Existe uma série de controvérsias quando se coloca a experiência mística do homem, em rótulos, como: igrejas, seitas, cultos, religião, espiritualidade. A vasta maioria confunde igreja e seus setores, com religião, assim como a vasta maioria não acredita que somos seres espirituais.
A igreja é uma criação humana, e a religião está implícita na experiência mística do homem, pois a espiritualidade é o determinante de sua própria existência como espírito; e bem afirmou, Teilhard de Chardin, filósofo idealista francês e padre jesuíta que: “Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual ... Somos seres espirituais passando por uma experiência humana.”
O que se entende por igreja nos dias de hoje, é algo totalmente diferente do sentido primitivo desta palavra. Igreja é uma organização hierárquica, com seu chefe humano e com sua constituição jurídica. Tomás de Aquino define a igreja como uma sociedade perfeita, dotada de poder executivo, legislativo e judiciário. A igreja, segundo esse conceito teológico, desenvolvido desde o quarto século, é uma organização estatal, cujo funcionamento obedece às mesmas normas de qualquer outro governo, inclusive tendo seu braço armado, ou de fanáticos defensores, vigilantes que a qualquer momento podem abater aqueles que não professam a mesma doutrina. Tomás de Aquino é considerado o maior teólogo do cristianismo eclesiástico, escritor de volumosos tratados de teologia. No entanto, pelo fim da vida, teve uma visão ou revelação e nunca mais escreveu nada, dizendo: “Eu não posso escrever mais. Eu vi coisas que fazem meus escritos parecer palha”. E assim, silencia o gigante da fé, pois palha é nada, pó, sem nenhuma expressão, simbolismo ou riqueza dialética e dogmática.
Paul Brunton em seu livro A Mensagem de Arunáchala afirmou que: “Religião, que em tempos antigos instruiu os homens na verdade e lhes dava amparo espiritual, se empobreceu diante do desenvolvimento do intelecto nos períodos subsequentes e não conseguiu se sustentar diante de críticas convincentes. Se o conjunto das doutrinas religiosas de nossos dias fossem cem por cento verdadeiras, os líderes religiosos nada teriam a temer do progresso.”
A verdadeira religião é aquela que ajuda o homem a encontrar a Deus, sobretudo o reino de Deus dentro de si mesmo. Possivelmente, a forma externa da religião passará por diversos estágios, como o próprio homem, de criança, adolescente e maduro. E devemos considerar como bons, todos os nossos estágios da vida, porque, tratando-se de um ser em perene evolução, a vida verdadeira não é apenas um determinado estágio.
A palavra religião, tem origem na palavra latina “religio” e o significado influenciado pelo verbo “religare” que quer dizer ligar-se, apegar-se a algo concreto ou abstrato. No sentido abstrato, refere-se ao sobrenatural ou ao supernatural, à divindade, à mística, à fé em algo supostamente intangível e que não necessita de demonstração científica. Palavra que no entender de Huberto Rohden, está ligada ao conceito de alguma igreja, seita, credo, mas que está divorciada da alma do que é a verdadeira religião, pois toda revelação divina quando pousa em mãos humanas, se contamina. Religião é estar em sintonia com o Poder Creador, da união com o Infinito, do transbordamento da experiência mística em vivência ética, que como religião se entenda a mística, a experiência cósmica da Infinita Realidade. A religião, o “primeiro e maior de todos os mandamentos”, se refere diretamente a Deus; o homem religioso se abisma em Deus, goza a Deus, sente-se um com Deus, dilui-se num oceano de amor e beatitude, com toda a alma, com todo o coração, com toda a mente e com todas as suas forças.
“A religião da humanidade do futuro, será a m
Guido Nunes Lopes, espiritualista brasileiro reconhece que:
“A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é apenas uma.
A religião é para os que estão anestesiados.
A espiritualidade é para os que estão despertos.
A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados.
A espiritualidade é para os que prestam atenção em sua Voz Interior.
A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
A espiritualidade convida o homem a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.
A religião ameaça, amedronta e controla.
A espiritualidade oferece a paz interior.
A religião fala de pecado e de culpa.
A espiritualidade diz: “aprenda com o erro.”
A religião reprime tudo, em pura hipocrisia.
A espiritualidade transcende tudo, produz o homem verdadeiro!
A religião não é Deus.
A espiritualidade é tudo e, portanto, é Deus.
A religião não indaga nem questiona.
A espiritualidade questiona tudo.
A religião é humana, é uma organização com regras.
A espiritualidade é divina, sem regras.
A religião é causa de divisões.
A espiritualidade é causa de união.
A religião busca o homem para que acredite.
A espiritualidade, o homem têm que buscar.
A religião segue os preceitos dos livros chamados sagrados.
A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.
A religião se alimenta do medo.
A espiritualidade se alimenta na confiança e na fé.
A religião faz viver no pensamento.
A espiritualidade faz viver na consciência.
A religião se ocupa com fazer.
A espiritualidade se ocupa com Ser.
A religião alimenta o ego.
A espiritualidade faz o homem transcender.
A religião faz renunciar ao mundo.
A espiritualidade faz viver em Deus, e não renunciar a Ele.
A religião é adoração.
A espiritualidade é Meditação.
A religião sonha com a glória e com o paraíso.
A espiritualidade faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.
A religião vive no passado e no futuro.
A espiritualidade vive no presente.
A religião enclausura a memória.
A espiritualidade liberta a consciência.
A religião crê na vida eterna.
A espiritualidade faz o homem consciente da vida eterna.
A religião promete para depois da morte.
A espiritualidade é encontrar o Deus interior durante a vida.”
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