O texto abaixo é a parte final do estudo sobre CIÊNCIA, MILAGRE E ORAÇÃO SÃO COMPATÍVEIS? de autoria de Huberto Rohden. Assim como nos textos anteriores, a
linguagem foi revisada
para ser adaptada aos dias atuais e tendo algumas repetições de ideias
suprimidas, afim de não cansar e facilitar a compreensão do leitor. Mas de
nenhuma forma, o pensamento do autor foi alterado ou modificado, permanecendo
na sua plena integridade.
“É necessário orar
sempre, e nunca deixar de orar”.
Estas palavras de
Jesus são para o homem profano o maior dos enigmas – ou então o maior dos
absurdos. Como posso orar sempre, se tenho que trabalhar? Se cumprisse essa
ordem de Jesus deveria desistir de todos os meus trabalhos profissionais,
relegar a família, dos deveres sociais, da ciência, da arte e de tudo que faz
da vida humana uma existência possível e digna. O cristianismo, como se vê, não
é compatível com uma vida normalmente humana.
E é assim dizem e
pensam os analfabetos do mundo espiritual.
Por quê?
Porque ignoram
completamente o que seja “orar”.
“Orar” é, para o
homem comum, proferir certas fórmulas, em certos tempos, em certos lugares,
sobretudo aos domingos, numa determinada igreja.
“Orar” no sentido
de Jesus e de todos os gênios espirituais, não é um ato, mas uma atitude,
embora essa atitude interna, permanente, se manifeste, eventualmente, em atos
externos, transitórios. A íntima essência da oração, é uma atitude, um modo de
ser, uma espécie de vida, saúde, alegria, o amor, que são estados ou atitudes,
e não apenas atos externos.
É necessário, segundo
ele, que o homem crie dentro de si essa atmosfera permanente de oração e viva
nesse ambiente, como quem vive em plena luz solar, que aquece, que favorece o
trabalho, dá saúde, bem-estar, alegria, felicidade. A oração permanente de que
Jesus fala, é uma espécie de constante luminosidade interior, uma consciência
espiritual que envolve e penetra a atividade humana, ornando tudo com um halo
invisível.
Embora a oração
seja uma atitude permanente, ela não pode prescindir de atos individuais,
assíduos e repetidos. A atitude é uma espécie de estratificação interior que se
formou dos resíduos inconscientes de numerosos atos conscientes que migraram da
superfície do ego para as profundezas do Eu, e ali se depositam até formar uma
vasta camada do hábito permanente, que se chama atitude.
Uma vez que essa
camada adquiriu suficiente volume, dela irradiam invisíveis energias rumo à
superfície do ego, daí a necessidade da formação de atitudes ou hábitos
positivos, e evitar a criação de hábitos negativos.
A fim de formar
essa atitude permanente, o homem deve ter uma hora certa, cada dia, para se
abismar completamente no mundo espiritual. Essa hora de oração, meditação ou
comunhão com Deus é absolutamente indispensável para a saúde e a vida da alma.
Durante a meditação, o Eu espiritual deve estar, fixa e intensamente,
focalizado em Deus e no mundo divino, sem divagar pelo mundo dos sentimentos ou
dos pensamentos. É o que Jesus chama “retirar-se para o seu cubículo, fechar a
porta atrás de si e orar a sós com Deus”. Para facilitar essa quietude,
palavras como: “Eu e o Pai somos um”, “O Pai está em mim e eu estou no Pai”, “O
Cristo vive em mim”, “Eu sou a luz do mundo”, devem ser usadas em pensamento.
Quanto mais
intensa essa focalização da consciência espiritual, tanto maior a abundância de
luz e força que a alma recebe, porquanto a medida do recebimento depende do
grau de receptividade, e essa prática eleva e intensifica a receptividade da
alma.
Terminada a
meditação, ou oração, o homem volta a seus afazeres cotidianos, mas sem perder
o contato interno com o mundo espiritual, que passará a espiritualizar o seu
mundo material, não só sem prejuízo, mas com real vantagem sobre esse mundo
material.
Saúde quer dizer
integração do indivíduo no Todo.
Doença é
integração deficiente do indivíduo no Todo, e que eventualmente pode provocar a
morte, a desintegração.
No nível orgânico,
essa integração do indivíduo no Todo é feita de duas maneiras:
1)- Pela
alimentação, onde o organismo humano, depois da ingestão e assimilação dos
nutrientes, recebe a energia calórica que provêm da luz solar.
2)- Pela
respiração, pois o oxigênio inalado é o vínculo que põe o organismo individual
em contato direto com o vasto oceano das energias do Universo.
Sem esse
permanente e renovado contato entre o corpo individual e as energias do
Universo, não há vida nem saúde.
Essa mesma lei do
mundo orgânico vigora também no mundo espiritual: vida e saúde representam o
permanente contato entre o ser individual e o Ser Universal. O que ao nível orgânico
acontece por meio da assimilação e respiração, também ocorre no nível
espiritual por meio da oração ou permanente comunhão com Deus. Sem esse contato
não há vida e saúde espiritual. Onde cessa a assimilação ou respiração, sucumbe
o indivíduo por inanição ou asfixia – e onde cessa a oração, que é a
assimilação e respiração da alma, ela adoece e desfalece por falta desses
elementos vitais.
Conhecedor dessa
verdade, Jesus afirmou: “É necessário orar sempre, e nunca deixar de orar”. A
oração é a caloria e o oxigênio do espírito.
Existe uma relação
íntima entre corpo e alma, entre a parte orgânica e espiritual do homem, uma
agindo sobre outra, na estreita relação entre a moléstia orgânica e a moléstia
moral dos homens.
Entretanto, a
saúde espiritual pode atingir suficiente perfeição ao ponto de sem o auxílio externo,
realizar a saúde orgânica.
No Evangelho, o
centurião de Cafarnaum que tinha fé, não curou o seu servo, mas, em contato com
o poderoso foco espiritual de Jesus, essa fé foi potencializada – e deu-se a
cura. Coisa análoga aconteceu com a mulher Cananéia, cuja fé e em contato com a
espiritualidade superior do nazareno conseguiu curar a filha atormentada por um
mau espírito. O mesmo se passou com a mulher que tocou o manto de Jesus; também
com o homem que se confessa crente e descrente – “creio, Senhor, ajuda a minha
incredulidade” – e o baixo potencial da sua fé, potencializada pelo contato com
a elevada espiritualidade de Jesus, curou seu filho.
Um ímã de alta
potência, atuando sobre outro de baixa potência, o potencializa e o capacita a
realizar o que isoladamente, não poderia realizar.
Uma bateria de
alta voltagem, em contato, ou por indução direta com outra de voltagem
inferior, eleva a voltagem desta e lhe confere um poder acima do que ela
possuía por si mesma. Nunca uma bateria mais forte perde energia pelo contato
com uma menos forte, mas sempre o de maior energia domina o menor, o positivo
eleva o negativo, a plenitude preenche a vacuidade, “A luz brilha nas trevas, e
as trevas não a extinguiram”.
Em resumo: o poder
da oração não está em que ora, mas sim no mundo espiritual com quem a pessoa
está em contato. Quem ora não é a fonte, mas o canal ou veículo entre o mundo orgânico
e o mundo espiritual. Se esse canal é transparente, idôneo, não obstruído, passam
através dele os fluidos espirituais que atuam sobre o mundo orgânico. E é por
isto que “tudo é possível àquele que tem fé”; “tudo o que pedirdes em meu nome,
crede que o recebereis.”
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