O texto abaixo é a segunda parte do estudo sobre CIÊNCIA, MILAGRE E ORAÇÃO SÃO COMPATÍVEIS? de autoria de Huberto Rohden. Assim como no texto que precede, e a terceira parte a seguir, a linguagem foi revisada para ser adaptada aos dias atuais e tendo algumas repetições de ideias suprimidas, afim de não cansar e facilitar a compreensão do leitor. Mas de nenhuma forma, o pensamento do autor foi alterado ou modificado, permanecendo na sua plena integridade.
“Muitos pensam que
sim. Outros duvidam ou negam pois para eles, as leis da natureza são imutáveis,
e a oração é um produto da ignorância e da superstição.
No entanto,
existem fatos que fogem à razão dos incrédulos.
Aqui está um homem
doente desenganado pela medicina. Os médicos são unânimes em afirmar que ele
vai morrer em breve. Entretanto, na manhã seguinte, esse homem condenado à
morte pela ciência, desperta em perfeita saúde e continua a viver, sem
vestígios de nenhum problema médico.
Casos assim, não
são fictícios. São e têm sido reais através de todos os séculos.
A ciência não
explica, tecendo mil hipóteses em torno do fato, sem acertar com a verdadeira
explicação.
Os homens
religiosos falam em milagre; intervenção divina, sobrenatural, para além das
forças da natureza.
Entretanto, nem a ciência
e nem o sobrenatural o curaram. Ele foi curado em virtude de forças
inteiramente naturais, e que ultrapassam o âmbito da matéria. O recurso a uma
ordem sobrenatural não passa de um refúgio da ignorância humana. O que se chama
de sobrenatural é apenas a zona do natural que fica para além da zona pelo
homem identificada. Num passado remoto, teria sido sobrenatural quase tudo o
que hoje em dia é natural para a ciência e técnica! Quanto mais o homem se
mentaliza e espiritualiza, mais se integra na natureza. Para o homem plenamente
espiritual, tudo é natural, nada é sobrenatural.
O que aconteceu, foi
um milagre, mas dentro das leis da natureza. Alguém ou o próprio doente, pediu,
orou com fé, e essa fé o salvou, como revelou um dos iniciados nos mistérios do
mundo espiritual, o apóstolo Tiago, que presenciou os milagres de Jesus, vendo a
invasão do mundo espiritual no mundo material da natureza.
Dia virá em que o
chamado “milagre” passará a fazer parte integrante da ciência e vida normal do
homem, assim como as forças misteriosas do passado, e hoje conhecidas, fazem
parte da vida do homem atual.
Se a oração da fé
operasse apenas com elementos vagos e incertos, quase irreais, não se
explicaria um efeito concreto como a cura de uma moléstia materialmente
incurável, porquanto a lógica proíbe admitir um efeito maior que sua causa.
Ora, se aqui temos um efeito considerável, não é lógico concluir que a causa
deve ser pelo menos tão poderosa como o efeito? A invisibilidade da causa em
nada afeta a sua realidade e força, a não ser que algum ignorante erudito
identifique visibilidade com realidade. A ciência proíbe essa infeliz
identificação, pois visibilidade e realidade estão na razão inversa, ou seja,
tão mais real é uma coisa quanto menos visível ela é, tão menos real quanto
mais visível. A matéria é amplamente visível, mas é pouco real, e por isto
mesmo fraca; a energia é menos visível, e por isto mais real e poderosa; a
energia nuclear é em si totalmente imperceptível, mas se sabe o quanto é real e
poderosa. A mais imperceptível de todas as coisas reais, no plano físico, é a
luz, a luz cósmica, absoluta, e é precisamente a luz que, segundo Einstein, é
realidade, a base e a origem de todas as demais energias e matérias do
Universo.
As forças mentais
e espirituais são, por sua natureza, invisíveis; são energias, e não materiais.
A força espiritual tem íntima afinidade com a luz, a maior das forças que a
ciência conhece. Se essa força imaterial for aplicada a um objeto material,
como um organismo doente, irá exercer sobre o mesmo, um grande impacto. Todo o
segredo está em como aplicar essa força imaterial, a oração da fé, ao corpo
material.
Que faz então o
homem que pede e ora com fé?
Aplica à parte
material, uma força espiritual; aplica o mais forte ao menos forte. Assenta uma
alavanca num ponto de apoio situado para além das fronteiras da matéria,
executando um movimento, deslocando o peso enorme da moléstia física.
Não consta que Jesus
tenha falhado em suas curas milagrosas. Porque esse invisível mundo espiritual
era para ele tão real como o mundo visível da matéria, e as leis que governam o
mundo invisível eram para ele, matematicamente certas e claras. Com efeito, as
leis do mundo espiritual agem com a mesma precisão matemática como todas as
outras leis da ciência, no nível material.
O ser humano,
infelizmente, não se interessa em descobrir a matemática e geometria do mundo
espiritual, de tanto que vive anestesiado pelas forças materiais, pois o
conhecimento e a aplicação dessas leis derrotariam os seus piores inimigos.
Jesus nunca esteve doente, porque conhecia essas leis e vivia em perfeita harmonia
com elas. Permitiu, durante algum tempo, que forças adversas o pudessem ferir –
mais tarde também se tornou invulnerável neste setor – mas nunca nasceu dentro
do seu próprio corpo uma força negativa que o fizesse sofrer.
A saúde é natural,
a moléstia não. Ninguém procura explicar o que é natural, todos querem explicar
o que não é natural. Por que é que alguém sofre isto ou aquilo? O primeiro
pensamento é o de um castigo infligido por algum ser invisível, algum deus
vingador. Castigo por quê? Por algum pecado. Mas, se esse alguém não tem
consciência de pecado algum, como dizia Jó: O meu pecado deve ter sido
cometido, então, numa existência anterior cuja memória não persiste na minha
encarnação atual. Mas, o que mais importa não é saber por que sofro, mas sim
para quê. A causa do meu sofrimento é misteriosa, mas a finalidade do meu
sofrimento é clara. Sofro para evolver, ou para me libertar de alguma impureza.
Se criei a causa, posso também a abolir.
Se o homem conseguisse
ascender a regiões superiores, ultrapassando a zona da matéria e invadindo os
domínios do espírito, desapareceria todo o problema do sofrimento.
O erro na zona
espiritual é o pecado, o na zona material, é o sofrimento. Sendo aquele a causa
deste, é lógico que o sofrimento, não pode ser abolido sem a abolição da causa,
o pecado. Apenas em caráter transitório, intermitente, esporádico, é o
sofrimento abolido no nível do pecado; mas, para a abolição permanente, radical
e definitiva do sofrimento, requer-se a destruição radical e permanente do
pecado e da habilidade de pecar.
Com o despontar da
inteligência começou o mundo do pecado. “Espinhos e abrolhos”, “trabalhos no
suor do seu rosto”, “parto com dores” são as consequências da intelectualização
do homem, porque a zona do intelecto é a zona da habilidade de pecar. Onde não
há intelecto não há o “conhecimento do bem e do mal”, não há oscilação entre a luz
e as trevas, entre o positivo e o negativo. Quando o homem comeu “do fruto da
árvore do conhecimento”, quando o homem sensitivo do Éden se tornou o homem
intelectivo da serpente, ele entrou na zona do pecado, e pecado é sofrimento
compulsório.
Para se libertar
do sofrimento é necessário que o homem se liberte do pecado. De que modo?
Perdendo a inteligência, essa conquista da humanidade? Não pela perda desse dom
divino, mas pela integração da inteligência na razão, isto é, no espírito.
Quando o homem, egresso
do Éden e ingresso no domínio da serpente, gemia oprimido de dores e
sofrimentos, ele percebeu, nas íntimas profundezas da sua natureza, uma voz que
lhe dizia: “De dentro de tua própria estirpe nascerá alguém que esmagará a
cabeça da serpente”.
E esta é a voz
longínqua da redenção do homem; dos primeiros sinais do dia que há de nascer
após as trevas e penumbras da humanidade pecadora e sofredora de hoje. E que
poder é esse que nascerá das profundezas da própria natureza humana e sujeitará
a seu domínio a própria inteligência?
É o poder da
Razão, do Espírito divino latente no homem! A oração, a frequente e intensa
submersão no oceano da divindade, a comunhão com Deus, o permanente “andar na
presença de Deus”!”
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