É opinião geral entre a vasta maioria dos homens profanos, que pensamentos não sejam coisas reais, que são divagações da mente em diversos níveis, e por isso dão pouca importância aos pensamentos e sua qualidade. E assim, permitindo que pensamentos de todo gênero lhes ocorram constantemente.
Entretanto, se sabe que pensamentos são coisas reais, em forma de energias ou forças, assim como o impacto de um martelo sobre a bigorna, ou como a corrente elétrica que se manifesta em força, luz ou calor, embora a eletricidade em si mesma seja invisível. Um fio de alta tensão, com 1.000 volts, parece algo inofensivo, inerte e fraco, mas... que pode ser letal!
Há pensamentos que envenenam e matam – e há pensamentos que dão saúde e vida mais abundante, assim como há pensamentos destruidores – e há pensamentos construtores.
A física nuclear mostra que tanto mais real é algo, quanto menos material ela é. O que é material possui um mínimo de realidade e um máximo de irrealidade.
A substância material está, por assim dizer, apenas um grau acima do nada, porque a sua passividade é grande e sua atividade é pequena.
A energia possui mais atividade e menos passividade.
A luz, sobretudo a luz invisível, possui o máximo de atividade ou realidade e o mínimo de passividade ou irrealidade de todas as coisas do universo físico.
O pensamento, sendo menos material que a matéria sólida, a energia e a luz, possui um poder maior que essas realidades físicas.
Acima da força mental do pensamento está a força racional (ou espiritual) da experiência intuitiva. Segue-se que a força racional pode dominar:
A mente, a luz, a energia e a matéria.
Tudo é possível àquele que tem a faculdade racional altamente desenvolvida, porque todas as outras forças subalternas da natureza lhe estão sujeitas.
Estas forças existem nos seres humanos, mas em estado de dispersão ou latência, e por isso não manifestam a sua força.
A luz solar que incide na superfície de uma lente de 10 cm de diâmetro não produz muito calor e luz. Mas, concentrando essa luz ao diâmetro de 1 cm, ela tem o poder de queimar. Reduzindo mais o diâmetro dessa lente, o poder da luz se intensifica ainda mais.
De onde vieram esse calor e essa luz? Do sol que dista 150 milhões de quilômetros da Terra! Esse calor e luz estavam presentes antes de serem concentrados na lente, mas se achavam em estado de dispersão, e por isso não produziam efeito. O efeito é, pois, condicionado (não causado!) pela concentração de uma força presente. A lente não produz causalmente esse calor e essa luz, mas torna perceptível a sua presença mediante a concentração do que andava disperso.
Coisa análoga acontece com a “lente mental”. De fato, a mente funciona como uma lente: não produz causalmente o efeito, mas é a condição necessária para concentrar uma força e uma luz já pré-existentes.
Essa força e essa luz são o Eu racional ou espiritual, o qual, por sua vez, é uma individualização da Força e da Luz Universais. O infinito oceano de força e luz externa ao ser humano, existe no seu Eu central, como que individualizado; a Essência divina se faz presente em forma de existência humana, cujo centro íntimo continua a ser essa mesma Essência divina. A mente ou o intelecto é uma lente, um condensador e um canalizador dessa força e luz.
O Eu espiritual pode ser comparado com um grande lago de águas estacionárias no alto de uma montanha. Enquanto não for canalizada, ela permanece parada; mas, se canalizada, corre na direção do canal.
Da mesma forma, a mente pode canalizar as águas espirituais da alma, ou o Eu, e essas correntes atuam para onde forem canalizadas.
Forças espirituais são forças positivas, ao passo que as forças mentais canalizadas pela mente podem ser positivas ou negativas, e conforme o caráter dado pela vontade de quem as canalizou.
O grau de pureza ou impureza das correntes mentais depende da presença ou ausência do grau de egoísmo dessa mente. Se ela se mantém isenta de qualquer vestígio de egoísmo, então as águas fluem com absoluta pureza, e só produzem efeitos benéficos e construtivos.
O egoísmo consiste num amor-próprio que exclui os outros. Quando o ego se ama a si mesmo, e desama outros seres, excluindo-os do amor a si mesmo, esse amor-próprio é impuro, ou egoísta. Mas, quando o ego ama os outros seres assim como ama a si mesmo, então esse amor-próprio é puro, porque inclui os outros.
Portanto, está no interesse vital do homem, canalizar energias sadias e construtoras, uma vez que só estas promovem um bem-estar e uma felicidade reais e permanentes. Ninguém pode ter a presunção de querer destruir ou modificar as eternas Leis do Cosmos; seria tão absurdo como arremeter a cabeça contra uma montanha rochosa; quem se prejudica, não é a montanha, mas o incauto agressor. A sabedoria está em que o homem conheça as leis eternas e sintonize o seu querer agir com essas eternas leis que regem o Universo. Essas leis, porém, exigem o bem universal, a solidariedade cósmica, e não permitem a vantagem de um indivíduo sobre o detrimento de outro.