Thursday 26 November 2020

CONVERSANDO COM YOGANANDA

O texto abaixo foi retirado do livro “Conversations with Yogananda,” de autoria de Swami Kriyananda, [James Donald Walters (1926-2013)], discípulo de Yogananda entre os anos de 1948 e 1952, e que reúne uma série de entrevistas concedidas por Yogananda e compiladas por Walters que resultaram num livro com quase 500 páginas de sábios pensamentos do mestre Indú.

- Será que os seus ensinamentos ajudam as pessoas a estar em paz consigo mesmas?

Y - Eles ajudam de fato, mas isso é o mínimo que fazem. Acima de tudo, nós ensinamos as pessoas a estar em paz com seu Creador.

- Como é que você se distingue entre si e seus seguidores?

Y - Todos nós somos ondas de um mesmo oceano, compostos de uma única substância: Espírito. Algumas ondas são mais altas do que outras. Outras, nem mesmo querem se distanciar do oceano. Todas as ondas, não importando o quão altas são, em essência, são as mesmas. A diferença entre o guru e os discípulos se resume apenas na respectiva proximidade com o oceano: no modo como cada um se sente consciente de sua realidade essencial. Quanto maior o senso de ego, mais alta é a onda, e maior, em consequência, a ignorância. Quanto maior é a consciência de ser o oceano uma realidade única, menor é a onda e menor seu senso de ser uma individualidade separada, portanto, maior é a consciência do Eu – o que está no oceano, está em mim!

- Existe então, uma diferença no evolver?

Y – Sim, é verdade, se entendermos evolver no sentido de um refinamento progressivo da consciência. As ondas altas participam mais exuberantemente no jogo da ilusão. As pequenas ondas, que são mais iluminadas, não se excitam mais com o jogo. Os seres iluminados desfrutam de tudo, não para si mesmos, mas como um “jogo” de Deus.

- O evolver tem um final determinado?

Y – O evolver não tem um fim. Você continua evolvendo infinitamente.

- Qual é a importância do homem no esquema de tudo?

Y - O homem é importante em um sentido apenas, porque ele foi feito à imagem de Deus: Essa é a importância do homem. Ele não é importante pelo corpo que possui, ego ou personalidade. A constante afirmação da consciência de seu ego é que é a fonte de todos os seus problemas. Ao homem foi dada a consciência do ego para inspirá-lo na busca de Deus. Essa é a única razão da sua existência. Trabalho, amigos, interesses pessoais: essas coisas, por si mesmas, nada significam.

- Qual é a diferença entre ciência e religião, na busca da verdade?

Y - A verdadeira religião não é teologia. Ela nasce de uma profunda comunhão interior com Deus. A verdadeira religião nos ensina, por exemplo, como sermos um átomo, ao passo que teologia, no máximo, discute o átomo. A ciência estuda a natureza do átomo externamente, provando sua existência pela experimentação. A religião interior, no entanto, vai além de experimentação, para a experiência real. Ela ajuda a inteligir (a compreender ou apreender a realidade através do raciocínio objetivo, sem o uso da intuição ou sentimento), por experiência direta, sua unidade com o átomo em seu centro vital.

- O que veio primeiro: a árvore ou a semente?

Y - A árvore veio primeiro, como a ideia de que uma ação precede o ato em si. A árvore foi, deste modo, uma creação especial. As Potências Cósmicas, quando organizaram o processo da ação, deram à árvore, as sementes, para que possam produzir outras árvores iguais. Tudo, em primeiro lugar, é a ideia de uma creação especial.

Depois de um breve intervalo, Yogananda acrescentou:

As pessoas gastam muito tempo consigo mesmas e suas posses. Que desperdício é dedicar tanta energia a polir, polir, polir este pequeno corpo, casa e pertences - todos os quais, muito em breve, devem ser abandonados para sempre!

Se você for a um médico e pedir uma receita, mas não toma as devidas providências, como esperar ficar bom? O mesmo se passa com o guru que é o seu “médico” espiritual. Não basta apenas ter um guru: você deve fazer o que ele diz. Se você seguir apenas um pouco do que ele recomenda, sua vida será transformada. Todo aquele que praticar o que aprende aqui passará pelos portais da morte para o radiante reino da luz. Não espere chegar lá, no entanto, se você depender apenas passivamente do guru - como um paciente supersticioso, que coloca uma moldura na prescrição e a pendura na parede - como se esperasse que a visão desse quadro o deixasse bem! E não pense em chegar lá apenas “suportando” a dor até o fim! Continue com fé, devoção e alegria inabaláveis. Muito antes de alcançar seu objetivo divino, você perceberá como a vida pode ser doce quando é vivida corretamente. Você estará brilhando com esplendor interior, vitalidade e felicidade!

Texto extraído do livro Conversations with Yogananda

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