Tuesday 19 October 2021

PODE A ORAÇÃO MODIFICAR AS LEIS DA NATUREZA?

O texto abaixo é a segunda parte do estudo sobre CIÊNCIA, MILAGRE E ORAÇÃO SÃO COMPATÍVEIS? de autoria de Huberto Rohden. Assim como no texto que precede, e a terceira parte a seguir, a linguagem foi revisada para ser adaptada aos dias atuais e tendo algumas repetições de ideias suprimidas, afim de não cansar e facilitar a compreensão do leitor. Mas de nenhuma forma, o pensamento do autor foi alterado ou modificado, permanecendo na sua plena integridade. 

 

“Muitos pensam que sim. Outros duvidam ou negam pois para eles, as leis da natureza são imutáveis, e a oração é um produto da ignorância e da superstição.

No entanto, existem fatos que fogem à razão dos incrédulos.

Aqui está um homem doente desenganado pela medicina. Os médicos são unânimes em afirmar que ele vai morrer em breve. Entretanto, na manhã seguinte, esse homem condenado à morte pela ciência, desperta em perfeita saúde e continua a viver, sem vestígios de nenhum problema médico.  

Casos assim, não são fictícios. São e têm sido reais através de todos os séculos.

A ciência não explica, tecendo mil hipóteses em torno do fato, sem acertar com a verdadeira explicação.

Os homens religiosos falam em milagre; intervenção divina, sobrenatural, para além das forças da natureza.

Entretanto, nem a ciência e nem o sobrenatural o curaram. Ele foi curado em virtude de forças inteiramente naturais, e que ultrapassam o âmbito da matéria. O recurso a uma ordem sobrenatural não passa de um refúgio da ignorância humana. O que se chama de sobrenatural é apenas a zona do natural que fica para além da zona pelo homem identificada. Num passado remoto, teria sido sobrenatural quase tudo o que hoje em dia é natural para a ciência e técnica! Quanto mais o homem se mentaliza e espiritualiza, mais se integra na natureza. Para o homem plenamente espiritual, tudo é natural, nada é sobrenatural.

O que aconteceu, foi um milagre, mas dentro das leis da natureza. Alguém ou o próprio doente, pediu, orou com fé, e essa fé o salvou, como revelou um dos iniciados nos mistérios do mundo espiritual, o apóstolo Tiago, que presenciou os milagres de Jesus, vendo a invasão do mundo espiritual no mundo material da natureza.

Dia virá em que o chamado “milagre” passará a fazer parte integrante da ciência e vida normal do homem, assim como as forças misteriosas do passado, e hoje conhecidas, fazem parte da vida do homem atual.

Se a oração da fé operasse apenas com elementos vagos e incertos, quase irreais, não se explicaria um efeito concreto como a cura de uma moléstia materialmente incurável, porquanto a lógica proíbe admitir um efeito maior que sua causa. Ora, se aqui temos um efeito considerável, não é lógico concluir que a causa deve ser pelo menos tão poderosa como o efeito? A invisibilidade da causa em nada afeta a sua realidade e força, a não ser que algum ignorante erudito identifique visibilidade com realidade. A ciência proíbe essa infeliz identificação, pois visibilidade e realidade estão na razão inversa, ou seja, tão mais real é uma coisa quanto menos visível ela é, tão menos real quanto mais visível. A matéria é amplamente visível, mas é pouco real, e por isto mesmo fraca; a energia é menos visível, e por isto mais real e poderosa; a energia nuclear é em si totalmente imperceptível, mas se sabe o quanto é real e poderosa. A mais imperceptível de todas as coisas reais, no plano físico, é a luz, a luz cósmica, absoluta, e é precisamente a luz que, segundo Einstein, é realidade, a base e a origem de todas as demais energias e matérias do Universo.

As forças mentais e espirituais são, por sua natureza, invisíveis; são energias, e não materiais. A força espiritual tem íntima afinidade com a luz, a maior das forças que a ciência conhece. Se essa força imaterial for aplicada a um objeto material, como um organismo doente, irá exercer sobre o mesmo, um grande impacto. Todo o segredo está em como aplicar essa força imaterial, a oração da fé, ao corpo material.

Que faz então o homem que pede e ora com fé?

Aplica à parte material, uma força espiritual; aplica o mais forte ao menos forte. Assenta uma alavanca num ponto de apoio situado para além das fronteiras da matéria, executando um movimento, deslocando o peso enorme da moléstia física.

Não consta que Jesus tenha falhado em suas curas milagrosas. Porque esse invisível mundo espiritual era para ele tão real como o mundo visível da matéria, e as leis que governam o mundo invisível eram para ele, matematicamente certas e claras. Com efeito, as leis do mundo espiritual agem com a mesma precisão matemática como todas as outras leis da ciência, no nível material.

O ser humano, infelizmente, não se interessa em descobrir a matemática e geometria do mundo espiritual, de tanto que vive anestesiado pelas forças materiais, pois o conhecimento e a aplicação dessas leis derrotariam os seus piores inimigos. Jesus nunca esteve doente, porque conhecia essas leis e vivia em perfeita harmonia com elas. Permitiu, durante algum tempo, que forças adversas o pudessem ferir – mais tarde também se tornou invulnerável neste setor – mas nunca nasceu dentro do seu próprio corpo uma força negativa que o fizesse sofrer.

A saúde é natural, a moléstia não. Ninguém procura explicar o que é natural, todos querem explicar o que não é natural. Por que é que alguém sofre isto ou aquilo? O primeiro pensamento é o de um castigo infligido por algum ser invisível, algum deus vingador. Castigo por quê? Por algum pecado. Mas, se esse alguém não tem consciência de pecado algum, como dizia Jó: O meu pecado deve ter sido cometido, então, numa existência anterior cuja memória não persiste na minha encarnação atual. Mas, o que mais importa não é saber por que sofro, mas sim para quê. A causa do meu sofrimento é misteriosa, mas a finalidade do meu sofrimento é clara. Sofro para evolver, ou para me libertar de alguma impureza. Se criei a causa, posso também a abolir.

Se o homem conseguisse ascender a regiões superiores, ultrapassando a zona da matéria e invadindo os domínios do espírito, desapareceria todo o problema do sofrimento.

O erro na zona espiritual é o pecado, o na zona material, é o sofrimento. Sendo aquele a causa deste, é lógico que o sofrimento, não pode ser abolido sem a abolição da causa, o pecado. Apenas em caráter transitório, intermitente, esporádico, é o sofrimento abolido no nível do pecado; mas, para a abolição permanente, radical e definitiva do sofrimento, requer-se a destruição radical e permanente do pecado e da habilidade de pecar.

Com o despontar da inteligência começou o mundo do pecado. “Espinhos e abrolhos”, “trabalhos no suor do seu rosto”, “parto com dores” são as consequências da intelectualização do homem, porque a zona do intelecto é a zona da habilidade de pecar. Onde não há intelecto não há o “conhecimento do bem e do mal”, não há oscilação entre a luz e as trevas, entre o positivo e o negativo. Quando o homem comeu “do fruto da árvore do conhecimento”, quando o homem sensitivo do Éden se tornou o homem intelectivo da serpente, ele entrou na zona do pecado, e pecado é sofrimento compulsório.

Para se libertar do sofrimento é necessário que o homem se liberte do pecado. De que modo? Perdendo a inteligência, essa conquista da humanidade? Não pela perda desse dom divino, mas pela integração da inteligência na razão, isto é, no espírito.

Quando o homem, egresso do Éden e ingresso no domínio da serpente, gemia oprimido de dores e sofrimentos, ele percebeu, nas íntimas profundezas da sua natureza, uma voz que lhe dizia: “De dentro de tua própria estirpe nascerá alguém que esmagará a cabeça da serpente”.

E esta é a voz longínqua da redenção do homem; dos primeiros sinais do dia que há de nascer após as trevas e penumbras da humanidade pecadora e sofredora de hoje. E que poder é esse que nascerá das profundezas da própria natureza humana e sujeitará a seu domínio a própria inteligência?

É o poder da Razão, do Espírito divino latente no homem! A oração, a frequente e intensa submersão no oceano da divindade, a comunhão com Deus, o permanente “andar na presença de Deus”!”

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