Thursday 19 November 2020

AMOR

Amor - palavra tão usada e tão abusada!

Quantas ações e reações horripilantes estão sendo cometidas, dia a dia, a toda hora, em nome do chamado amor!...

Mas, quando o verdadeiro amor se apodera de uma alma, desaparecem todos os outros motivos, assim como o brilho das estrelas e da lua desaparece diante dos fulgores do sol. Uma alma que se guia pelo temor do castigo ou pela esperança do prêmio, mesmo que seja eticamente boa, honesta, virtuosa, concorda plenamente com a filosofia popular de que “tudo o que é bom é difícil, e tudo o que é mau é fácil.” De fato, a imensa maioria das boas almas vive nesse estágio evolutivo. São tristonhamente boas, arduamente espirituais. Por quê? Porque já descobriram o corpo do cristianismo, mas não descobriram ainda a alma do Evangelho!

Quando uma alma descobre e se identifica plenamente com a alma do Evangelho, começa a experimentar uma profunda, intensa e permanente felicidade, que ela nunca mais vai deixar de ser boa. Ser boa é para ela uma irresistível necessidade, de praticamente impossível ser má, de usar de maldade. Ser boa não é para ela uma virtude, é uma inevitável necessidade, nascida de uma intensa compreensão, de um amor irresistível e universal. Essa alma não é apenas boa, ela é radiantemente cristã, porque é imensamente feliz em Deus.

Todas as nossas maldades nascem, em última análise, da nossa consciente ou inconsciente falta de felicidade. Uma alma profundamente feliz é irresistivelmente boa e não tem vontade de ser má. Se Satanás fosse feliz, deixaria de ser mau. Se Jesus não fosse plenamente feliz, não seria perfeitamente bom. Deus, a Infinita Felicidade, é absolutamente bom - e tanto maior é o ser-bom de uma alma quanto maior é o seu ser-feliz.

Ora, não há nada que nos possa fazer, real e intimamente felizes, senão a consciência e experiência da nossa identidade com Deus: “Eu e o Pai somos um”.

Entretanto, é difícil explicar a um cego o que seja luz... é difícil dizer a um surdo o que seja música...

Essas coisas, e muitas outras, só se pode saber pela experiência imediata.

Quem sabe por experiência íntima o que é Deus, não necessita de teoria alguma sobre Deus. Mas, quem não teve ainda o seu encontro pessoal com Deus, nenhuma teoria poderá dar ideia adequada do que seja Deus. Deus não se apresenta no final de uma fórmula mágica corretamente construída - mas está no final, e no meio, de uma vida corretamente vivida.

Dizer que a experiência da nossa identidade com Deus faça perder o horror ao pecado, é um tremendo paradoxo, pois é o mesmo que dizer que a experiência da luz nos faz amar as trevas, que o gozo da saúde nos faz amar a doença, que as delícias da vida nos fazem amar a morte...

Texto revisado, extraído do livro Evangelho ou Teologia? 

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