Monday 20 January 2020

CONHECENDO COSMORAMA E O DIÁLOGO COM ÍRIS

No dia seguinte, Íris, a jovem habitante de Cosmorama, e Rohden, o velho habitante terreno, continuaram o diálogo dividindo suas ideias entre os dois mundos que separam as duas realidades; a ilusória em que os seres humanos vivem, e a vida real dos seres Cósmicos, os assim chamados habitantes de Cosmorama.
Muitas semanas haviam se passado desde que eu chegara a essa ilha de mistério, mas rápida foi a minha convalescença, graças ao tratamento que eu recebera de seus habitantes, e em particular de Íris. O termo “tratamento” não deve ser tomado no sentido em que é usado na Terra. Não fui tratado em nenhum hospital, que não existe em Cosmorama, e nem tomei remédio algum. Tampouco recebi visita de médico ou algum especialista – que nada disso se conhece entre os Cósmicos.
Esteve supervisionando o meu “tratamento,” como soube mais tarde, um dos Videntes, que pôs as mãos sobre a minha fronte quando eu me achava ainda em estado de coma, depois de ter sido jogado na praia pelas ondas do mar.
No meu encontro seguinte com Íris, perguntei: O que fez o Vidente, quando eu me encontrava meio morto?
- Não fez nada – respondeu ela – apenas canalizou para dentro de seu organismo a saúde do Infinito, e as suas energias desarmonizadas harmonizaram-se novamente.
- E você chama isso não fazer nada?
- Não, não foi o Vidente que fez, senhor Rohden; foi Ele, o Grande, o Eterno, que te deu vida e saúde. O Vidente somente serviu de intermediário e veículo d’Ele.
- Pode todo homem servir de veículo d’Ele?
- Pode e deve, disse Íris.
- Como?
- É simples a resposta meu caro terráqueo, libertando-se de tudo que obstrua os canais que ligam todos os seres a Ele.
- Ninguém morre nesta ilha?
- Todos morrem.
- Mas... se não há doenças? Perguntei curioso.
- Morte não é doença, me explicou Íris. A morte é um processo tão natural e inevitável como o nascimento e a vida, se não houvesse morte, não haveria vida em evolução ascendente; mas as moléstias não fazem parte da natureza do Cosmos.
- Até hoje, Íris, não vi pessoa idosa nesta ilha.
- Não vistes? Vistes muitas com cem, e algumas com duzentos anos!
- O que estás dizendo, Íris? Isso é brincadeira?
- É como digo senhor Rohden. Aquele Vidente que dirigia a meditação, do alto da escadaria do santuário, tem mais de cem anos de idade!
- Vi alguns com cabelos brancos, mas todos pareciam jovens, no vigor da idade.
- Quem vive em harmonia com o Infinito - conectado espiritualmente com Ele, é sempre um jovem que ignora velhice - não conhece decrepitude senil; vive em pleno vigor, físico e mental, até que seu corpo expire a última fração de energia – e o organismo para, porque é chegado o seu tempo de parar.
Olhei atentamente para o semblante de Íris, que também me olhava, e não pude compreender que em uma jovem de tão pouca idade habitasse a sabedoria dos séculos e milênios. Falava com muita facilidade sobre assuntos difíceis de entender.
- Como é possível, Íris, que você que não deve ter mais de vinte anos, saiba desses assuntos tão avançados? ...
- Vinte anos? – exclamou ela com uma risada jovial, sacudindo de leve a cabeleira escura que lhe emoldurava o lindo rosto.
- Eu tenho mais do que o dobro dessa idade ...
- Não me digas! ... exclamei estupefato.
- Digo porque é verdade.
- E, ainda por cima, tens a coragem de confessar isto, com tanta simplicidade...
- Por que não?
- Entre nós, os humanos da Terra, as jovens negam a idade que tem, e costumam presenciar com horror os primeiros sintomas de velhice.
- Sei disto, sei disto, replicou Íris. Mas, algum dia, elas serão como nós.
E houve entre nós, uma pausa, repleta das vibrações invisíveis do Além, do silêncio que tanto preenche a consciência, permitindo que nesse vazio a Razão floresça, não ao intelecto, mas a Razão, essa que nada mais é do a afinidade com o Infinito.
- Me diz, Íris, como é possível que saibas de tudo o que acontece entre nós? Nunca nenhum dos habitantes de Cosmorama, esteve no planeta dos Telúricos; como podes ter notícias de tudo o que lá acontece? Vós, que vives nesta imensa solidão, isolados de todo o resto do Universo ...
- Meu caro Delfos! - exclamou. Ah! ... esqueci de mencionar que Íris me colocou o nome de Delfos, abreviação da palavra grega adelfós, que quer dizer irmão; aliás, os Cósmicos todos se tratam por irmão ou irmã. Para os mais idosos, muitos usam o título de Pai ou Mestre.
- Nós não vivemos separados do resto do Universo - continuou Íris - sabemos de tudo que acontece entre os habitantes da Terra e entre todos os outros seres conscientes do Cosmos; isto é, sabemos aquilo que nos interessa saber. Temos a possibilidade de afinar a nossa alma por certas ondas que vibram no espaço.
- Como nós fazemos com o rádio e a televisão? Perguntei ...
- Mais ou menos assim, com a diferença de que não usamos aparelhos materiais. A alma quando atinge um certo grau de evolução, é mais potente do que qualquer máquina.
- Podemos voltar a falar dos mortos? Perguntei ...
- Mortos? ... Me perguntou, mas não no sentido que se entende na Terra.
- Sei que vocês de Cosmorama entendem por morte algo bem diferente do que a maior parte dos habitantes da Terra.
- Delfos, me disse, entendemos aquilo que é verdade.
- Mas o que é a verdade?
- A verdade é a consciência da realidade. A verdade sobre o homem é que ele necessita de certos meios para atingir o seu grande destino.
- Quer dizer, que, depois desta vida terrestre, vem outra vida, ou outras vidas? ...
- Nem outra vida nem outras vidas, meu caro Delfos; nós não cremos em outra vida, porque vivemos na luz da verdade.
- A verdade - diz Íris, com tamanha reverência - é que a vida é uma só, sempre a mesma, embora passe por diversos estágios de evolução. Começa aqui, num corpo material, e continua em outra parte, em outro corpo.
- Num corpo astral? ... Perguntei.
- É assim que alguns terráqueos lhe chamam; mas isto é simples questão de nome. Pouco importa que nome damos a esse corpo. O fato é que os que, pelo corpo material, colherem a experiência necessária, terão necessidade de um instrumento mais aperfeiçoado, e o desejo gera a realidade. O corpo material se transforma num corpo imaterial, cada vez mais sutil e idôneo, de acordo com as experiências superiores que a alma conseguir.
- A física nuclear dos últimos tempos, na Terra, provou que toda matéria é energia, algo imaterial, como é o éter, a luz, a vida.
- Meu caro Delfos, há milhares de anos que nós sabemos disso, aliás, os mais avançados dentre os telúricos, também sabiam, muito antes que a ciência experimental o confirmasse, mas ainda de uma forma precária.
- Mas como? Há milhares de anos sabeis disto?
- Sim, disse-me Íris, nós somos os seres conscientes mais antigos sobre a face deste planeta. Quando nossos irmãos da Atlântida desapareceram, só nós sobrevivemos, porque nos incumbe a grande missão de levar aos nossos irmãos Telúricos o conhecimento da verdade integral, para que também entre eles seja proclamado o reino d'Ele, como foi entre nós.
- Íris, você me diz com tanta clareza e segurança dos mais tenebrosos mistérios da existência, que julgo cada vez mais estar sonhando ...
- Não, meu caro Delfos, estavas sonhando por muito tempo; agora é que estas começando a acordar.
E depois desse momento, Íris se foi, esse mistério cósmico em forma de mulher!

Texto extraído do livro COSMORAMA

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