Um dia, falando aos representantes da tradicional humanidade adâmica, Jesus disse: “O dominador deste mundo, que é o poder das trevas, tem poder sobres vós.” Depois, esse representante da avançada humanidade crística, acrescentou: “Sobre mim ele não tem poder, porque eu já venci este mundo.”
No fim da cena da tentação no deserto, o tentador, que é o poder das trevas, confirma o que o Cristo Jesus afirmara, dizendo: “Eu te darei todos os reinos do mundo e sua glória, porque são meus, e eu os dou a quem eu quero.” E tanto o Cristo como o Anticristo afirmam unanimemente que existem duas humanidades: a humanidade escravizada pelo poder das trevas - e a humanidade liberta pelo poder da luz. As trevas são a ilusão - a luz é a verdade.
A tradicional humanidade, ainda dominada pelo poder das trevas, da ilusão do ego tirânico, continua a dominar este mundo; não foi ainda liberta pela luz da verdade, pelo poder do Eu divino.
Também no Gênesis, Moises falou dessas duas humanidades. As Divindades, ou as Potências Cósmicas, põem inimizade entre a tradicional humanidade da serpente e a avançada humanidade do sopro divino. E é necessário que essas duas humanidades vivam paralelas no planeta Terra - assim como o joio vive no meio do trigo - para que a avançada humanidade se realize cada vez mais pela resistência que lhe opõe a tradicional humanidade, pois sem resistência, não há evolução.
“Deixai crescer juntos o joio e o trigo.”
Esta convivência é necessária para que o homem, que foi creado o menos possível, se possa crear o mais possível. Durante a evolução terrestre há convivência - mas no dia da “colheita” haverá separação. A creatura creadora não pode ser determinada por circunstâncias externas, como as creaturas creadas; ela deve ser autodeterminante.
O dominador deste mundo tem poder sobre os representantes da velha humanidade tradicional, porque essa humanidade ainda não venceu este mundo da ilusão e das trevas do ego adâmico, pelo poder da luz do Eu crístico.
O Anticristo promete “todos os reinos do mundo e sua glória,” se os homens se prostrarem em terra diante dele, renegando o Cristo. E essa velha humanidade tradicional jaz em adoração aos pés do poder das trevas e covardemente se submete, aceita e o pior, se ajusta ao mundo de maldades e de males.
As leis cósmicas não podem ser burladas: quem comete maldades tem que sofrer males. Toda culpa gera sofrimento. A culpa é do homem anti-cósmico - os sofrimentos são a reação do Cosmos contra o culpado.
--- Enquanto houver maldades haverá males.
--- Enquanto houver culpados haverá sofredores.
E ainda que alguns homens não tenham mais culpa própria, sofrem pelos culpados, sofre o justo pelo pecador, sofrem os inocentes pelas culpas alheias, pelo carma coletivo adquirido pela velha humanidade viciada e contaminada pelas tiranias do ego. E isto representa a lei da solidariedade cósmica, pois ninguém pode herdar culpas alheias - mas todos podem sofrer pelas culpas dos outros.
O sofrimento terrestre termina quando terminar a culpa de todos.
Os grandes mestres da humanidade reconhecem que a tradicional humanidade atual é escravizada pelo poder do ego, mas que eles mesmos, os representantes da nova humanidade avançada, estão livres desse poder. Esses avatares, ao entrarem neste mundo do homem tradicional adâmico, já estavam libertos do poder das trevas. Jesus, por exemplo, durante os 33 anos que aqui viveu, libertou-se cada vez mais, não da maldade dos homens, mas dos males, até completar a sua total libertação, dizendo: “Está consumado.”
O homem individual pode e deve se libertar das culpas - mas só a humanidade pode libertar ela mesma do sofrimento. Muitos homens da humanidade adâmica já se libertaram das maldades, mas sofrem ainda pelas maldades alheias. Na nova humanidade crística haverá libertação de culpa e de sofrimento.
Vencer este mundo é se libertar da tradicional identificação com o ego, e realizar a identificação com o Eu divino, tanto pela consciência mística como pela vivência ética, realizando o que Paulo de Tarso chama a “nova creatura em Cristo.”
O ego humano se revela pela idolatria dos bens materiais, do sexo, da sociedade e seus vícios. O homem profano vive a vida inteira nesse templo da tríplice idolatria. Mas, quando o homem entra no santuário da Verdade Libertadora sobre si mesmo, termina a noite do poder das trevas e amanhece o dia do poder da luz. “Eu sou a luz do mundo ... Eu sou o caminho, a verdade e a vida; quem me segue não anda em trevas, mas tem a luz da vida.”
Texto revisado, extraído do livro A Nova Humanidade
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