira geral, boa saúde. Descobri também que vários vegetarianos achavam impossível permanecer vegetarianos porque tinham feito da alimentação um fetiche porque achavam que, ao se tornarem vegetarianos, podiam comer o quanto possível, lentilhas, feijão, queijo. E é claro que apenas com essa dieta não poderiam manter a saúde.

Observando então, vi que um homem deve comer com moderação e de vez em quando jejuar. Nenhum homem ou mulher realmente se alimentam com parcimônia ou consomem apenas a quantidade necessária que o corpo requer. Caímos facilmente nas tentações do paladar e, portanto, quando algo é saboroso, não nos importamos em repetir o prato. Mas assim, não se pode manter a saúde convenientemente. Consequentemente, descobri que, para manter a saúde, não importa o que se come, necessário se faz reduzir a quantidade e o número de refeições. Torne-se moderado; não reclamar que comeu demais ou de menos. Quando convido amigos para compartilharem suas refeições comigo, nunca os pressiono para aceitar qualquer coisa, exceto apenas o que eles exigem. Pelo contrário, digo-lhes que não comam nada se não o quiserem.

O que eu quero levar ao conhecimento de todos, é que os vegetarianos precisam ser mais compreensivos se quiserem converter outros ao vegetarianismo. Adote um pouco de humildade. Devemos apelar para o senso moral das pessoas que não se ajustam com nossa dieta. Se um vegetariano adoecesse e um médico prescrevesse carne, eu não o chamaria de vegetariano. Um vegetariano se constrói com hábitos difíceis. Por quê? Porque é para a construção do espírito e não do corpo. O homem é mais do que carne. É o espírito do homem pelo qual nos preocupamos. Portanto, os vegetarianos deveriam ter essa base moral - que um homem não nasceu um animal carnívoro, mas nasceu para viver dos frutos e ervas que a terra oferece. Eu poderia errar em oferecer leite a um doente. Fiz esse experimento muitas vezes. Não consegui, depois de uma doença grave, recuperar minhas forças, a menos que voltasse ao leite. Essa tem sido a tragédia da minha vida. Mas a base do meu vegetarianismo não é física, mas moral. Se alguém dissesse que eu morreria se não comesse carne ou caldo de carne, mesmo com orientação médica, preferiria a morte. Essa é a base do meu vegetarianismo.

Eu adoraria pensar que todos nós, que nos chamamos vegetarianos, deveríamos ter essa base. Existem milhares de carnívoros que não se mantiveram carnívoros. Deve haver uma razão definida para fazermos essa mudança em nossas vidas, de adotarmos hábitos e costumes diferentes da sociedade, mesmo que às vezes essa mudança possa ofender os mais próximos e nossos queridos. Portanto, a única base para ter uma sociedade vegetariana e proclamar um princípio vegetariano é, e deve ser, moral. Eu não posso afirmar que os vegetarianos, em geral, desfrutam de uma saúde muito melhor do que os que comem carne. Eu pertenço a um país que é predominantemente vegetariano por hábito ou necessidade. Portanto, não posso testemunhar que isso mostra uma resistência muito maior, uma coragem muito maior ou uma isenção muito maior da doença. Porque é uma coisa peculiar e pessoal. Requer obediência escrupulosa a todas as leis da higiene.

Portanto, penso que o que os vegetarianos devem fazer é não enfatizar as consequências físicas do vegetarianismo, mas explorar as consequências morais. Embora ainda não tenhamos esquecido que compartilhamos muito em comum com os animais, não percebemos suficientemente que há certas coisas que nos diferenciam deles. Os animais vegetarianos são muito mais vegetarianos que nós mesmos - mas há algo muito maior que nos chama ao vegetarianismo. Portanto, eu pensei que, durante os poucos minutos que eu me dei o privilégio de me dirigir a vocês, eu apenas enfatizaria a base moral do vegetarianismo. E eu diria que descobri, por experiência própria e pela experiência de milhares de amigos e companheiros, que eles encontram satisfação, no que se refere ao vegetarianismo, na base moral que escolheram para sustentar o vegetarianismo. Em conclusão, agradeço a todos por virem aqui e me permitirem ver vegetarianos face a face. Não posso dizer que costumava encontrá-los quarenta ou quarenta e dois anos atrás. Suponho que os rostos da Sociedade Vegetariana de Londres tenham mudado. Há muito poucos membros que, como o Sr. Salt, podem reivindicar associação com a Sociedade que se estende por mais de quarenta anos.”

GANDHI - Sociedad Vegetariana de Londres

Discurso pronunciado por Gandhi en un Encuentro Social organizado por la London Vegetarian Society, en 20/11/1931. Además de otros detalles de una vida política que sacudió las bases de la mayor potencia colonialista del siglo XX, y un ejemplo de rectitud ética, Gandhi era vegetariano y pasó la mayor parte de su vida hasta su asesinato en 1948, alimentándose de una dieta muy frugal.

“Señor, presidente, compañeros vegetarianos y amigos.

No me propongo tomar su tiempo contándoles mis diversas experiencias de vegetarianismo ni quiero contarles algo de la gran dificultad que enfrenté en el mismo Londres para mantenerme firme en el vegetarianismo, pero me gustaría compartir con ustedes algunos de los pensamientos que se han desarrollado en mí en relación con el vegetarianismo. Hace cuarenta años, solía mezclarme libremente con vegetarianos. En ese momento apenas había un restaurante vegetariano en Londres que no hubiera visitado. Me propuse, por curiosidad, y estudiar las posibilidades del vegetarianismo y los restaurantes vegetarianos en Londres, visitar cada uno de ellos. Por tanto, naturalmente, entré en estrecho contacto con muchos vegetarianos. En las mesas, descubrí que en gran parte la conversación giraba en torno a la comida y la enfermedad. También descubrí que a los vegetarianos que luchaban por mantener su vegetarianismo les resultaba difícil desde el punto de vista de la salud.

No sé si, hoy en día, tienen esos debates, pero yo solía en ese momento asistir a debates que se realizaban entre vegetarianos y vegetarianos y entre vegetarianos y no vegetarianos. Recuerdo uno de esos debates, entre el Dr. Densmore y el difunto Dr. T. R. Allinson. Entonces los vegetarianos tenían la costumbre de hablar de nada más que comida y nada más que enfermedad. Siento que esa es la peor forma de abordar la cuestión. También me doy cuenta de que son aquellas personas que se vuelven vegetarianas porque padecen una enfermedad u otra, es decir, desde el punto de vista puramente de la salud, son esas personas las que en gran medida retroceden. Descubrí que, para permanecer firme en el vegetarianismo, un hombre requiere una base moral.

Para mí fue un gran descubrimiento en mi búsqueda de la verdad. A una edad temprana, en el curso de mis experimentos, descubrí que una base egoísta no serviría para llevar a un hombre cada vez más alto por los caminos de la evolución. Lo que se requería era un propósito altruista. También descubrí que la salud no era de ninguna manera el monopolio de los vegetarianos. Encontré que muchas personas no tenían prejuicios de una forma u otra y que los no vegetarianos podían mostrar buena salud. También descubrí que a varios vegetarianos les resultaba imposible seguir siendo vegetarianos porque habían hecho de la comida un fetiche y porque pensaban que al convertirse en vegetarianos podrían comer tantas lentejas, judías, frijoles y queso como quisieran. Por supuesto, esas personas no podrían mantener su salud.

Observando en este sentido, vi que un hombre debería comer con moderación y de vez en cuando ayunar. Ningún hombre o mujer realmente comió con moderación o consumió solo la cantidad que el cuerpo requiere y nada más. Caemos fácilmente en las tentaciones del paladar, y por eso cuando algo es delicioso, no nos importa tomar un bocado o dos más. Pero no se puede mantener la salud en esas circunstancias. Por lo tanto, descubrí que, para mantener la salud, no importa lo que comiera, era necesario reducir la cantidad de su ingesta y reducir el número de comidas. Sea moderado; errar del lado de menos, en lugar del lado de más. Cuando invito a mis amigos a compartir sus comidas conmigo, nunca los presiono para que tomen nada más que lo que necesitan. Al contrario, les digo que no tomen nada si no lo quieren.

Lo que quiero hacerles saber es que los vegetarianos deben ser tolerantes si quieren convertir a otros al vegetarianismo. Adoptar un poco de humildad. Debemos apelar al sentido moral de las personas que no están de acuerdo con nosotros. Si un vegetariano se enferma y un médico le receta carne, no lo llamaría vegetariano. Un vegetariano está hecho de cosas más difíciles. ¿Por qué? Porque es para la edificación del espíritu y no del cuerpo. El hombre es más que carne. Es el espíritu en el hombre lo que nos preocupa. Por lo tanto, los vegetarianos deberían tener esa base moral: que un hombre no nació como un animal carnívoro, sino que nació para vivir de las frutas y hierbas que cultiva la tierra. Sé que todos debemos errar. Dejaría la leche si pudiera, pero no puedo. He hecho ese experimento innumerables veces. No podría, después de una enfermedad grave, recuperar las fuerzas, a menos que volviera a la leche. Esa ha sido la tragedia de mi vida. Pero la base de mi vegetarianismo no es física, sino moral. Si alguien dijera que moriría si no comiera carne, incluso por consejo médico, preferiría la muerte. Esa es la base de mi vegetarianismo.

Me encantaría pensar que todos los que nos llamamos vegetarianos deberíamos tener esa base. Había miles de carnívoros que no seguían siendo carnívoros. Debe haber una razón definida para hacer ese cambio en nuestra vida, desde que adoptemos hábitos y costumbres diferentes a la sociedad, aunque en ocasiones ese cambio pueda ofender a los más cercanos y queridos. No por el mundo deberías sacrificar un principio moral. Por lo tanto, la única base para tener una sociedad vegetariana y proclamar un principio vegetariano es, y debe ser, moral. No debo decirles, como veo y deambulando por el mundo, que los vegetarianos, en general, disfrutan de una salud mucho mejor que los que comen carne. Pertenezco a un país predominantemente vegetariano por hábito o necesidad. Por lo tanto, no puedo testificar que eso muestre una resistencia mucho mayor, un valor mucho mayor o una exención mucho mayor de la enfermedad. Porque es algo peculiar y personal. Requiere obediencia y obediencia escrupulosa a todas las leyes de la higiene.

Por lo tanto, creo que lo que los vegetarianos deberían hacer no es enfatizar las consecuencias físicas del vegetarianismo, sino explorar las consecuencias morales. Si bien todavía no hemos olvidado que compartimos muchas cosas en común con los animales, no nos damos cuenta de que hay ciertas cosas que nos diferencian de ellos. Por supuesto, tenemos vegetarianos en la vaca y el toro, que son mejores vegetarianos que nosotros, pero hay algo mucho más elevado que nos llama al vegetarianismo. Por eso, pensé que, durante los pocos minutos que me doy el privilegio de dirigirme a ustedes, solo haría hincapié en la base moral del vegetarianismo. Y yo diría que he descubierto por mi propia experiencia, y la experiencia de miles de amigos y compañeros, que encuentran satisfacción, en lo que se refiere al vegetarianismo, a la base moral que han elegido para sostener el vegetarianismo. En conclusión, les agradezco a todos por venir aquí y permitirme ver a los vegetarianos cara a cara. No puedo decir que solía conocerte hace cuarenta o cuarenta y dos años. Supongo que las caras de la London Vegetarian Society han cambiado. Hay muy pocos miembros que, como el Sr. Salt, puedan afirmar estar asociados con la Sociedad por más de cuarenta años”.

GANDHI - London Vegetarian Society

Speech delivered by Gandhi at a Social Meeting organised by the London Vegetarian Society, 20/11/1931. In addition to other particulars of a political life that shook the foundations of the greatest colonialist power of the twentieth century, and an example of ethical rectitude, Gandhi was vegetarian and spent most of his life until his assassination in 1948, feeding himself on a very frugal diet and fasting.

 

“Mr, Chairman, Fellow Vegetarians, and Friends.

I do not propose to take up your time by giving you my various experiences of vegetarianism nor do I want to tell you something about the great difficulty that faced me in London itself in remaining staunch to vegetarianism, but I would like to share with you some of the thoughts that have developed in me in connection with vegetarianism. Forty years ago, I used to mix freely with vegetarians. There was at that time hardly a vegetarian restaurant in London that I had not visited. I made it a point, out of curiosity, and to study the possibilities of vegetarianism and vegetarian restaurants in London, to visit every one of them. Naturally, therefore, I came into close contact with many vegetarians. I found, at the tables, that largely the conversation turned upon food and disease. I found also that the vegetarians who were struggling to stick to their vegetarianism were finding it difficult from the health point of view.

I do not know whether, nowadays, you have those debates, but I used at that time to attend debates that were held between vegetarians and vegetarians and between vegetarians and non-vegetarians. I remember one such debate, between Dr Densmore and the late Dr T. R. Allinson. Then vegetarians had a habit of talking of nothing but food and nothing but disease. I feel that that is the worst way of going about the business. I notice also that it is those persons who become vegetarians because they are suffering from some disease or other – that is, from purely the health point of view – it is those persons who largely fall back. I discovered that for remaining staunch to vegetarianism a man requires a moral basis.

For me, that was a great discovery in my search after truth. At an early age, in the course of my experiments, I found that a selfish basis would not serve the purpose of taking a man higher and higher along the paths of evolution. What was required, was an altruistic purpose. I found also that health was by no means the monopoly of vegetarians. I found many people having no bias one way or the other and that non-vegetarians were able to show good health. I found also that several vegetarians found it impossible to remain, vegetarians, because they had made food a fetish and because they thought that by becoming vegetarians they could eat as much lentil, haricot, beans and cheese as they liked. Of course, those people could not possibly keep their health.

Observing along these lines, I saw that a man should eat sparingly and now and then fast. No man or woman really ate sparingly or consumed just that quantity which the body requires and no more. We easily fall to prey to the temptations of the palate, and therefore when a thing tastes delicious, we do not mind taking a morsel or two more. But you cannot keep health under those circumstances. Therefore, I discovered that in order to keep health, no matter what you ate, it was necessary to cut down the quantity of your intake and reduce the number of meals. Become moderate; err on the side of less, rather than on the side of more. When I invite friends to share their meals with me, I never press them to take anything except only what they require. On the contrary, I tell them not to take a thing if they do not want it.

What I want to bring to your notice is that vegetarians need to be tolerant if they want to convert others to vegetarianism. Adopt a little humility. We should appeal to the moral sense of the people who do not see eye to eye with us. If a vegetarian became ill, and a doctor prescribed beef tea, then I would not call him a vegetarian. A vegetarian is made of sterner stuff. Why? Because it is for the building of the spirit and not of the body. Man is more than meat. It is the spirit in man for which we are concerned. Therefore, vegetarians should have that moral basis – that a man was not born a carnivorous animal but born to live on the fruits and herbs that the earth grows. I know we must all err I would give up milk if I could, but I cannot. I have made that experiment times without number. I could not, after a serious illness, regain my strength, unless I went back to milk. That has been the tragedy of my life. But the basis of my vegetarianism is not physical, but moral. If anybody said that I should die if I did not take beef-tea or mutton, even on medical advice, I would prefer death. That is the basis of my vegetarianism.

I would love to think that all of us who called ourselves vegetarians should have that basis. There were thousands of meat-eaters who did not stay meat-eaters. There must be a definite reason for making that change in our lives, from our adopting habits and customs different from society, even though sometimes that change may offend those nearest and dearest to us. Not for the world should you sacrifice a moral principle. Therefore, the only basis for having a vegetarian society and proclaiming a vegetarian principle is, and must be a moral one. I am not to tell you, as I see and wander about the world, that vegetarians, overall, enjoy much better health than meat-eaters. I belong to a country which is predominantly vegetarian by habit or necessity. Therefore, I cannot testify that that shows much greater endurance, much greater courage, or much greater exemption from disease. Because it is a peculiar, personal thing. It requires obedience, and scrupulous obedience, to all the laws of hygiene.

Therefore, I think that what vegetarians should do is not to emphasise the physical consequences of vegetarianism, but to explore the moral consequences. While we have not yet forgotten that we share many things in common with the beast, we do not sufficiently realise there are certain things which differentiate us from the beast. Of course, we have vegetarians in the cow and the bull -- which are better vegetarians than we are - but there is something much higher which calls us to vegetarianism. Therefore, I thought that, during the few minutes which I give myself the privilege of addressing you, I would just emphasise the moral basis of vegetarianism. And I would say that I have found from my own experience and the experience of thousands of friends and companions, that they find satisfaction, so far as vegetarianism is concerned, from the moral basis they have chosen for sustaining vegetarianism. In conclusion, I thank you all for coming here and allowing me to see vegetarians face to face. I cannot say I used to meet you forty or forty-two years ago. I suppose the faces of the London Vegetarian Society have changed. There are very few members who, like Mr Salt, can claim association with the Society extending over forty years.”

Wednesday 21 October 2020

RASTOS LUMINOSOS

A vida terrestre só vale – pelo bem que fizermos...

Pelo rasto de luz que deixarmos após a partida...

Se entre o teu berço e o túmulo se abrir um vazio, uma treva estéril, não viveste – vegetaste apenas...

“Aqui jazem os restos mortais de alguém que morreu – mas não viveu”.

Meu amigo, faze da tua vida um poema de fé – uma epopeia de amor...

Assinala tua passagem pela terra, só anunciando o amor e a benquerença...

São tantos os males – não os aumentes com tua chegada...

São tantas as dores – não as intensifiques com tua aspereza...

Ilumina a zona da tua presença com grandes ideias e belos ideais...

Por que extinguir essas lâmpadas que, incertas, bruxuleiam?...

Por que destruir de vez, aquilo que ainda se sustenta na fragilidade?...

Por que apagar a mecha fumegante?...

Fala às almas sem luz das luzes eternas...

Aponta às almas tristes as alturas de Deus...

Não olhes, como o chorão, para a terra – que um ente querido levou...

Olha, como o cipreste, para o céu – que a alma acolheu.

Para que aos outros possas ser um sol matinal – tu mesmo deves possuir luminosa plenitude...

Só aquele que tem muita luz - é que pode iluminar os outros...

Cultua, fervoroso, todas as coisas belas e divinas: Verdade nas palavras, sinceridade nas intenções, bondade nos atos, indulgência no juízo, fidelidade nas promessas, serenidade na dor, caridade com todos – Preenche destas luzes tua vida e a vida dos outros...

Ninguém é infeliz em hora noturna – quando sabe que depois da noite, nasce sorridente alvorada...

Faze transbordar nas almas o excesso da tua plenitude.

Derrame nos homens a abundância da tua luz.

Comunica ao mundo a beatitude de que Deus te plenificou.

Fixa a estrela polar da vontade divina – e dirige tua nau por trevas e tempestades...

Mão firme no leme! – serena confiança na alma!...

Tua calma acalmará os companheiros de travessia...

Se, algum dia, o desalento te invadir o coração – dize-o ao Deus eterno, e não a creaturas efêmeras!

Se lágrimas rebeldes romperem as represas – chora a sós com o Onipotente, e não com seres impotentes.

Se dúvida atroz te oprimir o espírito – pede luzes ao Sapiente, e não aos insipientes.

Vive assim como desejarias ter vivido quando a morte teu corpo levar...

Constrói nas almas das gerações seguintes um monumento de amor – um obelisco de fé...

Texto revisado, extraído do livro De Alma para Alma 

PISTAS DE LUZ

La vida terrenal solo vale por las buenas obras realizadas ...

Por el rastro de la luz que dejamos después de partir ...

Si entre tu cuna y la tumba se abre un vacío, una oscuridad estéril, no viviste, solo tenías una existencia vegetativa ...

“Aquí yacen los restos de alguien que murió, pero no vivió”.

Amigo, haz de tu vida un poema de fe, una epopeya de amor ...

Marca tu paso por la tierra, solo anunciando amor y benevolencia ...

Hay tantos males, no los aumente con su llegada ...

Hay tanto sufrimiento, no lo intensifiques con tu aspereza ...

Ilumina el entorno de tu presencia con grandes ideas y hermosos ideales ...

¿Por qué tienes que apagar estas luces que parpadean inciertamente? ...

¿Por qué destruir por una vez lo que todavía se mantiene frágil? ...

¿Por qué apagar la mecha humeante? ...

Habla a las almas en la oscuridad espiritual, acerca de las luces eternas ...

Dirige las almas tristes hacia las alturas de Dios ...

No mires, como sauce llorón, a la tierra que tragó el amado ...

Parezca el ciprés, al cielo, que el amado recibió.

Para que para los demás puedas ser un sol matutino, la plenitud de la luz debe estar contigo ...

Solo el que es un faro de luz puede iluminar a los demás ...

Adora con fervor todas las cosas bellas y divinas: la verdad en las palabras, la sinceridad en las intenciones, la bondad en los hechos, la indulgencia en el juicio, la fidelidad en las promesas, la serenidad en el dolor, la caridad para con todos - Llena tu vida de estas luces y la vida de los demás ...

Nadie es infeliz en las horas nocturnas, cuando sabe que después del anochecer, el sol  amanece sonriente ...

Desborde sobre las almas a las que te puedas acercar, el exceso de tu abundancia.

Difunde en los hombres la abundancia de tu luz.

Comunica al mundo la bienaventuranza que Dios te ha cumplido.

Repare la estrella polar de la voluntad divina y conduzca su bote a través de la oscuridad y las tormentas ...

¡Una mano firme al timón! - ¡Serena confianza en el alma! ...

Tu calma calmará a otros que cruzan también ...

Si algún día el desánimo invade tu corazón, ¡confiesa tus dolores al Dios eterno, no a las criaturas efímeras!

Si lágrimas rebeldes rompen las presas, llora a solas con el Todopoderoso, no con seres impotentes.

Si dudas atroces oprimen su espíritu, pida sabiduría para el Sapiente y no para el ignorante.

Vive, así como desearías haber vivido cuando la muerte se apodere de tu cuerpo ...

Y así, cuando se acerca la muerte, erige sobre las almas de las generaciones futuras un monumento de amor, un obelisco de fe ... 

LUMINOUS TRACES

Earthly life is only worth - for the good deeds performed...

By the trail of light that we leave after departing...

If between your cradle and the grave opens a void, barren darkness, you did not live - you just had a vegetative existence...

“Here lie the remains of someone who died - but did not live”.

My friend, make of your life a poem of faith - an epic of love...

Mark your passage through the earth, only announcing love and benevolence...

There are so many evils - do not increase it with your arrival...

There is so much suffering - do not intensify it with your roughness...

Enlighten the surroundings of your presence with great ideas and beautiful ideals...

Why do you have to extinguish these lights that flicker uncertainly?...

Why destroy for once, what still holds fragile? ...

Why extinguish smoking wick?...

Speak to the souls in spiritual darkness, about the eternal lights...

Direct the sad souls towards the heights of God...

Do not look, like a weeping willow, to the earth - which the loved one swallowed...

Look like the cypress, to heaven - which the loved one welcomed.

So that to others you can be a morning sun - the plenitude of the light must be with you...

Only the one who is a beacon of light - can enlighten others...

Worship fervently all things beautiful and divine: Truth in words, sincerity in intentions, goodness in deeds, indulgence in judgment, faithfulness in promises, serenity in pain, charity to all - Fill your life with these lights and the lives of others...

No one is unhappy in nocturnal hours - when knows that after dark, smiling dawn rises ...

Overflow over the souls you might approach, the excess of your abundance.

Spread in men the abundance of your light. 

Communicate to the world the beatitude that God has fulfilled you.

Fix the polar star of Divine will - and drive your boat through darkness and storms...

A steady hand at the helm! - serene confidence in the soul!...

Your calm will calm others crossing too...

If someday, discouragement invades your heart – confess your sorrows to the eternal God, not to ephemeral creatures!

If rebellious tears break the dams - cry alone with the Almighty, not with impotent beings.

If atrocious doubts oppress your spirit - ask wisdom for the Sapient, and not to the ignorant.

Live this way as you wish you had lived when death will take your body...

And so, when death approaches, erects on the souls of the future generations a monument of love - an obelisk of faith...

Tuesday 20 October 2020

A ABELHINHA ÍSIS

Dentre os quase 100 livros escritos por Rohden, consta uma coleção chamada de Mistérios da Natureza, que compreendem quatro livros de caráter ficcional, místico, talvez utópico, mas profundamente realista, por mais paradoxal que seja... Esses livros expõe os mistérios da Natureza, em diálogos hipotéticos onde Rohden interagia com algumas creaturas não humanas!

Nessa coleção existe um livro de 150 páginas, chamado Ísis, e que é o nome de uma simpática abelhinha, onde em um inteligente diálogo, eles discutem e exploram a vida e a sociedade das abelhas, descobrindo nelas, as maravilhas da inteligência instintiva, que nos não humanos é o reflexo da grandeza da Inteligência Cósmica. Esse diálogo apresenta uma analogia ao homem sábio que, em ultrapassando seu nível de inteligência, se guia também pela intuição, governando-se a si mesmo.

Utopia? Não... Se isso é possível na Natureza - por que não pode ser possível entre os seres humanos – a assim chamada coroa da creação?

Mas por que abelhas, o leitor perguntaria? Porque estes himenópteros fizeram parte ativa da vida de Rohden, que nas suas horas de lazer gostava de criar abelhas e brincar de carpinteiro. Ele era estudioso em Apiologia e profundo conhecedor dessa fascinante sociedade, participando inclusive de congressos internacionais sobre o assunto.

De fato, a inspiração de Rohden se originou a partir da obra de Waldemar Bonsels (1880-1952) escritor alemão responsável pelo livro (Die Biene Maja) A Abelha Maya, publicado em 1912, que antes de ser uma publicação infantil, como o livro sugere, tem uma conotação, além de social e política, profundamente mística, mostrando a unidade de toda a creação, e sua relação com o Deus creador.

A partir do livro original, a obra de Bonsels recebeu diversas adaptações no mundo inteiro e em diversas línguas... brinquedos, filmes, documentários, revistas infantis, jogos de vídeo, cinema e na TV, e em um seriado animado de produção japonesa para o público infantil (e adultos), e até uma ópera, sendo ainda em nossos dias, amplamente transmitidos!

 

O DIÁLOGO...

HR - Ísis, por favor, explica para mim: Quanto mais perfeito é um governo, mais cósmico ele é?

I - Exatamente isso! Tudo que é belo e grande tem caráter cósmico. Também o indivíduo é tanto mais perfeito quanto mais cósmico, servidor do Todo, panorâmico, universal, amigo de seus semelhantes, uma nota pura sintonizada pela grande Sinfonia da Inteligência Universal…

HR - Uma sociedade orientada por um fator cósmico seria então uma Cosmocracia...

I - Verdade, muitos indivíduos, governados, não por outro indivíduo, mas pela grande Alma do Universo, refletida na consciência de cada um. Seria o ideal.

HR - Entre nós, seres humanos, há indivíduos que se julgam chefes e soberanos por conta própria, sem consultar a Alma do Cosmos! 

I - Ó! Que aberração! Nunca pensei que entre seres racionais fosse possível tamanha irracionalidade. É um crime contra a Grande Inteligência...

HR - Mas a parte mais sadia e intuitiva entre os humanos pensa e age de outro modo: os próprios indivíduos designam aquele por quem querem ser governados.

I - Já é meio caminho andado, rumo à Cosmocracia; mas ainda está longe do termo da jornada. Nossa colônia não escolhe soberano algum. Não há intermediário entre nós e a Alma do Universo. É esta própria Alma, a Grande Inteligência, a Infinita Realidade, a Suprema Divindade, que nos rege e governa. Quando os homens chegarem à perfeição, saberão governarem-se a si mesmos, sem chefe nem intermediário algum. Não haverá ordens vindas de fora, só haverá uma ordem vinda de dentro, eco daquele grande Imperativo do Universo que tudo dirige com força e suavidade, de um a outro extremo do Cosmos. Quando o dever se transformar em querer, e esse querer se identificar plenamente com o onipotente dever, então será perfeita a harmonia social, e perfeita será também a felicidade individual. E a harmonia e felicidade entre os humanos será infinitamente maior do que as do povo das abelhas…

HR - Pelo que vejo Ísis, o povo das abelhas, é muito mais avançado no caminho da evolução do que os humanos.

I - É engano, grande engano, amigo homem! A nossa Cosmocracia é muito imperfeita.

HR - Como assim, Ísis?

I - Porque não atingiu ainda o nível da inteligência individual que existe entre os humanos. Essa inteligência individual é o maior privilégio humano — e o maior perigo. Ai de quem parar nesse nível e se negar a ultrapassar esse estágio evolutivo!… Dia virá, em que o homem inteligente de hoje, atingirá as luminosas alturas da racionalidade, e da consequente espiritualidade. Terminará então a luta de indivíduo contra indivíduo, de grupo contra grupo. Será proclamada a grande Lei Cósmica, do amor espontâneo e universal — a perfeita e definitiva Cosmocracia…" 

Texto revisado, extraído do livro ÍSIS