Sunday 19 January 2020

VISITANDO COSMORAMA

Dentre os livros que Huberto Rohden escreveu sobre Filosofia Universal, Filosofia do Evangelho, Filosofia da Vida, Educação, Mistérios da Natureza, biografias, opúsculos etc., consta no tópico Mistérios da Natureza, um enigmático livro de 150 páginas intitulado “COSMORAMA”, inspirado na viagem imaginária à uma distante região do Universo habitada por seres espiritualmente evolvidos.
Para empreender essa viagem, o autor provocou sua própria “morte,” num naufrágio fictício, “ressuscitando,” logo depois, em um pequeno planeta chamado Cosmorama; um mundo de vida superior, muito distante da realidade em que vivem os humanos na Terra.
E foi tão bem orquestrada, tão real essa suposta morte, que muitos de seus leitores procuraram avidamente a editora para conferir se Rohden havia realmente morrido!
Em Cosmorama, Rohden aprendeu que seus habitantes têm como prática para concretizar seus objetivos, no sentido de que o trabalho na edificação de seu mundo, não vale pelos resultados visíveis, vale pelo que o trabalho é, vale pela natureza da intensão, desinteresse, amor e entusiasmo, e da ética entre seus habitantes – pois compreendem ser sublime a missão de cooperadores da Divindade.
Este texto vem de encontro ao que nas últimas décadas acontece ao planeta Terra, devido à devastação de seus recursos. Apesar da Natureza ser resiliente, nesse ritmo de avanço da destruição, ela não sobreviverá há muito mais décadas de existência, pois a ciência afirma que se nada se fizer agora, nada mais poderá ser feito daqui a 50 anos!

“Os habitantes de Cosmorama estão sintonizados com o Creador e, portanto, harmonizados com a Natureza. Aliás, ninguém pode estar realmente unido subconscientemente com o Universo, sem que mantenha uma união permanente com a parte onisciente desse mesmo Universo.
Pela primeira vez em minha vida eu tive a consciência nítida do quanto os habitantes da Terra estão divorciados do mundo que os circunda ... da Natureza terrena e seus irmãos humanos.
O homem puramente sensorial, ainda não intelectualizado, convive com a Natureza, porque ele é parte integrante dela, dominado pelas mesmas leis automáticas que regem esse departamento do Universo, escravo de instintos subconscientes como qualquer ser mineral, vegetal ou animal.
O homem intelectualizado emancipa-se parcialmente das leis da Natureza não humana, pois conquistou a ego-consciência, que é privilégio humano, consequentemente se tornando egoísta, egocêntrico, ególatra. Se julga um tirano, um ditador e explorador da Natureza que acaba sendo escrava do homem.
Mas como pode a escrava ser amiga de quem o escraviza?
Por isso, a Natureza na Terra, é inimiga do homem do intelectual, ainda não racional, que infelizmente destrói a Natureza alterando o seu equilíbrio biológico.
O homem, ultrapassando os sentidos e o intelecto, o homem racional, plenamente realizado com a Razão Espiritual do Infinito, o Homem Cósmico, já não é escravo e nem escraviza a Natureza, em vez disso, é amigo e aliado, porque compreende a Natureza e a Natureza o compreende.
O ser Cósmico é sempre um misto entre o material e o espiritual, entre o mundano e o divino. Essa fusão dos elementos de baixo e de cima, de pluralidade e unidade, é que produz um mundo de inefável poesia, porque poesia é essencialmente um consórcio entre duas coisas diferentes, é a “identidade dos opostos,” a misteriosa síntese das antíteses. Poesia é unidade na diversidade, diversidade com unidade.
Quem percebe a essência única nas muitas existências, e nessas muitas existências, percebe a única essência, esse homem é poeta. Poesia é a encarnação do eterno Logos e ressureição da matéria efêmera, eternizada. Assim é o homem Universal, e quanto mais esse homem penetra na Natureza, mais ele está no íntimo do Creador.
Assim como os amantes não se exploram mutuamente, mas espontaneamente servem um ao outro, e nesse querer servir encontram a suprema beatitude, assim também o homem cósmico não explora a Natureza, mas cultiva-a carinhosamente, e ela, da sua parte, lhe abre, espontânea e jubilosamente, os seus segredos e tesouros. Por isto, o homem cósmico é um ser que produz milagres, que não é outra coisa senão o intercâmbio espontâneo entre as forças latentes da Natureza e sua utilização natural pelo homem.
Francisco de Assis, foi um dos maiores homens cósmicos que a humanidade terrena conhece - havia feito seu casamento, como ele diz: com a senhora Pobreza, isto é, tinha adquirido a “pobreza pelo espírito” ou a “pureza de coração,” que não é outra coisa senão a completa e definitiva libertação do mundo escravizado dos sentidos e o mundo do intelecto escravizante, ingressando no fascinante universo da “gloriosa liberdade dos filhos de Deus”.
O homem que é motivado pelos sentidos é compulsoriamente dependente.
O homem intelectual é ilusoriamente independente.
O homem racional é espontaneamente interdependente.”

Texto revisado e em parte extraído do livro Cosmorama

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