Monday 19 October 2020

MONOCÊNTRICO – POLICÊNTRICO

O texto abaixo se refere à um breve estudo da personalidade humana, tanto a feminina como a masculina, de seres que apresentam suas diferenças entre um ou mais centros de direção ou decisão.

 

“Como poderia haver perfeita sintonização e harmonia entre homem e mulher, se tão diversas são as índoles, se tão diferentes são os caracteres, os gênios?

A mulher, quanto mais feminina, tanto mais monocêntrica é sua natureza.

O homem, quanto mais masculino, tanto mais policêntrico é o seu ser.

Os sentimentos de Eva giram em torno de um único eixo, eminentemente humano – Já os pensamentos de Adão se dispersam por diversos campos periféricos, assumindo um outro colorido. 

Se falhar o único centro da mulher, ela se sentirá integralmente infeliz e como que suspensa no vácuo – se falhar um dos centros do homem, ainda lhe restam diversos epicentros em torno dos quais pode girar o seu sistema planetário.

Mais intensamente feliz é a personalidade monocêntrica da mulher na realização das suas potencialidades do que a natureza policêntrica do homem na consecução dos seus objetivos.

Quando a mulher se liga a um homem, ela lhe doa todo o seu ego humano e feminino, sem deixar de fora departamento algum do seu ser – quando o homem se une a uma mulher, quase sempre deixa lá fora algumas províncias da sua natureza.

A mulher pode ser inteiramente do homem – mas o homem julga não pode ser inteiramente da mulher.

Enquanto ela percorre as mais altas esferas da imolação subjetiva – ele devassa vastos mundos de realidades objetivas.

Não fosse a alma feminina unilateral, não seria tão monocêntrico o seu amor – não fosse tão panorâmico o espírito do homem, não seria tão policêntrico seu querer.

Por isso andará sempre enfeitado de dor o amor do homem e da mulher.

Por isso será sempre uma amarga doçura mesclada de doce amargura...

Por isso haverá sempre na intimidade da compreensão uma distância de incompreensão...

Por isso entre ele e ela, a música que embala suas vidas será sempre dividida entre harmonias e dissonâncias...

Por isso, a história das relações entre o homem e a mulher é uma epopeia de luzes obscurecida de eclipses...

Por isso, ó homem ou mulher, fazei da vossa vida – que ainda não é um céu e nem deve ser um inferno – um discreto purgatório, estância fugaz de purificação, escola sensata de aperfeiçoamento...

Pode o amor humano, dele e dela, ser um objetivo da vida – mas não pode ser o propósito derradeiro na existência do homem ou da mulher.

Quem não conhece a razão-de-ser da sua existência é infeliz – ou está em vésperas da infelicidade...!”

Texto revisado, extraído do livro De Alma para Alma

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