Felicidade - este é o clamor de toda a creatura.
Todo resto é o meio - somente a felicidade é um fim.
Ninguém deseja ser feliz para algo - quer ser feliz para ser feliz.
A felicidade é a suprema auto-realização do ser.
Mas o que é ser feliz?
Ser feliz é estar em perfeita harmonia com a constituição do Universo, seja consciente ou inconscientemente.
A natureza não humana é também feliz – vive uma felicidade que está condicionada ao seu estágio de evolução existencial – uma felicidade que está em harmonia com a sintonia universal, a menos que essa harmonia seja perturbada pelo homem.
Aqui no planeta Terra, apenas o homem pode ser conscientemente feliz - e conscientemente infeliz.
A natureza possui uma felicidade condicionada, sempre cumprindo seu papel no campo da evolução - o homem pode possuir uma felicidade positiva ou uma infelicidade negativa.
Com o homem começa a bifurcação da linha estabelecida pela natureza; começa o estranho fenômeno da liberdade no meio da universal necessidade.
A natureza só conhece um dever estabelecido pelas Potências Cósmicas, algo compulsório. O homem conhece um querer espontâneo, seja rumo ao positivo, seja rumo ao negativo.
O desejo universal é a felicidade - e, no entanto, poucos homens se dizem felizes. A imensa maioria da humanidade tem a potencialidade ou possibilidade de ser feliz - poucos tem a felicidade dinâmica ou realizada. Poder ser feliz é uma felicidade incubada, porém não nascida - ser feliz é uma felicidade eclodida.
Onde não há autoconhecimento, onde não há a experiência da realidade divina do Eu espiritual, não há felicidade, paz, alegria. Enquanto o homem conhece apenas o seu ego físico-mental-emocional, ele vive no ambiente da guerra e do armistício; quando descobre o seu Eu espiritual, aí sim, faz o grande tratado de paz e de alegria no templo da Verdade Libertadora.
Portanto, a felicidade do homem depende da visão panorâmica que ele tem da sua existência total. Essa visão não abrange apenas os poucos decênios de sua vida terrestre, mas também da vida após a morte. É absolutamente certo que o homem, quando deixa a sua vestimenta terrestre, continua a existir conscientemente em outras regiões do Cosmos, pois a vivência terrestre é uma parcela insignificante da sua existência total e por isso é importante que o homem adquira, aqui na Terra, a certeza de sua vivência cósmica.
Felicidade não é gozar todos os prazeres, as ilusões efêmeras oferecidas no plano material, mas viver em harmonia com a Verdade. Muitas vezes essa harmonia exige sacrifício, sofrimento, renúncia, e prazeres imediatos. E é exatamente aqui que a humanidade se divide em homens felizes e infelizes. A visão panorâmica da existência do homem nada tem a ver com qualquer religião ou filosofia. É uma experiência interna que o homem adquire quando remove de si todos os obstáculos que possam impedi-la. É difícil explicar aos ignorantes em que consiste essa experiência. O homem deve, antes, adivinhar e sentir, como que por empatia, o que é essa experiência da alma do Universo, que é a sua própria alma.
Há quem considere a natureza humana como um depósito de coisas boas e más. Na verdade, não existe nada de bom ou de mau na natureza humana. O bom e o mau só aparece com o advento do livre-arbítrio, que faz o homem bom e o homem mau. Bom é tudo o que está em harmonia com as Leis Cósmicas; mau é o que está em desarmonia. Bom e mau não são fatos objetivos, são valores subjetivos, criações metafisicas... A única finalidade da existência terrestre do homem deve partir pela análise no autoconhecimento; da constante avaliação do significado de sua existência; da resposta às perguntas: Quem sou eu, de onde vim e para onde vou? Da busca na solução do propósito de vida, até a consequente autorrealização. E o único desastre nessa peregrinação, é a sua auto frustração, para quem está alienado ou anestesiado pelas ilusões efêmeras de suas circunstâncias externas.
No comments:
Post a Comment