São inúmeros os livros que abordam a ideia de que o Cristo Jesus, foi um libertador. Alguns acham que ele era um revolucionário, um subversivo, que tentasse libertar Israel do domínio romano.
Porém, de acordo com os Evangelhos e de outras fontes históricas, não faz sentido explorar e nem provar essa hipótese, pois ele mesmo declarou explicitamente perante Pilatos que o seu reino não era deste mundo!
Em um desses livros, um grupo de jesuítas mostrou a inutilidade dessas tendências políticas e revolucionárias de Jesus. No entanto, quando os autores chegam à pergunta: “de que nos libertou Jesus?” recaem à rotina das teologias tradicionais: ele nos libertou dos nossos pecados pelo seu sangue. Ou seja, esses piedosos autores substituem uma pseudo libertação por outra pseudo libertação; substituem uma suposta libertação política por fatores externos, por uma libertação moral pelos mesmos fatores. Ninguém pode ser liberto, se ele mesmo não se liberta. Ninguém pode receber de presente uma libertação se ainda não realizou a sua autolibertação, não é realmente liberto. A liberdade verdadeira e única não pode ser dada como presente de berço ou por favor alheio. Ela é a mais alta conquista da consciência, ou seja, a genuína evolução ascensional do homem; é esta a sua grande e única tarefa aqui e em qualquer outra existência: libertar-se!
Todos os que atribuem a Jesus intenções de libertação política ou social desconhecem o caráter fundamental de sua personalidade. Mesmo os teólogos cristãos que lhe atribuem a libertação coletiva da humanidade da escravidão dos pecados, não fazem por merecer às ideias do verdadeiro Jesus libertador.
Ele sabia que nenhuma libertação – seja política, social ou moral – é possível sem a libertação individual; e sempre falou desta libertação, que ele possuía no mais alto grau. Qualquer outra libertação periférica era para Jesus uma pseudolibertação, pela qual nunca se entusiasmou, assim, decepcionando seus conterrâneos e discípulos. Perante o governador romano, poucas horas antes da sua condenação à morte, ele afirma: “Eu sou rei, mas o meu reino não é deste mundo”.
Para os inexperientes é impossível compreender a que espécie de reino e de realeza ele se referia.
Para Jesus a liberdade e libertação é um processo essencialmente individual. Desde a sua origem, o homem é escravo de si mesmo, se não se liberta individualmente dessa escravidão – e esta autolibertação é a maior glória existencial da sua vida. O polo negativo da natureza humana, o chamado ego, que o Gênesis simboliza pela serpente, oprime o polo positivo do Eu, o chamado sopro de Deus.
A tarefa fundamental e única da existência humana é precisamente a libertação dessa escravidão e a declaração da gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Para este fim, foi dado ao homem, o livre arbítrio.
Sendo que Jesus possuía esta liberdade, ele não podia se interessar por nenhuma outra liberdade ou libertação que não fosse a emancipação do homem da tirania do seu ego e proclamar a gloriosa vitória do Eu crístico.
Neste sentido, ele resumiu toda a sua política e filosofia, sobretudo nessa afirmação: “conhecereis a verdade – e a verdade vos libertará”. Para ele, como para todos os verdadeiros iniciados, a liberdade é o produto do conhecimento do homem sobre si mesmo, um autoconhecimento vivido como autorrealização. Verdade, liberdade, felicidade – esta trilogia é o centro da sua vivência individual e o ponto essencial da mensagem do Cristo Jesus à humanidade.
E, por ser tão radicalmente feliz, Jesus se permitiu qualquer sofrimento, porque nenhum sofrimento, nem a própria morte podem destruir a verdadeira felicidade baseada no conhecimento e na vivência do Eu divino.
O Cristo Jesus, é o maior libertador que a humanidade conhece; um verdadeiro evolucionário!
Texto revisado extraído do livro QUE VOS PARECE DO CRISTO?
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