Se o amor fosse simplesmente atração ou apelo sexual, não poderia haver frustração maior, porque o mundo vive habitado por bilhões de seres humanos masculinos e femininos com as mais diversas preferências, de maneira que, falhando um amor, os frustrados poderiam escolher outro amor – e assim, acabaria hipoteticamente a frustração.
Mas o verdadeiro amor é algo muito mais do que a simples atração entre os humanos. O amor é o fato reconhecido, verdade que não se demonstra e fundamental na unidade e segurança da creação. É a mística da adoração, é o primeiro mandamento, tão intenso, que extravasa espontaneamente em ética na atitude do segundo mandamento para com todas as creaturas dos Universos.
Quanto mais humano é o amor, maior possibilidade existe para uma frustração amorosa, muitas vezes terminando em tragédia mortífera. O verdadeiro amor é algo cósmico, místico, único, que não se repete, do qual não se pode fazer uma segunda ou terceira edição; ele está além do nosso alcance; é algo que nos “acontece,” e não está em nosso poder fazer com que “aconteça” pela segunda ou terceira vez. Algo se partiu nesse delicado cristal da alma que amava, e não há conserto...
Os romances e películas cinematográficas substituem, com muita frequência, um amor por outro amor, provando apenas a sua superficialidade, e, para o cúmulo do barbarismo dito civilizado, essa banalidade é considerada normal...
Com isso, o amor demonstrado entre a vasta maioria dos humanos, esse idílio geralmente efêmero, não passa apenas da batalha entre dois egos intensos, um abusando do outro, uma sensibilidade ferindo a outra, um impondo ao outro um dever, uma obrigação, começando então o desgaste e a agonia do amor que culmina na frustração!
O verdadeiro amor só se realiza em sua definitiva grandeza, não quando um ego necessita do outro, mas quando ambos os amantes enxergam um no outro a presença divina consciente de sua unicidade com o poder creador.
Texto revisado e extraído em parte do livro Ídolos ou Ideal?
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