Monday 17 January 2022

EINSTEIN - O Enigma do Universo: uma abordagem místico-filosófica

Este é um dos livros mais lidos do filósofo, educador, teólogo, polímata e poliglota brasileiro Huberto Rohden (1893-1981), que foi editado pela primeira vez em 1972.

 

Dezenas de milhares de exemplares foram vendidos e a obra continua despertando grande interesse e fascinação nos leitores de língua portuguesa e esta é a primeira tentativa de apresentar e convidar os leitores de língua inglesa e espanhola para conhecerem um pouco mais sobre essa iluminada figura humana que revolucionou as ciências do século 20.

 

Um dos fatores positivos desse interesse está no fato de Rohden ter experimentado uma certa convivência com Einstein durante os anos de 1945 e 1946 na Universidade de Princeton, USA. E assim, no livro, Rohden aborda um dos aspectos mais intrigantes da personalidade do cientista: a intuição cósmica e os processos usados para revelar suas revolucionárias leis do Universo.

 

O livro apresenta uma abordagem filosófico-mística da vida e dos processos criativos de Einstein, e não propriamente científica. Na realidade, são incontáveis as páginas escritas sobre sua personalidade e estudos - desse genial visionário, cientista-místico, humanista, universal, matemático, físico, homem público, político, pacifista, antimilitarista, filósofo, profundamente religioso e músico talentoso - e de quase todo o seu perfil até nossos dias, pois recentemente foram colocadas a público, mais cartas, memórias e testemunhos dos que com ele conviveram.

 

Aqui, o cientista e o filósofo se harmonizam. E o resultado desse esforço coletivo e interação é uma visão humanística do mundo, pois Rohden tinha com Einstein, uma profunda identificação filosófica, e soube muito bem compreender a intuição do cientista.

 

A particularidade deste livro é que Rohden se preocupou em apresentar um perfil dos processos criativos nas ideias do grande gênio, principalmente mostrando o paralelo que existe entre a visão do mundo de Einstein e a Filosofia Universal, cujos fundamentos filosóficos foram elaborados quando Rohden estava em Princeton.

 

O homem talentoso, nada mais é do que o resultado da manifestação de seu próprio ego. O homem genial é o homem invadido pela alma do Universo. E assim foi Einstein... o Cosmo-pensado, e não apenas mais uma das muitas figuras humanas que peregrinaram em nosso planeta, mas sim um brilhante e genial místico, infinito, eterno!

  

O leitor irá descobrir neste livro, a estranha afinidade que existe entre Matemática, Metafísica, Mística, Medicina, Música. Saberá como a Unidade Infinita e eterna, permeia a efêmera finitude revelada no homem.

 

É ilusão quase universal de milhões de leitores de que a grandeza de Einstein consista na Teoria da Relatividade apenas, ou nas suas afirmações sobre as propriedades da luz assim como é um mito pensar que Einstein tenha sido um aluno medíocre durante seu tempo de estudante no Luitpold Gymnasium, em Munich. Em realidade, os recentes arquivos colocados a público, de suas notas escolares, mostram resultados excelentes, inclusive em Latim e Grego, já que desde tenra idade, quando lhe mostraram uma bússola, ele ficou intrigado em querer saber porque o ponteiro sempre apontava uma mesma direção, para qualquer lado em que ele se movimentasse.

 

A verdadeira genialidade de Einstein nada tem a ver com isto; a sua genialidade consiste no fato de ele ter ultrapassado as barreiras da análise intelectual e entrado na zona da intuição racional. Na física pode haver talentos analíticos, mas na matemática há gênios intuitivos, assim sendo, os leitores estão convidados a se aprofundar na imensa diferença que há entre o talento analítico do ego mental e o gênio intuitivo do Eu racional. 1

 

Nesta mesma área está a grandeza de todos os gênios, entre muitos outros, Mahatma Gandhi, Mozart, Albert Schweitzer, e mesmo Viktor Frankl, o qual diz explicitamente em seu livro “O Homem em Busca de um Sentido” que ele, apesar de especialista em neurologia e psicoterapia, não praticava a Logoterapia (que é a cura através da soma de emanações mentais, emocionais e espirituais nos seres humanos) em virtude do talento analítico, mas que todo poder dele radica na afirmação do poder do espírito não derrotável. É nesta afirmação da onipotência do espírito (Logos) que residem a grandeza e genialidade de Frankl.

 

Einstein era um amante da boa música e, quando ouvia ou tocava Mozart, afirmou certa vez que: “A música de Mozart é tão pura e bela, que a vejo como um reflexo da beleza interior do próprio Universo”, fazendo dessa reflexão, um perfil exato de onde vinham os seus próprios pensamentos.

 

Quem leu e compreendeu os livros de Einstein “Mein Weltbild” e “Aus Meinen Spaeten Jahren” em que Rohden se baseou em seu livro e convivência com o cientista, sabe que nenhuma interpretação da Teoria da Relatividade ou da velocidade da luz atinge a grandeza de Einstein. São tempestades em copo d’água.

 

Aliás, Einstein nunca teve a pretensão de afirmar que a Teoria da Relatividade fosse analiticamente demonstrável, mas sempre afirmou que ela era intuitivamente certa. A certeza intuitiva é anterior a qualquer prova analítica, nem pode ser provada. O equívoco de certos cientistas está em atribuir a Einstein uma verdade analítica para a relatividade em vez de uma certeza intuitiva; acontece que esses científicos se formaram na maioria de Universidades cuja base é a análise, portanto, não é de se estranhar que ignorem radicalmente o que Einstein entende por certeza intuitiva, independentemente de qualquer análise científica.

 

Na célebre frase “Eu penso 99 vezes e não descubro a verdade, deixo de pensar, mergulho em grande silêncio – e eis que a verdade se me revela”, Einstein não faz depender a certeza, de ser 99 vezes ego pensante, mas sim da única vez de ser Cosmo-pensado. Mas essa afirmação, deve ser um círculo quadrado para muitos!

 

Quem nunca saiu da horizontal da análise intelectual não pode imaginar o que seja a vertical da intuição racional.

 

Ainda pelo fim de sua vida, um ano antes de seu falecimento, Einstein declarou explicitamente que: “Não existe nenhum caminho lógico para o descobrimento das leis elementares - o único caminho é o da intuição.”

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1) – Na esfera da genialidade intuitiva, se pode considerar o famoso matemático hindu, Srinivasa Ramanujan, que embora tivesse pouco treinamento formal em matemática pura, fez imensas contribuições para essa ciência e creditando suas habilidades e intuição, à sua deusa Namagiri Thayar afirmando que: “Uma equação para mim não tem significado a menos que expresse o pensamento de Deus.”

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