Monday 27 January 2020

RAMANA MAHARSHI

Essa página é uma transcrição do inglês para o português de um áudio sobre um raro documentário em vídeo de 01/09/1946, sobre a vida de Ramana Maharishi (1879–1950), que mostra um pouco mais sobre a personalidade desse homem místico.


No entanto, devido à montagem das imagens, o áudio se interrompe por instantes, sofrendo cortes, tornando a intelecção da mensagem pouco clara. E, a fim de não produzir uma tradução que poderá trair a mensagem do apresentador, omitiu-se o que não foi entendido.

Além das imagens do Ashram, Maharishi, devotos e redondezas da montanha, também se nota a imagem de uma rara visita de Yogananda, ao lado de Paul Brunton que o cumprimenta.

Paul Brunton (1898-1981), foi um autor britânico de livros espirituais. Ele é mais conhecido como um dos primeiros popularizadores do espiritualismo neo-hindu no esoterismo ocidental, principalmente por meio de seus mais vendidos livros, A Índia Secreta, de 1934, em particular no capítulo IX, A Colina do Farol Sagrado, onde ele se encontra com Maharishi; Um Eremita nos Himalayas, de 1936 e A Menssagem de Arunachala, de 1936, livro que ele dedicou ao Maharishi.

Outro autor inspirado sobre a vida do grande vidente, foi Mouni Sadhu (1897-1971), em seu livro Dias de Grande Paz, que se tornou um “best-seller”; e nosso querido Rohden, numa bem-humorada lembrança de sua visita ao Ashram, no livro Minhas Vivências... no capítulo Minha Decepção em Arunáchala.

Naquela data cerimoniosa de uma terça-feira, primeiro de setembro de 1946, se comemorou o cinquentenário da chegada de Maharishi ao sopé do sagrado solo da montanha de Arunachala, localizado no distrito de Tiruvannamalai no estado sulino de Tamil Nadu, Índia.

Nesse dia, milhares de peregrinos locais e de todas as partes do país, chegavam nesse histórico santuário da montanha, em devoção ao santo vidente para reverenciar e absorver a energia por ele emanada, que através de uma vida de severa austeridade e profunda contemplação alcançou sabedoria espiritual e serenidade, única no país, sendo considerado um dos mais importantes videntes de todos os tempos.

Ramana Maharishi, um homem bom, que viveu num mundo de dramas e dilemas.

Por duas vezes, diária e pontualmente, ele caminhava pelas cercanias de sua amada montanha e de tal forma apegado a ela que afirmava ser essa montanha a própria Divindade e de ser, segundo antiga tradição, o coração espiritual ou o centro da Terra, e que caminhar em volta de Arunachala era o momento mais feliz de sua vida!

Ele mesmo circulava por todos os lugares dessa montanha e insistia para que os peregrinos e seus devotos, fizessem essa caminhada de aproximadamente 13 quilômetros, como sendo um importante exercício espiritual.

Geralmente, o Maharishi parecia indiferente e não testemunhava nada do que ocorria ao seu redor, mas nem por isso ficava inconsciente do que se passava em certas circunstâncias.

Em primeiro lugar, insistia que devotos e visitantes não fossem impedidos de visitá-lo, pois ele deveria ser acessível a todos, todo tempo, mesmo em seu leito de morte, quando as forças lhe faltassem e nem mesmo sua cabeça pudesse erguer. Insistia inclusive para que todos os visitantes ao chegarem, fossem imediatamente alimentados com alimentação nutriente e bem cozida. Ele mesmo, por muitos anos, participava e supervisionava a preparação dos alimentos.

O Maharishi era inflexível no sentido de que nenhuma preferência deveria ser dada a ele quanto a alimentação ou conveniências, dizendo que o que era bom para ele, era bom para todos, mesmo que fosse na preparação de alimentação especial ou medicamento, e pedia aos atendentes que distribuíssem a comida primeiro a todos e só se alimentava depois que todos estivessem satisfeitos.

Em sua companhia se podia observar uma total ausência de distinção entre mulheres e homens, casta ou credos, raça e religião, entre um príncipe e um camponês, ou entre um asceta e um chefe de família. Povos de todas as religiões se chegavam a ele, e nunca orientou ninguém para que mudasse de credo ou abandonasse sua fé, e respondia a todas as perguntas, pacientemente.

Esse princípio de igualdade era estendido para além dos seres humanos, atingindo plantas e animais. O seu amor e afinidade pelos não humanos só podia ser comparado, ao maravilhoso filho de Cristo, São Francisco de Assis. Todos os animais se aproximavam dele, e suas linguagens silenciosas eram conhecidas por ele, e quando ele falava, eles entendiam e o obedeciam; arbitrava as brigas entre os macacos, e era também conhecido por conversar com os tigres e as cobras selvagens; todo o reino da natureza o aceitava como seu guardião e defensor.

Todos os animais sentiam a sua graça e agiam com inteligência diante de sua presença. Ele considerava toda e qualquer forma de vida como seu igual, e todos os animais que se aproximavam do Ashram mereciam seus espaços e recursos. Dizia que eles eram os donos da terra, todo tempo e que nós os homens viemos ocupar o que a eles pertence, e que também podiam falar e exigir seus direitos. A despeito disso, ele mantinha a ideia de que, desde o homem até o menor dos animais, eram a mesma manifestação do Supremo Eu, do Uno imperecível, e que até mesmo eles, podem progredir espiritualmente e em algumas raras ocasiões atingir a libertação.

E isso foi demonstrado através da vida de uma vaca que o acompanhava por mais de 20 anos, seu animal de estimação de nome Lakshmi, que exibia uma rara devoção ao Maharishi e apresentava uma inteligência em todos os assuntos, e ele reciprocava essa devoção gentil. Dizia que o verdadeiro ensinamento acontece em perfeito silêncio, por meio da mente profundamente introvertida; mas isso não quer dizer que ensinamentos verbais não possam ser dados, e que embora tenha autorizado a prática de diferentes exercícios espirituais, ele, entretanto, enfatizava a prática do caminho da auto indagação.

No comments:

Post a Comment