Dentre os quase 100 livros escritos por Rohden, consta uma coleção chamada de Mistérios da Natureza, que compreendem quatro livros de caráter ficcional, místico, talvez utópico, mas profundamente realista, por mais paradoxal que seja... Esses livros expõe os mistérios da Natureza, em diálogos hipotéticos onde Rohden interagia com algumas creaturas não humanas!
Nessa coleção existe um livro de 150 páginas, chamado Ísis, e que é o nome de uma simpática abelhinha, onde em um inteligente diálogo, eles discutem e exploram a vida e a sociedade das abelhas, descobrindo nelas, as maravilhas da inteligência instintiva, que nos não humanos é o reflexo da grandeza da Inteligência Cósmica. Esse diálogo apresenta uma analogia ao homem sábio que, em ultrapassando seu nível de inteligência, se guia também pela intuição, governando-se a si mesmo.
Utopia? Não... Se isso é possível na Natureza - por que não pode ser possível entre os seres humanos – a assim chamada coroa da creação?
Mas por que abelhas, o leitor perguntaria? Porque estes himenópteros fizeram parte ativa da vida de Rohden, que nas suas horas de lazer gostava de criar abelhas e brincar de carpinteiro. Ele era estudioso em Apiologia e profundo conhecedor dessa fascinante sociedade, participando inclusive de congressos internacionais sobre o assunto.
De fato, a inspiração de Rohden se originou a partir da obra de Waldemar Bonsels (1880-1952) escritor alemão responsável pelo livro (Die Biene Maja) A Abelha Maya, publicado em 1912, que antes de ser uma publicação infantil, como o livro sugere, tem uma conotação, além de social e política, profundamente mística, mostrando a unidade de toda a creação, e sua relação com o Deus creador.
A partir do livro original, a obra de Bonsels recebeu diversas adaptações no mundo inteiro e em diversas línguas... brinquedos, filmes, documentários, revistas infantis, jogos de vídeo, cinema e na TV, e em um seriado animado de produção japonesa para o público infantil (e adultos), e até uma ópera, sendo ainda em nossos dias, amplamente transmitidos!
O DIÁLOGO...
HR - Ísis, por favor, explica para mim: Quanto mais perfeito é um governo, mais cósmico ele é?
I - Exatamente isso! Tudo que é belo e grande tem caráter cósmico. Também o indivíduo é tanto mais perfeito quanto mais cósmico, servidor do Todo, panorâmico, universal, amigo de seus semelhantes, uma nota pura sintonizada pela grande Sinfonia da Inteligência Universal…
HR - Uma sociedade orientada por um fator cósmico seria então uma Cosmocracia...
I - Verdade, muitos indivíduos, governados, não por outro indivíduo, mas pela grande Alma do Universo, refletida na consciência de cada um. Seria o ideal.
HR - Entre nós, seres humanos, há indivíduos que se julgam chefes e soberanos por conta própria, sem consultar a Alma do Cosmos!
I - Ó! Que aberração! Nunca pensei que entre seres racionais fosse possível tamanha irracionalidade. É um crime contra a Grande Inteligência...
HR - Mas a parte mais sadia e intuitiva entre os humanos pensa e age de outro modo: os próprios indivíduos designam aquele por quem querem ser governados.
I - Já é meio caminho andado, rumo à Cosmocracia; mas ainda está longe do termo da jornada. Nossa colônia não escolhe soberano algum. Não há intermediário entre nós e a Alma do Universo. É esta própria Alma, a Grande Inteligência, a Infinita Realidade, a Suprema Divindade, que nos rege e governa. Quando os homens chegarem à perfeição, saberão governarem-se a si mesmos, sem chefe nem intermediário algum. Não haverá ordens vindas de fora, só haverá uma ordem vinda de dentro, eco daquele grande Imperativo do Universo que tudo dirige com força e suavidade, de um a outro extremo do Cosmos. Quando o dever se transformar em querer, e esse querer se identificar plenamente com o onipotente dever, então será perfeita a harmonia social, e perfeita será também a felicidade individual. E a harmonia e felicidade entre os humanos será infinitamente maior do que as do povo das abelhas…
HR - Pelo que vejo Ísis, o povo das abelhas, é muito mais avançado no caminho da evolução do que os humanos.
I - É engano, grande engano, amigo homem! A nossa Cosmocracia é muito imperfeita.
HR - Como assim, Ísis?
I - Porque não atingiu ainda o nível da inteligência individual que existe entre os humanos. Essa inteligência individual é o maior privilégio humano — e o maior perigo. Ai de quem parar nesse nível e se negar a ultrapassar esse estágio evolutivo!… Dia virá, em que o homem inteligente de hoje, atingirá as luminosas alturas da racionalidade, e da consequente espiritualidade. Terminará então a luta de indivíduo contra indivíduo, de grupo contra grupo. Será proclamada a grande Lei Cósmica, do amor espontâneo e universal — a perfeita e definitiva Cosmocracia…"
Texto revisado, extraído do livro ÍSIS
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