Wednesday 22 September 2021

O PADRÃO MECÂNICO DA CULTURA HUMANA

Os seres humanos dos tempos atuais estão vivendo um dos períodos mais perigosos de suas existências: procuram manufaturar uma cultura padronizada, pré-fabricada, feita sob medida. Uma cultura niveladora de personalidades, usando de lavagem cerebral e que se possa servir automaticamente em comprimidos e injeções, da aceitação e digestão rápida de tudo o que uma tela colorida dos fantásticos aparelhos eletrônicos tem a oferecer.

Como a vasta maioria vive anestesiada pela propaganda, com quase nenhum espírito crítico, tudo se aceita, tudo se adapta e o que é muito pior, o ser humano se ajusta a essa condição. E assim, o sistema se sobrepõe, produzindo robôs humanos!  

Na ordem social, de que “todos são iguais perante a lei” – é uma premissa correta. No entanto, na ordem individual, não existem duas pessoas iguais. A natureza não é uma democracia, mas sim uma hierarquia cósmica.

De acordo com a nossa pseudocultura padronizada, ninguém tem mais o direito de ser ele mesmo - tem que se tornar os que os outros são. A idolatria das deslumbrantes vacuidades atingiu o seu clímax diante de tanta profana popularidade, como nas revistas de moda, fofocas e sensacionalismos, na TV, da música barulhenta dispersiva, das celebridades do momento nas artes, esportes, redes sociais etc., mostrando que o homem moderno abdicou da sua personalidade e se tornou uma figura amorfa no meio da massa amorfa que vive o vazio de uma vida muito agitada.

Depois de falsificar e modificar praticamente tudo o que se fabrica – inclusive nos alimentos, frutas, vegetais e cereais, também nos de origem animal e medicamentos - o homem falsifica o seu próprio sujeito, substituindo o seu critério pessoal pelo clichê da opinião pública. Os que discordam e se revoltam contra a infalibilidade do Papa ou dos livros sacros – por exemplo – e que se diz descrente, crê cegamente na infalibilidade do seu jornal, do rádio, das notícias falsas e o seu credo é pautado pela histeria e cartazes luminosos da propaganda comercial. Compra o que os agentes de publicidade mandam comprar, porque não é ele que pensa, ele é pensado pelos outros ... Em particular entre as crianças, inocentes vulneráveis, cujas personalidades em formação, são insultadas por essa violência.

--- É proibido pensar!

--- É proibido ser alguém!

--- É proibido dizer o que os outros não dizem!

--- É proibido fazer o que o vizinho não faz!

--- É proibido andar por caminhos novos!

--- É proibido abrir portas fechadas!

--- É proibido não ser politicamente correto!

--- É proibido subir o Himalaia em busca de um novo horizonte!

--- Mas ... não é proibido se arrastar pelas planícies estéreis da mediocridade!

Eis aí o retrato do homem moderno, que canta hinos à liberdade - à sombra de suas algemas e prisões ... pois a vasta maioria deles se tornou uma repugnante caricatura daquilo que, em essência, o homem não é!

A personalidade - enquanto ação pessoal, interesses, padrão de comportamento, respostas emocionais, papel social – tudo isso se tornou um tabu! ... Deixamos de ser uma personalidade particular e individual e passamos a ser fantoches.

Outros, desejosos de serem eles mesmos, caem em exotismos não menos ridículos. Se enfeitam por fora com todas as formas de adereços e tatuagens, julgam-se livres por fora, mas completamente vazios por dentro, e não conseguem dar à sua liberdade um conteúdo criativo. São livres de alguma coisa - e não sabem para que é que são livres. Para eles, liberdade é um fim em si mesmo, e não um meio para algo maior - e sua liberdade acaba em licenciosidade ...

Oxalá, os nossos sofrimentos, criados por nós mesmos, possam ser o prelúdio da nossa redenção!

Essa redenção, porém, não vem por agentes externos, de terceiros, nem vem das periferias do nosso ego humano tirânico, nosso carcereiro - a redenção vem do centro do nosso Eu divino, porque se manifesta de forma silenciosa, misteriosa e até invisível aos olhos humanos. Essa redenção verdadeira é, em sua essência, de caráter espiritual ...

Texto revisado e em parte extraído do livro Ídolos ou Ideal?

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