Tomás à Kempis foi um religioso alemão-holandês do final da era medieval, que, além de copista de textos bíblicos e escritor, foi o autor de um dos livros devocionais cristãos mais populares e conhecidos: “A Imitação de Cristo”, que se tornou a inspiração para quem desejar moldar a sua vida de acordo com a vida de Jesus.
Nesse livro, ele afirma que: “Através de duas asas, um homem eleva-se das coisas terrenas; ou seja, pela simplicidade e pureza. A simplicidade deve ser parte das nossas intenções; pureza nas nossas afeições. A simplicidade conduz a Deus; a pureza apreende e O saboreia. Nenhuma boa ação irá impedi-lo, se você estiver interiormente livre de afeições desordenadas. Se você pretende e busca apenas a vontade de Deus e o bem do próximo, você desfrutará de uma completa liberdade interior”.
No entanto, esse religioso sedento de Jesus, da Idade Média, inocentemente mergulhou no conceito de que o cristianismo é a religião da piedade e do sofrimento.
Por outro lado, quinhentos anos depois, aparece outro homem profundamente religioso, que contesta essa teoria, dizendo que o cristianismo é a mais dinâmica das religiões, pois faz o homem superar a caminhada pelos vales estéreis da mediocridade, e galgar o Himalaia da sabedoria interior, pois a subida pelas cercanias dessa magnifica montanha, representa uma resistência ... mas, sem resistência, não há evolução, e superar resistências é puro dinamismo!
E esse homem, foi Huberto Rohden. Brasileiro de raiz germânica, e um dos mais lúcidos pensadores sobre os dramas e dilemas humanos, que com sua jornada pelo autoconhecimento, encontrou a auto-realização.
E ele afirma que: “Todos os grandes mestres espirituais da humanidade insistem que o homem, a fim de voar para as alturas de sua auto-realização deve ter duas asas, porque nenhum ser alado voa com apenas uma asa. Nenhum pássaro voa com uma asa, e até mesmo certos repteis e mamíferos não voam com uma asa. Nenhum inseto pode voar com uma asa. E nem mesmo o avião pode permanecer no ar sem um dos lados da asa.
E da mesma forma, a alma não pode voar com uma asa. A alma também precisa de duas asas para voar.
Essas duas asas de acordo com esses mestres, são: oração e renúncia – “Orar sempre e nunca deixar de orar”, “Quem não renunciar a tudo quanto tem...”
A palavra “os”, em latim, significa boca. A forma do genitivo é “oris”, e dessa forma a palavra se transformou em orar. Que literalmente quer dizer: abrir a boca da alma, abrir a alma para o Infinito, para falar com o Divino.
Renunciar à ilusão da ego-personalidade é a mais importante renúncia. Desapegar dessa identificação do ego humano. O homem necessita desistir dessa eterna ilusão de que ele é apenas ego. Não é renunciar aos bens pessoais, pois mesmo o grande mestre Jesus insistia da abundância na vida do homem: “eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”, mas insistir em uma vida de desapego, assim, evitando ser possuído pelas posses.
Quando um fruto está completamente maduro, cai por si só. Não há necessidade de arrancá-lo do ramo da árvore. Todos os frutos maduros se destacam espontaneamente de seu ramo. Mas, quando uma fruta ainda é verde, é difícil de ser arrancada, se agarra firmemente no seu ramo porque não pode viver sem esse tipo de apoio, portanto, ainda não está “realizada”, madura. A fruta ainda verde fica ligada ao seu ramo e sofre uma laceração dolorosa se arrancada. E o mesmo acontece com o homem que não está separado do seu ego.”
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