Friday, 24 September 2021

JESUS E OS CHEFES ESPIRITUAIS DE ISRAEL

Os chefes espirituais de Israel - sacerdotes, escribas e fariseus – foram os únicos homens contra os quais Jesus usou palavras de crítica veemência, por vezes ásperas. Chama-os de “sepulcros caiados”, “guias cegos conduzindo outros cegos”, acusa-os de “devorarem as casas das viúvas e dos órfãos, a pretexto de longas orações”, de “orarem nas esquinas das ruas a fim de serem vistos pela gente”. Na parábola do bom samaritano mostra como dois funcionários da igreja de Israel, o sacerdote e o levita, saturados de liturgia eclesiástica, eram vazios de ética humana.

Entretanto, a mais severa censura que ele lançou aos líderes da sinagoga, foi a seguinte: “Ai de vós, doutores da Lei e fariseus, hipócritas! Porque fechais o reino dos céus diante dos homens. Porquanto vós mesmos não entrais, nem tampouco deixais entrar os que estão a caminho!”

É essa a maldição de muitos mestres religiosos, através dos tempos; em vez de mostrar o caminho certo, conduziam o povo por caminhos errados. Impossibilitavam, com suas doutrinas humanas, que o povo bem intencionado, porém ignorante, conseguisse entrar no Reino de Deus, porque tomavam as teologias dos sacerdotes como se fossem revelação de Deus. De não serem verdadeiros iluminados por Deus, senão apenas ordenados pelos homens. Falta-lhes a profunda vertical da experiência direta do mundo espiritual, e por isso se contentam com a vasta horizontal dos preceitos humanos, litúrgicos, sacramentais, teológicos; e, quanto mais hipertrofiam o seu dogmatismo humano, tanto mais atrofiam a mística divina. Decoraram as teses e hipóteses da sua teologia escolástica, e servem essa palha seca e indigesta a seus rebanhos, mantendo-os propositadamente na ignorância da verdade divina; porque no dia e na hora em que o homem chega a conhecer a verdade, liberta-se de todas as pseudoverdades.

Tomás de Aquino é considerado o maior teólogo do cristianismo eclesiástico; escreveu volumosos tratados de teologia. Mas, pelo fim da vida, teve uma visão ou revelação e nunca mais escreveu nada, dizendo “Não posso mais. Tudo o que escrevi me parece palha perto do que vi”.

E quando aparece no meio desse povo iludido um verdadeiro avatar, um mensageiro de Deus iniciado nos mistérios do reino dos céus, todas as almas sedentas de luz e força respiram aliviadas e cheias de esperança, dizendo a si mesmas: “Nunca ninguém falou como este homem... Fala como quem tem poder e autoridade, e não como os nossos escribas e sacerdotes”.

Os que ouviam as palavras de Jesus, não sabiam definir o estranho feitiço que lhes acontecia; sentiam algo que não podiam descrever... Tinham a impressão de sair de um escuro subterrâneo iluminado apenas por fumegantes tochas, e entrar subitamente na imensa claridade solar.

Não há maior crime do que alguém se atribuir em guia espiritual de outros sem ter experiência pessoal de Deus e do mundo invisível. O homem profano pouco mal faz aos seus semelhantes, porque ninguém o considera por guia nas veredas incertas do universo espiritual; mas o profano que se atribui um iniciado é um perigo para outros profanos que o consideram um iluminado, pois ele não passa de um “Guia cego conduzindo outros cegos”.

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A palavra sânscrita avatar quer dizer “descido”, e designa uma entidade de elevada evolução espiritual que resolve descer da sua altura no Cosmos para regiões inferiores na Terra.

Texto extraído do livro Assim Dizia o Mestre.

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