O texto a seguir, faz parte de textos revisados e acrescentados de alguns escritos de Huberto Rohden. São pensamentos avulsos a partir de estudos científicos realizados na Universidade de Princeton entre 1945 e 1946, onde ele pode conviver com Albert Einstein, surgindo desse contato o livro “Einstein, o Enigma do Universo”. Rohden também fez seus estudos sobre educação, filosofia e teologia em universidades da Europa, e enquanto professor de religiões comparadas na Universidade Americana de Washington, onde permaneceu de 1947 a 1952.
“Em toda literatura humana se sabe que o homem é considerado um quebra-cabeças, e mesmo em nossos dias, a ciência tenta decifrar essa esfinge, esse ser desconhecido, esse paradoxo.
Por quê? Por causa de duas premissas errôneas.
Uma dessas falsas premissas tem mais de 2000 anos e a outra, pouco mais de um século de existência, e sobre qualquer uma dessas bases fictícias, o homem continua sendo incompreensível.
A primeira premissa é a ideia de que as Potências Creadoras dos Universos tenham colocado aqui na Terra, uma creatura excepcional em toda a sua definitiva perfeição. Essa chamada “coroa da creação” é considerada como uma creatura divinamente perfeita, cuja única tarefa era em conservar a perfeição que lhe fora dada. E, se esse homem perfeito estivesse continuado no estado em que foi creado, todos os seres humanos seriam perfeitos e felizes.
Porém, sendo que entre a maioria dos seres humanos prevalece a maldade e doença, os filósofos e teólogos procuram saber de onde vieram essas imperfeições.
Surgiu então a ideia de uma “queda” do homem, provocada por um inimigo do Creador. E quem admite essa teoria não pode fugir à conclusão de que Deus foi derrotado por esse inimigo. E, apesar de Deus ter prometido redimir o homem, a ideia da derrota de Deus continua e se agravou, porque o demônio também derrotou o redentor; porquanto a cristandade destes 20 séculos não é em nada melhor do que os humanos não cristãos.
O Adão, convidado pelo Anticristo a se prostrar aos seus pés em troca de todos os reinos do mundo e sua glória, fica soberanamente em pé e dá ordens ao Anticristo para ocupar o seu lugar na retaguarda, enquanto ele mesmo, Adão, se coloca na vanguarda da evolução humana.
Evidentemente, não podemos considerar o Adão do Gênesis como um homem perfeito e realizado, mas apenas um semi-homem realizável, quase homem, ou um pseudo homem. Não houve uma queda da excelsa altura do homem divino e perfeito, mas apenas uma permanência em seu estado animal, que ele deveria ter superado, sob o impacto do sopro de Deus.
A segunda hipótese sobre o homem é a teoria da sua ascendência animal, que surgiu no século XIX; no entanto, esta hipótese é incompatível com a lógica e a matemática, porque supõe que o menor possa ser causa do maior, que o efeito possa ser maior do que a causa.
Com isso, não se pode recorrer à alegação pseudocientífica de que a potencialidade animal tenha se desenvolvido aos poucos em potencialidade hominídea. Nenhuma matemática pode admitir que uma potencialidade 10 possa desenvolver-se, por si mesma, em potencialidade 20. A potencialidade é uma realidade em estado não dinâmico, dormente. Mas, se o 20 não está dormente no 10, não pode sair desse 10. Em um exemplo mais prático, se poderia dizer que: um encanamento doméstico, com um metro de comprimento não pode conter uma tonelada de água. E se de um cano desse tamanho vazasse esse volume de água, então seria certo que o encanamento não é a fonte, ou “causa” dessa tonelada de água, mas serviu apenas de canal ou “condição” para a saída desse volume de água. Neste caso, é matematicamente certo que, para além do encanamento, existe uma fonte ou “causa,” ou condição, para que o conteúdo possa fluir através do encanamento.
Toda e qualquer potencialidade supõe uma potência inerente a ela. Se uma potencialidade 10 se transforma em potencialidade 20, é certo que a causa desse 20 não é o 10, mas uma potência existente para além das potencialidades 10 e 20. O menor não pode causar o maior, embora o possa condicionar e canalizar.
Por isto, a teoria de que o homem tenha vindo de um ser inferior, como efeito vindo da sua causa, é matematicamente inaceitável.
Mas, se nem a primeira e nem a segunda teoria sobre o homem é aceitável - qual é, portanto, a provável resposta?
O homem não apareceu nem como homem perfeito, nem como uma creatura meramente inferior que se tivesse transformado em homem. O homem apareceu na terra como creatura realmente hominídea, embora apenas em estado potencial, imperfeito, mas já com a sua verdadeira natureza hominídea. Ninguém se torna o que não é. Um ser não hominídeo não se tornará jamais em um ser hominídeo. Há uma diferença essencial, e não apenas gradual, entre um ser inferior e o homem.
O homem era homem desde o princípio, em sua potencialidade hominídea. O potencial é real, embora em estado não dinâmico.
O caráter evolutivo do hominídeo existia desde o início. Digamos que o homem de hoje tem grau 10 de evolução, e o homem primitivo tinha grau 1. O 1 pode evolver-se em 10, não por causa do 1, mas por causa de uma potência maior que o 1 e o 10. O caráter evolutivo menor só passa a um caráter maior graças a uma potência que dirija os dois.
O menor não pode causar o maior, como acontece com uma semente que causa a planta, ou com um ovo que causa a ave, mas não é verdade que a semente seja a causa da planta, ou que o ovo seja a causa da ave. Semente e ovo são simples canais por onde fluem as energias cósmicas e que produzem a planta e a ave, a partir da inteligência da infinita Potência dos Universos que se servem destas potencialidades para se manifestar. Uma semente colocada sobre a mesa não produzirá planta, e um ovo não produzirá ave por si mesmo. Para que da semente nasça a planta, e do ovo nasça a ave, é necessário que eles recebam o impacto das potências da água e da luz, ou seja, da humidade e do calor, que são causadores da planta e da ave, ao passo que a semente e o ovo são simples condições ou canais para essa causa ou fonte cósmica. A potência é causa e fonte de todas as potencialidades, pequenas e grandes. Ela se serve de potencialidades várias, diferentes, distintas.
Assim, a potência se serviu da potencialidade do corpo de um animal para causar a potencialidade do corpo hominídeo. Mas, como a potencialidade menor não produz a potencialidade maior, não podemos, na lógica e matemática correta, dizer que o homem veio do animal, que a potencialidade hominídea veio da potencialidade animal. Podemos dizer que o homem veio da Potência Cósmica, embora tenha vindo corporalmente através de potencialidades ou canais inferiores.
As teologias retrógradas têm a tendência de afirmar que o homem veio da Potência Cósmica (Deus), mas que o seu corpo tenha vindo através de potencialidades inferiores.
No que diz respeito a ciência, ela aceita as potencialidades animais para o homem, mas não compreende que uma potencialidade não pode se desenvolver sem a potência.
A filosofia, porém, afirma que o homem veio da Potência Cósmica, ou Fonte, e veio através de potencialidades ou canais inferiores - satisfazendo assim as exigências da matemática e da ciência.”
Texto revisado, extraído do livro A Nova Humanidade
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