Tuesday 6 April 2021

A DIVISÃO ENTRE HOMENS FELIZES E INFELIZES

A felicidade do homem depende da visão panorâmica que ele tem da sua existência inteira, total.

Total, porque essa visão não abrange apenas os poucos decênios de sua vida terrestre, mas também da vida após a morte, pois é absolutamente certo que o homem, quando deixa seu corpo material, continua a existir conscientemente em outras dimensões do Cosmos, pois a sua vivência terrestre é apenas uma parcela insignificante da sua existência total, daí a importância de que o homem adquira, aqui na Terra, a certeza da sua vivência cósmica.

Felicidade não significa gozar todos os prazeres oferecidos pela existência, mas principalmente viver em harmonia com a Verdade, a Justiça, a Honestidade, o Amor, a Bondade, a Fraternidade Universal. Muitas vezes essa harmonia exige sofrimentos, sacrifício, renúncia, e prazeres imediatos, e é exatamente nesse ponto que a humanidade se divide em homens felizes e infelizes.

A visão panorâmica da existência do homem não tem nada a ver com qualquer religião ou filosofia. É uma experiência interna que o homem adquire quando remove de si todos os obstáculos que possam impedir essa experiência, mas é difícil explicar aos ignorantes em que consiste esta experiência. O homem deve adivinhar e sentir, como que por empatia, ou seja, por percepção apreciativa ou compreensão, o que é essa experiência da Alma do Universo, que é a sua própria alma.

Há quem considere a natureza humana como um conjunto, ou um reservatório de coisas boas e más. Na verdade, não existe nada de bom nem de mau na natureza humana. O bom e o mau só aparece com o advento do livre-arbítrio, que faz o homem bom ou mau. Bom é tudo o que está em harmonia com as Leis Cósmicas, e mau é o que está em desarmonia. Bom e mau não são fatos objetivos, são valores subjetivos, criações metafísicas. O homem é quem faz existir o que é bom e o que é mau. Ninguém vai receber prêmio por ser bom nem será punido por ser mau; prêmio e castigo, prometidos antes ou depois da morte, não são motivos honestos para ser bom ou deixar de ser mau. A única finalidade da encarnação terrestre do homem é a sua auto-realização, e o único desastre é a sua auto frustração.

Albert Einstein, esse grande cientista-visionário-místico e universal, tem uma frase que bem poderia ser a bandeira para uma nova educação: “O mundo dos fatos (a ciência) não conduz a nenhum caminho para o mundo dos valores (a consciência), porque os valores vêm de outra região.” A educação atual limita-se apenas a fatos, é instrução apenas. E nenhuma instrução, por melhor que seja, aprimora o homem, pois limita-se ao conhecimento de fatos já existentes. O velho slogan “abrir uma escola é fechar uma prisão” peca por uma profunda ingenuidade, já que os piores criminosos da humanidade não foram analfabetos, muitos deles eram homens com escolaridade. Abrir uma escola é incentivar a ciência ou o aprendizado de qualquer ramo do conhecimento humano, mas não significa necessariamente intensificar a consciência. Se houvesse consciência suficiente, não haveria necessidade de existirem prisões.

Nem o governo nem as igrejas tratam seriamente da educação, no sentido verdadeiro da palavra. O governo está interessado em instrução científica, e as igrejas limitam-se apenas à moralização. Nem instrução nem moralização tornam o homem melhor. O homem realmente educado é bom e não espera recompensa, nem antes nem depois da morte. Ele é incondicionalmente bom, e é um engano pensar que as teologias das igrejas eduquem o homem para ser bom ... elas apenas transferem o egoísmo terrestre para um egoísmo celeste, prometendo o paraíso para seus adeptos.

A metafísica de Einstein vale mais para a verdadeira educação do que todas as instruções científicas dos governos e todas as teologias moralizantes das igrejas.

Os governos e as igrejas são responsáveis pela situação calamitosa da educação, pois o homem vive num vácuo educacional. Governos e igrejas não se interessam pelos valores, e sem valores não há educação. Verdade, Justiça, Amor e Honestidade são valores, creações da consciência e não simples descobertas da ciência.

Texto revisado extraído de uma palestra proferida por Huberto Rohden em março de 1979.

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