Existem numerosos livros que abordam a vida do Jesus histórico, afirmando que ele passou a sua juventude, entre os 12 e 30 anos, em países estrangeiros, citando o Egito, a Índia, o Tibet.
Entretanto, as fontes históricas do primeiro século ignoram totalmente uma ausência de Jesus, e nem mesmo mencionam a sua presença entre os essênios, onde provavelmente esteve com João Batista.
Os seus conterrâneos, estranharam quando o jovem carpinteiro, aos trinta anos de idade, aparece em público como profeta, pois segundo eles, Jesus não havia frequentado nenhuma escola. O povo de Nazaré o conhecia como filho do carpinteiro José, que todos os dias trabalhava na oficina. Se Jesus tivesse estado ausente por 18 anos, os seus conterrâneos teriam alegado essa ausência em países longínquos, para explicar o mistério da sua grande sabedoria, mas nenhuma palavra sobre essa ausência, é dita nos evangelhos.
Além disto, Mateus, Marcos, Lucas, João e Paulo de Tarso, nada sabem de uma ausência dele. Nem mesmo Paulo, homem viajado e erudito; nem Lucas, o médico grego, que diz no prefácio do seu Evangelho que investigou cuidadosamente, desde sua origem, todos os fatos referentes à vida de Jesus – ninguém menciona uma suposta ausência. A narração da anunciação, que somente Lucas refere, faz crer que ele tenha estado pessoalmente com Maria, mãe de Jesus, que, entre o ano 58 e 60, ainda vivia em Jerusalém. Consequentemente, não teria Lucas, o meticuloso historiador, tido notícia dessa ausência de Jesus?
Se Jesus tivesse passado longos anos no Egito, na Índia, no Tibet – países clássicos de iniciação esotérica – não teria ele, durante a sua vida pública, iniciado os seus discípulos, segundo o costume desses países? Mas, nunca nenhum dos evangelistas menciona que Jesus tenha iniciado um só dos seus discípulos, nem mesmo Pedro, Tiago ou João, seus discípulos prediletos. Jesus deu orientação a seus discípulos, mostrando o caminho por onde eles mesmos podiam iniciar-se nos mistérios do Reino de Deus, mas ele mesmo não os iniciou. Até ao fim da vida de Jesus, os discípulos continuaram tão profanos como antes! E aqui, alguns exemplos: uns pedem licença para chamar fogo do céu para matar os samaritanos, que lhes negaram pousada; outros, ambiciosos, querem sentar-se um à direita e outro à esquerda de Jesus, no reino da sua glória. Todos entendiam pelo Reino de Deus, a restauração da independência nacional de Israel; e ainda no último dia de sua vida, na Ascensão, perguntam: “É agora que vais restabelecer o reino de Israel?”
Consequentemente, nenhum vestígio de iniciação espiritual!
Verdade é que, na gloriosa manhã de Pentecostes, 120 pessoas, homens e mulheres, se iniciaram nos mistérios do Reino de Deus – mas foi uma auto iniciação, e não uma iniciação por fatores externos; depois de 9 dias de silêncio e meditação, se acendeu neles a luz divina. E esse dia – provavelmente 30 de maio do ano 33 – foi o nascimento do verdadeiro cristianismo sobre a face da Terra.
Portanto, diante desse total silêncio, não se pode admitir como provável que Jesus tenha estado no Egito, na Índia, no Tibet, ou em outro país longínquo, nem como mestre, nem mesmo como discípulo.
E, contudo, Jesus foi o maior dos iniciados, passando pela auto iniciação nesses 18 anos de solidão relativa nas montanhas da Galileia e se iniciando no Reino dos Céus. As suas viagens de auto iniciação não demandaram a países distantes, mas o próprio Universo, as “muitas moradas em casa do Pai Celeste”.
Já aos 12 anos, após três dias de silêncio e interiorização, em algum recanto de Jerusalém, Jesus revela uma sabedoria tão surpreendente que encheu de estupefação os chefes espirituais de Israel.
Depois desse despertar inicial, ele continuou seu itinerário espiritual por mais 18 anos, até culminar, aos 30 anos de idade, quando começou a falar ao povo, sobre os mistérios do Reino de Deus, que ele mesmo vivera intensamente durante esses anos.
Lucas, o consciencioso historiador, encerra com uma única frase esses 18 anos de auto iniciação, dizendo: “E Jesus foi crescendo em graça e sabedoria, perante Deus e os homens”.
Como podiam os historiadores saber desses mistérios esotéricos, se ninguém acompanhou o adolescente Jesus nas suas vastas experiências pelos reinos desconhecidos do Pai, onde essas viagens cósmicas não foram realizadas necessariamente pelas regiões do Cosmos, mas sim pelo seu cosmos interior, como ele mesmo disse, uma vez que “o Reino de Deus está dentro de vós”.
Por isto, os evangelistas fazem bem em silenciar o período entre 12 e os 30 anos da vida de Jesus.
Texto revisado, extraído do livro QUE VOS PARECE DO CRISTO?
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