Tuesday 30 November 2021

O MISTÉRIO DA ETERNA FASCINAÇÃO DO CRISTO

Livros sem conta se têm escrito sobre o Cristo.

Amor sem medida se têm jurado ao Cristo.

E, no entanto, eternamente enigmático é o motivo dessa fascinação do Cristo.

E qual é a razão desse fascínio?

Todo homem é inconscientemente o que o Cristo é conscientemente - e o que ele é potencialmente.

A fascinação que se sente diante do Cristo é a visão do próprio Eu humano, se fosse plenamente realizado.

Esse Eu do Cristo interno, sempre realizável e sempre realizando, e jamais realizado.

O próprio ego humano é fascinante quando se compara com a visão longínqua do Eu crístico, assim como é fascinante a planta dormente na semente.

O homem sente o anseio de ser explicitamente o que ele é apenas implicitamente, assim como ele contempla o seu “sopro divino” embrionário na adultez da “imagem e semelhança de Deus”. Vislumbrando o que ele poderia ser e ainda não é.

“Vocês farão as mesmas obras que eu faço, e farão obras maiores do que estas”.

Fascinantes palavras!

Soam como sinos a tanger em praias longínquas.

Como convites para uma solenidade transcendental.

Como enlevos de amor mesclados de dor.

Como uma alvorada de luz num ocaso de trevas.

O Cristo-amor é um auto amor em outra dimensão.

É amar o Cristo interno no Cristo eterno.

Todo o auto amor, que parece amor externo, é um Divino amor.

Agora se vislumbra em espelho e enigma o que se espera encontrar face a face.

Toda a fascinação do Cristo é uma auto fascinação em ínfima potência.

É uma resposta à eterna pergunta: Que é o homem?

Texto revisado extraído do livro QUE VOS PARECE DO CRISTO? 

EL MISTERIO DE LA ETERNA FASCINACIÓN DEL CRISTO

Se han escrito innumerables libros sobre Cristo.

A Cristo se le ha jurado amor sin medida.

Y, sin embargo, eternamente enigmático es el motivo de esta fascinación por Cristo.

¿Y cuál es el motivo de esta fascinación?

Todo hombre es inconscientemente lo que el Cristo es conscientemente y lo que potencialmente es.

La fascinación que uno siente ante Cristo es la visión del Yo humano si se realizara plenamente.

Ese Yo del Cristo interior, siempre realizable y siempre realizando, y nunca realizado.

El ego humano es fascinante comparado con la visión distante del Yo crístico, así como es fascinante la planta dormida en la semilla.

El hombre siente el impulso de ser explícitamente lo que es sólo implícitamente, al igual que contempla su “aliento divino” embrionario en la edad adulta de “imagen y semejanza de Dios”. Vislumbrando lo que podría ser y lo que todavía no es.

“En verdad, les digo que el que crea en mí hará las obras que yo he estado haciendo, y cosas aún mayores que estas”.

¡Palabras fascinantes!

Suenan como campanas en costas lejanas.

Como invitaciones a una solemnidad trascendental.

Como el amor mezclado con el dolor.

Como un amanecer de luz en un entorno oscuro.

El amor de Cristo es el amor propio en otra dimensión.

Es amar al Cristo interior en el Cristo eterno.

Todo amor propio, que parece amor externo, es amor Divino.

Ahora uno vislumbra en un espejo y enigma lo que se espera encontrar cara a cara.

La verdadera fascinación de Cristo es una auto fascinación en la potencia más pequeña.

Es una respuesta a la eterna pregunta: ¿Qué es el hombre? 

THE MYSTERY OF THE ETERNAL FASCINATION OF CHRIST

Countless books have been written about Christ.

Love without measure has been sworn to Christ.

And yet, eternally enigmatic is the reason for this fascination with Christ.

And what is the reason for this fascination?

Every man is unconsciously what the Christ consciously is - and what he potentially is.

The fascination one feels before Christ is the vision of the human Self if it were fully realized.

That Self of the Christ within, always realizable, always realizing, and never realized.

The human ego is fascinating compared to the distant vision of the Christlike Self, just as the plant dormant in the seed is fascinating.

Man feels the urge to be explicitly what he is only implicitly, just as he contemplates his embryonic “divine breath” in the adulthood of “God's image and likeness.” Glimpsing what he could be and still isn't.

“Very truly, I tell you, whoever believes in me will do the works I have been doing, and they will do even greater things than these.”

Fascinating words!

They ring like bells on distant shores.

As invitations to a transcendental solemnity.

Like love mingled with pain.

Like a dawn of light in a dark setting.

Christ-love is self-love in another dimension.

It is to love the inner Christ in the eternal Christ.

All self-love, which looks like external love, is Divine love.

Now one glimpses in a mirror and enigma what is expected to be found face to face.

The real fascination of Christ is a self-fascination in the smallest potency.

It is an answer to the eternal question: What is man?

Thursday 25 November 2021

O EU, O SILÊNCIO E RAMANA MAHARSHI

O ensaio abaixo, do original em inglês, “Self, Silence and Maharishi Ramana”, é de autoria do doutor em filosofia, educador, ex-professor e chefe do Departamento de Filosofia da Universidade de Nova Deli, Índia, Ashok Vohra (1949-), e que vem adicionar mais brilho em torno da figura carismática de Ramana, considerado o mais famoso sábio vidente do século XX.

Muito se tem escrito sobre Ramana, incluindo o livro Face a Face com Sri Ramana Maharshi, numa série de 202 impressões particulares de pessoas que conviveram com ele e sobre ele. No entanto, Ramana nunca se sentiu movido a formular seus ensinamentos por conta própria, seja verbalmente ou por escrito. O pouco que a ele é creditado, surgiu como respostas a perguntas feitas por seus discípulos ou por sua insistência, e apenas alguns hinos foram escritos por iniciativa própria.

Segundo Mouni Sadhu, autor conhecido do público brasileiro pelo livro DIAS DE GRANDE PAZ, Vivência da Mais Alta Yoga, edição revista e anotada por Huberto Rohden, em Maharshi, “reina o silêncio”, uma vida introspectiva, atenta apenas à sua autorrealização, a despeito de ter sido um homem que vivia no mundo, mas não sendo deste mundo.

“Refletindo sobre a questão humana, Adi Shankracharya, filósofo e teólogo indiano, em seu Bhajagovindam (poemas devocionais), afirma que: “Uma pessoa se interessa por brincar quando é criança; se interessa pelo sexo, quando é jovem, e, quando envelhece, fica perdido em pensamentos, pois ninguém está interessado em indagar o que é o verdadeiramente real”. A natureza do “verdadeiramente real” só pode ser descoberta apenas ponderando sobre as questões: “Quem é você? Quem sou eu? De onde eu vim? Quem é minha mãe? Quem é meu pai?”, persuadindo a “contemplar a natureza mutante da vida que é quase como um sonho e desistir do apego extremo”. O “verdadeiramente real”, segundo ele, não está situado no mundo exterior, mas é interno aos seres humanos, e que é preciso fazer um esforço consciente e diligente para olhar para dentro de si mesmo. O ser humano “foi creado com os órgãos dos sentidos voltados para fora e, portanto, vê o mundo externo e não o Eu interno. Quem é sábio, que deseja a imortalidade, vê o seu interior, voltando os olhos para dentro de si mesmo”.

Ramana Maharshi aprendeu esta dura verdade durante suas duas “experiências de morte”, sendo a primeira, acontecido cerca de seis semanas antes de deixar sua casa, em direção a Arunáchala em 1886, onde ele diz:

Eu estava sentado e só, em uma sala no primeiro andar da casa do meu tio. Raramente eu ficava doente e naquele dia não havia nada de errado com minha saúde, mas um medo violento e repentino da morte tomou conta de mim. Nada que explicasse isso, e nem havia em mim qualquer desejo de descobrir se havia alguma razão para o medo. Eu simplesmente senti que ia morrer e comecei a pensar no que fazer a respeito. Não me ocorreu consultar um médico ou amigos e senti que tinha que resolver o problema por mim mesmo. O choque do medo da morte dirigiu minha mente para dentro, dizendo a mim mesmo sem formular conceitos em palavras: agora, a morte chegou! O que isso significa? O que é isso que está morrendo? Este corpo morre? E imediatamente dramatizei a ocorrência da morte. Deitei-me com os membros estendidos como se a rigidez após a morte se instalasse, imitando um cadáver para dar maior realidade à investigação. Prendi a respiração e mantive meus lábios fechados para que nenhum som pudesse escapar. E, disse a mim mesmo: este corpo está morto. Ele será carregado para cremação e reduzido a cinzas. Mas com a morte do corpo, estou realmente morto? O corpo é o Eu? Está silencioso e inerte, mas sinto toda a força da minha personalidade e até a voz Eu dentro de mim! Consequentemente, eu sou Espírito transcendendo o corpo. O corpo morre, mas o espírito que o transcende não pode ser tocado pela morte. Isso significa que eu sou o Espírito Imortal. Tudo isso passou por mim não como um pensamento tolo, mas como verdade viva que percebi diretamente, quase sem o uso da mente. O Eu era algo real, a única coisa real sobre o meu estado, e toda a atividade consciente conectada com o corpo foi canalizada nesse Eu. Daquele momento em diante, a atenção se concentrou em mim mesmo, no meu Eu, de forma fascinante, desaparecendo, assim, o medo da morte. O ego se perdeu no fluxo da autoconsciência e a absorção no Eu continuou ininterrupta. Outros pensamentos podem ir e vir como as várias notas musicais, mas o Eu continuou como a nota fundamental; nota que está subjacente e se mistura com todas as outras notas.

A segunda experiência de morte aconteceu em 1912, quando ele tinha 33 anos. Naquela época, Ramana vivia na Caverna Virupaksha na colina de Arunáchala. Seu companheiro Vasudeva Sastri percebeu que Ramana havia falecido e começou a chorar e lamentar. A experiência da morte foi sentida três vezes em rápida sucessão. Ramana sentia como se uma cortina branca estivesse sendo fechada; escuridão e um esmorecimento cobriram sua visão. Como resultado, ele não conseguiu ficar de pé e teve que se sentar na rocha. Sua pele ficou azul; a respiração e circulação sanguínea pararam. Descrevendo essa experiência, ele diz: “Eu pude ver claramente o processo gradual. Houve uma fase em que eu ainda podia ver uma parte da paisagem claramente enquanto o resto estava coberto pela cortina que avançava. Era como uma visão em um estereoscópio. Ao experimentar isso, parei de andar para não cair. Assim que a visão clareou, eu continuei andando. Quando a escuridão e a fraqueza tomaram conta de mim pela segunda vez, encostei-me em uma rocha até que a visão clareasse. Na terceira vez que aconteceu, achei mais seguro sentar perto da pedra. Então, a cortina branca brilhante bloqueou completamente minha visão, a cabeça girou e minha circulação e respiração pararam. A pele ficou de um azul lívido. Era a tonalidade normal da morte e foi ficando cada vez mais escura. Ele narra a segunda experiência de morte, assim:

“Meu nível normal de consciência ainda continuava naquele estado também. Não tive o menor medo e não me senti mal com a condição do corpo. Sentei-me perto da rocha na minha postura habitual. O corpo, deixado sem circulação ou respiração, ainda se mantinha nessa posição. Esse estado continuou por cerca de dez ou quinze minutos. Após, um choque passou repentinamente pelo meu corpo; a circulação e a respiração voltaram, enquanto o corpo suava por todos os poros. A cor da vida reapareceu na pele. Abri meus olhos, levantei e disse: Vamos adiante! Chegamos à caverna sem maiores problemas. Foi a única convulsão que tive em que a circulação e a respiração pararam”.

Ao contrário da primeira experiência de morte, que foi a experiência de um jovem, a segunda foi a experiência de uma pessoa madura. Ramana estava consciente durante todo o período em que passou por esta experiência, podendo sentir Sastri batendo palmas, arrepiado, suas palavras de lamentação e compreender seu significado. Também vi a descoloração da minha pele e senti a interrupção da minha circulação e respiração e o aumento do frio nas extremidades do meu corpo. Meu nível de consciência ainda continuava naquele estado também. Não tive o mínimo medo e não senti tristeza pelo estado do corpo. Segundo ele, “essa foi a única convulsão que tive em que a circulação e a respiração pararam. Não provoquei propositadamente a convulsão e nem queria ver como este corpo ficaria após a morte, tampouco não deixarei este corpo sem avisar os outros. Era uma daquelas crises que eu tinha de vez em quando, só que dessa vez foi de uma forma muito séria”.

A segunda, aconteceu em 1912, aos 33 anos. Naquela época, ele vivia em uma caverna (na colina de Arunáchala. O companheiro de Ramana, Vasudeva Shastri, sentiu que ele havia falecido e começou a lamentar e chorar. A experiência da morte foi sentida três vezes em rápidas sucessões, como se uma cortina branca se fechasse, seguido de uma perda de sentidos e a escuridão tomando conta de sua visão. Como resultado, não conseguia ficar em pé; sua respiração e circulação sanguínea pararam e a pele com coloração azulada. Descrevendo sua experiência, ele diz: Eu pude ver claramente o processo gradual. Houve uma fase em que eu ainda podia ver uma parte da paisagem claramente enquanto o resto estava coberto pela imagem da cortina que avançava. Era como enxergar em uma visão estereoscópica (de terceira dimensão), e ao experimentar isso, parei de andar para não cair. Quando clareou, continuei andando. Quando a escuridão e a fraqueza tomaram conta de mim pela segunda vez, encostei-me em uma rocha até que a visão clareasse. Na terceira vez que aconteceu, achei mais seguro me sentar, e então, a cortina branca e brilhante bloqueou completamente minha visão, minha cabeça girou e minha circulação e respiração pararam. A pele ficou de um azul lívido. Era a tonalidade normal da morte e foi escurecendo mais e mais.

Meu nível normal de consciência continuava naquele estado, e não tive medo e não me senti mal com a condição do corpo. Sentei-me perto da rocha na minha postura habitual, e fechei os olhos; o corpo, deixado sem circulação ou respiração, ainda mantém essa posição. Esse estado continuou por cerca de dez ou quinze minutos. E subitamente, um choque passou pelo meu corpo e a circulação e respiração voltaram, enquanto eu transpirava por todos os poros. A cor da vida reapareceu na pele. Abri então os meus olhos, levantei e disse; vamos adiante! Chegamos à caverna sem maiores problemas. Foi o único ataque que tive em que a circulação e a respiração pararaAo contrário da primeira experiência de morte, que foi a experiência de um jovem, a segunda foi a experiência de uma pessoa madura. Ramana estava consciente durante todo o período em que passava por essa experiência, e que “podia sentir seu companheiro lamentando e ouvir suas palavras e compreender seu significado. Também vi a descoloração da minha pele e senti a parada da minha circulação e respiração e o aumento do frio nas extremidades do meu corpo. Meu nível normal de consciência continuava naquele estado. Não tive o mínimo medo e não senti tristeza pela situação do meu corpo”. Segundo ele: “Essa foi a única convulsão que tive em que a circulação e a respiração pararam. Nada provoquei e nem queria ver como meu corpo ficaria após a morte, nem disse que não deixarei este corpo sem avisar os outros. Era uma daquelas crises que eu tinha de vez em quando, só que dessa vez foi de uma forma muito séria”.

É importante notar que ao contrário da primeira experiência, em que não houve parada da respiração e da circulação, descoloração da pele, etc., havia o medo da morte, de deixar o corpo. Na segunda, não houve medo, nem ansiedade. Ramana estava totalmente ciente da diferença entre “convulsões” e “experiência de morte”, com isso, não se pode concluir, de acordo com os céticos, que Ramana teve realmente a experiência comum de uma convulsão.

A partir dessas “experiências de morte”, Ramana existencialmente percebeu a temporalidade do corpo e a permanência do Eu. Segundo ele: Na visão da morte, embora todos os sentidos estivessem entorpecidos, a autoconsciência era claramente evidente, e então percebi que era a consciência que chamamos de Eu, e não o corpo. Essa autoconsciência nunca se deteriora; a nada está relacionada; mesmo se esse corpo for cremado, ele não será afetado. Portanto, percebi claramente naquele dia o que era aquele Eu. A reflexão sobre a experiência do Eu, levou Ramana a investigar a sua verdadeira natureza. Em sua obra escrita, A Realidade em Quarenta Versos, contêm descrições concisas da auto indagação. No versículo trinta, ele diz: Questionando “Quem sou eu?” mentalmente, e atingindo o Coração, o ego individual desmorona, e imediatamente a realidade se manifesta como o verdadeiro Eu divino, o Ser Absoluto. Os versos dezenove e vinte da Essência de Todas as Instruções Espirituais, também por ele escrito, descrevem o mesmo processo em termos quase idênticos:

19)- De onde surge o Eu? Busque isso dentro de você. E, consequentemente, o ego desaparece, e está é a busca pela sabedoria.

20)- Onde o ego desapareceu, aparece o Eu essencial divino, o Infinito.

Portanto, a realização do Eu, não é a realização do ego, ou do eu individual, mas do Eu universal não dual. Como consequência desta constatação, não há outro eu (ego), que é uma construção mental. Segundo Ramana: O Ser real (a Divindade) ou o Eu real é, contrário a experiência perceptível, não uma experiência de individualidade, mas uma consciência não pessoal e inclusiva. Não deve ser confundido com o ego individual, que segundo ele, é essencialmente inexistente, sendo uma fabricação da mente, que obscurece a verdadeira experiência do Eu real. Afirmando ainda que o Eu real está sempre presente e sempre experienciado, mas enfatizou que só se tem consciência dele como realmente é quando as tendências autolimitantes da mente, cessam. A autoconsciência permanente e contínua é conhecida como autorrealização. Em seu poema, Cinco Versos Sobre a Unidade do Eu, composto em fevereiro de 1947, ele usa a alegoria do ornamento e do ouro para explicar a essência do Eu e a natureza do relacionamento Eu essencial divino e o Ser, dizendo: “Como o ornamento não está separado do ouro, o corpo (ego) não está separado do Eu. Os ignorantes confundem o corpo com o Eu; o sábio sabe que só o Eu é real”. Só é real porque o Eu é a verdadeira natureza de cada um. Isso não se pode mudar; todo o resto muda e passa e, portanto, não é natural”.

Ramana sempre levou uma vida simples, e era avesso à pompa e ostentação, nunca permitindo que o louvassem. Sempre que tivesse que participar em algumas ocasiões cerimoniais e ouvir elogios e hinos de louvor, ele participava apenas como testemunha do que estava acontecendo e ouvia as aclamações não como dirigidas a ele, mas apenas como mais um na plateia. E não gostava do significado especial atribuído a seu aniversário e da celebração por seus devotos. Quando da única celebração feita em 1912, assim ele expressou seu descontentamento:

“Você, que gosta de comemorar o aniversário de forma grandiosa, procure primeiro, a essência do seu nascimento. O dia do verdadeiro nascimento é aquele em que a pessoa nasce para a Realidade que é uma, e que não tem nascimento nem morte. Observar o dia como um festival é como decorar um cadáver. A sabedoria reside em realizar o Eu e fundir-se nele.”

Ele era contrário a todo tipo de discriminação, tratamento especial ou diferenciado; não tinha preferências e preconceitos, nem gostos e desgostos. Tratava a todos indiscriminadamente, ricos e poderosos, camponeses pobres e pessoas comuns. Ao fazer isso, Ramana praticava o não dualismo em sua vida cotidiana, e que nada existe à parte da Realidade Absoluta, o Espírito Supremo que é a realidade última, pois ele enxergava o Eu essencial divino habitando em todos, sendo equânime e assumindo atitudes de indiferença em todas as situações e circunstâncias. Sentar-se atrás de portas trancadas ou ao ar livre era o mesmo para ele; que não havia ninguém sentado, nenhuma porta estava trancada e nenhum templo servia de abrigo. Ramana não tinha um lar; sua sabedoria havia se firmado na realidade imutável. Não importava o ambiente e nem o estado de vida que levava, Ramana sempre permaneceu fixo no seu estado natural de pleno conhecimento do Eu, ou da verdadeira natureza do ser. Segundo ele, não havia regras a serem seguidas e que tudo estava em perfeita ordem e que quando se atinge um estado de iluminação, de identidade com o Eu, as regras deixam de existir e nem votos a serem cumpridos. Depois de chegar ao fim, qual a utilidade dos meios, por mais remotos que sejam? E isso está de acordo com o destino, afirmando ainda, que mesmo sob uma possível excitação do ego, em um ser realizado, isso não afeta esse ser, pois o ego passa a ser inofensivo.  

Ramana era avesso a que o chamassem de guru, e muito menos de avatar. Não reivindicava a posse de nenhum poder oculto e conhecimento do que era mais transcendente: não tinha pretensões e resistiu a todos os esforços para canonizá-lo. Não iniciou uma nova forma de culto ou escola de pensamento. Embora muitos tenham sido influenciados e alegassem ter alcançado a liberação por razões de sua associação com ele. Ramana nunca alegou ter discípulos, ou os reconheceu publicamente como seres liberados; nunca nomeou nenhum sucessor para sua herança e não promoveu nenhuma linhagem.

Na verdade, Ramana tentou mostrar repetidamente que era como qualquer outro homem. E, quanto ao seu conhecimento do Bhagavad Gita, afirmava não ter lido a respeito e nem de comentários para descobrir seu significado. Quando ouvia um dos versos dessa obra, entendia seu significado claramente, dizendo: isso é tudo e nada mais.

Ramana se perturbava algumas vezes com o fluxo crescente e constante de devotos que vinham ao Ashram para estar diante da sua graça e receber bençãos, já que suas atividades normais no Ashram, ficavam restringidas. Ele mesmo confessou que tentou fugir três vezes a fim de retornar a uma vida de solidão. Mas não se aborreceu com seu fracasso, pois estava firmemente comprometido com o destino a ser trabalhado na vida atual de cada um, pois Aquele cuja função é ordenar, faz com que cada um atue. O que não está para acontecer, nunca acontecerá, qualquer que seja o esforço que se faça. E o que está para acontecer, vai acontecer por mais que se busque evitar. Isso é certo! A sabedoria, portanto, é permanecer na quietude e viver de acordo com a plenitude das faculdades humanas.

Ele ensinava, vivia e praticava a filosofia milenar dos Vedas, e tendo na prática do silêncio, a mais perfeita instrução espiritual. Incluindo o seu silêncio sobre seus estudos, pois segundo ele, apenas aquele que busca e num estado espiritual mais elevado, tem a habilidade de compreender essa filosofia. Quando aos demais, estes não têm essa habilidade, pois exigem palavras para explicação das verdades contidas na filosofia. E que indicar a eles o estudo, isto sim é possível, pois ocorre que a verdade está além das palavras, que não justifica explicação. Ramana ensinava o método da auto investigação, contida na filosofia, e que pode ser praticada por todos, independente de classe, casta e o que representa na sociedade, ou por ateus, teístas, agnósticos ou céticos. Mas ele mesmo não utilizava nenhuma categoria absoluta, ou seja, do mundo ser uma ilusão ou real, que são termo relativos. Tanto o real como a ilusão são baseados no senso de dualidade. O Eu é como é, “Sou o que sou”. Qualquer outra forma de expressão, como eu sou X, Y ou Z, etc., dá origem ao ego e não ao autoconhecimento. É por isso que se deve dizer: Eu, Eu; eu sou isso ou eu sou aquilo, é do ego. O Eu não tem localização, periferia e centro. É ilimitado e sem forma, e também é o centro espiritual. Existe apenas um centro desse tipo, seja no Ocidente ou no Oriente, o centro não pode ser diferente. Não tem localidade. Sendo ilimitado, inclui líderes, os mundos, forças de destruição e construção. Mas não se pode falar em seres encarnados como líderes. Espíritos não são corpos; não tem ciência de seus corpos, são espírito: ilimitados e sem forma. Sempre existe unidade entre eles. Essas questões não podem surgir se o Eu for realizado. Para os seres realizados, não há diversidade, mas apenas unidade; não há individualidade, mas coletividade e universalidade.

Embora Ramana não tenha criticado outras escolas ou métodos de ensino, ele afirmou que sua técnica de auto inquirição, “Quem sou eu?” é diferente das técnicas de meditação ensinadas pela tradição filosófica da não-dualidade, ou seja, “Eu sou Shiva” ou “Eu sou Ele”, diferenciando-os nas seguintes palavras:

“A busca pelo Eu, de que falo, é um método direto e superior. No momento em que se busca profundamente pelo Eu, ele já está à espera, e então tudo é realizado de forma distinta, e não como o indivíduo que procura, que não tem nenhuma participação nisso. Nesse processo, todas as dúvidas e discussões são automaticamente abandonadas, assim como quem dorme esquece dos cuidados do corpo.”

Trabalhando a distinção entre o seu ensino e o de outros, disse ao famoso filósofo e orientalista francês, Olivier Lacombe: “O ensino de Maharshi é apenas uma expressão de sua própria experiência e realização”, e de que “Uma pessoa realizada usará seu próprio idioma, e o silêncio é a melhor linguagem.” Ramana escolheu o método do silêncio para a comunicação e transmitiu seus ensinamentos por meio do silêncio.

A outra grande diferença entre a escola tradicional não dualista, de que nada existe a não ser o Espírito Supremo e os ensinamentos de Ramana é que, embora essa escola tenha uma atitude negacionista – “não isso”, “não isso”, para descrever a realidade última, também ensina as afirmações mentais de que o Eu era a única realidade, como “Eu sou a Absoluta Realidade”, ou “Eu sou Ele”, Ramana enfatiza na indagação: “Quem sou eu?”

Embora Ramana não tenha reivindicado o status de guru, muitos estudiosos se tornaram seus devotos a fim de se tornarem seus discípulos. Enquanto o homem comum queria conhecê-lo para obter ganhos materiais, os estudiosos de todo o mundo tornaram-se seus discípulos para aprender a natureza e a prática da sua espiritualidade, sentindo que Ramana poderia dar este impulso iniciático com o toque ou com um olhar. Sentado em silêncio, ele se virava repentinamente, fixava um olhar intenso e a pessoa se tornava diretamente consciente do seu centro espiritual, da sua atual consciência essencial. Aqueles que experimentaram o poder do olhar de Ramana relataram que a iniciação foi tão clara e vívida que não tiveram dúvidas de que ele não era outro senão seu próprio ser consciente essencial.

Alguns dos discípulos sentiam que Ramana também iniciava as pessoas em sonhos ao olhar fixamente em seus olhos, e ele às vezes viajava no corpo sutil para visitar as pessoas. Apareceria para um discípulo a centenas de quilômetros de distância como uma figura luminosa, e a pessoa reconhecia sua aparência nessa forma, observando que a vida desperta e a vida onírica eram ambas uma espécie de sonho, cada qual com diferentes níveis de consciência. Ele se referiu a esses estados como “sonho 1” e “sonho 2”. E que não fazia distinção entre aparecer a um discípulo acordado e a um discípulo que sonhava, pois considerava que as duas esferas da existência eram sonhos. Na verdade, o próprio Ramana admitiu isso para um devoto que queria ver sua forma real e que teve essa experiência. Quando o devoto contou a ele sobre sua experiência, Ramana disse: “Você queria ver minha forma; você viu meu desaparecimento; Eu sou sem forma. Então, essa experiência pode ser a verdade”.

Afirmando ter tido uma visão de Ramana, Francis Henry Humphreys, foi o primeiro europeu a se encontrar com ele. Aprendeu o telugo, a língua local, com seu professor, Ganapati Sastri e diante dele, desenhou a figura dessa visão, sendo que a figura, era a de Ramana, guru de Sastri. Organizaram um encontro que se deu em novembro de 1911, na caverna onde vivia. Impressionado com a experiência de conhecer o vidente, ele registrou os detalhes desse encontro em uma carta que foi publicada no International Psychic Gazette com as seguintes palavras:

“Às duas da tarde, subimos a colina para vê-lo. Ao chegar à caverna, sentamo-nos diante dele, a seus pés, e nada dissemos. Ficamos assim por um longo tempo e me senti alçado para fora de mim mesmo. Por meia hora, olhei nos olhos do Maharshi, que nunca mudaram sua expressão de profunda contemplação. Comecei a perceber então, que o corpo é o templo do Espírito Santo; Eu pude sentir que seu corpo não era o do homem; era o instrumento de Deus, meramente um cadáver imóvel sentado, do qual Deus irradiava. Meus sentimentos eram indescritíveis.

O Maharshi é um homem indescritível em sua expressão de dignidade, gentileza, autocontrole e serena força de convicção.”

Humphreys encontrou Ramana várias vezes depois. Suas ideias sobre espiritualidade mudaram fundamentalmente como resultado de seus encontros com o guru. E registrou assim, no Gazette, suas impressões dessas reuniões. “Não se pode imaginar a beleza do seu sorriso, e a mudança que provoca estar em sua presença. Paul Brunton, um jornalista conhecido, também registrou que teve uma experiência de consciência sublimemente abrangente, um momento de iluminação enquanto permanecia no ambiente de Ramana.” Murgnor narrou a sua experiência, com as seguintes palavras: “Da mesma forma que a cera derrete ao encontrar o fogo, ao ver seus pés, minha mente se dissolveu e perdeu sua forma. Assim como o bezerro encontrando sua mãe, meu coração se derreteu e se alegrou a seus pés, e um arrepio pelo meu corpo. A devoção cresceu em mim como um oceano que viu a lua cheia. Pela graça do poder inerente à consciência, minha alma ficou em êxtase”. A maioria das pessoas que viram Ramana, sentiam que “sentar-se diante dele já era uma profunda educação espiritual. Olhar para ele era acalmar a mente. Cair na esfera de sua visão beatífica era ser elevado interiormente”. Paul Brunton expressou assim, o que a maioria dos visitantes e devotos sentiram ao ver Ramana:

“Sua expressão é modesta e suave, os grandes olhos escuros são extraordinariamente tranquilos e bonitos. O nariz é curto, reto e regular. No queixo tem uma barba rala e a significância de sua boca é mais perceptível. Tal rosto pode ter pertencido a um dos santos que agraciaram a Igreja Cristã durante a Idade Média, exceto que este possui a qualidade adicional de intelectualidade. Ele tem os olhos de um sonhador, e há algo mais do que meros sonhos por trás daquelas pálpebras pesadas”.

Os visitantes e devotos vinham com perguntas sobre assuntos espirituais, e outros assuntos enfrentados por eles, com a intenção de buscar respostas de Ramana. Mas suas perguntas e dúvidas eram dissolvidas assim que chegavam diante de sua presença, pois as questões que consideravam significativas e cruciais para eles pareciam tolas e pueris. Na presença de Ramana, eles permaneciam “cheios de alegria e paz que o desejo de fazer perguntas desapareceu”. A maioria dos devotos e visitantes em sua presença, como Brunton registrou, “sentiam segurança e paz interior. As radiações espirituais que emanavam dele eram todas penetrantes. Aprendi a reconhecer em sua pessoa, as verdades sublimes que ensinava, e da paz de sua atmosfera incrivelmente santa. Ele possuía uma personalidade divina que desafiava qualquer descrição. Não se podia esquecer o seu sorriso maravilhoso e repleto, com um toque de sabedoria e paz conquistados com o sofrimento e a experiência. Era o homem mais compreensivo que já conheci; se podia ter certeza sempre, de que algumas de suas palavras, suavizam os caminhos, e essas palavras, intimamente, já davam as respostas à todas as perguntas.”

Todos os visitantes sentiam uma mudança interior depois de conhecer Ramana, reconhecendo como um momento decisivo em suas vidas. U.G. Krishnamurti, então com 21 anos de idade, conheceu Ramana no ano de 1939, e perguntou a ele: “Esse algo chamado de emancipação, iluminação, liberdade e liberação, você pode dá-lo para mim?” Ao que Ramana Maharshi supostamente respondeu, eu posso dar, mas você pode pegá-lo?” Esta resposta alterou completamente as percepções de U.G. sobre o caminho espiritual e seus praticantes, e nunca mais procurou o conselho de pessoas religiosas. Mais tarde U.G. diria que a resposta de Maharshi - que ele havia originalmente percebido como arrogante, o colocou de volta no caminho, afirmando depois que Ramana era um verdadeiro mestre.

Mahatma Gandhi aconselhava as pessoas, em busca de paz, a visitar o Ashram de Ramana. Ele mesmo, orientou Rajendra Prasad (o primeiro presidente da Índia) que por algum tempo desejou ficar longe da vida agitada pela liberdade da tirania inglesa, disse: “se você quer paz, vá para o Ashram de Ramana e permaneça por alguns dias na presença dele, sem falar ou fazer qualquer pergunta”. Rajendra Prasad obedeceu e passou alguns dias sob a sombra benigna de Ramana. No dia de sua partida, enquanto se despedia do vidente, disse-lhe que tinha vindo aconselhado por Mahatma Gandhi e agora estava voltando e pediu a Ramana que lhe desse uma mensagem a ser entregue a Mahatma Gandhi. A isso, Ramana respondeu: “O mesmo Poder que atua aqui está atuando lá também! Onde está a necessidade de palavras quando o coração fala ao coração?” Ramana tinha grande estima por Mahatma Gandhi e apoiava o movimento de independência liderado por ele, pois considerava Gandhi uma figura comprometida com a causa divina, e que ficou muito perturbado ao ouvir a notícia do assassinato de Gandhi. Com a morte de Gandhi, ele consolou a si mesmo e a sua audiência narrando o episódio do diálogo entre o deus da morte (Yama) e o maior deus do hinduísmo (Rama), num dos maiores épicos antigos da literatura mundial, o (Uttara Ramayana). Nesta narrativa, após Ramarajya (o reino védico perfeito) ser estabelecido, Yama diz a Rama que a obra para o qual Gandhi havia vindo à terra havia sido concluída e que era hora de ele retornar ao céu. Tomando essa narrativa como ilustração, Ramana disse: “Isso é o mesmo que a liberdade ser obtida; seu trabalho acabou; por que você ainda está aqui? Você não deveria voltar?”.

Quando do sofrimento dos devotos em saber que Ramana estava enfrentando um tumor cancerígeno, ele, que era indiferente à dor, os confortou dizendo: “Eles levam este corpo como sendo o Supremo Ser e atribuem sofrimento a ele. Que pena! Eles estão desanimados porque este corpo vai deixá-los, mas para onde ele vai e como?” Lhes assegurando que: “Eu estarei onde estou sempre.” Ramana deixou o corpo sentado em posição de lótus, e a palavra final que saiu de seus lábios foi a sagrada sílaba OM! Uma vida efêmera que começou no dia 30 de dezembro de 1879, para a vida eterna e imortal aos 71 anos de idade às 20h47 em 14 de abril, 1950.

Milhões de indianos continuam a ver Ramana como a “fonte de autenticação do hinduísmo no mundo moderno; um sábio sem o menor toque de mundanismo, um santo de pureza incomparável, uma testemunha da verdade eterna dos Vedas; um sábio que atua como um símbolo que continua a inspirá-los a preservar sua cultura e identidade nacionais; um sábio cujos ensinamentos têm um ar atemporal, uma estrutura clássica que parece tão apropriada para o hinduísmo do século XX quanto para o hinduísmo do primeiro século”.

EL YO, EL SILENCIO Y RAMANA MAHARSHI

El siguiente ensayo, del original en inglés, "Self, Silence and Maharishi Ramana", es del Ph.D., educador, ex profesor y director del Departamento de Filosofía de la Universidad de Nueva Delhi, India, Ashok Vohra (1949 -), y eso le da más brillo a la carismática figura de Ramana, considerado el sabio vidente más famoso del siglo XX.

Se ha escrito mucho sobre Ramana, incluido el libro Cara a Cara con Sri Ramana Maharshi, en una serie de 202 impresiones particulares de personas que vivieron con él y sobre él. Sin embargo, Ramana nunca se sintió movido a formular sus enseñanzas por su cuenta, ya sea verbalmente o por escrito. Lo poco que se le atribuye llegó como respuesta a las preguntas de sus discípulos o por su insistencia, y solo unos pocos himnos fueron escritos por su propia iniciativa.

Según Mouni Sadhu, autor conocido por el público brasileño por su libro DIAS DE GRANDE PAZ, Vivência da Mais Alta Yoga, edición revisada y anotada por Huberto Rohden, en Maharshi, “reina el silencio”, una vida introspectiva, atenta sólo a su autorrealización, el a pesar de haber sido un hombre que vivía en el mundo, pero que no pertenecía a este mundo.

 

“Reflexionando sobre la cuestión humana, Adi Shankracharya, filósofo y teólogo indio, en su Bhajagovindam (poemas devocionales), afirma que: “Una persona está interesada en jugar cuando es un niño; le interesa el sexo cuando es joven, y cuando envejece está perdido en sus pensamientos, porque a nadie le interesa preguntar qué es lo verdaderamente real”. La naturaleza de lo “verdaderamente real” solo se puede descubrir al reflexionar sobre las preguntas: “¿Quién eres tú? ¿Quién soy yo? ¿De dónde vengo? ¿Quién es mi madre? ¿Quién es mi padre?”, instándola a “contemplar la naturaleza cambiante de la vida que es casi como un sueño y renunciar al apego extremo”. Lo “verdaderamente real”, según él, no se sitúa en el mundo exterior, sino que es interior al ser humano, y que es necesario hacer un esfuerzo consciente y diligente para mirar dentro de uno mismo. El ser humano “fue creado con los órganos de los sentidos mirando hacia afuera y, por lo tanto, ve el mundo externo y no el Yo interno. El que es sabio, que desea la inmortalidad, mira dentro de sí, volviendo los ojos hacia dentro”.

Ramana Maharshi aprendió esta dura verdad durante sus dos “experiencias de muerte”, la primera de ellas unas seis semanas antes de dejar su hogar, rumbo a Arunáchala en 1886, donde dice:

Yo estaba sentado solo en una habitación en el primer piso de la casa de mi tío. Rara vez estuvo enfermo y ese día no había nada malo en mi salud, pero un repentino y violento miedo a la muerte se apoderó de mí. Nada que lo explicara, ni había ningún deseo en mí de averiguar si había alguna razón para el miedo. Simplemente sentí que iba a morir y comencé a pensar en qué hacer al respecto. No se me ocurrió ver a un médico o amigos y sentí que tenía que resolver el problema yo mismo. El impacto del miedo a la muerte empujó mi mente hacia adentro, diciéndome sin formular conceptos en palabras: ¡Ahora ha llegado la muerte! ¿Qué significa eso? ¿Qué es lo que está muriendo? ¿Muere este cuerpo? E inmediatamente dramaticé la ocurrencia de la muerte. Me acosté con los miembros extendidos como si la rigidez después de la muerte se hubiera instalado, imitando un cadáver para darle mayor realidad a la investigación. Contuve la respiración y mantuve los labios cerrados para que ningún sonido pudiera escapar. Y me dije a mí mismo: este cuerpo está muerto. Se cargará para la cremación y se reducirá a cenizas. Pero con la muerte del cuerpo, ¿estoy realmente muerto? ¿Es el cuerpo el Yo? Es silencioso e inerte, ¡pero siento toda la fuerza de mi personalidad e incluso la voz del Yo dentro de mí! En consecuencia, soy Espíritu que trasciende el cuerpo. El cuerpo muere, pero el espíritu que lo trasciende no puede ser tocado por la muerte. Eso significa que soy el Espíritu Inmortal. Todo esto pasó por mí no como un pensamiento tonto, sino como una verdad viva que percibí directamente, casi sin el uso de mi mente. El Yo era algo real, lo único real de mi estado, y toda la actividad consciente conectada con el cuerpo se canalizó hacia ese Yo. A partir de ese momento, la atención se centró en mí, en mi Yo, de una manera fascinante, desapareciendo así el miedo a la muerte. El ego se perdió en el flujo de la conciencia de sí mismo y la absorción en el Yo continuó ininterrumpidamente. Otros pensamientos pueden ir y venir como las diversas notas musicales, pero el Yo sigue siendo la nota fundamental; tenga en cuenta que subyace y se mezcla con todas las demás notas.

La segunda experiencia de muerte tuvo lugar en 1912, cuando tenía 33 años. En ese momento, Ramana vivía en la cueva Virupaksha en la colina de Arunachala. Su compañero Vasudeva Sastri se dio cuenta de que Ramana había fallecido y comenzó a llorar y a lamentar. La experiencia de la muerte se sintió tres veces en rápida sucesión. Ramana sintió como si se corriera una cortina blanca; la oscuridad y una depresión cubrieron su visión. Como resultado, no pudo mantenerse erguido y tuvo que sentarse en la roca. Su piel se puso azul; la respiración y la circulación sanguínea se detuvieron. Al describir esta experiencia, dice: “Pude ver claramente el proceso gradual. Hubo una fase en la que todavía podía ver claramente una parte del paisaje mientras que el resto estaba cubierto por la cortina que avanzaba. Fue como una visión en un estereoscopio. Al experimentar esto, dejé de caminar para no caer. Tan pronto como la visión se aclaró, seguí caminando. Cuando la oscuridad y la debilidad se apoderaron de mí por segunda vez, me apoyé contra una roca hasta que mi visión se aclaró. La tercera vez que sucedió, pensé que era más seguro sentarme junto a la roca. Entonces, la cortina blanca brillante bloqueó completamente mi vista, mi cabeza giró y mi circulación y respiración se detuvieron. La piel se volvió de un azul lívido. Era el tono normal de la muerte y se oscurecía cada vez más. Él narra la experiencia de la segunda muerte, así:

“Mi nivel normal de conciencia también estaba en ese estado. No tenía miedo en absoluto y no me sentía mal por la condición de mi cuerpo. Me senté junto a la roca en mi postura habitual. El cuerpo, dejado sin circulación ni respiración, todavía se mantuvo en esa posición. Este estado continuó durante unos diez o quince minutos. Después, una conmoción repentinamente atravesó mi cuerpo; la circulación y la respiración regresaron, mientras el cuerpo sudaba por todos los poros. El color de la vida reapareció en mi piel. Abrí los ojos, me levanté y dije: ¡Adelante! Llegamos a la cueva sin mayores problemas. Fue la única convulsión que tuve donde la circulación y la respiración se detuvieron”.

A diferencia de la primera experiencia de muerte, que fue la experiencia de una persona joven, la segunda fue la experiencia de una persona madura. Ramana estuvo consciente durante todo el período que pasó por esta experiencia, y pudo sentir a Sastri aplaudiendo, temblando, sus palabras de lamentación y entender su significado. También vi la decoloración de mi piel y sentí la interrupción de mi circulación y respiración y el aumento del frío en las extremidades de mi cuerpo. Mi nivel de conciencia también estaba en ese estado. No tenía el menor miedo y no me sentía triste por el estado de mi cuerpo. Según él, “este fue la única convulsión que tuve en el que la circulación y la respiración se detuvieron. No causé la convulsión a propósito y no quería ver cómo se vería este cuerpo después de la muerte, ni dejaré este cuerpo sin notificar a los demás. Fue una de esas crisis que tuve de vez en cuando, solo que esta vez fue muy grave”.

Cabe señalar que a diferencia de la primera experiencia de muerte en la que la respiración y la circulación no se detuvieron, decoloración de la piel, etc. estaba el miedo a la muerte, a dejar el cuerpo. En la segunda experiencia, no hubo miedo ni ansiedad. Ramana era plenamente consciente de la diferencia entre las convulsiones y la experiencia de la muerte. A partir de esto, no se puede concluir, como afirman muchos escépticos, que Ramana realmente tuvo la experiencia común de una convulsión.

A partir de estas “experiencias de muerte”, Ramana se dio cuenta existencialmente de la temporalidad del cuerpo y la permanencia del Yo. Lo que llamamos el Yo, no es el cuerpo. Esta autoconciencia nunca se deteriora; con nada está relacionado; incluso si ese cuerpo es incinerado, no se verá afectado. Por lo tanto, ese día vi claramente lo que era ese Yo. La reflexión sobre la experiencia del Yo llevó a Ramana a investigar su verdadera naturaleza. En su obra escrita, La Realidad en Cuarenta Versos, contienen descripciones concisas de la auto indagación. En el versículo treinta dice: Cuestionando “¿Quién soy yo?” mentalmente, y llegando al Corazón, el ego individual colapsa e inmediatamente la realidad se manifiesta como el verdadero Yo esencial divino, el Ser Absoluto. Los versículos diecinueve y veinte de la Esencia de Todas las Instrucciones Espirituales, también escrito por él, describen el mismo proceso en términos casi idénticos:

19)- ¿De dónde viene el Yo? Búscalo dentro de ti. Y, en consecuencia, el ego desaparece, y esa es la búsqueda de la sabiduría.

20)- Donde el ego desapareció, aparece el Yo esencial divino, el Infinito.

Por lo tanto, la realización del Yo no es la realización del ego o del yo individual, sino la realización del Yo universal no dual. Como resultado de esta realización, no hay otro yo (ego), que es una construcción mental. Según Ramana: El Ser real (Divinidad) o el Yo real es, contrariamente a la experiencia perceptible, no una experiencia de individualidad, sino una conciencia no personal e inclusiva. No debe confundirse con el ego individual, que él dice que es esencialmente inexistente, ya que es una fabricación de la mente, lo que oscurece la verdadera experiencia del Yo real. Afirmó además que el Yo real está siempre presente y siempre experimentado, pero enfatizó que uno solo es consciente de él como realmente es cuando cesan las tendencias autolimitantes de la mente. La autoconciencia permanente y continua se conoce como autorrealización. En su poema, Cinco Versos Sobre la Unidad del Yo, compuesto en febrero de 1947, utiliza la alegoría del ornamento y el oro para explicar la esencia del Yo y la naturaleza de la divina relación esencial entre el Yo esencial divino y el Ser, diciendo: “Como el ornamento es no separado del oro, el cuerpo (ego) no está separado del Yo. El ignorante confunde el cuerpo con el Yo; el sabio sabe que solo el Yo es real”. Solo es real porque el Yo es la verdadera naturaleza de cada uno. Esto no se puede cambiar; todo lo demás cambia y pasa y por tanto no es natural”.

Ramana siempre llevó una vida sencilla y fue reacio a la pompa y la ostentación, nunca se permitió ser elogiado. Siempre que tenía que participar en algunas ocasiones ceremoniales y escuchar alabanzas e himnos de alabanza, participaba solo como testigo de lo que estaba sucediendo y escuchaba los vítores no como dirigidos a él sino como uno más en la audiencia. Y no le gustaba el significado especial que se le atribuye a su cumpleaños y la celebración de sus devotos. Cuando se realizó la única celebración en 1912, expresó su descontento:

“Si te gusta celebrar tu cumpleaños a lo grande, busca primero la esencia de tu nacimiento. El día del verdadero nacimiento es aquel en el que una persona nace en la Realidad que es una y que no tiene nacimiento ni muerte. Ver el día como un festival es como decorar un cadáver. La sabiduría radica en realizar el Yo y fusionarse con él.”

Se opuso a todo tipo de discriminación, trato especial o diferenciado; no tenía preferencias ni prejuicios, ni gustos ni aversiones. Trataba a todos indiscriminadamente, ricos y poderosos, campesinos pobres y gente común. Al hacerlo, Ramana practicó el no-dualismo en su vida diaria, y que nada existe aparte de la Realidad Absoluta, el Espíritu Supremo que es la realidad última, porque vio el Yo esencial divino habitando en todos, siendo ecuánime y asumiendo actitudes de indiferencia en todas las situaciones y circunstancias. Sentarse detrás de puertas cerradas o al aire libre era lo mismo para él; que nadie estaba sentado, ninguna puerta estaba cerrada con llave y ningún templo proporcionaba refugio. Ramana no tenía hogar; su sabiduría se había basado en la realidad inmutable. No importa qué entorno o estado de vida llevara, Ramana siempre permaneció fijo en su estado natural de pleno conocimiento del Yo, o la verdadera naturaleza del ser. Según él, no había reglas a seguir y que todo estaba en perfecto orden y que cuando se alcanza un estado de iluminación, de identidad con el Yo, las reglas dejan de existir y no hay votos que cumplir. Después de llegar al final, ¿de qué sirven los medios, por remotos que sean? Y esto está de acuerdo con el destino, afirmando además que incluso bajo una posible excitación del ego, en un ser realizado, no afecta a ese ser, ya que el ego se vuelve inofensivo.

Ramana era reacio a que lo llamaran gurú, y mucho menos avatar. No pretendía poseer ningún poder oculto y conocimiento de lo más trascendente: no tenía pretensiones y resistió todos los esfuerzos por canonizarlo. No inició una nueva forma de adoración o escuela de pensamiento. Aunque muchos fueron influenciados y afirmaron haber alcanzado la liberación por razones de su asociación con él. Ramana nunca afirmó tener discípulos, ni los reconoció públicamente como seres liberados; nunca nombró sucesores de su herencia y no promovió ningún linaje.

De hecho, Ramana intentó repetidamente demostrar que era como cualquier otro hombre. Y en cuanto a su conocimiento del Bhagavad Gita, afirmó no haber leído sobre él ni comentarios para descubrir el significado. Cuando escuché uno de los versos de esta obra, entendí claramente el significado, diciendo: esto es todo y nada más.

A veces, a Ramana le molestaba el creciente y constante flujo de devotos que llegaban al Ashram para pararse ante su gracia y recibir bendiciones, ya que sus actividades normales en el Ashram se quedaban restringidas. Él mismo confesó que intentó escapar tres veces para volver a una vida de soledad. Pero no le molestaba su fracaso, ya que estaba firmemente comprometido con el destino que debía desarrollarse en la vida presente de cada uno, ya que Aquel cuya función es ordenar, hace actuar a cada uno. Lo que no está a punto de suceder, nunca sucederá, no importa cuánto lo intentes. Y lo que está a punto de suceder, sucederá sin importar cuánto trates de evitarlo. ¡Eso es cierto! La sabiduría, por tanto, es permanecer en la quietud y vivir de acuerdo con la plenitud de las facultades humanas.

Él enseñó, vivió y practicó la antigua filosofía de los Vedas y tuvo en la práctica del silencio la instrucción espiritual más perfecta. Incluyendo su silencio sobre sus estudios, porque según él, solo aquellos que buscan y en un estado espiritual superior tienen la habilidad de comprender esta filosofía. En cuanto a los demás, no tienen, ya que necesitan palabras para explicar las verdades contenidas en la filosofía. Y que es posible indicarles el estudio, porque sucede que la verdad está más allá de las palabras, que no justifica una explicación. Ramana enseñó el método de la auto investigación, contenido en la filosofía, y que puede ser practicado por todos, independientemente de la clase, casta y lo que representan en la sociedad, o por ateos, teístas, agnósticos o escépticos. Pero él mismo no utilizó ninguna categoría absoluta, es decir, del mundo siendo una ilusión o real, que son términos relativos. Tanto lo real como la ilusión se basan en el sentido de dualidad. El Yo es como es, “Yo soy lo que soy”. Cualquier otra forma de expresión, como Yo soy X, Y o Z, etc., da lugar al ego y no al autoconocimiento. Por eso hay que decir: Yo, Yo; soy esto o soy aquello, es del ego. El Yo no tiene ubicación, periferia ni centro. Es ilimitado y sin forma, y ​​también es el centro espiritual. Solo hay un centro de este tipo, ya sea en Occidente o en Oriente, el centro no puede ser diferente. No tiene ubicación. Al ser ilimitado, incluye líderes, mundos, fuerzas de destrucción y construcción. Pero no se puede hablar de seres encarnados como líderes. Los espíritus no son cuerpos; no son conscientes de sus cuerpos, son espíritu: ilimitados y sin forma. Siempre hay unidad entre ellos. Estas preguntas no pueden surgir si se realiza el Yo. Para los seres realizados no hay diversidad sino sólo unidad; no hay individualidad, sino colectividad y universalidad.

Aunque Ramana no criticó otras escuelas o métodos de enseñanza, afirmó que su técnica de auto indagación, “¿Quién soy yo?” es diferente a las técnicas de meditación que enseña la tradición filosófica de la no-dualidad, es decir, “Yo soy Shiva” o “Yo soy Él”, diferenciándolos en las siguientes palabras:

“La búsqueda del Yo, de la que hablo, es un método directo y superior. En el momento en que se busca profundamente en el Yo, ya está esperando, y entonces todo se realiza de manera diferente, y no como el individuo que busca, que no tiene parte en él. En este proceso, automáticamente se abandonan todas las dudas y discusiones, así como quien duerme se olvida del cuidado del cuerpo”.

La otra gran diferencia entre la escuela tradicional no dualista de que no hay nada más que el Espíritu Supremo y las enseñanzas de Ramana es que, aunque esta escuela tiene una actitud de negación – “no esto”, “no esto”, para describir la realidad última, también enseña afirmaciones mentales de que el Yo era la única realidad, como “Yo soy la Realidad Absoluta”, o “Yo soy Él”, enfatiza Ramana en la pregunta, “¿Quién soy yo?”

Aunque Ramana no reclamó el estatus de gurú, muchos eruditos se volvieron sus devotos para convertirse en sus discípulos. Mientras que el hombre común quería conocerlo para obtener ganancias materiales, los eruditos de todo el mundo se convirtieron en sus discípulos para aprender la naturaleza y la práctica de su espiritualidad, sintiendo que Ramana podía dar este impulso iniciático con un toque o una mirada. Sentado en silencio, de repente se volvía, fijaba una mirada intensa, y la persona tomaba conciencia directa de su centro espiritual, su presente conciencia esencial. Aquellos que experimentaron el poder de la mirada de Ramana informaron que la iniciación fue tan clara y vívida que no tenían ninguna duda de que él no era otro que su propio ser consciente esencial.

Algunos de los discípulos sintieron que Ramana también iniciaba a las personas en los sueños mirándolas a los ojos y, a veces, viajaba en el cuerpo sutil para visitar a las personas. A un discípulo a cientos de millas de distancia le aparecería como una figura luminosa, y uno reconocería su apariencia en esta forma, notando que la vida de vigilia y la vida de sueño eran ambas una especie de sueño, cada una con diferentes niveles de conciencia. Se refirió a estos estados como “sueño 1” y “sueño 2”. Y que no hacía distinción entre aparecer ante un discípulo despierto y ante un discípulo que estaba soñando, pues consideraba que las dos esferas de la existencia eran sueños. De hecho, el mismo Ramana admitió esto ante un devoto que quería ver su forma real y que tuvo esta experiencia. Cuando el devoto le contó sobre su experiencia, Ramana dijo: “Querías ver mi forma; viste mi desaparición; soy informe. Entonces esta experiencia podría ser la verdad”.

Afirmando haber tenido una visión de Ramana, Francis Henry Humphreys fue el primer europeo en conocerlo. Aprendió telugu, el idioma local, con su maestro, Ganapati Sastri, y frente a él, dibujó la imagen de esta visión, y la imagen era la de Ramana, el gurú de Sastri. Organizaron una reunión que tuvo lugar en noviembre de 1911, en la cueva donde vivía. Impresionado por la experiencia de conocer al vidente, registró los detalles de ese encuentro en una carta que fue publicada en la International Psychic Gazette con las siguientes palabras:

“A las dos de la tarde subimos al cerro para verlo. Cuando llegamos a la cueva, nos sentamos frente a él a sus pies y no dijimos nada. Estuvimos así durante mucho tiempo y me sentí sacado de mí mismo. Durante media hora, miré a los ojos del Maharshi, que nunca cambiaron su expresión de profunda contemplación. Entonces comencé a darme cuenta de que el cuerpo es el templo del Espíritu Santo; podía sentir que su cuerpo no era el del hombre; era el instrumento de Dios, simplemente un cadáver inmóvil sentado del que Dios irradiaba. Mis sentimientos fueron indescriptibles.

El Maharshi es un hombre indescriptible en su expresión de dignidad, bondad, autocontrol y serena fuerza de convicción”.

Humphreys se reunió con Ramana varias veces después. Sus ideas sobre la espiritualidad cambiaron fundamentalmente como resultado de sus encuentros con el gurú. Y así registró, en la Gaceta, sus impresiones de esos encuentros. “No puedes imaginar la belleza de su sonrisa y el cambio que provoca estar en su presencia. Paul Brunton, un conocido periodista, también registró que tuvo una experiencia de conciencia sublime que lo abarca todo, un momento de iluminación mientras permanecía en el entorno de Ramana”. Murgnor narró su experiencia con estas palabras: “Así como la cera se derrite al encontrar fuego, al ver tus pies, mi mente se disolvió y perdió su forma. Al igual que el ternero que se encuentra con su madre, mi corazón se derritió y se regocijó a sus pies, y un escalofrío recorrió mi cuerpo. La devoción se elevó en mí como un océano que ha visto la luna llena. Por la gracia del poder inherente a la conciencia, mi alma estaba extasiada”. La mayoría de las personas que vieron a Ramana sintieron que “sentarse ante él ya era una profunda educación espiritual. Mirarlo calmaba la mente. Caer en la esfera de su visión beatífica era elevarse por dentro”. Paul Brunton expresó así lo que la mayoría de los visitantes y devotos sintieron al ver a Ramana:

“Su expresión es modesta y gentil, sus grandes ojos oscuros son extraordinariamente pacíficos y hermosos. La nariz es corta, recta y regular. En la barbilla tiene una barba rala y el significado de su boca es más notorio. Tal rostro puede haber pertenecido a uno de los santos que agraciaron a la Iglesia cristiana durante la Edad Media, excepto que este tiene la cualidad adicional de intelectualidad. Tiene los ojos de un soñador, y hay algo más que simples sueños detrás de esos párpados pesados”.

Los visitantes y devotos vinieron con preguntas sobre asuntos espirituales y otros asuntos que enfrentaban, con la intención de buscar respuestas de Ramana. Pero sus preguntas y dudas se disolvieron tan pronto como llegaron a su presencia, pues los temas que consideraban importantes y cruciales para ellos les parecían tontos y pueriles. En presencia de Ramana, permanecieron “llenos de alegría y paz porque el deseo de hacer preguntas desapareció”. La mayoría de los devotos y visitantes en su presencia, como registró Brunton, “sintieron seguridad y paz interior. Las radiaciones espirituales que emanaban de él eran todas penetrantes. Aprendí a reconocer en su persona las sublimes verdades que enseñaba y la paz de su atmósfera increíblemente santa. Poseía una personalidad divina que desafiaba toda descripción. No se podía olvidar su maravillosa sonrisa plena, con un toque de sabiduría y paz obtenida a través del sufrimiento y la experiencia. Era el hombre más comprensivo que conocí; siempre se puede estar seguro de que algunas de sus palabras allanan los caminos, y estas palabras, íntimamente, ya daban respuesta a todas las preguntas”.

Todos los visitantes sintieron un cambio interior después de conocer a Ramana, reconociéndolo como un punto de inflexión en sus vidas. U.G. Krishnamurti, que entonces tenía 21 años, conoció a Ramana en el año 1939 y le preguntó: “Este algo llamado emancipación, iluminación, libertad y liberación, ¿puedes dármelo?” A lo que supuestamente respondió Ramana Maharshi, puedo dárselo, pero ¿puedes aceptarlo? Esta respuesta alteró por completo las percepciones de U.G. sobre el camino espiritual y sus practicantes, y nunca más buscó el consejo de personas religiosas. Más tarde, U.G. diría que la respuesta de Maharshi, que originalmente había percibido como arrogante, lo volvió a poner en el camino, afirmando más tarde que Ramana era un verdadero maestro.

Mahatma Gandhi aconsejó a las personas, en busca de paz, que visiten el Ashram de Ramana. Él mismo, guio a Rajendra Prasad (el primer presidente de la India) que durante algún tiempo quiso alejarse de la vida apresurada por la libertad de la tiranía inglesa, dijo: “si quieres la paz, ve al Ashram de Ramana y quédate unos días en la presencia de él, sin hablar ni hacer preguntas”. Rajendra Prasad obedeció y pasó unos días bajo la benigna sombra de Ramana. El día de su partida, cuando se despidió del vidente, le dijo que había recibido el consejo de Mahatma Gandhi y que ahora regresaba y le pidió a Ramana que le diera un mensaje para entregarlo a Mahatma Gandhi. A esto, Ramana respondió: “¡El mismo Poder que trabaja aquí también actúa allí! ¿Dónde está la necesidad de palabras cuando el corazón le habla al corazón?” Ramana tenía a Mahatma Gandhi en alta estima y apoyó el movimiento independentista que dirigía, ya que consideraba a Gandhi como una figura comprometida con la causa divina y que estaba muy perturbado al escuchar la noticia del asesinato de Gandhi. Con la muerte de Gandhi, se consoló a sí mismo y a su audiencia narrando el episodio del diálogo entre el dios de la muerte (Yama) y el mayor dios del hinduismo (Rama), en una de las mayores epopeyas antiguas de la literatura mundial, la (Uttara Ramayana). En esta narración, después de que se estableció Ramarajya (el reino védico perfecto), Yama le dice a Rama que el trabajo por el cual Gandhi había venido a la tierra se había completado y que era hora de que regresara al cielo. Tomando esta narrativa como una ilustración, Ramana dijo: “Esto es lo mismo que la libertad que se puede ganar; tu trabajo está hecho; Por qué sigues aquí ¿No deberías volver?”

Cuando los devotos sufrieron al saber que Ramana estaba enfrentando un tumor canceroso, él, que era indiferente al dolor, los consoló diciendo: “Toman este cuerpo como el Ser Supremo y le atribuyen sufrimiento. ¡Qué pena! Están desanimados porque este cuerpo los va a dejar, pero ¿a dónde va y cómo?”. Asegurándoles que: “Estaré donde estoy siempre”. Ramana dejó el cuerpo sentado en posición de loto, y la última palabra que salió de sus labios fue la sílaba sagrada OM! Una vida efímera que comenzó el 30 de diciembre de 1879, hasta la vida eterna e inmortal a los 71 años de edad a las 20:47 horas del 14 de abril de 1950.

Millones de indios continúan viendo a Ramana como “la fuente auténtica del hinduismo en el mundo moderno; un sabio sin el menor toque de mundanalidad, un santo de incomparable pureza, un testigo de la verdad eterna de los Vedas; un sabio que actúa como un símbolo que continúa inspirándolos a preservar su cultura e identidad nacional; un sabio cuyas enseñanzas tienen un aire atemporal, un marco clásico que parece tan apropiado para el hinduismo del siglo XX como para el hinduismo del primer siglo”.