Os Evangelhos revelam repetidas vezes sobre irmãos e irmãs de Jesus, onde alguns aparecem com seus nomes e com os de seus pais.
Alguns deles, provavelmente filhos de José, oriundos de um matrimônio anterior; portanto, enteados. Em todas as imagens, mesmo os mais antigos ícones bizantinos, José é retratado invariavelmente como homem idoso, ao passo que Maria aparece sempre como uma jovem.
Se José era viúvo e trouxe para o matrimônio com Maria os filhos dele, compreende-se porque nenhum deles se tenha tornado discípulo de Jesus, e nenhum deles acompanhou a morte do Nazareno. Talvez porque a fama de Jesus deve ter enciumado esses filhos de José, que desaparecem na obscuridade.
Se os irmãos de Jesus tivessem sido filhos de Maria, não se compreende porque ao morrer, ele tenha entregue sua mãe aos cuidados de seu discípulo João. Esses supostos filhos não teriam se interessado por sua mãe?
A alegação arbitrária de certos teólogos, ansiosos por salvar a virgindade de José, não pode ser tomada a sério. Os livros sacros não se interessam por virgindade – tanto é que, entre os judeus, a paternidade e a maternidade eclipsavam a virgindade.
O fato da concepção virginal de Jesus, profetizado por Isaias, e referida por Mateus e Lucas, nada tem a ver com sexofobia, que é um erro cronológico manifestado séculos mais tarde. O motivo real da concepção virginal de Jesus visa motivar o início da nova humanidade, do qual o Gênesis de Moisés anunciou. A nova humanidade não podia aparecer do mesmo modo como as creaturas humanas comuns, mediante uma fecundação material. O homem “imagem e semelhança de Deus”, devia ter uma origem genuinamente hominal, como foi a de Jesus, o “Filho do Homem”.
Esta concepção hominal, por indução vital, que é o processo através do qual um corpo pode transmitir a outro corpo uma energia sem contacto material, implica, naturalmente, na preservação da virgindade, que não é uma finalidade, em si, mas apenas um fenômeno concomitante da origem da nova humanidade.
Lucas, o erudito médico grego, insinua, no seu Evangelho, essa concepção imaterial.
Essa concepção imaterial e genuinamente hominal do corpo de Jesus, nada a ver com uma intervenção mitológica, do “espírito santo” se com esta palavra se entende uma suposta pessoa divina.
Os Evangelhos de Mateus e Lucas identificam a genealogia de Jesus com a de José, e consideram José como o pai real, embora não material, e também não reduzem José a um suposto pai adotivo ou legal de Jesus.
A tríplice maldição que os Elohim, no Gênesis, lançam à serpente, à mulher e ao homem supõe que, através duma longa evolução ascensional, podia e devia a verdadeira humanidade atingir essa concepção genuinamente hominal. Mas essa evolução ascensional não se generalizou ainda por intervenção da serpente, símbolo da inteligência humana, contrária ao espírito de Deus.
Entretanto, o Gênesis dá esperanças que uma humanidade mais avançada “esmagará a cabeça da serpente” e abrirá os caminhos para uma humanidade feita segundo a imagem e semelhança de Deus.
E então “o reino de Deus será proclamado sobre a face da terra”. E não se considerava Jesus o introdutor dessa nova humanidade e desse reino de Deus, já que quase todas as suas parábolas giram em torno do foco central do “reino de Deus”?
Em face disto, é lógico que uma mulher futura fosse a mãe de alguém que esmagasse a cabeça da serpente!
E não disse Jesus de si mesmo: “Eu venci o mundo?” mas dos seus discípulos e de outros homens ele disse: “O príncipe deste mundo, que é o poder das trevas tem poder sobre vós”. Ele distingue nitidamente entre duas humanidades: a humanidade adâmica, ainda sujeita ao poder das trevas – e a nova humanidade crística, que venceu o poder das trevas.
Texto revisado extraído do livro QUE VOS PARECE DO CRISTO?
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