Thursday 18 November 2021

O HOMEM INTEGRAL

Com a definitiva superação do ego pelo Eu, surgirá o homem integral, o homem que, no Gênesis, é chamado “imagem e semelhança de Deus”, ao passo que o homem parcial é apenas o “sopro de Deus”, que tanto pode ser derrotado ou vencedor do “sibilo da serpente”.

O homem integral, embora continue sem cessar na luta inseparável da evolução ascensional, é sempre vitorioso e jamais vencido pelo homem parcial. Nele habita corporalmente toda a plenitude de Deus.

Toda a finalidade da existência do homem consiste nesse roteiro evolutivo de fazer do homem rumo a perfeição, a um homem perfeito, plenamente realizado.

Esse homem não professa religião alguma, mas é um homem profundamente religioso, porque vê um Poder Supremo em todas as coisas do Universo, como diz Einstein: pode não ser um Cristo, mas é um homem Cristo-cósmico.

Esse homem não é bom para merecer um céu, nem para temer o inferno, mas porque realizou em si a sua própria natureza, esse Reino dos Céus, que está em todo o ser humano como um “tesouro oculto”, como uma “luz debaixo do velador”, como uma “pérola preciosa”.

Não espera chegar a um termo final e estagnar, mas sabe que está no termo da jornada em qualquer etapa da mesma, por ter a certeza de estar na direção certa, que é sua vida eterna.

O roteiro evolutivo do homem integral é uma sinfonia inacabada. Segundo um mestre iluminado, “o grande desafio para o homem contemporâneo, é o seu autodescobrimento. Não apenas a identificação das suas necessidades, mas, principalmente, da sua realidade emocional, das suas aspirações legitimas e reações diante das ocorrências do cotidiano, e, mediante o aprofundamento das descobertas íntimas, altera-se a escala de valores e surgem novos significados para a sua luta, que contribuem para a tranquilidade e a autoconfiança”. 

O homem integral não é politeísta nem monoteísta, mas puro monista, porque sabe que Deus é aquele “no qual vivemos, nos movemos e temos a nossa existência”; a sua catedral está em cada creatura, e o seu altar está no seu próprio coração.

O homem integral sabe que Deus e o diabo, céu e inferno, são fatores da sua própria consciência, positiva ou negativa, que ele pode perpetuar ou aniquilar pelo poder creador do seu livre-arbítrio.

O homem integral não espera uma salvação após morte, mas realiza o céu em plena vida. Sua religiosidade não consiste em dogmas, sacramentos, ritualismos, igrejas, mas na consciência mística da paternidade única de Deus transbordando na vivência ética da fraternidade Universal dos homens.

Respeita todas as crenças, porque sabe que são um mal necessário para conduzir os viajores principiantes pelos difíceis caminhos da jornada.

O homem integral sabe que sem resistência não há evolução, e por isto rejubila com todos os obstáculos do seu itinerário, no prelúdio da sua ressurreição e auto-realização.

O homem integral abrange, numa visão cosmorâmica, todos os livros sacros, desde o Gênesis, através do Evangelho, até ao Apocalipse, e sabe que a creação da humanidade não foi um fracasso trágico da Divindade, mas um vasto panorama através de altos e baixos, de luzes e sombras, de vitórias e quedas, porque a auto-realização de um único homem é a mais estupenda maravilha do que todas as realizações do Universo. Ele sabe que o homem foi creado imperfeito, mas a caminho da perfeição, para que ele mesmo se fizesse mais perfeito do que foi creado.

O homem integral sabe que, na sua vida terrestre, ele deve forjar as armas que o conduzam vitorioso através dos campos de batalha de outros mundos, em perpétua evolução ascensional; sabe que a existência humana é uma vida após vida, um dia após dia, cujo interstício noturno é chamado “morte” pelos viajores iniciantes e ainda ignorantes.

O homem integral sabe que alguém já realizou plenamente esse itinerário evolutivo e acendeu faróis em praias longínquas para orientar os peregrinos humanos em sua travessia noturna, e sabe que a vida terrestre não vale pelos fatos que ele descobre fora de si, mas pelos valores que realiza dentro do seu próprio ser, e que esta autovalorização é o destino supremo e a vida eterna de todo o homem.

Texto revisado e em parte extraído do livro O HOMEM

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