Não existe liberdade completa em nenhuma creatura; só o Creador é que é absolutamente livre. Liberdade é potência, plena liberdade é plena potência ou onipotência. Se o homem fosse totalmente livre, seria onipotente, igual ao Creador. Os diversos graus de liberdade são herança inicial de cada indivíduo - das conquistas de cada um no plano do seu evolver espiritual - e essa herança não corre por conta da liberdade do homem; é dom gratuito do Creador, é graça divina, que tem que ser conquistada. O Creador fez o homem o menos possível, para que ele faça de si mesmo, o máximo possível. Nem mesmo o livre arbítrio no homem - determinado pelo uso de sua razão, consciência - o faz ser um ser onipotente, pois forças que estão além da compreensão do homem profano, exercem um fator controlador.
O homem é suficientemente livre para ser responsável pelos seus atos conscientes, sendo por isso autor responsável pelo bem ou pelo mal que praticar, mas o grau de liberdade e responsabilidade moral e ética não é o mesmo em todos os homens.
Há homens que não produzem fruto espiritual, porque o seu terreno interior é por demais profano e devassado, como uma estrada pública, onde a semente da palavra de sabedoria enviada pelos Mestres é pisada pelos pés dos transeuntes e devorada por entidades estranhas ao mundo espiritual. Essas sementes nem sequer chegam a brotar.
Há homens que são almas puramente sentimentais; ouvem a manifestação das palavras com gosto, ao ponto de verterem lágrimas de emoção, mas logo que a realização dessa palavra lhes custe sacrifício pessoal, desistem por falta de profundidade e experiência espiritual. Nessas pessoas a semente divina brota rapidamente, mas não frutifica.
E existem homens ainda que, depois de receberem essas pérolas de sabedoria, as sufocam sob um acervo de prazeres e solicitudes mundanas, de maneira que o sujeito do seu Eu essencial e divino, é asfixiado pelos objetos do seu ego humano, e não produzem fruto.
Neste sentido, as religiões com suas igrejas que estabelecem com dogmas e rituais, o culto da clausura, com suas prisões e algemas a que submetem seus fiéis - ainda infantes das coisas do espírito – acabam mantendo-os na visão estreita do caminho da realização, como “cegos sendo conduzidos por outros cegos”.
Somente uma pequena porcentagem de almas humanas se colocam em terreno propício para brotar, florescer e frutificar. Mas, mesmo entre esses, há notável diferença de fertilidade. O “terreno bom” dessas almas não é todo igual. Todos produzem, mas o resultado é variado, de acordo com a maior ou menor receptividade de cada um. Essa receptividade, porém, é fruto da liberdade humana.
Texto em parte, extraído do livro Assim Dizia o Mestre
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